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Analise Do Modelo BIM Numa Perspetiva Do Projeto de Estruturas PDF
Analise Do Modelo BIM Numa Perspetiva Do Projeto de Estruturas PDF
estruturas
Engenharia Civil
Júri
Presidente: Prof. Dr. Luís Manuel Coelho Guerreiro
Maio 2015
Análise do modelo BIM numa perspetiva do projeto de estruturas
Agradecimentos
No fim deste ciclo académico, gostaria de agradecer a algumas pessoas que contribuíram
para a concretização dos meus objetivos.
Em primeiro lugar gostaria de agradecer à professora Alcínia Zita Sampaio, orientadora desta
dissertação, pela confiança depositada em mim, pelo seu apoio e pela total disponibilidade durante
toda a realização do trabalho.
Aos meus pais, agradeço os seus valores transmitidos, a sua motivação incondicional e,
ainda, por me terem proporcionado, ao longo de todo o percurso académico, as melhores condições
na realização do curso.
Aos meus amigos, João, Ricardo e Tiago, por todo o seu apoio e amizade demostrados,
estando sempre presentes no decorrer do curso e na realização da dissertação.
Por último, ao meu irmão e melhor amigo, por aquilo que representa, e por estar sempre ao
meu lado, em particular, durante esta fase académica.
iii
iv
Análise do modelo BIM numa perspetiva do projeto de estruturas
Resumo
v
vi
Análise do modelo BIM numa perspetiva do projeto de estruturas
Abstract
The main objective of this dissertation consists of a comparative analysis between the
traditional process and the Building Information Modeling (BIM) methodology, focusing on the
structural component of the project. The study allows the identification of limitations and problems
resulting from the analysis of a specific case, and the proposed recommendations and best practices
to promote achieving a higher degree of efficiency. The comparison made relatively to different
transfer modes of information between systems, leads to the conclusion that the ability of the
interoperability, in the used technological applications, is still a problem that requires significant
research because it conditions the collaboration between the different project specialties, and
therefore, the obtaining of a higher quality project. However, it has been verified that the work process
based on the BIM concept brings obvious advantages to a fragmented and uncooperative industry.
vii
viii
Análise do modelo BIM numa perspetiva do projeto de estruturas
Índice geral
Resumo ....................................................................................................................................................v
Abstract................................................................................................................................................... vii
1. Introdução ........................................................................................................................................ 1
ix
Análise do modelo BIM numa perspetiva do projeto de estruturas
x
Análise do modelo BIM numa perspetiva do projeto de estruturas
8. Referências .................................................................................................................................... 91
Anexos ...................................................................................................................................................... I
xi
xii
Análise do modelo BIM numa perspetiva do projeto de estruturas
Índice de figuras
Figura 2.2 - Comparação dos anos de utilização de BIM entre a América do Norte e a Europa ......... 14
Figura 2.3 - Comparação do retorno de investimento (ROI) sobre BIM entre a América do Norte e a
Europa ................................................................................................................................................... 15
Figura 2.4 - Adoção de BIM nos EUA tendo em conta os profissionais e as empresas do sector AEC
............................................................................................................................................................... 15
Figura 2.5 - Percentagem de profissionais nos EUA utilizando BIM em mais de 60% dos projetos .... 16
Figura 2.6 - Retorno de investimento (ROI) de BIM por profissional nos EUA ..................................... 16
Figura 3.1 - Configuração dos parâmetros (Properties) no objeto parede dupla exterior. ................... 22
Figura 3.2 - Configuração do parâmetro structure do objeto parede dupla exterior. ............................ 23
Figura 4.5 - Espectros de dimensionamento referentes às ações horizontais relativas aos sismos 1 e
2. ............................................................................................................................................................ 39
Figura 4.6 - Diagrama envolvente do momento fletor de cálculo na viga V1. ...................................... 43
Figura 4.7 - Verificação da quantidade armadura longitudinal face ao momento fletor de cálculo na
viga V1. .................................................................................................................................................. 45
Figura 4.8 – Verificação da quantidade de armadura de esforço transverso face ao esforço transverso
de cálculo............................................................................................................................................... 48
Figura 4.9 -Verificação da quantidade de armadura transversal face ao esforço transverso atuante. 54
Figura 4.10 - Esquema de cálculo utilizado para o dimensionamento da sapata S9. .......................... 55
Figura 5.1 - Pormenor de sobreposição dos modelos Revit de estruturas (esquerda) e de arquitetura
(direita)................................................................................................................................................... 58
Figura 5.4 - Propriedades do material betão 30/37 importado do Revit para o SAP2000. ................... 60
xiii
Análise do modelo BIM numa perspetiva do projeto de estruturas
Figura 5.5 - Definição das secções do modelo na base de dados do SAP2000 (ficheiro .PRO). ........ 62
Figura 5.8 - Interface de importação do modelo Revit de estruturas e do modelo SAP2000 importado.
............................................................................................................................................................... 64
Figura 6.1 - Representação analítica de uma viga no Robot (em cima) e no Revit (em baixo). .......... 68
Figura 6.6 - Opções definidas na exportação do modelo Revit para o Robot. ..................................... 75
Figura 6.9 - Comparação entre as malhas de elementos finitos no SAP2000 (esquerda) e no Robot
(direita)................................................................................................................................................... 79
Figura 6.10 - Comparação do esforço transverso de cálculo (V Ed) determinado em SAP2000 e Robot.
............................................................................................................................................................... 79
Figura 6.11 - Comparação do momento fletor de cálculo (MEd) determinado em SAP2000 e Robot. . 80
Figura 6.12 - Desenho de pormenorização do vão interior da viga V1 (informação gráfica). .............. 81
Figura 6.15 – Importação manual dos desenhos de pormenorização de Robot para ASD. ................ 84
xiv
Análise do modelo BIM numa perspetiva do projeto de estruturas
Índice de tabelas
Tabela 4.2 - Fatores de participação de massa modais dos respetivos modos de vibração. .............. 40
Tabela 4.5 - Cálculo da armadura transversal e do respetivo esforço transverso resistente de cálculo
na viga V1. ............................................................................................................................................. 47
Tabela 4.6 - Cálculo da armadura longitudinal no pilar P9 segundo a filosofia Capacity Design. ........ 50
Tabela 4.7 - Cálculo da armadura longitudinal no pilar P9 segundo os esforços atuantes. ................. 51
Tabela 4.8 - Cálculo da armadura transversal do pilar P9 segundo a filosofia Capacity Design. ........ 52
Tabela 4.9 - Cálculo da armadura transversal do pilar P9 segundo os esforços atuantes. ................. 54
Tabela 4.10 - Cálculo da armadura de resistência à força de tração na sapata S9. ............................ 56
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xvi
Análise do modelo BIM numa perspetiva do projeto de estruturas
Lista de abreviaturas
3D Três dimensões
2D Duas dimensões
xvii
xviii
1. Introdução
1. Introdução
1
1. Introdução
1.2. Motivação
A indústria AEC é atualmente um setor com lacunas ao nível da produtividade a nível mundial
[1]. Apesar da sua causa não ser suficientemente clara, podem ser apontados problemas
relacionados com a estrutura da própria indústria. Esta é caracterizada por ser fragmentada, e em
que o modo principal de comunicação é baseado no papel. Noutras indústrias verifica-se um maior
grau de eficiência a qual é obtida, em parte, por uma maior automação dos processos, baseada na
utilização de sistemas de informação, numa melhor gestão da cadeia de abastecimento, e no recurso
a ferramentas de colaboração melhoradas, aspetos que ainda não foram concretizados, de um modo
eficaz, na indústria AEC [2]. Apesar da introdução de alguma inovação ao nível de procedimentos e
de técnicas em AEC, o défice de mão-de-obra especializada, dificulta a obtenção de melhorias na
produtividade do sector. Os elevados índices de alteração verificados, resultando em reconstruções e
reparações, condicionam a eficiência geral do sector, na medida em que ocorrem, na maior parte dos
casos, em fases adiantadas do projeto. Por outro lado, a pequena dimensão da maior parte das
empresas, dificulta investimentos em novas tecnologias [3].
A introdução de novas tecnologias tem sido realizada de uma forma fragmentada, o que
implica o recurso frequente ao papel ou aos desenhos baseados em sistemas CAD, sobre os quais os
intervenientes do projeto comunicam entre si. Enquanto outras indústrias possuem contratos de longo
termo com os mesmos parceiros, a indústria AEC envolve diferentes parceiros por curtos períodos de
tempo, cessando muitas vezes essas ligações no término do projeto. Assim, estes parceiros
apresentam alguma inércia ao envolvimento colaborativo, atuando de um modo individual no seu
subsector, recorrendo a processos antiquados que lhes são familiares, mas que conduzem ao
aumento da duração e custo do projeto. Uma outra causa apontada para uma baixa produtividade,
atribui-se ao facto da construção, no local da edificação, não ter beneficiado significativamente das
técnicas de automatização introduzidas no sector nos últimos anos [2]. A indústria AEC, embora
frequentemente seja considerada tradicional e resistente à introdução de mudanças, está
progressivamente a adotar novas soluções de automatização e modernização. Os profissionais do
setor necessitam acompanhar a mudança tecnológica, impulsionada por novos desafios e mudanças,
promovendo a partilha de informação e comunicação interdisciplinar [4].
2
1. Introdução
1.3. Objetivos
O trabalho finaliza com a comparação dos resultados dos diferentes processos analisados,
sendo identificadas as principais vantagens da utilização da metodologia BIM na indústria AEC, assim
como algumas limitações verificadas em termos da capacidade de interoperabilidade no processo e,
ainda, regista os modos de criação e de gestão de informação do projeto, por recurso aos softwares
utilizados.
O capítulo 2 aborda o BIM numa perspetiva geral e introdutória ao tema e, finaliza, com
uma vertente direcionada à sua implementação no projeto de estruturas;
No capítulo 3 é identificada a solução estrutural a utilizar no caso de estudo, bem como o
respetivo pré-dimensionamento;
3
1. Introdução
4
2. Building Information Modeling
5
2. Building Information Modeling
permitindo que cada interveniente tenha acesso à informação de que necessita, em qualquer fase da
construção [9]. Deste modo, o BIM supera os métodos de execução de projeto, demasiados
fragmentados e excessivamente tradicionais, existentes na indústria AEC, que conduzem
frequentemente à ocorrência de problemas de eficiência de projeto e de redução da qualidade da
construção. Interessa, assim, atuar numa indústria que permanece pouco competitiva, dotando-a da
capacidade de fornecer um melhor serviço à sociedade [5].
Segundo Khemlani [W1], a adoção de BIM resulta numa melhoria na comunicação entre os
diversos intervenientes, num melhor cumprimento dos prazos e, ainda, numa diminuição dos conflitos
do projeto. Cada técnico, envolvido no projeto e na sua execução, é especialista na sua própria área
de trabalho, recorrendo às ferramentas que lhe proporcionam uma maior qualidade e produtividade. A
plataforma BIM integra toda a informação gerada por cada ferramenta, num único modelo digital do
edifício, partilhado por todos. Este modelo pode ser manipulado através de dispositivos portáteis,
permitindo o acesso à forma e informação do modelo, tanto no gabinete como no estaleiro da obra.
Assim, através do trabalho em equipa e com a ajuda do modelo digital BIM 3D, é possível ter uma
melhor perceção dos problemas e analisar o seu modo de resolução de um modo mais rápido e
atempado.
Do ponto de vista do empreiteiro, o modelo BIM permite identificar possíveis colisões entre os
diferentes projetos de especialidades, conseguindo, assim, coordenar, de um modo mais eficaz, os
espaços e estudar as soluções de seleção e de disposição de equipamentos em obra. O modelo
digital único permite sobrepor as componentes de estruturas, de arquitetura e de serviços pelo que é
possível efetuar, sobre o modelo conjunto, a análise de conflitos. As eventuais colisões podem ser
eliminadas no modelo comum, executado de um modo sequencial. O modelo permite ainda um maior
recurso à pré-fabricação e, consequentemente, uma maior celeridade nos projetos de especialidade,
pois pode ser retirada, diretamente do modelo BIM, a informação utilizada na pré-fabricação de
elementos [W1]. Adicionalmente, é possível efetuar o cálculo energético sobre o modelo, uma vez
que cada elemento possui toda a informação relativa aos materiais, à geometria e às suas
propriedades físicas. O modelo permite, ainda, obter uma previsão de custos, pela facilidade de
quantificar elementos por tipo, no modelo. O BIM pode, então, contribuir para uma mudança de
perspetiva, tanto do projetista como do empreiteiro em relação à construção, desde as ideias
preliminares passando pela própria construção até à gestão do edifício construído [W2].
6
2. Building Information Modeling
7
2. Building Information Modeling
8
2. Building Information Modeling
definições geométricas com informação e regras associadas, não permitindo inconsistências com
objetos adjacentes. As regras paramétricas permitem que os objetos modificam automaticamente a
sua geometria quando estes são inseridos ou alterados no modelo. Estas regras conseguem
identificar mudanças que violem a fiabilidade do objeto no que diz respeito aos seus parâmetros. Os
objetos podem ser definidos segundo diferentes níveis de agregação, de uma forma hierárquica, o
que conduz, por exemplo, ao ser alterada a massa de um subcomponente, é automaticamente
atualizada a massa total do objeto. Como os objetos paramétricos contêm informação associada, sob
a forma de atributos, facilmente essa informação é exportada, de um modo eficiente para outros
modelos ou ferramentas em tempo real [2].
