Você está na página 1de 17

RECURSOS NOS TRIBUNAIS SUPERIORES

Palestrante: Rogerio de Vidal Cunha – Advogado em Rio


Grande

Sr. Presidente da OAB, subsecção do Rio Grande, Dr. Manoel


Antunes, demais componentes da mesa, meus colegas e minhas colegas aqui
presentes, é com imenso prazer que compareço hoje perante a classe dos
advogados riograndinos, não para palestrar, mas sim para conversar, trocar
experiências sobre esta matéria do processo civil, os recursos nos tribunais
superiores.

Pois bem, o ato de recorrer é inerente da pessoa humana, o


ser humano , por natureza não se conforma com as decisões que lhe são
contrárias, procura sempre pela decisão que mais lhe agrade.

Veja-se, por exemplo, uma família passeando. No passeio, o


filho olha para o pai e pede um sorvete, o que é negado, de pronto, a criança
repete o pedido para a mãe, sendo que esta também nega o pedido.

Agora o que faz esta criança se os avós estiverem presentes ,


em última instância, apela para estes sendo possível que ambos provejam o
pedido, ou um o faça o outro o indefira, ou mesmo , que ambos concordem com a
decisão dos pais negando o sorvete.

Neste prosaico exemplo tem-se resumido todo a esfera


recursal, iniciando-se com a sentença (pai), passando ao recurso ordinário (mãe)
e chegando aos recursos extraordinários, deixando claro que o fundamento dos
recursos está na natureza humana em não se conformar com determinadas
situações , buscando sempre uma solução que mais se adeque aos seus
interesses.

Leo Rosemberg percebeu tal aspecto notando que mesmo


que boa a decisão sempre uma das partes a terá como injusta: Toda a resolução
pode ser injusta e quase sempre a terá por injusta a parte vencida. Por isso,
os recursos estão a serviço dos legítimos desejos das partes de substituir a
resolução que lhe é desfavorável por outra mais favorável.

Por tal razão não se pode admitir que a palavra final nos
processos seja dada unicamente pelas instâncias ordinárias , principalmente por
exigência do princípio da segurança jurídica, já que é possível, e a prática nos
comprova , que tribunais ordinários tenham entendimento diametralmente oposto
em relação a determinado instituto .

Por isso, é necessária a existência de tribunais superiores,


com jurisdição em todo o território nacional com papel indispensável para a
unificação do entendimento jurídico sobre os mais variados institutos do direito.

No Brasil, pela constituição , existem os seguintes tribunais


superiores:

SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL

SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA

SUPERIOR TRIBUNAL MILITAR

TRIBUNAL SUPERIOR DO TRABALHO

TRIBUNAL SUPERIOR ELEITORAL


Todos estes tribunais possuem jurisdição em todo o Brasil e
competência delimitada pela Constituição Federal.

Neste momento, em que pese a importância de todos eles,


nos concentraremos, por questões de tempo e didática, nos recursos cabíveis
para o SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL E SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA ,
bem como os recursos existentes em seus regimentos internos.

O objetivo do presente trabalho, não é ensinar aos colegas


como recorrer, pois se presume todos como habilitados para tanto , mas sim trocar
idéias dos elementos básicos de cada recurso, indicando os elementos legais e
jurisprudenciais indispensáveis para o conhecimento dos recursos aos tribunais
superiores.

