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PODER JUDICIÁRIO
JUSTIÇA DO TRABALHO
TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 4ª REGIÃO
Identificação
PROCESSO nº 0020536-81.2015.5.04.0030 (RO)
RECORRENTE: JUCINARA MATOS GHIZONI
RECORRIDO: ALVEARE-HIGIENIZACAO E PORTARIA LTDA - ME, ROSSI RESIDENCIAL SA
RELATOR: MARCELO GONCALVES DE OLIVEIRA
EMENTA
INDENIZAÇÃO POR DANO MATERIAL. Vencido o Relator, o entendimento majoritário da
Turma, é o de que, diante da ocorrência de lesão à integridade física do trabalhador (dano) e da
vinculação desta à atividade exercida pelo reclamante (nexo de concausalidade) exsurge o
dever de indenizar do reclamado.
ACÓRDÃO
Vistos, relatados e discutidos os autos.
Intime-se.
RELATÓRIO
Inconformada com a decisão de primeiro grau sob id ca08e51, que julgou parcialmente
procedente a ação, a reclamante interpõe recurso ordinário sob id 5386c8b, abordando os
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seguintes temas: indenização por dano material; indenização por dano estético; majoração do
valor fixado a título de indenização por dano moral e compensação dos honorários
assistenciais com contratuais.
É o relatório.
FUNDAMENTAÇÃO
RECURSO ORDINÁRIO DA RECLAMANTE.
Busca a reclamante a reforma da sentença para que seja condenada a empresa ao pagamento
de pensionamento por danos materiais, já que comprovada a lesão e o nexo laboral concausal,
com responsabilidade da reclamada, nos termos já reconhecido na origem.
Analiso.
A sentença, contrariando a conclusão pericial, reconheceu que a hérnia inguinal da autora tinha
nexo concausal com sua atividade laboral, face ao esforço físico durante a jornada de trabalho,
por mais de dois anos de contrato, pela tarefa de carregar baldes pesados. Corroborou tal
entendimento o fato de o Instituto Nacional do Seguro Social - INSS ter concedido à autora o
benefício de auxílio-doença acidentário. Assim, condenou a empresa ao pagamento de
indenização por dano moral, no valor de R$ 8.000,00 (oito mil reais).
Invoca a autora a perícia realizada nos autos, que reconhece a existência de cicatriz cirúrgica
decorrente da hérnia inguinal adquirida em razão de sua atividade laboral, para ver condenada
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Analiso.
Não há falar em reforma da sentença que concluiu que a cicatriz cirúrgica de 02cm constatada
na autora não compromete sua estética, sendo indevida a indenização por dano estético.
Registro que no presente caso há nexo concausal tão somente e que restou deferido o
pagamento de indenização por dano moral no valor de R$ 8.000,00 (oito mil reais), estando,
assim, reparado eventual dano ocorrido por responsabilidade da empresa.
A reclamante pretende reformar a sentença para majorar o valor fixado a título de indenização
por dano moral.
Analiso.
Em que pese a inconformidade da autora, entendo razoável o valor fixado na origem para o
pagamento de indenização por dano moral, a saber R$ 8.000,00 (oito mil reais), considerando o
período contratual (01.10.2011 a 21.02.2014) e a função de Serviços Gerais por ela exercida.
Afirma a autora que a sentença é extra petita, no particular, pois não há debate nos autos
acerca de compensação dos honorários assistenciais com contratuais. Sustenta, também,
que há cerceamento de defesa quanto à matéria, porque não oportunizado às partes discutir a
questão durante a instrução processual. Por fim, diz que a decisão desrespeita o Estatuto da
Advocacia, que permite a cumulação das verbas honorárias referidas. Cita jurisprudências
deste Regional e do Tribunal Superior do Trabalho no sentido de que a matéria é alheia a
competência desta Justiça Especializada. Requer a reforma da decisão de origem.
Analiso.
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Tem razão a recorrente quando afirma que a matéria acerca de compensação entre
honorários assistenciais deferidos e honorários advocatícios eventualmente contratados não
foi objeto desta lide, pois nada consta da inicial ou da defesa, no aspecto.
Esta 4ª Turma julgou recentemente esta questão e, por isso, adoto, como razões de decidir, os
fundamentos do acórdão lavrado pela Excelentíssima Desembargadora Ana Luiza Heineck
Kruse para acolher a tese da recorrente e reformar a sentença:
A assistência judiciária não pode ser monopólio do sindicato, uma vez que tal
situação implicaria na limitação ao trabalhador de buscar a defesa de direitos na
forma que entender mais eficaz. Ademais, a Defensoria Pública da União, a
quem competiria a assistência dos necessitados, tem-se furtado de atender
reclamações oriundas de relações do trabalho, não sendo jurídico que se
imponha aos profissionais da Advocacia que o façam de forma graciosa, até
porque dependem de sua atividade profissional como meio de sua própria
subsistência.
Art. 141. O juiz decidirá o mérito nos limites propostos pelas partes, sendo-lhe
vedado conhecer de questões não suscitadas a cujo respeito a lei exige iniciativa
da parte (...)
Art. 492. É vedado ao juiz proferir decisão de natureza diversa da pedida, bem
como condenar a parte em quantidade superior ou em objeto diverso do que lhe
foi demandado (...)
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Relator
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VOTOS
DESEMBARGADOR ANDRÉ REVERBEL FERNANDES:
É reconhecido em sentença que a hérnia inguinal da autora tinha nexo concausal com sua
atividade laboral, face ao esforço físico durante a jornada de trabalho, por mais de dois anos de
contrato, pela tarefa de carregar baldes pesados. Corroborou tal entendimento o fato de o
Instituto Nacional do Seguro Social - INSS ter concedido à autora o benefício de auxílio-doença
acidentário. Foi realizada cirurgia.
Entendo que é irrelevante o fato da autora não estar mais incapacitada para o trabalho, tendo
em vista que houve incapacidade laboral no período em que o reclamante recebeu o benefício
previdenciário do INSS.
Dou provimento parcial ao recurso para condenar a reclamada a indenização por dano material
no valor equivalente a 50% do salário da autora no período em que esta ficou em benefício de
auxílio-doença acidentário.
PARTICIPARAM DO JULGAMENTO:
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