2.1.2. Colaboração
O BIM deve ser entendido como um processo dinâmico, e não meramente um modelo geométrico
3D. O modelo BIM é construído com base na contribuição de diferentes equipas, apoiadas em
ferramentas BIM na realização das suas tarefas e na transferência da informação entre elas. O
desenvolvimento do modelo BIM, ao longo de todo o ciclo de vida da construção, é um processo
contínuo, caracterizado pela elaboração colaborativa, de forma a criar uma informação progressiva do
projeto. BIM suporta ambientes de trabalho colaborativos por permitir [3]:
9
2. Building Information Modeling
2.1.3. Interoperabilidade
10
2. Building Information Modeling
11
2. Building Information Modeling
Segundo Azhar et al. [13] a tecnologia BIM teve origem a partir da técnica de modelação
paramétrica orientada por objetos. Entende-se por paramétrico o processo em que, essencialmente,
os objetos são caracterizados pela associação de valores a parâmetros. Adicionalmente, é um
processo no qual quando um elemento é alterado, o elemento adjacente é automaticamente
modificado e ajustado de forma a manter a relação previamente estabelecida entre ambos [14]. Uma
diferença determinante entre a tecnologia BIM e o convencional sistema 3D CAD reside no facto de
no sistema CAD, o edifício quando modelado em 3D e afetado de alterações, os desenhos (plantas,
alçados e cortes) não são automaticamente atualizados. Assim, alterações e modificações realizadas
numa vista não são propagadas às restantes. A informação incluída nos desenhos é composta
12
2. Building Information Modeling
apenas por entidades gráficas como pontos, linhas e arcos, ao contrário do modelo digital BIM
inteligente onde os objetos são definidos em termos de componentes e sistemas da construção, isto é
paredes, pilares, vigas, etc. e suas relações.
O CAD usa de forma independente vários documentos, usualmente em formato 2D, para
transmitir a forma do edifício. Uma vez que estes documentos são criados separadamente, há pouca
ou nenhuma correlação ou conexão entre eles. Pelo contrário, o BIM agrega toda a informação num
único espaço e relaciona-a entre os objetos associados [W2]. Um modelo BIM contém toda a
informação relacionada com a construção, incluindo as características físicas e funcionais e, a
informação relativa a todo o ciclo de vida do projeto, numa série de objetos. Por exemplo, uma
unidade do sistema de ar condicionado, pertencente a um modelo BIM, contém informação relativa ao
fornecedor, a procedimentos de operação e à sua manutenção. [15]. Um modelo BIM é uma base de
dados centralizada, ou seja, todos os documentos que o compõem são interdependentes e partilham
a mesma informação.
Atualmente, a metodologia BIM é um dos aspetos mais visíveis de uma rápida e profunda
mudança que está a transformar a indústria da construção a nível global. Diversos estudos e
pesquisas vêm dar ênfase a essa ideia. O crescimento global na adoção e implementação de BIM,
pelas suas fortes capacidades de modelação, visualização, análise e simulação, representa uma
transição para uma infraestrutura de informação integrada e digital que revoluciona esta indústria.
Inúmeros relatórios conduzidos ao longo dos últimos anos, tanto na Europa como na América
do Norte, vêm demonstrar a crescente aceitação do conceito BIM pelos profissionais do sector AEC,
ligados ao projeto, construção e manutenção, e ainda a importância deste como um valor
acrescentado aos seus negócios. As diferenças na indústria da construção nos dois continentes
afetam, naturalmente, os resultados das pesquisas. Por exemplo, a idade e a densidade das
estruturas na Europa conduzem a uma maior percentagem de pequenos projetos de reparação e de
reabilitação, relativamente à América do Norte. A opinião recolhida do relatório realizado pela
McGraw-Hill Construction [16], nos dois continentes, atesta que o BIM se aplica mais facilmente a
novos e grandes projetos. Assim, as diferenças em termos de adoção de BIM são naturalmente
esperadas. Adicionalmente, a introdução de BIM na Europa ocorreu anteriormente à América do
Norte e, portanto, é de esperar que mais utilizadores reportem o seu uso há mais tempo.
13
2. Building Information Modeling
os arquitetos continuam a ser os maiores utilizadores de BIM (46%), seguidos dos engenheiros (37%)
e, por último, dos empreiteiros (23%). Na Figura 2.1 é apresentado um gráfico que reflete o nível da
adoção e do uso do BIM por parte dos diferentes profissionais na Europa, no ano de 2010.
Não utiliza
Adoção de BIM na Europa BIM
90%
77%
80% Desenvolve
70% 63% 64% modelos
60% 54% BIM
50%
40% Analisa
30% 23% modelos
19% 16% 14% BIM
20% 15% 15%
11%
4% 7% 6% 6% 6%
10%
Desenvolve
0%
e analisa
Arquiteto Engenheiro Empreiteiro Total modelos
BIM
Figura 2.1 - Adoção e utilização de BIM na Europa (2010)
0%
1 ano 2 anos 3 anos 4 anos 5 anos mais 5
anos
Figura 2.2 - Comparação dos anos de utilização de BIM entre a América do Norte e a Europa
14
2. Building Information Modeling
utilizadores europeus estarem há mais tempo familiarizados com a metodologia e processos BIM e,
portanto, é de esperar que obtenham valores de ROI mais elevados [16].
0%
<0% ≈0% <10% 10-25% 25-50% 50-100% >100%
Figura 2.3 - Comparação do retorno de investimento (ROI) sobre BIM entre a América do Norte e a Europa
Nos EUA, a adoção e a implementação da metodologia BIM, por parte das empresas do
sector AEC, admitiu um aumento considerável nos últimos anos, passando de 49%, em 2009, para
71%, em 2012, quando comparado com o valor de apenas 28%, em 2007. Esta evolução global pode,
ainda, ser analisada segundo a perspetiva dos principais profissionais do sector e da dimensão da
empresa. Como se pode constatar na Figura 2.4, os engenheiros são os que apresentam uma menor
adesão à metodologia BIM. As empresas maiores, que geralmente beneficiam de maiores recursos e
experiência na implementação de novas tecnologias e na padronização de processos para as
otimizar, estão melhor posicionadas na adoção e utilização das ferramentas e processos BIM [8].
Profissionais Empresas
Figura 2.4 - Adoção de BIM nos EUA tendo em conta os profissionais e as empresas do sector AEC
15
2. Building Information Modeling
60% dos projetos, por parte de cada sector da construção nos EUA e, ainda, uma extrapolação da
previsão para o ano de 2014, com base nos dados relativos aos anos precedentes.
80% 75%
60%
60% 55%
43% 44% 2009
37%
40% 31% 30% 2012
26%
21% 21% 18%
20% 2014
0%
Arquiteto Engenheiro Empreiteiro Dono de Obra
Figura 2.5 - Percentagem de profissionais nos EUA utilizando BIM em mais de 60% dos projetos
Na Figura 2.6 é apresentado o ROI de BIM nos EUA, em relação a diferentes disciplinas do
sector AEC. Novamente, os arquitetos são os utilizadores mais entusiastas e a sua experiência é
revelada pelo facto do ROI de BIM ter aumentado consideravelmente nos profissionais deste sector.
O grande aumento na percentagem de utilizadores BIM, por parte dos engenheiros com ROI negativo
ou nulo, é explicado pela grande quantidade de novos utilizadores, nestes anos, a adotar BIM, isto é,
com pouca experiência. Em relação aos empreiteiros, o valor de ROI permaneceu praticamente
constante neste espaço de tempo, com quase metade do ROI na parcela moderadamente positivo,
ou seja, o baixo ROI dos novos utilizadores é compensado pelo maior número de profissionais que se
tornou mais experiente. O gráfico ilustra, essencialmente, que a engenharia continua a procurar
atingir a eficiência BIM dos restantes sectores, sendo aquele onde se obtém valores mais reduzidos
de ROI e onde a parcela positiva é menor que a negativa.
Figura 2.6 - Retorno de investimento (ROI) de BIM por profissional nos EUA
16
2. Building Information Modeling
No Reino Unido, um relatório anual realizado pela National Building Specification (NBS) em
2012 [17], responsável pela especificação e padronização na indústria AEC, aponta para uma
mudança no conhecimento e na utilização da metodologia BIM neste país, como ilustra o gráfico da
Figura 2.7. Os profissionais da indústria AEC consideram o BIM como o futuro da informação e da
modelação do projeto, impulsionados por novos protocolos criados pelo governo, em relação ao BIM
e, pelos bons resultados dos parceiros de negócio. O investimento no software e na formação para a
implementação do BIM, sobretudo nas pequenas empresas, continua a ser o maior obstáculo na sua
adoção, principalmente, no contexto da economia atual. No entanto, da implementação do BIM, os
profissionais reportam reais benefícios e maiores vantagens do que as expetativas anteriormente
criadas.
50% 48%
45%
43%
39%
40%
31% Não conhece e
30% não utiliza
21%
Conhece e não
20%
13% utiliza
10% 6% Conhece e
utiliza
0%
2010 2011 2012
17
2. Building Information Modeling
Cada profissional tem a sua própria tarefa e objetivo a cumprir no projeto, o que implica que
cada um atribua diferente valor ao BIM e, consequentemente, uma importância distinta no valor
acrescido à sua atividade. Para os engenheiros europeus o maior valor de BIM consiste na habilidade
em melhorar o processo de projetar. Reportam, ainda, menos interesse no potencial colaborativo e
preferem ver os seus resultados nos processos imediatos, quando comparados com os
norte-americanos. Assim, 62% dos engenheiros europeus encontram um elevado valor do BIM na
fase construtiva, enquanto os empreiteiros e arquitetos reportaram apenas 52% e 40%,
respetivamente [8] [16].
Embora muitos dos profissionais europeus não tenham tido, ainda, qualquer experiência com
o BIM, a maioria revela bastante recetividade em experimentar e avaliar os seus potenciais
benefícios. Apenas uma pequena percentagem (4%) de quem tenha utilizado ferramentas BIM, não o
pretende voltar a fazer [16]. Portanto, a maioria é recetiva e é esta a ideia generalizada na indústria
AEC, à medida que os projetistas, empreiteiros e donos de obra vão percebendo as reais
potencialidades da metodologia BIM. Considerando a evolução do BIM como uma tendência no
sector, sobretudo com base em relatos de casos práticos de sucesso e dos elevados índices de ROI
verificados em muitos projetos, a utilização de ferramentas e processos BIM tende a crescer de uma
forma progressiva nos próximos anos. Adicionalmente, tem-se observado a mudança de alguma
política governamental, como por exemplo no Reino Unido, que promove a adoção desta metodologia
como forma de impulsionar a indústria AEC, tornando-a mais competitiva, proporcionando uma
melhor construção, mais rápida e menos onerosa [18].
O BIM contribui para redistribuir o tempo e o empenho que os projetistas aplicam em cada
fase do projeto, pois permite reduzir significativamente o tempo necessário para a produção de
modelos e da documentação do projeto. O BIM permite que o foco do empenho e do esforço seja
18
2. Building Information Modeling
transferido para estágios mais iniciais do projeto, ou seja, para as fases onde o valor das decisões é
mais significativo, ao nível do custo, funcionalidade e beneficio. Os benefícios do BIM assentam,
essencialmente, na redução do custo e do tempo de execução, tanto em fase de projeto como de
construção e manutenção, permitindo assim aumentar a sua complexidade e eficiência.
Adicionalmente, o desempenho da construção é melhorado com base na redução do custo
energético, bem como do aumento da sustentabilidade do edifício. Contudo, em relação à fase de
projeto, objetivo principal do presente trabalho, estes benefícios são mais específicos. Assim, tem-se
[2]:
O modelo BIM permite uma perceção e visualização do projeto mais precisa durante
todas as fases, pois quando comparado com os desenhos CAD, as vistas obtidas do
modelo são consistentes e sempre atualizadas;
As alterações impostas sobre o modelo BIM refletem-se automaticamente em
correções sobre os restantes componentes, devido ao fato do modelo ser composto por
objetos paramétricos, associados a regras que caracterizam o relacionamento entre
elementos adjacentes. Assim, é assegurado o correto alinhamento e conectividade entre
os objetos e, por conseguinte, são minorados erros de geometria e de coordenação
espacial, o que conduz à redução da necessidade de gerir as alterações nos distintos
desenhos e modelos do projeto. É possível, também, a reutilização de objetos em diversos
projetos de idêntica tipologia.
Extração precisa e consistente de desenhos 2D em qualquer fase do projeto. É
reduzido o tempo de execução e de unificação de desenhos e minorados os erros de
incongruência, de uma forma significativa, referentes às várias especialidades de projeto,
pois, sempre que ocorram alterações de projeto, novos e consistentes desenhos podem
ser extraídos do modelo de uma forma célere e eficaz;
A colaboração é facilitada, desde as fases inicias de projeto, entre as diferentes
especialidades. A colaboração realizada pelo meio de desenhos 2D induz uma maior
dificuldade e consumo de tempo, ao contrário dos modelos 3D coordenados, onde o
controlo das alterações é mais facilmente gerido. Além de reduzir o tempo consumido e de
minorar os erros e omissões do projeto, é possível detetar uma maior quantidade de
problemas nas fases iniciais e, assim, encontrar, atempadamente, soluções adequadas.
Por conseguinte, o custo envolvido é reduzido e o valor aumentado, contribuindo assim
para a melhoria da qualidade geral do projeto;
Os modelos BIM 3D possibilitam facilmente a verificação dos objetivos do projeto
através de estimativas de custo mais precisas, desde as fases iniciais do projeto, uma vez
que permitem quantificar objetos, áreas, espaços, etc., e da verificação dos requisitos
qualitativos do projeto;
A tecnologia BIM permite estimar o custo da obra durante a fase do projeto, através
da extração de mapas de quantidades dos diversos objetos que compõem o modelo.
Assim, é possível, à medida que o projeto avança, obter estimativas precisas e
consistentes mantendo todos os intervenientes informados sobre as implicações do custo
19
2. Building Information Modeling
20
3. Solução estrutural
3. Solução estrutural
Para a definição de uma solução estrutural, que sirva para comparar os modos de criar os
modelos de estruturas a analisar, é necessário proceder à criação do modelo de arquitetura através
de um software de base BIM. Neste capítulo é apresentada a solução de estruturas adotada,
nomeadamente os materiais e as ações consideradas, e o pré-dimensionamento efetuado. Estas
opções são consideradas nos processos de transposição descritos nos capítulos seguintes.