Pois bem, pelo Código de Processo Civil, são os seguintes os


recursos dirigidos aos tribunais superiores, STF e STF:

I. RECURSO ORDINÁRIO;
II. RECURSO ESPECIAL
III. RECURSO EXTRAORDINÁRIO
IV. AGRAVO DE INSTRUMENTO
V. EMBARGOS DE DIVERGÊNCIA DE RECURSO ESPECIAL OU
EXTRAORDINÁRIO

Por sua vez, os regimentos internos dos tribunais, prevêem,


especificamente o recurso de AGRAVO REGIMENTAL, além do recurso de
EMBARGOS DE DECLARAÇÃO E EMBARGOS INFRINGENTES, sendo que
estes dois últimos não serão analisados em virtude de que não apresentam
diferença procedimental ou estrutural em relação aos similares existentes nas
instâncias ordinárias.
DO RECURSO ORDINÁRIO

O primeiro dos recursos dirigidos aos tribunais superiores é o


chamado recurso ordinário, que tem previsão constitucional nos artigos 102, III, “a”
e “b” e art. 105, II, alíneas a, b e c da CF e artigo 539n e incisos do Código de
Processo Civil.

É o recurso cabível, via de regra, das decisões denegatórias


de mandado de segurança , mandado de injunção ou hábeas corpus .

Será de competência do STF quando a decisão denegatória


surtir de tribunal superior EM COMPETÊNCIA ORIGINÁRIA.

Mutatis mutantis , será de competência do STJ quando a


decisão for proveniente de tribunal de justiça ou tribunal regional federal, também
em COMPETÊNCIA ORIGINÁRIA.

As decisões denegatórias de segurança em processos em que


os tribunais exercem somente competência recursal, não estão sujeitos ao regime
do recurso ordinário, mas sim ao do recurso especial ou extraordinário.

A letra da lei deixa claro que somente será cabível o recurso


quando a decisão foi denegatória, em sendo concessiva a via recursal é a dos
recursos especial ou extraordinário, conforme o caso específico.

Por decisão denegatória deve-se entender não só a que não


concede a segurança pleiteada , mas também a que julga extinto do feito sem
julgamento do mérito, ou por decadência do prazo legal para a impetração,
conforme jurisprudência predominante hoje no STJ.
Contudo, exige-se para a interposição do recurso ordinário
que a decisão haja provido do colegiado do tribunal, de modo que, denegada a
segurança ou extinto o feito sem julgamento do mérito em decisão monocrática,
cabe ao impetrante, antes do recurso ordinário oferecer o recurso de AGRAVO
REGIMENTAL.

Aqui se ressalte que é entendimento predominante no STJ o


não cabimento do RO em mandado de segurança impetrado perante turma
recursal dos juizados especiais cíveis , mesmo que denegatória a decisão pois
estes não seriam TRIBUNAL, cabe , então, de tais decisões o RECURSO
EXTRAORDINÁRIO.

Em relação ao preparo o recurso ordinário, dirigido ao STJ não


está sujeito a preparo, somente , por óbvio ao pagamento do PORTE POSTAL de
remessa e retorno dos autos.

Já no STF o recurso é sujeito a preparo e porto postal,


conforme o seu regimento de custas, que se encontra disponível na internet (
www.stf.gov.br).

No que se refere a matéria que pode ser objeto do recurso


ordinário este possui uma peculiaridade que o diferencia da maioria dos recursos
cabíveis aos tribunais superiores , pois ao passo que aqueles exigem somente
matéria de direito, no RO , como seu próprio nome permite a ilação, é permitido a
parte discutir tanto matéria de fato quanto de direito.

Disto decorre a circunstância de que no RO não se faz


necessário o prequestionamento, sendo um recurso que admite total discussão da
matéria debatida na instância inferior.
Isto decorre pelo fato de que o RO, neste ponto equipara-se
ao recurso de APELAÇÃO , tanto que, nos regimentos internos dos tribunais se
determina que o recurso processe-se pelo rito da apelação, sendo, inclusive o
mesmo o prazo para a sua interposição , 15 dias.

Aqui se deve ressaltar que , mesmo sendo a matéria discutida


constitucional , se a decisão denegatória proveio do TJ ou TRF o recurso cabível é
o RECURSO ORDINÁRIO e não o RECURSO EXTRAORDINÁRIO, sendo
considerado pela jurisprudência erro grosseiro a interposição de um pelo outro,
acarretando a não admissão deste e a perda do prazo para a interposição do RO.

