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Conhecendo o Poder
Legislativo
APRESENTAÇÃO
A presente publicação apresenta a relação entre os Poderes Legislativo, Executivo e
Judiciário, preconizada na Constituição Federal/1988 e simetricamente nas Constituições
Estaduais. Trataremos desde a identificação dessas funções de poder em tempos mais
remotos (a.C), passando pelo diagnóstico da necessidade de separação entre eles
observado no século XVIII em oposição ao absolutismo vivenciado à época até a influência
dessas teorias em nosso País.
Como objetivo, esta publicação, juntamente com uma palestra informativa, visa
atender ao projeto “Universitários no Parlamento”, projeto este desenvolvido desde 2005,
pela Assembleia Legislativa, por meio da Escola do Legislativo, no sentido de proporcionar
aos estudantes de faculdades públicas e privadas do Estado o conhecimento do trabalho
do Legislativo Estadual, desenvolvendo a consciência crítica e incentivando a participação
do jovem na política. Os alunos têm oportunidade de aprender sobre o exercício da
democracia representativa e o contexto constitucional dos trabalhos da Casa.
.
ESCOLA DO LEGISLATIVO 2
Conhecendo o Poder Legislativo
Capítulo I
SEPARAÇÃO DOS PODERES
Teoria Geral
Esta teoria nasce em oposição ao absolutismo, sendo utilizado como base para
estruturar o desenvolvimento de muitos movimentos como: a revolução americana e
francesa, estabelecendo-se na Declaração Francesa dos Direitos do Homem e Cidadão no
século XVIII.
Através dessa teoria, cada Poder deveria exercer uma função própria, inerente à sua
natureza, agindo de forma independente e autônoma. Assim, cada órgão executaria apenas
a função que fosse própria (típica), sendo vedado um único órgão as funções de legislar,
aplicar a lei e julgar, de modo uno, como se percebia anteriormente no absolutismo. Tais
atividades passaram a ser praticadas de maneira independente por cada órgão, nascendo,
desta maneira, o que se denominou teoria dos freios e contrapesos.
Portanto, o modelo de organização do poder do estado que se aplica em nosso País recebeu
influência das teorias de Charles Montesquieu, senão vejamos:
A remuneração dos Deputados Estaduais será por subsídio, fixado por lei de iniciativa
da própria Assembleia Legislativa, e não pode ser maior que 75% do subsídio dos
Deputados Federais, conforme redação da Constituição Estadual/1989 no artigo 49, § 2°.
ESCOLA DO LEGISLATIVO 4
Conhecendo o Poder Legislativo
Compõem ainda a estrutura da Casa as comissões, que têm por função analisar
proposições submetidas à sua análise e sobre elas deliberar através de pareceres.
I - o Tribunal de Justiça;
II - os Juízes de Direito;
III - os Tribunais do Júri;
IV - os Tribunais ou Juízes;
V - os Juizados Especiais;
VI - o Conselho de Justiça Militar.
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[1] LANZA, Pedro. Direito Constitucional esquematizado, p. 482.
[2] ARAUJO, Luis Alberto David & JÚNIOR, Vidal Serrano Nunes. Curso de Direito Constitucional, p.103.
ESCOLA DO LEGISLATIVO 7
Conhecendo o Poder Legislativo
Funções típicas são as que guardam uma relação de identidade com o Poder por que
são desempenhadas. Atípicas, contrariamente, são aquelas que não guardam nota de
identidade e, por isso mesmo, são originariamente desincumbidas pelos outros órgãos de
poder. [3]
Nessa relação, o Executivo tem a função típica de administrar e aplicar a lei de oficio, e
as funções atípicas de legislar e julgar. Por exemplo, quando nomeia ou demite um
funcionário, ou contrata uma obra pública, exerce a função administrativa, portanto, sua
função típica. Quando, porém, toma a iniciativa de um projeto de lei realiza função típica do
Poder Legislativo. [3]
Um exemplo disposto na Constituição do Estado do Espírito Santo em seu artigo 56, XXI,
destaca uma função atípica da Assembleia Legislativa do Estado, que diz: quando o
Governador do Estado cometer um crime de responsabilidade, o Chefe do Poder Executivo
será julgado pelo parlamento, exercendo assim, claramente, uma função que é própria do
Poder Judiciário.