Considerou-se que a dimensão, ainda que reduzida, da edificação em causa era suficiente
para a concretização dos objetivos propostos. As conclusões a retirar de um projeto desta natureza,
relativamente à análise das vantagens e limitações da utilização do processo BIM, quando
comparado com o tradicional no projeto de estruturas, podem ser facilmente extrapoladas para
projetos de maior dimensão.
Neste trabalho, foi selecionado, para exemplo de modelação, uma moradia de dois andares
localizada no norte de Portugal. A criação do modelo teve como base os desenhos de arquitetura
fornecidos, em formato papel, e que se apresentam, em parte, no Anexo A.
O modelo de arquitetura foi criado por recurso ao software de base BIM, o Revit 2013 [W7] da
Autodesk. Esta versão inclui além da componente de arquitetura, Revit Architecture, as
especialidades de estruturas, Revit Structure, também utilizado neste trabalho (capítulo 5), e de
serviços, Revit MEP, que permite a conceção, cálculo e análise de conflitos entre distintas disciplinas
como mecânica, eletricidade e hidráulica. Este produto, é um software que suporta adequadamente o
processo BIM, tendo atualmente uma grande aceitação na indústria AEC. É um produto que se
encontra em constante aperfeiçoamento acompanhando as exigência e evoluções da metodologia
BIM, nomeadamente, no que se refere à sua capacidade de interoperabilidade com outros produtos e
à sua capacidade de coordenação e armazenamento da informação de uma forma estruturada [19].
Como a empresa Autodesk disponibiliza versões educacionais dos seus produtos, optou-se por
recorrer a essa possibilidade na elaboração e análise dos diferentes modelos criados.
A criação do modelo geométrico 3D, por recurso à componente de arquitetura do Revit, foi
realizada de forma a obter um modelo bastante realista. O processo de modelação é baseado em
objetos paramétricos. Na modelação paramétrica cada elemento da construção é um objeto com
parâmetros e características bem definidos, o que requer o conhecimento prévio e a definição da
21
3. Solução estrutural
composição e propriedades dos elementos do objeto a inserir. Verifica-se uma significativa diferença
nos processos de modelação de base CAD e BIM. Enquanto no processo CAD uma parede arbitrária
é traçada através de duas linhas paralelas, no processo BIM a mesma é representada através do
objeto paramétrico Wall. Foi iniciada a modelação pela definição dos objetos com as características
apresentadas na documentação prática fornecida. Por exemplo, o objeto parede dupla exterior,
utilizado no modelo, é concretizado através de um conjunto de informações referentes às suas
dimensões, localização e às características das componentes que o constituem (material e espessura
de cada elemento). Portanto, previamente, foi necessário proceder à definição dos parâmetros dos
objetos utilizados na construção do modelo de arquitetura. A Figura 3.1 ilustra a geometria de uma
parede dupla exterior e seus parâmetros.
Figura 3.1 - Configuração dos parâmetros (Properties) no objeto parede dupla exterior.
22
3. Solução estrutural
Com base nas considerações referidas, foi definido o modelo de arquitetura apresentado na
Figura 3.3. O modelo, sendo constituído por objetos paramétricos, permite a fácil obtenção das
23
3. Solução estrutural
plantas de cada piso e de cortes verticais. De forma a exemplificar a obtenção dos desenhos de
arquitetura do edifício são apresentados dois pormenores extraídos do modelo. Assim, a Figura 3.4
ilustra um pormenor do corte C1 do edifício e a Figura 3.5 um detalhe do desenho da planta do piso
1. No Anexo B são apresentados outros desenhos obtidos de igual modo e que completam a
informação do projeto arquitetónico.
24
3. Solução estrutural
25
3. Solução estrutural
pequena dimensão (moradia familiar) optou-se por esta solução, por forma a contornar as
condicionantes arquitetónicas do edifício. Por outro lado, deste modo obtém-se uma maior variedade
de elementos estruturais enriquecendo, assim, a análise comparativa entre ambos os processos.
As ações consideradas para o edifício foram os pesos específicos dos elementos, de acordo
com o Eurocódigo 1 – Parte 1-1 [21]. O peso das paredes interiores é considerado como uma carga
uniformemente distribuída sobre as lajes. Admitindo que o peso volúmico do betão C30/37 é de 25
3
kN/m , como definido anteriormente, e que a espessura das lajes constituintes é de 17 e 15 cm, o
peso próprio destas é definido na Tabela 3.2.
26
3. Solução estrutural
Zona B
Cz 0,20
H (m) 680
2
sk (kN/m ) 0,57
Ce 1,0
Ct 1,0
μi 0,8
s (kN/m2) 0,5
Finalmente, com base nos seguintes coeficientes parciais de segurança incluídos na Tabela
3.6, formularam-se as combinações fundamental, rara e quase permanente de ações [24] indicadas
na Tabela 3.7.
27
3. Solução estrutural
3.2.2. Pré-dimensionamento
O pré-dimensionamento da geometria dos elementos estruturais foi realizado com base nas
condicionantes arquitetónicas do edifício, tendo-se iniciado pelas lajes, seguindo-se as vigas, os
pilares e por último as fundações.
No pré-dimensionamento das lajes considerou-se que o estado limite de serviço (ELS) não
seria condicionante, uma vez que os vãos existentes são relativamente pequenos e a carga não era
elevada. Assim o pré-dimensionamento foi apenas efetuado com base no estado limite último (ELU)
de flexão. Assim, para uma situação condicionante dos momentos fletores positivos considerou-se um
vão, de aproximadamente 4,85 , entre os pilares P8 e P9 no piso 1. A localização dos pilares pode
ser consultada na Figura 3.6.
A laje foi calculada adotando o modelo de cálculo de viga simplesmente apoiada com 1 m de
largura de influência. A carga aplicada, tendo em conta o determinada acima, é de , 1 = 1,35 ×
4,3 + 2,7 + 1,5 × 2,0 = 12,4 kN/m . Segundo a regulamentação, o momento fletor reduzido deve
2
respeitar a condição +
0,18 de forma a conter níveis de taxa de armadura aceitáveis [25].
28
3. Solução estrutural
Considerou-se, ainda, uma esbelteza limite /30 [26]. A Tabela 3.8 apresenta os valores que
conduziram a uma laje fungiforme de espessura igual a 17 cm.
Em relação aos momentos negativos, foi considerado o modelo de viga contínua de três
tramos entre os pilares P6, P7, P8 e P9 (“viga” mais solicitada), tomando de forma simplificada mas
do lado da segurança para os tramos exteriores = 4,85 m [28]. Como metodologia de cálculo foi
considerado o método dos pórticos equivalentes com uma largura de influência = 4,95 m [25].
Assim, foi utilizada nos cálculos a espessura já determinada o que conduziu à mesma carga
uniformemente distribuída na largura de influência (Tabela 3.9).
Com base no momento total e aplicando o método dos pórticos equivalentes, foram obtidos os
seguintes valores de momento fletor reduzido listados na Tabela 3.10.
−
Como o limite que deve ser considerado para o memento fletor negativo é de 0,30, é
possível verificar que a espessura 17 cm cumpre os requisitos do ELU de flexão [25].
De seguida, deve ser verificado se a espessura determinada para a laje é suficiente para
resistir ao ELU de punçoamento. Com base na área de influência ( ), lida diretamente no modelo
Revit, e na carga uniformemente distribuída no piso ( , 1 ), foi obtido o esforço transverso
atuante (� ) sobre os pilares. Foram testados os dois pilares mais solicitados (P8 e P12) pois apesar
do primeiro suportar um maior esforço o segundo possui um menor perímetro de controlo ( 1) e,
portanto, uma menor resistência ao punçoamento. Para a determinação do esforço transverso
resistente (� ) é necessário calcular o esforço de corte resistente ( ) [20] [27]:
= 0,035. 3/2
. 1/2
� = . 1. (3.1)
29
3. Solução estrutural
onde,
200
=1+ 2,0 com em .
Pilar P8 P12
2
Psd, Piso 1 (kN/m ) 12,4 12,4
Ainf (m) 15,01 12,12
Vsd (kN) 185,45 149,74
d (m) 0,14 0,14
K 2 2
vmin (Mpa) 0,542 0,542
a (m) 0,3 0,3
u1 (m) 2,96 2,52
VRd (kN) 224,64 191,25
No pré-dimensionamento das vigas foi utilizado o modelo de cálculo, utilizado nas lajes, de
viga contínua de três tramos [28]. A viga V1, formada pelos pilares P5, P9, P13 e P17, pode ser
considerada a mais condicionante, pois apresenta uma maior vão. Novamente foi utilizada a
combinação fundamental (ELU) com as seguintes cargas: carga uniformemente distribuída aplicada
na laje baseada na largura de influência lida diretamente no modelo Revit; carga linear,
correspondente ao peso da parede dupla (30 cm); e carga linear relativa ao peso da própria viga. O
critério de dimensionamento considerado respeita o intervalo do momento fletor reduzido, de forma a
dotar a secção de um comportamento dúctil [29] [30]. Assim, as dimensões b e h selecionadas
(Tabela 3.12) permitem a verificação da segurança da viga, com um nível de armadura aceitável:
0,10 0,25
b (m) 0,2
h (m) 0,4
Linf (m) 2,43
Psd, Total (kN/m) 42,6
Lint (m) 4,00
Lext (m) 5,40
Lint/Lext 0,74
-
M sd (kN.m) 104,23
M+sd (kN.m) 107,95
μ- 0,190
+
μ 0,197
30
3. Solução estrutural
No pré-dimensionamento dos pilares adotou-se uma seção quadrada para todos os pilares. A
combinação fundamental considerada verifica a segurança ao ELU de esforço axial. Assim, foram
calculados dois pilares dos mais condicionantes: o pilar interior P8 e o pilar pertencente ao contorno
P9. Como o edifício não contém paredes resistentes, considerou-se que todos os pilares contribuem
para a resistência do edifício em relação à ação sísmica e, portanto, foi adotada a seguinte expressão
para o cálculo do esforço axial ( ) [26] [33]:
= × 0,60 × (3.2)
Adicionalmente, com esta metodologia, são obtidos pilares dúcteis, apresentando um bom
comportamento, face à flexão composta a que estarão sujeitos. Em relação ao pilar interior, foi
contabilizada apenas a carga distribuída ( ) relativa aos pisos 1, 2 e cobertura, pois não está sujeito
à solicitação de vigas ou paredes de contorno. Embora este pilar não se encontre muito solicitado em
termos de esforço axial, condicionalismos relacionados com a resistência ao punçoamento, referidos
no pré-dimensionamento da laje, sugerem que a dimensão do lado, da secção quadrada, do pilar não
seja inferior a 0,3 m (Tabela 3.13). Em relação ao pilar de contorno, pilar P9, considerou-se a carga
adicional relativa ao peso das vigas e paredes de contorno (pertencentes à sua área de influência),
como referido.
Pilar P8 P9
a (m) 0,3 0,2
Ac (m2) 0,09 0,04
Ainf (m) 15,01 11,37
Psd, Piso 1 (kN/m2) 12,4 12,4
2
Psd, Piso 2 (kN/m ) 10,0 10,0
Psd, Cobertura (kN/m2) 6,9 6,9
Nsd, viga (kN) - 14,5
Nsd, parede (kN) - 62,1
Nsd, TOTAL (kN) 438,1 408,5
Nrd, TOTAL (kN) 1080 480
Como o pré-dimensionamento foi efetuado em relação aos pilares mais solicitados, aplicaram-
se as mesmas dimensões aos restantes pilares. Isto é, todos os pilares interiores admitem uma seção
de 0,3 X 0,3 m e, os pilares de contorno, uma seção de 0,2 X 0,2 m. Ao ser considerada no pré-
dimensionamento dos pilares, uma variedade reduzida de seções transversais, simplifica o modelo de
estruturas na fase de análise de esforços e facilita a sua execução em obra. Para o objetivo do
presente trabalho, este fato não é completamente indiferente no processo de transposição.
O tipo de fundação definida para o modelo é constituída por sapatas isoladas sob cada pilar.
O modelo de cálculo utilizado considera as sapatas rígidas, ou seja, é verificada a condição de área
mínima da sapata necessária para resistir ao esforço axial raro ( ), de forma a suportar uma
tensão não superior à máxima admissível pelo terreno de fundação (� ) [20] [31]. A verificação é
efetuada em relação às sapatas condicionantes, que são naturalmente, as que servem de base aos
31
3. Solução estrutural
pilares P8 e P9, sendo designadas por S8 e S9. As áreas de influência utilizadas no cálculo do
foram as consideradas no ponto anterior. A Tabela 3.14 apresenta os valores de pré-
dimensionamento referentes às sapatas S8 e S9. Na sapata S9 foi, ainda, necessário contabilizar as
contribuições dos pesos referentes às vigas e paredes presentes na sua área de influência. A altura
mínima passível de garantir a condição de rigidez da sapata e, assim, permitir uma distribuição
uniforme de tensões no solo, é obtida através da expressão [31]:
−
(3.3)
4
onde,
Sapata S8 S9
Nraro, viga (kN) - 10,8
Nraro, parede (kN) - 34,0
Nraro, pilar (kN) 16,9 7,5
Nraro, sapata (kN) 22,5 22,5
Nraro (kN) 302,1 228,9
Nraro, TOTAL(kN) 341,5 303,7
σadm (kPa) 200 200
2
Áreamin (m ) 1,71 1,52
Hmin (m) 0,30 0,33
Hmáx (m) 0,6 0,65
H≥ m 0,30 0,33
Aadot (m) 1,50 1,50
Badot (m) 1,50 1,50
Hadot (m) 0,40 0,40
Áreaadot (m2) 2,25 2,25
32
4. Processo tradicional
4. Processo tradicional
O presente capítulo descreve o modo como, num gabinete de projeto, se procede à análise da
estrutura de um edifício, por recurso ao software de cálculo, SAP2000, tendo como base a informação
de arquitetura, apresentada através de plantas, cortes e alçados, desenhados em sistema gráfico tipo
AutoCAD.