Então , como formalidade, exige-se do recurso ordinário, a


petição de interposição ao juízo recorrido, seguido das razões dirigidas ao tribunal
superior, sendo que as razões devem ser apresentadas em conjunto, sob pena de
não conhecimento.

A grande divergência do recurso ordinário com a apelação é


que este é recebido somente no efeito devolutivo, não permitindo a manutenção
da liminar eventualmente concedida em sede de mandado de segurança.

São estas, pois, as breves considerações que faço sobre o


recurso ordinário.

DO RECURSO ESPECIAL E RECURSO EXTRAORDINÁRIO

Antes do advento da Constituição de 1988, era de


competência do STF a unificação da jurisprudência nacional tanto em relação ao
direito ordinário federal quanto em relação a ordem constitucional.

Com a nova constituição alterou-se tal situação com a criação


de um novo tribunal, com competência para unificar a interpretação do direito
federal, o STJ, restando ao STF competência para as questões que envolvam
matéria constitucional

Daí dividiu-se a esfera recursal em RECURSO ESPECIAL E


EXTRAORDINÁRIO, ambos devendo ser interpostos no prazo de 15 dias,
mediante preparo e porte postal para o Extraordinário e somente porte postal para
o Especial, admitido a lei , em ambos os casos que a parte vencida em parte
utiliza-se do recurso adesivo.

Tal recurso, deve ser interposto perante o Tribunal que julgou


a apelação , com as razões em anexo, sendo que a ausência destas ou a sua
deficiência de fundamentação a ponto de impedir o conhecimento da controvérsia
implica no não conhecimento dos recursos.

Ao contrário do recurso de apelação e do recurso ordinário


que são recursos em que a parte somente necessita comprovar os pressupostos
básicos de recorribilidade (preparo, tempestividade, adequação formal e interesse
em recorrer) nos recursos especial e extraordinário cabe a parte recorrente
comprovar o cabimento do recurso, com a demonstração dos requisitos
jurisprudencial do prequestionamento, que é a verdadeira pedra de toque desta
espécie recursal.

Tais recursos possuem natureza extraordinária pois somente


admitem a impugnação de questões jurídicas , não mais se admitindo a discussão
dos fatos da causa, os quais são apreciados pelos Tribunais Ordinários( TJ e
TRF’s e TRT’s), isto é, ao passo que a apelação devolve ao tribunal todo o
conhecimento do direito e fatos da causa no RE e Resp, somente devolve-se ao
tribunal a matéria de direito.
Dizer isto não implica dizer que tais recursos são de subida
imediata, pois exige a jurisprudência, em qualquer dos casos de admissibilidade o
requisito do prequestionamento.

Mas o que é o prequestionamento?

Tal matéria vem sendo discutida a anos na doutrina, que


apesar disso não chegou a um consenso em relação a matéria.

Aqui, não me prenderei aos vários conceitos doutrinários ,


remetendo os colegas à excelente obra O PREQUESTIONAMENTO DOS
RECURSOS EXTRAORDINÁRIO E ESPECIAL de José Miguel Garcia Medina.

Mas o conceito mais aceito pela jurisprudência ;e o de que


prequestionada é a matéria jurídica expressamente debatida no julgamento do
recurso de apelação, isto é, que tenha havido enfrentamento da questão
constitucional ou federal.

Caso a parte tenha suscitado em suas razões a questão


constitucional ou federal e tenha o tribunal omitido-se em relação a isto, é
obrigação da parte a interposição de embargos declaração, sob pena de não
conhecimento do recurso.

Por enfrentamento, não se exige a citação do dispositivo


constitucional ou legal violado, mas sim, o enfrentamento da tese jurídica. Por
exemplo, o tribunal apreciar violação do princípio da moralidade, sem citar
expressamente o art. 37 da CF/88, não impede a interposição do recurso, pois a
tese jurídica ( moralidade administrativa) foi apreciada.