O que se conclui, em resumo, é que a opção pela separação dos Poderes, estabelecida
pelo art. 2º, caput, da Constituição Federal e art. 17, caput, da Constituição Estadual (ES),
orienta a adoção de um regime em que a cada Poder ficam atribuídas as funções que lhe
são típicas e atípicas, necessárias à manutenção de sua independência.
_________________________________________
[3: ab] ARAUJO, Luis Alberto David & JÚNIOR, Vidal Serrano Nunes. Curso de Direito Constitucional. p. 230.
ESCOLA DO LEGISLATIVO 8
Conhecendo o Poder Legislativo
Natureza Legislativa: O
Governador do Estado, por
exemplo, expede decretos e
Prática DE ATOS DE CHEFIA DE
regulamentos para sua fiel
Estado, chefia de governo e atos de
EXECUTIVO execução; (art. 91, III, CE)
administração.
Natureza Jurisdicional: O
Executivo julga, apreciando defesas
e recursos administrativos.
Capítulo II
DO PROCESSO LEGISLATIVO
Já para José Afonso da Silva entende que “ o processo legislativo pode ser
definido em termos gerais como o complexo de atos necessários à
concretização da função legislativa do Estado” [5]
__________________________________________________
[4] MORAES, Alexandre de. Direito Constitucional, p. 487
[5] SILVA, José Afonso da. Direito Constitucional Positivo, p. 458.
ESCOLA DO LEGISLATIVO 10
Conhecendo o Poder Legislativo
-Emendas à Constituição;
-Leis complementares;
-Leis ordinárias;
-Leis delegadas;
-Medidas provisórias;
-Decretos legislativos;
-Resoluções.
Todas as espécies acima aparecem como o primeiro nível dos atos derivados da CF e
estão no mesmo nível hierárquico, com exceção da Emenda Constitucional.
2. ESPÉCIES NORMATIVAS
_____________________________________________
[6] Associação Brasileira das Escolas do Legislativo e de contas. Guia parlamentar Brasília: 2ª edição, 2010. p. 32
[7] OLÈVE, Clémerson Merlin. Atividade legislativa Poder Executivo. S. P : Revistas dos Tribunais, 2000; 2ª.ed.p. 68
ESCOLA DO LEGISLATIVO 11
Conhecendo o Poder Legislativo
Para ser emendada, a Constituição do Estado do Espírito Santo deverá atender aos
seguintes critérios dispostos na própria Constituição no art. 62, I a IV, §§ 1º, 2º, 3º e 4º:
__________________________
[8] MORAES, Alexandre de. Direito Constitucional. São Paulo: Atlas, 200110ª Ed.3ª, p.536
[9] Associação Brasileira das Escolas do Legislativo e de Contas. GUIA PARLAMENTAR. 2010. Ed. 2ª p.33.
ESCOLA DO LEGISLATIVO 12
Conhecendo o Poder Legislativo
“Lei complementar é, pois, toda aquela que contempla uma matéria a ela
entregue de forma exclusiva e que, em consequência repele normações
heterogenias, aprovada mediante um quórum de maioria absoluta. (...)
matéria própria- o que significa que recebe para tratamento normativo
um campo determinado de atuação da ordem jurídica e só dentro deste
ela é validamente exercitável –matéria essa perfeitamente cindível ou
separável da versada pelas demais normações principalmente pela
legislação ordinária (...) a exigência do quórum especial de votação, em
função do qual terá projeto de lei complementar de obter para
aprovação, no mínimo, a maioria absoluta dos votos dos membros da
Casa legislativa, consagram os seus dois principais elementos
fundamentais.” [11]
Resumindo, dois pontos são fundamentais para distinguir lei complementar e lei
ordinária. O primeiro é que as matérias reservadas à lei complementar vêm expressamente
no texto da Constituição. O segundo é o requisito do quórum qualificado, ou seja: exige
maioria absoluta dos membros para a sua votação. [12]
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[10] FERREIRA FILHO, Manoel Gonçalves, apud MORAES, Alexandre. Direito Constitucional. São Paulo: Atlas, 2008. 23ª
Ed. p. 668
[11] BASTOS, Celso Ribeiro. Lei complementar: teoria e comentários . São Paulo IBDC, 1999. 2ª Ed. Ampl. pp. 47-49
[12] Associação Brasileira das Escolas do Legislativo e de Contas. GUIA PARLAMENTAR. 2010. Ed. 2ª p.34 e 36.