O cálculo estrutural através do software SAP2000 requer que o utilizador introduza os dados,
referentes à solução estrutural, de uma forma discretizada. O modo como este processo é efetuado,
nomeadamente, num gabinete de projeto de estruturas, é baseado na indicação da tipologia dos
diferentes elementos estruturais, reduzidos a linhas e superfícies, a par da indicação das suas
secções. Este tipo de geometria é introduzido no SAP2000 pelo projetista, de um modo praticamente
manual com base nos desenhos de arquitetura. Além dos elementos estruturais, os elementos não
estruturais (e. g. grid lines) também necessitam, em muitos casos, de ser introduzidos ou criados pelo
projetista. No SAP2000 é, então, definido um novo modelo do edifício, o modelo estrutural para
cálculo. Nesta fase do trabalho procedeu-se à criação do modelo SAP2000 tendo em consideração o
pré-dimensionamento determinado no capítulo anterior. Este processo, de criação do modelo
estrutural, comporta uma elevada componente manual no seu desenvolvimento, tornando-o moroso e
sujeito a um considerável número de erros e omissões.
33
4. Processo tradicional
De acordo com o artigo 4.3.3.5.1 do EC8 [32] deve ser considerada a atuação em simultâneo
das duas componentes horizontais da ação sísmica. O valor máximo do efeito da ação sísmica pode
ser estimado através da raiz quadrada da soma dos quadrados, de ambas as componentes
horizontais. A ação sísmica, segundo o EC8, pode ser modelada através de duas componentes
ortogonais e independentes, definidas pelo mesmo espectro de resposta. A forma como as duas
componentes são combinadas, em ambas as direções, é apresentada segundo [33]:
onde,
34
4. Processo tradicional
A modelação das vigas foi considerada como vigas em “T” por se encontrarem fisicamente
embebidas na laje e portanto, apresentarem um comportamento idêntico. Este facto conduz a um
acréscimo da sua rigidez à flexão e, por conseguinte, esta não foi reduzida na modelação segundo o
eixo de maior inércia. Ainda de acordo com o pré-dimensionamento efetuado, todas as vigas do
contorno, relativas ao piso 1, foram modeladas com uma secção de altura igual a 40 cm e 20 cm de
largura. No entanto, no segundo piso, apesar de mantida a largura, foi reduzida a altura para 30 cm
devido à diminuição de esforços, que aí serão verificados. Para as vigas de apoio às lajes da
cobertura, foi igualmente adotada esta secção.
A Figura 4.2 apresenta a localização dos pilares em relação aos alinhamentos. Na figura é
possível observar que os pilares interiores P7, P8 e P11, devido à sua secção, foram submetidos a
uma translação, por razões estéticas, em relação à sua localização inicial, afastando-os dos
alinhamentos G e C, respetivamente. À semelhança destes, também os pilares P3 e P4 estão
desalinhados com o alinhamento 8. Uma vez que as diferenças detetadas são mínimas e de modo a
simplificar o modelo de estruturas, estes pilares foram considerados alinhados com os restantes.
35
4. Processo tradicional
4.1.2. Lajes
As lajes foram modeladas e discretizadas como elementos do tipo casca, Shell-Thin, ou seja,
consideradas como lajes finas. Estes elementos possuem a particularidade de desprezar a
deformação por corte, suportando a formulação de Kirchhoff, o que no presente caso é aceitável visto
a relação vão/espessura ser muito superior a 10 [34] [35]. Em relação ao tipo de malha de elementos
finitos a utilizar existem várias formas de discretização, sendo algumas mais exatas, mas em
contrapartida, normalmente, mais pesadas em termos de trabalho computacional. Portanto, o
adequado é conseguir uma discretização que apresente resultados suficientemente coerentes e
realistas, mas que permita a fluidez necessária para se conseguir manipular convenientemente o
modelo [36] [38].
Assim optou-se por definir uma malha de elementos finitos retangulares, de lado não superior
a 0,8 m. Na proximidade dos pilares esta dimensão foi reduzida para metade, através de uma
transição por elementos triangulares, como se ilustra na Figura 4.3.
36
4. Processo tradicional
Deste modo, foi considerada uma malha mais apertada junto aos pontos singulares, como
pilares e aberturas. Assim, com uma maior discretização, é possível obter um diagrama de esforços
mais realista. Nas lajes da cobertura foi seguido o mesmo princípio no processo de discretização,
obtendo uma malha mais uniforme uma vez que na cobertura não foram definidas aberturas ou
pontos singulares, como se pode ver na Figura 4.1
4.1.3. Fundações
37
4. Processo tradicional
Em relação à ação sísmica, o ponto 3.2.1 do EC8 e o respetivo anexo nacional [33], indica
que a localização do edifício, zona norte de Portugal, se encontra numa zona de baixa sismicidade.
Como tal é referida a possibilidade de serem utilizados métodos de cálculo expeditos ou simplificados
na definição desta ação. No entanto, de forma a ilustrar com o presente trabalho, o modo de
considerar a ação sísmica, esta análise foi incluída no trabalho. Assim, é efetuada a análise sísmica
de acordo com o regulamento em vigor [32].
Foram admitidos os dois tipos de sismo possíveis, isto é, a ação sísmica tipo 1 (sismo
afastado – interplacas) e a ação sísmica tipo 2 (sismo próximo – intraplacas). Em função da
localização da construção, foram consideradas as zonas a que respeitam estas ações e definidos os
parâmetros que permitem calcular o seu efeito. Como é comum nos edifícios de habitação foi
atribuída a classe de importância do grau II, o que conduziu a um coeficiente de importância (γI ) de
1,0, para ambos os tipos de sismo. Para o terreno de fundação foi considerado um terreno do tipo B.
Tendo em conta estas e outras considerações presentes no regulamento europeu, referido, foram
definidos os parâmetros listados na Tabela 4.1, para a quantificação da ação sísmica [32] [33]:
38
4. Processo tradicional
= 0 × 1,5 (4.3)
= 1,0 (4.4)
0 = 3,0 � �1 (4.5)
Como o edifício em estudo apresenta uma regularidade em altura, não foi necessário efetuar
qualquer redução do valor básico do coeficiente de comportamento ( 0 ), como contempla o ponto
4.2.3.3 do EC8.
Espectros de Dimensioamento
1,0
0,9
0,8
0,7
0,6
Sd (m/s2)
0,5
Sismo Tipo 1
0,4
Sismo Tipo 2
0,3
0,2
0,1
0,0
0,0 0,2 0,4 0,6 0,8 1,0 1,2 1,4 1,6 1,8 2,0 2,2 2,4 2,6 2,8 3,0
T (s)
Figura 4.5 - Espectros de dimensionamento referentes às ações horizontais relativas aos sismos 1 e 2.
39
4. Processo tradicional
Uma vez que os primeiros modos de vibração possuem períodos ( ) superiores a 0,7 s, como
se pode constatar na Tabela 4.2, pode deduzir-se que o sismo do tipo 1 é condicionante. No entanto,
o gráfico revela que ambos os sismos possuem acelerações de dimensionamento muito próximas
para esses períodos e, por conseguinte, tanto um tipo de sismo como o outro, conduzirão
naturalmente a resultados semelhantes em termos de esforços na estrutura. Nesta tabela são
apresentados também as frequências e os fatores de participação de massa dos principais modos de
vibração da estrutura.
Tabela 4.2 - Fatores de participação de massa modais dos respetivos modos de vibração.
De forma a combinar a ação sísmica, considerada como ação variável de base, com as
restantes ações presentes no edifício, foi efetuado o procedimento indicado no Eurocódigo 0 [24]. De
referir que esta combinação é realizada para cada tipo de sismo (1 e 2) e para cada direção ortogonal
(segundo os eixos xx e yy) [33].
= , ; ; ; Ψ2, , ( 1; 1) (4.6)
Das ações contidas nesta expressão apenas o pré-esforço não é considerado no presente
caso. O coeficiente de combinação Ψ2, toma o valor 0,3, definido na combinação quase permanente
(item 3.2).
Na análise dos esforços aplicados na estrutura é necessário ter em conta alguns aspetos,
nomeadamente, em relação a questões de segurança e durabilidade da estrutura. Além destes,
importa referir também a metodologia de cálculo utilizada baseada no princípio Capacity Design. Este
princípio consiste num dimensionamento com o objetivo de aumentar a ductilidade da estrutura e,
assim, evitar roturas frágeis nos elementos de betão armado durante a solicitação do sísmica [32].
Assim, as zonas frágeis são dotadas da resistência adequada, isto é, um excesso de resistência, de
forma que a rotura ocorra sempre nas zonas dúcteis, onde o esforço atuante alcança o esforço
resistente, conduzindo a mecanismos de colapso não frágeis [33] 35].
Os efeitos de segunda ordem foram desprezados, na análise dos esforços, pelo facto do
edifício apresentar uma dimensão reduzida e, a ação sísmica ser consideravelmente moderada. Por
40
4. Processo tradicional
outro lado, esta simplificação não afetará aquilo que realmente se procura aferir nesta fase, isto é, as
limitações do processo tradicional em relação ao processo BIM.
onde,
= 1 ×∅; 2 + ; 20 mm = 1 × 20 ; 5 + 30 ; 20 mm = 35 mm (4.8)
onde,
O comprimento de amarração dos varões tem por objetivo assegurar a transmissão de forças
do varão para o betão através das forças de aderência. Tal é determinado a partir das seguintes
expressões onde o diâmetro do varão considerado é o máximo utilizado, ou seja 20 mm [20] [27]:
onde,
� = fyd = 435 MPa (valor conservativo) representa o valor de cálculo da tensão na secção do
varão a partir do qual é medido o comprimento de amarração;
41
4. Processo tradicional
onde,
onde,
4.3.1. Vigas
= − 0,045 (4.13)
42
4. Processo tradicional
= 2 (4.14)
1 − 1 − 2,42
= (4.15)
1,21
= (4.16)
São recomendados ainda limites no que respeita à armadura longitudinal de flexão. O limite
inferior corresponde à quantidade mínima de armadura ( , ) enquanto o superior corresponde à
quantidade máxima de armadura ( , ) a adotar na pormenorização da viga [20] [32]:
onde,
43
4. Processo tradicional
Na definição das zonas críticas, visto se estar na presença de uma estrutura de classe de
ductilidade média (DCM), foi considerada uma distância igual à altura da viga ( = = 0,40 m) a
contar do nó pilar-viga [32]. Com base na informação descrita anteriormente é construída a Tabela
4.3 onde, além da área de armadura longitudinal adotada ( , ), é possível observar também o
número e diâmetro dos varões correspondentes:
Para as posições não mencionadas no quadro anterior foi adotada a armadura mínima
(3Ø10). De seguida determinou-se os valores de cálculo do momento resistente para todas as
secções e posições. Realizou-se um processo inverso aquele que foi utilizado para calcular os
momentos atuantes na viga começando por determinar através de , pela expressão (4.16)
e, posteriormente calculou-se através da seguinte expressão:
= 1 − 0,605 (4.19)
44
4. Processo tradicional
Figura 4.7 - Verificação da quantidade armadura longitudinal face ao momento fletor de cálculo na viga V1.
onde,
45
4. Processo tradicional
, = 4 ; 24 ; 225; 8 = 80 mm (4.23)
onde,
, =� , 1, (4.24)
onde:
A expressão anterior pode ser simplificada na presença de estruturas de DCM pois queremos
que a rótula plástica se forme na viga, adotando a filosofia de viga fraca/pilar forte, isto é, >
:
, = , (4.25)
Tendo em conta esta simplificação e a figura 5.1 do EC8, é realizado o equilíbrio, na viga, dos
esforços de corte presentes e, chega-se à seguinte expressão para a determinação do esforço
transverso máximo atuante (� , ) no comprimento livre da viga ( ) [37]:
46
4. Processo tradicional
− +
,1 + ,2
� , = +� ,( + 2 ) (4.26)
onde;
Tabela 4.5 - Cálculo da armadura transversal e do respetivo esforço transverso resistente de cálculo na viga V1.
- +
VEd,(G+φ2Q) M Rb,1 M Rb,2 VEd,max (Asw)/s,calc (Asw)/s,adot Øadot (2 VRd,s
Vão xcl (m) 2 2
(kN) (kN.m) (kN.m) (kN) (cm ) (cm ) ramos) (kN)
P5-P9 5,40 52,6 34,8 34,8 65,5 4,72 5,74 Ø8//0,175 79,7
P9-P13 3,95 41,7 82,7 34,8 71,4 5,14 5,74 Ø8//0,175 79,7
P13-P17 3,85 38,2 49,0 34,8 60,0 4,32 5,02 Ø8//0,20 69,7
�
� , = ⇔ (4.27)
onde;
� , =� 1 + = 337,4 kN (4.28)
47
4. Processo tradicional
1 = 0,6 1 − (4.29)
250
onde,
� representa o coeficiente que tem em conta o estado de tensão no banzo comprimido (1,0
presente caso);
150 VEd
VRd-
100
VRd+
50
0 Xviga (m)
0 5 10
-50
-100
-150
-200
Figura 4.8 – Verificação da quantidade de armadura de esforço transverso face ao esforço transverso de cálculo.
4.3.2. Pilares
Procede-se agora à análise dos esforços e respetivo dimensionamento do pilar P9, pré-
dimensionado no capítulo 3 com uma secção quadrada de lado = 20 cm. No entanto, foi necessário
aumentar a altura útil na direção Y devido à aplicação do conceito pilar forte/viga fraca, que
prossupõe um momento resistente mais elevado no pilar. Por conseguinte, adotou-se uma secção
retangular com largura = 20 cm e = 30 cm. Este elemento foi escolhido nesta categoria por ser
48
4. Processo tradicional
aquele que apresentava os maiores esforços no contorno e assim considerado condicionante. Por
outro lado, faz sentido dimensionar um pilar que cruze a viga V1, anteriormente dimensionada.