Portanto, sem o enfrentamento de questão de direito,


inadmissível o recurso especial e extraordinário.
Importante de citar-se que se o acórdão recorrido enfrentar a
matéria sob a ótica constitucional e legislativa federal a parte deve interpor ambos
os recursos , sob pena de não conhecimento, pois a outra parta resta irrecorrida
e , portanto, suficiente para manter a decisão.

CASOS DE CABIMENTO

Os recursos possuem hipóteses de interposição diversa,


estando a previsão do EXTRAORDINÁRIO previsto no art. 102, III da CF:

III - julgar, mediante recurso extraordinário, as causas


decididas em única ou última instância, quando a decisão
recorrida:
a) contrariar dispositivo desta Constituição;
b) declarar a inconstitucionalidade de tratado ou lei federal;
c) julgar válida lei ou ato de governo local contestado em face
desta Constituição.

O primeiro ponto a destacar é o de que a Constituição não


exige que o recurso extraordinário seja interposto contra decisão de tribunal ,
permitindo a sua interposição nos casos em que a decisão ocorra em instância
única, como é o caso das decisões proferidas pelas Turmas Recursais dos
Juizados Especiais Cíveis, ou nos casos de sentença em embargos a execução
fiscal com valor inferior a 50 ORTN.

O dispositivo mais importante para nós é o da alínea “a”, pois


contrariar a constituição significa não aplicar dispositivo de forma equivocada, mas
também omitir o tribunal aplicação a dispositivo constitucional, pois é pacífico o
entendimento que negar vigência , isto é, não aplicar a norma constitucional , é
contraria-la em sua essência.
Por sua vez , se no julgamento do recurso de apelação o
tribunal declarar a inconstitucionalidade da norma federal cabe ao Supremo, como
guardião da constituição velar pela uniformidade de sua interpretação, e até
mesmo para que com a sua apreciação se possa cumprir , com o disposto no art.
52, X, com a suspensão da lei pelo Senado Federal.

Aqui a declaração há de ser expressa, pois mesmo neste caso


há necessidade de prequestionamento.

Por fim, se no julgamento da apelação o tribunal julgar válida


lei ou ato de governo local contestado em face desta Constituição caberá ao STF
a uniformização do entendimento, por julgar válida entende-se a decisão do
tribunal que reconhecer a sua constitucionalidade, a sua adequação ao
ordenamento constitucional, neste caso, entendendo o recorrente que a lei local
viola a constituição , cabe o recurso por esta alínea.

Aqui se ressalte que não há previsão constitucional para


recurso extraordinário por dissídio jurisprudencial sobre a constituição, somente o
havendo em relação a lei federal.

CABIMENTO DO RECURSO ESPECIAL

As hipóteses de cabimento do RESP estão previstas no art.


105, III da CF/88:

III_) julgar, em recurso especial, as causas decididas, em


única ou última instância, pelos Tribunais Regionais Federais
ou pelos Tribunais dos Estados, do Distrito Federal e
Territórios, quando a decisão recorrida:
a) contrariar tratado ou lei federal, ou negar-lhes vigência;
b) julgar válida lei ou ato de governo local contestado em face
de lei federal;

c) der a lei federal interpretação divergente da que lhe haja


atribuído outro tribunal.

A primeira ressalva que se faz é a de que, ao contrário do


REXTR. O ESPECIAL somente é cabível de decisão de TRIBUNAL, não cabendo
de decisões de turma recursais doa JEC, tendo inclusive o STJ recentemente
sumulado a matéria.

A primeira hipótese de cabimento é a de contrariedade a lei


federal, que significa que o tribunal ordinário haja decidido em sentido contrário ao
teor da lei, seja excluindo do campo de abrangência da mesma a situação ou
incluindo exigência que lhe seja estranha.

Negar vigência é não reconhecer a incidência da norma ao


caso apresentado, é não aplicar ao caso concreto a norma legal, com ou direito
subjetivo ou sanção dela decorrente.