ESCOLA DO LEGISLATIVO 13
Conhecendo o Poder Legislativo
No âmbito estadual, o decreto legislativo, por exemplo, susta atos do governador que
extrapolam sua competência.
______________________________________________
[13:abc] Associação Brasileira das Escolas do Legislativo e de Contas. GUIA PARLAMENTAR. 2010. Ed. 2ª p.37, 38 e 43.
ESCOLA DO LEGISLATIVO 14
Conhecendo o Poder Legislativo
2.4 Resolução
É aquela que trata, dentro do Legislativo, da organização do órgão, do seu regimento
interno e da sua estrutura administrativa, possibilitando a criação de comissões
parlamentares de inquérito e etc. [14]
Finalmente, a resolução não possui qualquer relação com a lei ordinária, nem pela
essência da sua matéria, nem pelo processo legislativo adotado. Como tal, não pode ser
sancionada pelo presidente, sendo imune ao veto do Chefe do Poder Executivo . [14]
Dessa forma, ao conceituar a lei ordinária, está se delimitando a própria lei que passou
por várias transformações no decorrer do tempo, motivo pelo qual é comumente chamada de
ordinária. [14]
1º iniciativa;
2 º discussão;
3 º deliberação;
4 º sanção ou veto;
5 º promulgação;
6 º publicação.
_____________________________
[14: abc] Associação Brasileira das Escolas do Legislativo e de Contas. GUIA PARLAMENTAR. 2010. Ed. 2ª p.44, 38 e 43.
[15] FERREIRA FILHO, Manoel Gonçalves. Do Processo Legislativo. p 204
[16] MARTINS, Yves Gandra. Comentários à Constituição da República Federativa do Brasil . São Paulo: Saraiva.
1995. Tomo I, vol 4. P.229
ESCOLA DO LEGISLATIVO 15
Conhecendo o Poder Legislativo
3.1 Iniciativa
__________________________________
[17] SILVA, José Afonso da. Direito Constitucional Positivo, p. 454.
[18 ] MORAES, Alexandre de. Direito Constitucional, p. 492
[19:abcd] BOBERG, José Lázaro, Lei Ordinária & Seu Processo Legislativo. P. 75
ESCOLA DO LEGISLATIVO 16
Conhecendo o Poder Legislativo
I - de Deputados;
II - da Mesa;
III - de comissão;
IV - do Governador do Estado;
V - do Tribunal de Justiça;
VI - do Ministério Público;
VII - de cidadãos.
No Brasil a iniciativa popular foi introduzida em 1988, por meio da atual Constituição
Federal, através do art. 61, caput, parte final, “ (....) e aos cidadãos, na forma e nos casos
previstos nesta Constituição”.
A iniciativa popular pode ser exercida pela apresentação à Câmara dos Deputados de
projeto de lei subscrito, por, no mínimo, um por cento do eleitorado nacional, distribuído pelo
menos por cinco Estados, com não menos de três décimos por cento dos eleitores de cada
um deles”.