= − 0,045 (4.30)
0,1
, = ; 0,002 = 1,25 cm2 (4.31)
onde
Por outro lado, a área de armadura longitudinal não poderá exceder o máximo ( , ) dado
por 0,04 = 24 cm . Nas zonas de emendas por sobreposição este valor deve ser tomado como o
2
, =� , 1, (4.32)
49
4. Processo tradicional
onde:
� representa o coeficiente que tem em conta a sobre resistência por endurecimento do aço
e o confinamento do betão na zona de compressão da secção, considerado igual a 1,1;
O artigo 4.4.2.3 do EC8 especifica, em edifícios de dois ou mais pisos de estrutura em pórtico,
a utilização da seguinte expressão garantindo a formação de rótulas plásticas em primeiro lugar nas
vigas e, assim possibilitar a utilização da filosofia já descrita [32]:
1,3 (4.33)
onde:
1,1
, = × 0,6 × 1,3 × 2 × 82,7 = 109,1 kN. m
1,3
Com base neste momento fletor é determinada a armadura longitudinal, necessária para a
verificação de segurança, apresentada na Tabela 4.6, onde o momento , é retirado do modelo de
cálculo SAP2000 [40].
Tabela 4.6 - Cálculo da armadura longitudinal no pilar P9 segundo a filosofia Capacity Design.
50
4. Processo tradicional
+ 1,0 (4.34)
0,939 1,0
onde,
Como se pode ver, o pilar dimensionado seguindo a filosofia do Capacity Design está
dimensionado em excesso tendo em conta os esforços aplicados. Portanto, este foi novamente
dimensionado, mas tendo em conta apenas aos esforços atuantes de cálculo para a envolvente da
combinação fundamental e sísmica, ou seja, fazendo , corresponder ao valor apresentado pelo
modelo SAP2000. Estes resultados conduziram à armadura apresentada na Tabela 4.7, que como se
pode observar é significativamente inferior à determinada anteriormente (Tabela 4.6). Foi igualmente
conferida a condição (4.34) de forma a verificar a segurança da secção à flexão desviada (0,946
1,0).
onde,
51
4. Processo tradicional
O espaçamento máximo deve ser reduzido por um fator 0,6 em secções localizadas numa
distância não superior à maior dimensão do pilar (0,3 m), em relação às vigas ou lajes (0,6 × , )
[33]. O artigo 5.4.3.2.2 (4) do EC8 contempla as condicionantes ao nível da ductilidade local nos
pilares, referindo que, na ausência de informação mais precisa, o comprimento da região critica ( )
pode ser determinado por:
onde,
onde,
0 representa a largura mínima do núcleo de betão medido entre os eixos das cintas;
1, + 2, 2 × 109,1
� , = = = 78,0 kN (4.38)
2,8
Tabela 4.8 - Cálculo da armadura transversal do pilar P9 segundo a filosofia Capacity Design.
2 2
VEd,Y (kN) (Asw)/s,calc (cm ) (Asw)/s,adot (cm ) Øadot (2 ramos) VRd,s (kN)
78,0 7,81 8,04 Ø8//0,125 80,2
Dentro da largura crítica, que foi tomada igual a 50 cm, será necessário utilizar um
espaçamento de 7 cm de forma a cumprir o disposto anteriormente em relação ao espaçamento
52
4. Processo tradicional
máximo nestas zonas. Refira-se que a adoção deste espaçamento conduziu a um esforço transverso
resistente na ordem dos 154,3 kN.
O artigo 5.4.3.2.2 (8) do EC8 preconiza ainda a verificação, dentro das zonas críticas, da
armadura de confinamento. Isto é, para que estas secções tenham capacidade de rotação suficiente
para formação de rótulas plásticas, é necessário cumprir a seguinte condição [33] [26]:
� 30 � � , − 0,035 (4.39)
0
0,159 0,144
com:
� =2 0 − 1 = 6,2 ( 1 ) (4.40)
= = 0,400 (4.41)
ã
onde,
� =1− 2
6 0 0 = 0,612 (4.42)
� = 1− 2 0 1− 2 0 = 0,648 (4.43)
53
4. Processo tradicional
Como se pode verificar, é verificada a armadura de confinamento nas zonas críticas do pilar.
Refira-se também que o limite 0,65 é cumprido, condição para que, segundo o artigo 5.4.3.2.1
do EC8, os pilares apresentem a ductilidade necessária. É apresentado um resumo da verificação da
segurança ao esforço transverso na Figura 4.9.
5 VEd,Y,min
VEd,Y,máx
4
VRd,Y-
3 VRd,Y+
2
0
-200 -150 -100 -50 0 50 100 150 200 V(kN)
Figura 4.9 -Verificação da quantidade de armadura transversal face ao esforço transverso atuante.
A partir do gráfico anterior é possível constatar que, apesar do pilar em questão verificar a
segurança ao esforço transverso, ele está sobredimensionado em termos de esforços atuantes. Tal
deve-se em particular à metodologia de cálculo utilizada, isto é, Capacity Design já referida e contida
no EC8. Este resultado já era de esperar uma vez que o edifício em causa se encontra localizado no
norte do país e, portanto, sujeito a uma ação sísmica de reduzida intensidade. Esta revela-se portanto
uma solução pouco económica ainda que se certifique o princípio da viga fraca/pilar forte. Por
conseguinte, foi efetuado um dimensionamento como o realizado para a armadura longitudinal, isto é,
não seguindo esta filosofia, para procurar tirar as mesmas conclusões. Assim, na Tabela 4.9 é
apresentado o cálculo da armadura transversal determinada a partir esforço transverso de cálculo
para a envolvente da combinação fundamental e sísmica. Mais uma vez verifica-se uma grande
redução da quantidade de armadura. De ter em conta que o espaçamento na região crítica foi
mantido o que neste caso denotou um esforço transverso resistente de 80,4 kN:
Comparando estes resultados com os apresentados pelo gráfico da Figura 4.9 constata-se
facilmente o que foi dito no parágrafo anterior. Verifica-se um aumento considerável na armadura
utilizada segundo as diretrizes do EC8 na ordem de 3 vezes aquela determinada através dos esforços
do SAP2000.
54
4. Processo tradicional
4.3.3. Fundações
1 = × (4.44)
2 −2
1 4 − 0,35
= (4.45)
2
onde,
55
4. Processo tradicional
1
= ∙ (4.46)
onde,
Os resultados do cálculo da armadura da sapata são apresentados na Tabela 4.10. Nele pode
ser observado o cumprimento do limite mínimo de 8 para o diâmetro dos varões a utilizar
segundo o artigo 9.8.2.1 do EC2:
Direção X Y
a (m) 0,3 0,2
A (m) 1,5 1,5
H (m) 0,4 0,4
A/4 (m) 0,375 0,375
MEd (kN.m) 14,6 8,3
NEd, max (kN) 544,7 544,7
e (m) 0,027 0,015
R1 (kN) 282,4 278,0
Ft (kN) 211,8 235,5
As/s (cm2) 3,25 3,61
Øadot Ø10//0,20 Ø10//0,20
56
5. Fluxo de informação entre Revit e SAP2000
O modelo de estruturas é definido por recurso à componente Revit Structure. Na sua definição
é considerado o pré-dimensionamento (descrito no cap. 3), onde foram estabelecidas as dimensões
dos elementos estruturais do edifício. Assim, a solução estrutural e as dimensões adotadas no
modelo são idênticas às utilizadas na conceção do modelo SAP2000.
57
5. Fluxo de informação entre Revit e SAP2000
e a sua relação com a envolvente arquitetónica. Nesta fase, o modelo Revit engloba a totalidade dos
elementos definidos para os modelos de arquitetura e de estruturas. O primeiro modelo é constituído
pelos elementos não estruturais da construção, referentes apenas à arquitetura, e o segundo, é
composto pelos elementos estruturais do edifício. De notar que, no problema estudado, os
componentes lajes fazem parte de ambos os modelos. O modelo conjunto considera as disciplinas
arquitetónica e estrutural do edifício. No entanto, outras componentes do edifício, correspondentes a
fases seguintes do projeto, podem adicionalmente ser modeladas como, por exemplo, redes de água
e esgotos, eletricidade ou AVAC. O modelo acrescido de outras especialidades fica mais rico em
informação, ou seja, mais de acordo com a metodologia BIM. O software Revit, admite atualmente as
diferentes capacidades mencionadas, pelo que constituí de facto uma ferramenta adequada a ser
utilizada numa metodologia BIM.
Figura 5.1 - Pormenor de sobreposição dos modelos Revit de estruturas (esquerda) e de arquitetura (direita).
58
5. Fluxo de informação entre Revit e SAP2000
A camada relativa ao revestimento, associada à laje, não é transferida mas os materiais que a
compõem são transferidos. Isto é, uma laje, quando é transferida para o SAP2000, tem a espessura
referente ao elemento estrutural definido no Revit. Todos estes materiais são importados como
materiais isotrópicos mantendo a mesma designação definida no Revit, mas apenas o betão e o aço
(material não importado) possuem equivalência na classe, “concrete” e “steel”, enquanto os restantes
materiais são classificados pelo SAP2000 como “other”. No entanto, para a análise em causa, apenas
foi considerado o material estrutural, ou seja, o betão C30/37 [W9].
59
5. Fluxo de informação entre Revit e SAP2000
Figura 5.4 - Propriedades do material betão 30/37 importado do Revit para o SAP2000.
60
5. Fluxo de informação entre Revit e SAP2000
A sua orientação, definida pelo seu ponto cardinal no SAP2000, é determinada segundo
os parâmetros Z-Direction Justification (justificação na direção Z) e Lateral Justification
(justificação lateral) definidos em Revit. Na ausência desta informação, o SAP2000 adota
o seu centro geométrico;
Os elementos barra não admitem formas circulares em planta no SAP2000, sendo
discretizados segundo pequenos segmentos retos de dimensão definida pelo próprio
Revit;
O SAP2000 importa a posição do modelo geométrico dos elementos barra, e não da sua
posição analítica. Por exemplo, no caso de um pilar, é importada a posição geométrica do
centro do pilar ao contrário da sua representação analítica;
As ligações rígidas estabelecidas no modelo analítico no Revit não são reconhecidas no
SAP2000.
As secções dos elementos de barra são definidas no Revit através da sua família e tipo, por
exemplo, família “Pilar Betão Armado” e tipo “Pilar_20X20”. Quando o modelo é importado pelo
SAP2000, existe uma correspondência entre a denominação do tipo da secção e a base de dados
própria do SAP2000 (ficheiros .PRO). Assim, o programa pesquisa uma secção com a mesma
designação (ou o mais idêntica possível), e efetua uma correspondência. Na situação de o programa
não conseguir estabelecer essa correspondência, o utilizador deve impô-la de forma manual ou,
então, criar a secção posteriormente, deixando no seu campo a opção “None” [41].
61
5. Fluxo de informação entre Revit e SAP2000
Figura 5.5 - Definição das secções do modelo na base de dados do SAP2000 (ficheiro .PRO).
5.2.2. Lajes
As lajes (designadas por structural floors no Revit), são importadas como elementos thick-
shell com o nome do tipo do elemento Revit, de modo semelhante ao verificado nos elementos barra,
ou seja, por exemplo Laje Betão Armado 20cm e Laje Betão Armado Cobertura 20cm. Importado o
modelo Revit é necessário proceder à configuração da laje para thin-shell, opção anteriormente
utilizada quando da execução pelo processo tradicional. Como referido, no Revit, as lajes foram
constituídas por várias camadas de distintos materiais. O SAP2000 atribui a espessura total da laje
importada como sendo apenas a espessura relativa ao material de classe concrete, ou seja, a
componente estrutural da laje no Revit, conservando o material constituinte dessa camada (betão
C30/37) [41]. Portanto, no presente caso, apesar da laje, dos pisos 1 e 2 no Revit, ser composta por
três camadas, totalizando 20cm de espessura, apenas a camada de 17cm considera o material betão
C30/37, e por conseguinte, a laje importada terá essa espessura e será constituída por esse material.
62
5. Fluxo de informação entre Revit e SAP2000
imediata. Este aspeto constitui uma outra limitação verificada na interoperabilidade entre estes dois
softwares, o que poderá ser um grande inconveniente em projetos de grande dimensão. No entanto,
considerando que os elementos barra e lajes já se encontram modelados e com a respetiva
localização determinada, a definição dos alinhamentos, assume pouca utilidade para o projetista,
exceto, por exemplo, numa situação de definição da abertura numa laje [41].
Através da barra de ferramentas do SAP2000 é selecionada a opção File > Import > Revit
Structure .exr File, como indicado na Figura 5.7. De seguida, através da interface apresentada na
Figura 5.8 é selecionado o ficheiro .EXR (Read Revit Structure .exr File) e o ficheiro .PRO, no qual se
adicionou anteriormente as secções dos elementos barra (Add Sections Database) [41]. A mesma
figura apresenta o aspeto do modelo analítico importado. Como se pode observar, o modelo
importado não contém nem os alinhamentos grid nem as fundações (apesar de definidas e
representadas no Revit, Figura 5.6). Adicionalmente, as lajes não se encontram ainda discretizadas
63
5. Fluxo de informação entre Revit e SAP2000
numa malha de elementos finitos, sendo necessário, assim, completar a sua modelação de forma a
poder prosseguir-se com a análise estrutural [W11].
Figura 5.8 - Interface de importação do modelo Revit de estruturas e do modelo SAP2000 importado.
O modelo importado foi, de seguida, complementado com base no modelo SAP2000, usado
segundo o processo tradicional (descrito no capítulo 4). Pretende-se obter um modelo semelhante ao
anterior, de forma a melhor se poder aferir quais as principais vantagens e dificuldades relativas à
interoperabilidade entre os softwares utilizados. Assim, foram adicionados os alinhamentos, grids, em
64
5. Fluxo de informação entre Revit e SAP2000
falta. Confirmou-se, no entanto, que as secções de todos os elementos barra foram atribuídas
corretamente, mas recorde-se que as designações destas secções foram adicionadas previamente à
base de dados do SAP2000. De seguida, foram definidos todos os apoios como fixos sob cada pilar e
procedeu-se à discretização das lajes em elementos finitos, com um refinamento análogo ao aplicado
na situação tradicional. Foram igualmente alterados os coeficientes da rigidez de flexão e de corte de
forma a simular a perda de rigidez devido ao fenómeno da fendilhação. Considerou-se adequado, por
uma razão de coerência, efetuar uma translação espacial do modelo da estrutura, de forma a que a
origem do referencial global coincidisse com o ponto de coordenadas (0,0,0) utilizado no processo
tradicional.