Da mesma forma que o extraordinário quando a decisão julgar


válida lei ou ato de governo local contestado em face de lei federal, só que o
fundamento aqui não é constitucional, mas sim legal, sendo muito comum nos
casos em que cabe ao município complementar a legislação federal, por exemplo
se o município exceder o seu papel , mas o tribunal validar a lei , caberá, o recurso
especial.

Mas talvez a função mais importante do STJ seja a de


unificação da interpretação do direito federal, com o cabimento do RECURSO
ESPECIAL quando o tribunal der a lei federal interpretação divergente da que lhe
haja atribuído outro tribunal.

Aqui o primeiro tópico diz respeito ao fato de que não existe


dissídio entre tribunais do mesmo estado da federação, portanto, não há dissídio
entre TJ e tribunal de alçada, contudo, há dissídio entre TJ ou TA e TRF sediado
no estado.

Então presente o dissídio cabe a parte comprova-lo, com


cópia autenticada da decisão paradigma, ou certidão da mesma, ou ainda, com a
indicação da data e página de sua publicação no DJ, ou a indicação de repositório
oficial, conforme o regimento interno do STJ.

Para a configuração do dissídio não basta a mera citação de


ementas, devendo a parte transcrever os pontos de identidade entre os
julgamentos , isto é, efetuar o confronto analítico, que nada mais é do que a
demonstração jurídica do dissídio, com a indicação dos elementos que identificam
os acórdãos.

A exceção é o caso de que as ementas citadas reflitam


expressamente as teses jurídicas discutidas, mas mesmo assim, por segurança
importante discorrer-se sobre a identidade de situações jurídicas.

Outrossim, não cabe o recurso especial quando a divergência


estiver superada pela jurisprudência do STJ, conforme a súmula 83 do Tribunal.

DA INTERPOSIÇÃO SIMULTÂNEA
Como já dito em havendo matéria constitucional e federal deve
a parte interpor ambos os recursos , sendo julgado primeiro o Especial, e após o
Extraordinário que restará sobrestado.

Da mesma forma, se o recurso especial ou extraordinário se


referir sobre decisão interlocutório, será recebido de forma retida, aguardando a
decisão final do feito, devendo ser reiterado quando da interposição dos recursos
da decisão final.

DA ADMISSÃO

Interposto os recursos, ou somente um, é a parte recorrida


intimada para contra-razões em 15 dias , sendo após os autos remetidos ao
Presidente do Tribunal recorrido para que admita ou não o recurso.

Tal decisão refere-se não só aos requisitos gerais dos


recursos, mas também os específicos do especial e extraordinário, como o
prequestionamento.

Admitidos os recursos, SOMENTE DO EFEITO


DEVOLUTIVO, o presidente os encaminhará ao STJ.

Inadmitidos, cabe novo recurso , agora o de agravo de


instrumento.

DO AGRAVO DE INSTRUMENTO PARA O STJ E STF

Da decisão do presidente cabe o recurso de agravo de


instrumento, que deve ser interposto no prazo de 10 dias, perante o Tribunal
Originário, contudo, é dirigido diretamente ao Tribunal Superior, não mais sujeito a
preparo e despesas postais.

Nesse recurso a parte deve apresentar as cópias necessárias


a formação do instrumento, dispensada a autenticação pelo Tribunal, podendo ser
suprida pela declaração do advogado.

A insuficiência na formação do instrumento leva ao se não


conhecimento, contudo, somente o STJ e o STF podem declara-lo, pois ao
Tribunal somente cabe a administração do recurso, não lhe podendo o Presidente
do Tribunal negar-lhe seguimento.

Se forem dois os recursos interpostos, dois devem os agravos,


sob pena de transito em julgado de uma das matérias, prejudicando assim a outra.

No tribunal superior poderá o relator ao julgar o recurso,


negar-lhe seguimento ou provimento , ou prover-lher para determinar a subida do
recurso especial ou extraordinário, ou , ainda, havendo no agravo elementos
suficientes, julgar o recurso , como medida de celeridade processual.

A decisão que dá provimento ao recurso para a subida do


recurso é irrecorrível , pois os pressupostos serão novamente analisados pelo
Tribunal.

Outrossim, interposto o RECURSO ESPECIAL OU


EXTRAORDINÁRIO com mais de um fundamento o provimento do AGRAVO
permite o conhecimento do recurso por qualquer um deles.

DOS RECURSOS INTERNOS DOS TRIBUNAIS


Os regimentos internos do tribunais prevêem dois recursos
específicos dos tribunais, o primeiro é o agravo regimental, e o segundo os
EMBARGOS DE DIVERGÊNCIA.

DO AGRAVO REGIMENTAL

O RI do STJ , em seu artigo 258 e o STF em seu art. 317


prevêem a figura do agravo regimental que é o recurso cabível de qualquer
decisão interlocutória proferida por relator na tramitação de recursos ou processos
originários perante o STJ e STF.

O agravo regimental é dispensado de preparo, e deve ser


interposto no prazo de 5 dias, com as razões da inconformidade da parte..

Recentemente, o STF decidiu que o prazo de 5 dias é único e


a ele não se aplica o prazo em dobro a fazenda pública, pois não está previsto no
CPC, mas sim em regimento interno.

Interposto o agravo regimental , o relator poderá reconsiderar


a decisão, caso contrário, o submeterá a pauta da primeira seção ordinária
seguinte, independente de publicação de pauta.

DOS EMBARGOS DE DIVERGÊNCIA

O art. 546 do CPC PREVÊ o recurso de embargos de


divergência quando :

I - em recurso especial, divergir do julgamento de outra turma,


da seção ou do órgão especial;
II - em recurso extraordinário, divergir do julgamento da outra
turma ou do plenário.

Ao STF e STJ não basta a unificação em relação aos tribunais


inferiores, deve a sua jurisprudência antes de mais nada ser unificada, por este
motivo previu o legislador o recurso de embargos infringentes para o fim de
unificar dentro dos tribunais superiores o seu entendimento.

Tal recurso há de ser interposto no prazo de 15 dias , da data


de intimação do julgamento de recurso especial ou extraordinário, não sendo
cabível em caso de agravo de instrumento ou regimental.

No stj , não está sujeito a preparo, contudo no STF está sujeito


a tal pressuposto.

Recebido o recurso será o recorrido intimado a contra-arrazoar


em 15 dias, sendo após o feito incluído em pauta e julgado.

Aqui cabe ressaltar que a jurisprudência exige a comprovação


do dissídio, nos mesmos moldes do recurso especial por divergência, com a
citação do repositório oficial ou página do DJU em que foi publicado o acórdão.

Da mesma forma exige-se que não tenha sido superada a


divergência pela jurisprudência predominante da Corte, ou mesmo do órgão
fracionário do Tribunal.

DA CONCLUSÃO

O importante é que se tenha a visão de que não protelação


pelo número de recursos, mas sim, pelo seu uso indevido, conhecendo os
advogados dos elementos diferenciadores e caracterizadores dos recursos, com
certeza se limitará a interpor somente os manifestamente cabíveis.

Da mesma forma, não se pode olvidar que a atividade recursal


faz parte do processo de melhora do judiciário, da uniformização dos
entendimentos, e principalmente da realização em concreto do ideal de justiça.

Espero ter satisfeito os colegas , com esta sucinta


apresentação, em que procurei mais dar aos colegas os aspectos práticos e
diários dos recursos do que as suas conotações doutrinárias, não que estas não
sejam imprescindíveis , mas o tempo, e a grandiosidade da matéria assim o
exigiam.

ROGERIO DE VIDAL CUNHA


ADVOGADO OBA/RS 49.844

Você também pode gostar