A aplicação utilizada apresentou contudo algumas limitações como, por exemplo, o facto de
não suportar a atualização do projeto importado [41]. Isto é, apenas é possível criar um novo modelo
SAP2000 a partir do Revit existente, e portanto, qualquer definição ou alteração realizada no
SAP2000 não será atualizada no Revit. Constata-se assim, como uma limitação, a eficácia do fluxo
de informação entre os diversos parceiros do projeto, uma vez que a transferência é efetuada apenas
num único sentido e, idealmente, segundo o processo BIM, seria desejável um fluxo de informação
bidirecional. Assim, uma vez atualizado e analisado o modelo no SAP2000 não é possível a
transposição da informação alterada e criada para o Revit [W9].
Assim, esta metodologia apesar de apresentar evidentes lacunas, pode trazer algumas
vantagens ao projetista, nomeadamente, uma maior celeridade do processo, baseada na evidente
capacidade, embora limitada, de interoperabilidade entre os softwares Revit e SAP2000.
Adicionalmente, verificou-se uma melhoria ao nível da qualidade da informação estrutural transferida,
ou seja, a quantidade de erros e lacunas é reduzida substancialmente quando comparada com o
método semi-manual utilizado no processo tradicional. Conclui-se ainda que existem alguns aspetos
65
5. Fluxo de informação entre Revit e SAP2000
que podem ser melhorados no sentido de uma maior eficiência na comunicação de informação,
nomeadamente, em relação aos elementos exportados para o SAP2000 e à requerida possibilidade
de atualização posterior do modelo Revit. Embora esta não seja uma metodologia ideal, apresenta
significativas vantagens que, em projetos de grande dimensão, podem significar elevados benefícios
em relação ao tempo consumido e ao rigor da informação estrutural reutilizada. Esta metodologia,
embora não se possa considerar uma metodologia perfeitamente enquadrada no conceito BIM,
encontra-se destacada do processo tradicional. Por conseguinte, é possível afirmar que, com base no
desenvolvimento do caso de estudo, se conseguiu ilustrar, o que no momento é transversal ao setor
AEC, isto é, uma evolução a partir do processo tradicional em direção ao processo BIM.
66
6. Fluxo de informação entre Revit e Robot
Embora o modelo analítico possa ser definido diretamente no Robot, admitiu-se efetuar a
transposição do modelo Revit e estudar a sua adaptação, de forma a poder comparar procedimentos
relativamente ao capítulo anterior. Enquanto no Revit, e apesar da sua independência, os modelos
geométrico e analítico conservam uma relação de consistência entre si, um modelo criado
diretamente no Robot (como ocorre nos demais programas de cálculo e análise estrutural) é um
modelo analítico, simplificado, sem preservação ao nível das características físicas da construção.
Por outro lado, a plataforma Revit permite a coordenação do modelo estrutural com outras disciplinas
(arquitetura, mecânica, hidráulica, etc.), além de possibilitar a utilização das normas correntes da
indústria. Adicionalmente, a representação analítica dos elementos é distinta em ambos os softwares,
o que implica que quando é iniciado o modelo no Robot, são necessários, posteriormente, ajustes e
alterações adicionais no Revit para compatibilizar a geometria (elementos físicos) de ambas as
especialidades [42]. Por exemplo, uma viga é representada no Robot através do seu centro
geométrico (centerline) enquanto no Revit, sê-lo-á genericamente através do seu topo (top of beam),
como ilustrado na Figura 6.1 ou, em situações particulares, ajustada (offset) conforme necessário.
Contudo, o sentido de transposição referido é tido como o procedimento natural utilizado na indústria
67
6. Fluxo de informação entre Revit e Robot
AEC. Naturalmente, que na eventualidade de ocorrerem alterações no modelo Robot, será necessário
proceder à atualização do modelo Revit e à resolução das incongruências, suscetíveis de ocorrer, na
compatibilização dos projetos de especialidades. Ainda que seja possível exportar e importar apenas
frações do projeto [43], tal não foi considerado relevante no presente trabalho.
Figura 6.1 - Representação analítica de uma viga no Robot (em cima) e no Revit (em baixo).
No caso de estudo optou-se pela seguinte sequência: em primeiro lugar, todos os elementos
estruturais são modelados no Revit, isto é, as fundações, os pilares, as vigas e as lajes, além dos
elementos auxiliares como o caso dos elementos grelha (grids e levels) já criados, correspondendo
assim ao procedimento descrito no item 5.1 na criação do modelo Revit estrutural; posteriormente,
este modelo é, então, exportado para o Robot, de forma a dar continuidade ao processo proposto de
análise e cálculo dos esforços na estrutura.
68
6. Fluxo de informação entre Revit e Robot
Deste modo, e nesta fase do projeto, o modelo BIM comporta duas componentes integradas
relativas aos projetos de arquitetura e de estruturas. Forma assim, um modelo Revit único,
conservando uma relação de compatibilidade. Como referido, além desta separação entre objetos
estruturais e não estruturais, há ainda uma outra diferença a registar no Revit, o modelo comporta
elementos geométricos e analíticos que possuem uma relação de dependência entre si. Os
elementos analíticos estão associados aos elementos estruturais já determinados, ou seja, qualquer
elemento estrutural tem associado a si um elemento analítico que é usado na análise estrutural do
edifício no Robot. Como se pode constatar, a modelação da estrutura no Revit ao contrário do Robot,
conduz, desde logo, a uma grande vantagem para o projetista em poder visualizar e correlacionar o
modelo estrutural (Figura 5.2), construído com base no modelo de arquitetura, com a sua
representação analítica simplificada (Figura 6.2).
As condições de fronteira, tanto da estrutura como dos elementos barra, foram definidas no
Revit, tendo-se imposto condições fixas. A definição do tipo de ações (Load Cases) foi efetuada no
Revit, utilizando as mesmas designações já utilizadas no SAP2000, enquanto as cargas (Loads) e as
combinações de ações (Load Conbinations) foram definidas no Robot. Ainda no Robot, foi efetuado
um refinamento da malha de elementos finitos das lajes, realizada a análise estrutural e, estabelecida
a pormenorização das armaduras (apenas em relação às peças analisadas no capítulo 4).
69
6. Fluxo de informação entre Revit e Robot
Como referido, o fluxo de dados entre o Revit e o Robot pode ser efetuado segundo ambos os
sentidos, permitindo múltiplas iterações e atualizações. Mas nem todos os objetos paramétricos são
passíveis de serem transferidos, em ambas as direções, de forma a preservar corretamente as suas
características ou valores atribuídos originalmente. Alguns dos elementos apenas podem ser
exportados numa das direções, como por exemplo, no sentido de Revit para o Robot, os elementos
Foundation Slabs (laje de fundação) e Openings (aberturas), e outros, não são reconhecidos em
nenhuma das direções. Existem, ainda, elementos que, pertencendo a um software e apesar de não
poderem ser transferidos, conservam as suas propriedades num processo iterativo. Estas
características são ilustradas nas seguintes situações [42] [43] [W13] [44]:
70
6. Fluxo de informação entre Revit e Robot
seu material constituinte. As malhas de elementos finitos de lajes (Structural Floors) não
são realizadas automaticamente durante a transferência e, portanto, têm de ser efetuadas
no Robot. Depois de voltarem ao Revit estas não se apresentam acessíveis, mas são
preservadas em futuras iterações (hidden data). Deve ser revista a malha de elementos
finitos depois de significativas alterações (apoios, vãos, etc.) na disposição do elemento
plano;
Todo o tipo de aberturas (escadas ou elevadores) modelados em Revit são transferidos
para o Robot como Openings. No entanto, o contrário não acontece, e portanto,
modificações em aberturas existentes ou a criação de novas no Robot não são atualizadas
posteriormente no Revit;
As ações Loads (cargas), Load Cases (tipos de cargas), e Load Combinations
(combinações de ações) são transferidas entre o Revit e o Robot. As cargas criadas e
aplicadas no Revit são transferidas e passíveis de serem ajustadas no Robot, no entanto,
estas modificações não são refletidas posteriormente no Revit. As cargas criadas no
Robot são importadas e preservadas no Revit mas não ficam acessíveis, como acontece
com outros elementos (hidden data);
O elemento Structural Rebar (armadura ordinária), modelado no Revit, é transferido para o
Robot, como Rebar, apenas quando relacionado com os componentes Structural
Columns, Structural Beams e Spread Footings (fundações isoladas). A armadura
dimensionada no Robot é transferida para o Revit para os mesmos elementos. Através da
extensão Revit Reinforcement é possível dotar os elementos das respetivas armaduras e,
seguidamente, proceder a exportação do modelo para o Robot. O método alternativo
consiste em dimensionar esses elementos no Robot e, posteriormente, transferir a
informação para o Revit. No presente caso, foram testados ambos os métodos, tendo-se
chegado à conclusão que seria benéfico optar pelo segundo processo uma vez que o
Robot possui ferramentas mais completas para esta tarefa. Este aspeto é discutido com
detalhe no item 6.2.3;
Os atributos Materials (materiais), Grids (grelhas) e Levels (pisos), modelados no Revit,
são criados como Materials, Structural Axes, e Stories, no Robot. A transferência
bidirecional destes elementos é limitada e, portando, é recomendado criá-los e ajustá-los
no Revit, procedimento adotado no presente caso.
Além dos objetos e pormenores descritos, existem outros elementos que podem ser
transferidos entre as plataformas BIM, Revit e Robot. Contudo, procurou-se mencionar apenas os
detalhes abordados no caso de estudo, de forma a ilustrar o modo de execução do projeto numa
base BIM, nomeadamente, na análise da interoperabilidade requerida.
71
6. Fluxo de informação entre Revit e Robot
exportado para um outro software [W14]. Isto ocorre quando os extremos dos elementos de barra não
são ligados adequadamente. Para reduzir ou evitar estas incoerências é necessário alinhar e
restringir as ligações dos elementos aos alinhamentos (grids) e aos níveis (levels) e evitar, tanto
quanto possível, o uso do parâmetro offset dos elementos barra. A ferramenta Analytical Ajust,
disponível no Revit na barra Analyse em “Analytical Model Tools” (Figura 6.3), tem a capacidade de
corrigir e efetuar este tipo de correções. Esta função permite deslocar apenas os elementos
analíticos, ou parte destes, sem modificar a localização da sua componente geométrica. Para
reposicionar o elemento analítico na posição inicial (atribuída automaticamente), é utilizada a opção
Analytical Reset [W15]. Neste processo é recomendável efetuar inspeções e correções de acordo
com os alertas e avisos que, eventualmente surgem na fase da modelação, evitando posteriores
erros. O Revit define os parâmetros projeção vertical e horizontal (“horizontal projection” e “vertical
projection”) dos elementos barra como “Auto-detect” (Figura 6.3) [43]. Desta forma, atribuí a
localização analítica mais lógica para os elementos estruturais, concluindo-se, com base no presente
trabalho, que o realiza de um modo aceitável. Portanto, pode ser aconselhável usar esta definição e
alterá-la com algum cuidado, mas apenas em casos especiais [W13].
A ligação entre o Revit e o Robot suporta a transposição de elementos inclinados, sem haver
necessidade de transferir todos os níveis utilizados na criação dos mesmos no Revit. Um único nível,
ou apenas o parâmetro offset do elemento, são suficientes para efetuar a correta interoperabilidade
com o Robot. Novamente, é necessário considerar o parâmetro projeção horizontal visando a
modelação pretendida [W17]. No exemplo ilustrado na Figura 6.3, a definição analítica de um pilar,
desalinhado com o adjacente, provoca a duplicação do nó visualizado.
Previamente, à transposição do modelo Revit para o Robot, deve efetuar-se uma verificação
no modelo inicial, relativamente aos elementos de suporte (“Check Supports”) e à consistência entre
72
6. Fluxo de informação entre Revit e Robot
As tolerâncias admitidas para estas relações, bem como as opções tomadas nas verificações
citadas podem ser definidas na caixa de diálogo Structural Settings (Figura 6.4), acedida a partir de
“Analytical Model Tools” [42].
73
6. Fluxo de informação entre Revit e Robot
A ação “Send Options” (Figura 6.6) permite definir algumas opções relativas à exportação do
modelo. Através de “Basics Options” (opções básicas) tem-se a possibilidade de exportar todo o
74
6. Fluxo de informação entre Revit e Robot
modelo ou apenas uma parte, através da opção “Send only current selection”, utilizada quando, por
exemplo, for necessário efetuar diferentes tipos de análise a distintas partes da estrutura [42]. O
utilizador pode, ainda no Robot, efetuar uma verificação ao modelo, por exemplo, analisar o
posicionamento de nós específicos ou outro tipo de inconsistências. No entanto, a Autodesk [43]
aconselha a realização destas verificações ainda no Revit, uma vez que mantém, automaticamente,
uma relação de consistência entre o modelo analítico e o geométrico.
Ainda no Revit, é possível escolher qual o tipo de carga, load case, que contabilizará o peso-
próprio, ou então ignorá-lo e defini-lo posteriormente no Robot. Quando se pretende associar o peso-
próprio a um load case, este tem de ser criado previamente à exportação do modelo [42]. No exemplo
analisado, o modelo foi exportado na sua totalidade uma vez que se pretendia uma análise global e
para o peso próprio foi definido o load case DEAD, seguindo a nomenclatura já utilizada no SAP2000,
como se pode visualizar na interface, da esquerda, na Figura 6.6.
De seguida, são definidos os graus de liberdades nas extremidades dos elementos barra,
através da opção “Bar end realeses”, usando as definições do Revit, ou então, posteriormente, no
Robot. A definição do tipo das ligações entre os elementos estruturais pode ser iniciada no Revit de
acordo com o comportamento estrutural previsto. No entanto, é recomendável efetuá-la no Robot uma
vez que este tem uma ferramenta própria, permitindo, por exemplo, configurar todas as libertações
como fixo-fixo [43]. Importa realçar que apesar desta recomendação, no caso em estudo foram
testadas ambas as hipóteses sem que se tenham obtido diferenças na análise estrutural. Pelo facto
das libertações de todos os elementos barra terem sido, no Revit, definidas como fixo-fixo, (como é
ilustrado na Figura 6.7 para um pilar genérico) era indiferente a opção tomada [44].
75
6. Fluxo de informação entre Revit e Robot
No presente caso, e por razões de segurança, foram utilizados, numa primeira fase, os
materiais atribuídos pelo Robot. Posteriormente, e de forma a manter-se coerência em relação à
análise efetuada no capítulo anterior, foram transportados os materiais definidos no Revit.
Comparando ambas as situações, de forma a validar os materiais definidos no Revit, não foram
encontradas diferenças na análise realizada no Robot.
Finalmente, refira-se a existência de outras opções [43], embora não seja justificada a sua
utilização no presente caso: A opção “Use drawing model offsets as analytical” confere controlo
adicional sobre a localização de certos elementos no Robot; A opção “reinforcement projects” está
76
6. Fluxo de informação entre Revit e Robot
relacionada com a transferência das armaduras de aço presentes nos elementos de betão
(pormenorização), que serão posteriormente calculadas e determinadas no item seguinte. Portanto
esta opção não é utilizada nesta fase do fluxo de dados.
Adicionalmente, num contexto BIM, deve ser considerada, durante a progressão do projeto, a
possibilidade da atualização do modelo Revit com a informação proveniente do Robot, tanto a que é
criada como a que é alterada, como por exemplo, no presente caso, as armaduras. Apesar de não ter
sido testada a colaboração entre várias equipas, podem ocorrer divergências entre os diversos
profissionais ligados ao projeto, pois, por exemplo, os desenhadores podem continuar a desenvolver
o seu trabalho, ao mesmo tempo que o engenheiro de estruturas impõe as modificações que entenda
necessárias no Robot. Assim, é necessário considerar uma organização adequada, com uma
estrutura hierárquica apropriada à tomada de decisões relativamente à gestão do modelo BIM [43].
O modelo Revit do caso de estudo, depois de exportado para o software Robot, apresenta o
aspeto evidenciado na Figura 6.8. Note-se que tanto os componentes auxiliares, grids e levels, como
as secções dos elementos barra e dos planos conservam as características e localizações definidas
no Revit. No entanto, no Robot foi necessário proceder a alguns ajustes, de forma a preparar o
modelo para o cálculo e análise estrutural. Deste modo, o modelo continua a ser organizado e
complementado num processo contínuo de fluxo de informação entre o Revit e o Robot.
No Robot, é iniciada a definição dos parâmetros Loads, e Load Conbinations, com base na
informação de Load Cases importada do Revit. Apesar de estes parâmetros poderem ser definidos no
77
6. Fluxo de informação entre Revit e Robot
Revit, e posteriormente exportados, devem ser redefinidos no Robot, pois este procedimento é mais
intuitivo e completo neste sistema e, por conseguinte, mais eficiente. Aliás, esta metodologia é
aconselhada pela própria Autodesk [43] [W13]. Foram experimentadas ambas as opções, e optou-se
por realizar esta etapa no Robot. Assim, as ações aplicadas no modelo foram:
O peso próprio dos elementos de betão armado do edifício (load case DEAD);
As restantes cargas permanentes (RCP);
A sobrecarga;
A ação da neve;
A ação sísmica.
Em relação à modelação dos elementos barra, foi considerada a mesma rigidez, em estado
fendilhado (ELU), referido no item 4.1. No entanto, o parâmetro relativo à rigidez de corte não é
possível alterar na versão do Robot utilizada. Uma forma de contornar este problema é, por exemplo,
alterar as dimensões da secção, o que implicaria impor modificações nos valores dos coeficientes
afetos ao peso-próprio e à rigidez de flexão. Assim, e porque a redução da rigidez de corte não é tão
importante como a redução da rigidez de flexão na simulação do comportamento fendilhado, tal não
foi considerado [W19]. Por conseguinte, a sua modelação neste software não será equivalente aquela
realizada no SAP2000 e, portanto, os resultados serão algo diferentes. Note-se, no entanto, que esta
situação é uma limitação do próprio Robot e não da interoperabilidade entre as plataformas.
78
6. Fluxo de informação entre Revit e Robot
Figura 6.9 - Comparação entre as malhas de elementos finitos no SAP2000 (esquerda) e no Robot (direita).
-40
-60
-80
-100
Figura 6.10 - Comparação do esforço transverso de cálculo (V Ed) determinado em SAP2000 e Robot.
79
6. Fluxo de informação entre Revit e Robot
Figura 6.11 - Comparação do momento fletor de cálculo (MEd) determinado em SAP2000 e Robot.
Da análise dos gráficos anteriores, constata-se que as diferenças obtidas, inferiores a 10%,
podem considerar-se aceitáveis, dadas as aproximações realizadas na modelação dos elementos
estruturais e tendo em conta a utilização de softwares diferentes. Por conseguinte, estes resultados
contribuem para a validação do cálculo estrutural efetuado. Como o nível da diferença de resultados
se verificou nos restantes elementos analisados (pilar P9 e sapata S9), considerou-se que era
possível extrapolar os resultados desta amostra para a restante estrutura. Assim, considerou-se que
os resultados eram suficientemente credíveis para tomar o modelo como válido, tendo-se prosseguido
com o cálculo das armaduras e a sua pormenorização.
Após a validação dos resultados, foram determinadas as armaduras necessárias para verificar
a segurança dos esforços calculados. Esse cálculo foi efetuado apenas em relação às peças, cujo
dimensionamento foi realizado no capítulo 4. O Robot, assim como outros softwares de cálculo,
possui uma ferramenta bastante completa, de apoio a este processo, Reinforcement of RC Elements,
possibilitando o cálculo, com base na regulamentação considerada (EC2 e EC8), das armaduras
necessárias e, posteriormente, a geração dos desenhos de pormenorização, de uma forma
automática. Neste processo foram ponderadas todas as considerações referidas no item 4.3, na
definição dos parâmetros que servem de base ao cálculo, nomeadamente, as classes de exposição e
estruturais, os coeficientes de fluência e de comportamento sísmico, os recobrimentos mínimos, os
diâmetros de varões a utilizar, os materiais, as disposições da pormenorização, etc.. Esta ferramenta
pode ser considerada como uma ferramenta de apoio ao processo BIM, pois é responsável,
essencialmente, por criar nova informação a partir da já existente contribuindo para enriquecer e
facilitar a gestão e a execução da obra. Esta informação gráfica, baseada nos desenhos de
pormenorização das peças de betão armado, contempla ainda uma componente descritiva da
informação associada a cada peça onde disponibiliza as características dos materiais, as quantidades
tanto de aço como de betão e de cofragem, os comprimentos dos diferentes diâmetros de varões
utilizados, etc., sobre a forma de texto.
80
6. Fluxo de informação entre Revit e Robot
Em relação à composição dos desenhos, como são gerados automaticamente, o seu layout
nem sempre é o ideal. Existem opções na definição automática destes desenhos e vários templates
que podem ser carregados e até modificados. Verificou-se, no entanto, que a sua formatação podia
não ser a mais adequada e a sua alteração revelou-se um processo pouco intuitivo. Ou seja, os
layouts gerados pelo Robot são limitados em termos das possíveis preferências que o utilizador pode
pretender.
81
6. Fluxo de informação entre Revit e Robot
Foram testadas dois modos de preparação dos desenhos dos elementos calculados e da
obtenção da informação associada. A primeira opção, descrita no capítulo anterior, consiste em criar
os desenhos e formatá-los no próprio Robot. A outra forma, consiste em proceder à exportação dos
desenhos obtidos no Robot para o software ASD e, efetuar as alterações e as formatações
consideradas necessárias. Este segundo modo revelou-se mais versátil na medida em que permite
um maior detalhe na configuração do layout dos desenhos, facilitado pelas inúmeras ferramentas que
o software proporciona, dirigidas a esta tarefa. Adicionalmente, justifica-se a inclusão deste último
passo com o objetivo de completar o fluxo de dados entre as três aplicações, ilustrando melhor o
processo BIM no projeto de estruturas. Assim, após a determinação da área das armaduras,
transversal e longitudinal, a adotar nos três tipos de peça, pilar (P9), sapata (S9) e viga (V1), esta
informação foi exportada para o ASD, de forma a proceder-se às alterações julgadas necessárias,
com o objetivo de melhorar a apresentação dos resultados.
Nas versões recentes destes softwares, a transferência de informação entre ambos pode ser
realizada de dois modos:
82
6. Fluxo de informação entre Revit e Robot
No presente trabalho optou-se pela segunda opção, de forma a ter-se uma primeira ideia do
layout final da pormenorização, ainda no Robot, e por outro lado, como referido, tem-se a
possibilidade de importar todos os desenhos de uma única vez no ASD, o que num projeto de
elevada dimensão pode permitir economizar tempo. Adicionalmente, há a possibilidade de
individualizar o trabalho do engenheiro projetista em relação ao efetuado pelo desenhador, mantendo
assim cada profissional afeto à realização das suas tarefas de um modo independente e, por
conseguinte, contribuir para uma melhor organização e eficiência dos trabalhos. Nesta fase do
processo, o fluxo de informação, utilizado e demonstrado, revela importantes aspetos da metodologia
BIM, em termos de organização, colaboração e agregação de informação de projeto.
83
6. Fluxo de informação entre Revit e Robot
Figura 6.15 – Importação manual dos desenhos de pormenorização de Robot para ASD.
Com base nos testes realizados, verificou-se que a inclusão do ASD no fluxo de dados entre
sistemas, contribuí, de um modo geral, para uma melhoria no que respeita à informação visual
pretendida, pois este software admite uma maior facilidade na alteração e na preparação dos
desenhos gerados, do que a permitida no Robot. Assim, é possível melhorar e tornar mais percetível
a apresentação da informação, associada ao cálculo estrutural. Pode considerar-se uma boa opção, a
utilização do ASD como uma ferramenta complementar ao dimensionamento e à pormenorização das
peças de betão armado obtidas no Robot.
84
6. Fluxo de informação entre Revit e Robot
Através da análise comparativa entre os resultados dos desenhos obtidos no Robot e no ASD,
conclui-se que não é evidente eleger a opção mais célere e eficaz, para a elaboração dos desenhos
de pormenorização das peças de betão armado. A opção pela realização dos desenhos de
determinada peça, num ou noutro software, dependerá sempre do objetivo final pretendido para o seu
layout. Como o fator tempo é uma variável importante a considerar num projeto, utilizar os desenhos
realizados no Robot, pode revelar-se decisivo. No presente caso, o Robot satisfez quase na íntegra
as necessidades de execução, do que se pode considerar um desenho suficientemente aceitável, ou
seja, claro e completo, que conduza a uma execução em obra eficiente e sem incongruências. No
entanto, como consequência da experiência adquirida neste trabalho, pode concluir-se que a melhor
metodologia é, efetivamente, criar os desenhos no Robot e, posteriormente, proceder às alterações
necessárias no ASD (como exemplificado para a peça S9).
Como conclusão, importa referir que vários são os aspetos que podem influenciar a escolha
do software para a realização dos desenhos de pormenorização. No entanto, com base na
padronização da própria indústria, percebe-se facilmente, que o ASD será a opção mais válida, pois,
apresenta uma maior flexibilidade, principalmente, pela maior quantidade de opções de formatação
disponíveis quando comparado com o Robot. A seleção do procedimento a aplicar depende,
naturalmente, do utilizador e da própria empresa, de acordo com os requisitos e tipo de licença que
possui. Um utilizador pode considerar aceitável o nível de detalhe e tipo de apresentação concebida
pelo Robot, e um outro pode requerer uma gama mais alargada de opções no traçado dos desenhos
de pormenorização, de acordo com as exigências do projeto. Adicionalmente, deve analisar-se a
dimensão do projeto e o tipo de peças a representar. Por exemplo, no presente caso, em relação às
sapatas, é fácil verificar que o Robot não permite a apresentação de desenhos com o detalhe e a
clareza que, particularmente, foi conseguida através do seu aperfeiçoamento realizado no ASD. Após
algum tempo de utilização do software ASD é notório o grau de personalização que os desenhos
adquirem por parte do utilizador em comparação com o Robot. Nota-se, claramente, que este é mais
vocacionado para a construção dos desenhos (informação gráfica) enquanto o Robot evidencia-se,
essencialmente, na componente analítica e de cálculo (informação numérica).
85
6. Fluxo de informação entre Revit e Robot
86
7. Conclusões e desenvolvimentos futuros
7.1. Conclusões
87
7. Conclusões e desenvolvimentos futuros
grau de eficácia, não revelando problemas condicionantes importantes. Esta diferença da qualidade
de interoperabilidade entre os softwares é justificada sobretudo pelo facto de, tanto o Revit como o
Robot, ao invés do SAP2000, são desenvolvidos pelo mesmo fabricante, a Autodesk. Adicionalmente,
foi utilizado um outro software da Autodesk, o ASD, no melhoramento dos desenhos de
pormenorização das peças analisadas, obtidos no Robot. Dos resultados do trabalho efetuado, pode
concluir-se que o fluxo de informação BIM mais aconselhado consiste em aproveitar as valências dos
softwares analisados. Assim, propõe-se:
Este modo de transferência no processo de análise estrutural de base BIM é o que pode se
considerado mais adequado às características do edifício do caso de estudo (dimensão, solução
estrutural, localização, etc.). No entanto, ressalve-se que durante a descrição do trabalho elaborado,
houve a intenção de extrapolar os resultados determinados para edifícios de maior dimensão.
Apesar de se poder concluir que a seleção do software SAP2000 foi muito limitativa, essa
escolha foi realizada com o prepósito de ilustrar e testar um fluxo de dados deficiente e com visíveis
lacunas. Fica, assim, identificada e demostrada a ocorrência de dificuldades e problemas na
implementação da metodologia BIM, em certos casos, na indústria AEC. Pois, é importante gerir o
nível de espectativas criadas à partida, afastando a ideia de um processo sem falhas e
completamente fiável e, assim, diminuir a quantidade de desistências nos estágios iniciais da adoção
da metodologia BIM.
Pode concluir-se que uma das grandes contribuições da metodologia BIM reside na
automatização de tarefas que ao serem realizadas, no processo tradicional, de forma manual
aumenta de forma considerável a quantidade de erros e inconsistências de projeto. Como
consequência, imediata e direta, tem-se a diminuição da variável tempo associada à fase de projeto e
o aumento da qualidade do mesmo e, consequentemente, a diminuição do custo total do
empreendimento tornando o sector mais competitivo e transparente. Esta é uma conclusão
importante na medida em que a metodologia BIM além de contribuir para melhorar a eficácia da
indústria AEC, proporciona uma melhoraria na sua eficiência.
88
7. Conclusões e desenvolvimentos futuros
Por outro lado, foi testada a colaboração entre duas especialidades apenas, a arquitetura e a
estrutural. No entanto, na maior parte dos casos, há, num projeto, o envolvimento de um elevado
número de especialidades inerentes ao edifício ou à construção. Por conseguinte, seria interessante
associar mais especialidades num futuro trabalho, conferindo assim um maior grau de fidelidade ao
estudo, e indo assim de encontro ao que os profissionais do setor AEC pretendem alcançar.
Adicionalmente, seria possível estudar a colaboração e a interoperabilidade entre várias
especialidades, importantes e determinantes características do conceito BIM, e perceber os
problemas que podem resultar da congregação do trabalho de várias equipas, bem como, do
estabelecimento e gestão das respetivas hierarquias.
89
7. Conclusões e desenvolvimentos futuros
90
8. Referências
8. Referências
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93
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94
8. Referências
95
8. Referências
96
Anexos
I
II
Anexo A - Desenhos utilizados na construção do modelo Revit de
arquitetura
III
IV
V
VI
Anexo B – Desenhos do modelo Revit de arquitetura
VII
VIII
PRODUCED BY AN AUTODESK STUDENT PRODUCT
1 2 C2 6 8 12
12.00
A
0.80
0.30
1.40
PRODUCED BY AN AUTODESK STUDENT PRODUCT
C
7.50
3.50
1.50
C1
13.50
1.30
0.30
UP
G
5.25
3.60
5.80
0.30
J
1.50
K
1.30 1.50 1.70 1.50 0.70 0.30 1.60 1.50 1.90
CUD ORP
PRODUCED BY AN AUTODESK STUDENT PRODUCT
1 2 C2 6 8 12
5.35 1.50 5.15
A
0.30
PRODUCED BY AN AUTODESK STUDENT PRODUCT
1.47
0.30 4.40 0.15 2.50 0.15 4.20 0.30
1.50
3.70
1.50
1.31
C
2.35
0.15
1.30
0.63
1.50
3.75
DN C1
13.50
1.30
G
0.15
2.76
5.25
3.65
1.50
0.30
J
1.33
1.73
1.50
K
0.15
12.00
CUD ORP
PRODUCED BY AN AUTODESK STUDENT PRODUCT
Corte C1
1 1 : 100
C2
Piso 3
8.80
Piso 2
0.20
PRODUCED BY AN AUTODESK STUDENT PRODUCT
0.70
1.20
1.20
2.80
0.90
0.90
0.20
Piso 1
3.00
0.70
0.70
0.65
0.65
2.80
1.45
1.45
Piso 0
0.20 0.00
C2
2 1 : 100
C1
Piso 3
8.80
0.20
Piso 2
6.00
0.70
0.70
0.70
0.85
1.20
2.10
1.25
1.00
0.90
0.20
Piso 1
3.00
0.72
1.22
2.80
0.88
0.20
Piso 0
0.00
CUD ORP
XII
Anexo C – Informação de dimensionamento (informação numérica)
da viga V1
XIII
XIV
1 Nível:
Nome : Level 1
Nível de referência : ---
Fissuração máxima : 0,30 (mm)
Ambiente : XC4
Coeficiente de fluência do betão : = Nenhum resultado
classe de cimento :N
Idade do concreto (momento actuante) : 28 (dias)
Idade do betăo : 50 (anos)
Structure class : S4
Classe de resistęncia ao fogo : sem requisitos
2.2 Geometria:
XV
2.4.1 Solicitações em ELU
ELU ELS
Abcissa V max V max afp
(m) (kN) (kN) (mm)
0,20 37,32 0,00 0,0
0,49 33,76 0,00 0,0
0,87 22,83 0,00 0,0
1,26 11,94 0,00 0,0
1,64 0,80 0,00 0,0
2,03 -10,76 0,00 0,0
2,41 -15,57 0,00 0,0
2,80 -27,93 0,00 0,0
3,18 -40,86 0,00 0,0
3,57 -58,00 0,00 0,0
3,85 -61,57 0,00 0,0
ELU ELS
Abcissa V max V max afp
(m) (kN) (kN) (mm)
4,05 46,16 0,00 0,0
4,35 42,47 0,00 0,0
4,74 26,50 0,00 0,0
5,14 12,24 0,00 0,0
5,53 7,30 0,00 0,0
5,93 -6,49 0,00 0,0
6,32 -20,34 0,00 0,0
6,72 -25,28 0,00 0,0
7,11 -39,75 0,00 0,0
7,51 -54,96 0,00 0,0
7,75 -58,03 0,00 0,0
XVI
2.5.3 P3 : Tramo de 8,05 até 13,20 (m)
ELU ELS
Abcissa M max M min M max M min A inf. A sup.
(m) (kN*m) (kN*m) (kN*m) (kN*m) (cm2) (cm2)
8,05 0,00 -58,55 0,00 0,00 0,00 4,25
8,44 0,79 -40,94 0,00 0,00 0,05 2,90
8,98 9,43 -8,53 0,00 0,00 0,57 0,51
9,52 29,74 -0,00 0,00 0,00 2,08 0,00
10,06 42,61 -0,00 0,00 0,00 3,03 0,00
10,60 48,63 -0,00 0,00 0,00 3,48 0,00
11,14 49,61 -0,00 0,00 0,00 3,56 0,00
11,68 46,07 -0,00 0,00 0,00 3,29 0,00
12,22 36,48 -0,00 0,00 0,00 2,57 0,00
12,76 20,31 -3,16 0,00 0,00 1,38 0,21
13,20 7,21 -8,59 0,00 0,00 0,43 0,52
ELU ELS
Abcissa V max V max afp
(m) (kN) (kN) (mm)
8,05 76,60 0,00 0,0
8,44 63,99 0,00 0,0
8,98 48,53 0,00 0,0
9,52 34,37 0,00 0,0
10,06 21,30 0,00 0,0
10,60 8,87 0,00 0,0
11,14 -3,21 0,00 0,0
11,68 -15,21 0,00 0,0
12,22 -27,24 0,00 0,0
12,76 -39,23 0,00 0,0
13,20 -50,14 0,00 0,0
2.6 Armadura:
alfinetes 31 8 l = 1,06
e = 1*0,00 + 6*0,08 + 18*0,15 + 6*0,08 (m)
alfinetes 32 8 l = 1,06
e = 1*0,00 + 6*0,08 + 19*0,14 + 6*0,08 (m)
XVII
e = 1*0,00 + 6*0,08 + 28*0,15 + 6*0,08 + 1*0,09 (m)
alfinetes 42 8 l = 1,06
e = 1*0,00 + 6*0,08 + 28*0,15 + 6*0,08 + 1*0,09 (m)
3 Quantitativo de material:
Aço B500C
Peso total = 138,19 (kG)
Densidade = 128,91 (kG/m3)
Diâmetro médio = 10,8 (mm)
Lista por diâmetros:
XVIII
Anexo D – Desenhos de pormenorização (documentação gráfica) da
viga V1
XIX
XX
A B
Ø16
V1 1 l=380 P1 V2
-16
0.0
6x8 6x8
18x15
20 365 20 Posição Armação Código Forma Aço Quantidade
2 Ø8 l=106 31 8
B500C 31
40
40
Ø8 Ø8
l=106 2 l=106 2
Ø16 Ø16
l=380 1 l=380 1
20 20
Autor: Vitalino Azevedo Cliente: Instituto Superior Técnico Morada: Av. Rovisco Pais, nº1 Data: Abril de 2014
Betão: C30/37 = 0.316 m3 Aço B500C = 25 kg
Classe de exposição: XC4 Diâmetro max. do agregado: 20mm Classe de estrutura : S4
Recobrimento inf.: 4 cm Recobrimento sup.: 4 cm
Cofragem = 3.97 m2
Beam96...98 : P1 Recobrimento lateral: 4 cm
Anexo D - Pormenorização Viga V1
Densidade Aço = 79.11 kg/ m3 Escala do alçado: 1/50
Seção 20x40 Escala da secção: 1/10 Página 1/3
C D
Ø16
4 l=1200
Ø16
V2 3 l=370 P2 V3
6x8 6x8
19x14
20 370 30 Posição Armação Código Forma Aço Quantidade
34
14
2 Ø8 l=106 31 8
B500C 32
40
40
Ø8 Ø8
l=106 2 l=106 2
Ø16 Ø16
l=370 3 20 l=370 3 20
Autor: Vitalino Azevedo Cliente: Instituto Superior Técnico Morada: Av. Rovisco Pais, nº1 Data: Abril de 2014
Betão: C30/37 = 0.316 m3 Aço B500C = 63 kg
Classe de exposição: XC4 Diâmetro max. do agregado: 20mm Classe de estrutura : S4
Recobrimento inf.: 4 cm Recobrimento sup.: 4 cm
Cofragem = 3.9 m2
Beam96...98 : P2 Recobrimento lateral: 4 cm
Anexo D - Pormenorização Viga V1
Densidade Aço = 199.4 kg/ m3 Escala do alçado: 1/50
Seção 20x40 Escala da secção: 1/10 Página 2/3
0.0
161
345
E F
Ø16 Ø16
8 l=310 6 l=208
Ø16 Ø16
V3 5 l=530 7 l=276 P3 V4
-1
139
6x8 7x8
28x15
30 515 20 Posição Armação Código Forma Aço Quantidade
34
14
2 Ø8 l=106 31 8
B500C 42
Ø16
l=310 8
7 Ø16 l=276 00 276 B500C 1
40
310
40
Ø16
8 Ø16 l=310 00 B500C 1
l=276 7
Ø8 Ø8
l=106 2 l=106 2
Ø16 Ø16
l=530 5 20 l=530 5 20
Autor: Vitalino Azevedo Cliente: Instituto Superior Técnico Morada: Av. Rovisco Pais, nº1 Data: Abril de 2014
Betão: C30/37 = 0.44 m3 Aço B500C = 50.2 kg
Classe de exposição: XC4 Diâmetro max. do agregado: 20mm Classe de estrutura : S4
Recobrimento inf.: 4 cm Recobrimento sup.: 4 cm
Cofragem = 5.51 m2
Beam96...98 : P3 Recobrimento lateral: 4 cm
Anexo D - Pormenorização Viga V1
Densidade Aço = 114.1 kg/ m3 Escala do alçado: 1/50
Seção 20x40 Escala da secção: 1/10 Página 3/3
XXIV
Anexo E – Informação de dimensionamento (informação numérica)
do pilar P9
XXV
XXVI
1 Nível:
2.2 Geometria:
2.2.1 Seção Retangular 20,0 x 30,0 (cm)
2.2.2 Altura: L = 4,70 (m)
2.2.3 Espessura da laje = 0,17 (m)
2.2.4 Altura da viga = 0,40 (m)
2.2.5 Recobrimento da armadura = 3,0 (cm)
2.4 Cargas:
Estrutura indeslocável
XXVII
L (m) Lo (m) lim
4,50 4,50 51,96 61,50 Pilar curto
2.5.2 Armadura:
2.6 Armadura:
3 Quantitativo de material:
Aço B500C
Peso total = 45,45 (kG)
Densidade = 176,18 (kG/m3)
Diâmetro médio = 9,0 (mm)
Especificação das armaduras:
XXVIII
Anexo F – Desenhos de pormenorização (documentação gráfica) do
pilar P9
XXIX
XXX
A-A
Ø16 Ø6
1 l=467 4 l=29
e=20
17
Ø10
l=467 2
30
15x7
Ø6
l=86 3
e=20
20
A
453
430
14x20
Posição Armação Código Forma Aço Quantidade
-150 3 Ø6 l=86 31 7
B500C 40
11x7
9
4 Ø6 l=29 00 14 B500C 40
20
Autor: Vitalino Azevedo Cliente: Instituto Superior Técnico Morada: Av. Rovisco Pais, nº1 Data: Abril de 2014
Betão: C30/37 = 0.258 m3 Aço B500C = 45.4 kg
Classe de exposição: XC4 Diâmetro max. do agregado: 20mm Classe de estrutura: S4
XXXIII
XXXIV
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10 // 0,20
8
B Y
0,05
Quant.
Compr.
A (m) B (m) C (m) D (m) Dobra
0,65
Ident.
(cm) (m)
A500NR Elemento Total (Deg)
0,20
1,50
X
7x0,20
A500NR 6 10 16
1 4 6 - 0,86
0,65
Massa Unit (kg/m) 0,22 0,62 1,58 (-)
0,05
B
0,05 7x0,20 0,05 8 10 // 0,20
3
0,60 0,30 0,60
1,50
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Morada: Rua Rovisco Pais Autor: Vitalino Azevedo Desenho: Data: Abril 14
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B-B C-C
X Y
1
1
6 // 0,08
6 // 0,08
0,50
0,50
2 6 16 - 0,91 2 6 16 - 0,91
4
4
+0.40
A A A A
0,40
0,40
+0.0
0,12 3x0,08 0,04
1,50 1,50
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Morada: Rua Rovisco Pais Autor: Vitalino Azevedo Desenho: Data: Abril 14
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