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[20] BOBERG, José Lázaro, Lei Ordinária & Seu Processo Legislativo. p.90
ESCOLA DO LEGISLATIVO 17
Conhecendo o Poder Legislativo
A iniciativa popular em âmbito estadual está prevista no art. 27, § 4º, da CF/1988,
que transfere a sua regulamentação para os estados através de lei. Apenas a título de
ilustração, a Constituição do Estado do Espírito Santo/1989 regulamenta a matéria em seu
art. 69, caput, trazendo algumas regras para o exercício desta iniciativa, são elas:
3.2 Discussão
A Discussão é a fase do processo legislativo destinada ao debate das proposições. A
discussão acontece inicialmente nas comissões permanentes, onde o projeto é enviado para
parecer em seu aspecto formal e material. Formalmente falando, é analisado na perspectiva
de sua compatibilidade vertical com a Constituição. Em relação à discussão, do ponto de
vista material, o projeto é analisado quanto ao seu conteúdo e interesse público. A
discussão far-se-á sobre o conjunto da proposição, ou seja, de todo o conteúdo do Projeto de
Lei. [21]
_________________________________________
[ 21 ] BOBERG, José Lázaro, Lei Ordinária & Seu Processo Legislativo, p. 109
[ 22] BOBERG, José Lázaro, Lei Ordinária & Seu Processo Legislativo, p. 110
[ 23] SPROESSER, Andyara Klopstock. Processo Legislativo: Direito Parlamentar. p.103
ESCOLA DO LEGISLATIVO 18
Conhecendo o Poder Legislativo
Espécies de discussão:
Única: (RI, art. 144, 148, parágrafo único, e 175, parágrafo único.)
Visa à discussão final da matéria, que antecede a etapa de deliberação.
Nota: Nos termos do Regimento Interno da Assembleia Legislativa as Comissões também poderão
discutir pareceres sobre proposições de sua competência.
Algumas regras sobre votação: (RI, arts. 193 ao 199, CE, 59 e CF, 47)
- O Deputado presente não poderá escusar-se de votar, salvo declarando previamente não
ter assistido à discussão da matéria;
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[24] BOBERG, José Lázaro, Lei Ordinária & Seu Processo Legislativo. P. 110
ESCOLA DO LEGISLATIVO 19
Conhecendo o Poder Legislativo
- Para os efeitos do que dispõe o parágrafo anterior, o Deputado deverá manifestar o seu
impedimento à Mesa que, para efeito de quórum, considerará o seu voto em branco.
A decisão sobre uma votação dá-se por maioria dos votos, como se segue:
Regra geral:
Maioria simples ou relativa: maioria dos votos dos parlamentares presentes (metade + 1)
estando necessariamente presente a maioria absoluta destes (metade + 1) de todos os
membros da respectiva Casa.
- Lei ordinária;
- Decreto Legislativo;
- Resoluções.
Exceções:
- Lei Complementar;
- Veto (Executivo).
Nota: Assim, o cálculo da maioria absoluta numa Casa Legislativa será igual ao
número inteiro imediatamente superior à metade do número total de membros da
Casa Legislativa. Por sua vez, o cálculo da maioria simples será igual ao número
inteiro imediatamente superior à metade da maioria absoluta.
Quórum qualificado: Quantidade elevada de votos (3/5, no caso da Ales) dos membros da
Casa Legislativa para aprovação de, por exemplo:
A votação nominal dá-se pela relação dos Deputados, que responderão “sim” ou “não”
sendo favoráveis ou contrários à proposição votada. Concluída a votação de proposição, é
permitido a qualquer Deputado fazer justificação de voto que poderá ser escrita ou verbal.
Na Assembleia Legislativa, a votação nominal far-se-á pelo sistema eletrônico de votos,
obedecidas às instruções estabelecidas pela Mesa para sua utilização.
Notas:
- Desde o ano de 2007, através da Emenda à Constituição do Estado do Espírito Santo n° 53, é
vedado o voto secreto nas deliberações (votações) da Assembleia Legislativa.
Sanção
A lei, na deliberação executiva, só terá seu nascimento com a sanção, pois, ocorrendo
a recusa de se sancionar, o projeto retornará à Casa Legislativa e será apreciado, dentro de
trinta dias, a partir do recebimento, podendo ser rejeitada a recusa (veto) pelo voto da
maioria absoluta de seus membros conforme a CE, art., 66, §4°.
A lei poderá surgir neste momento, por deliberação legislativa, quando não acatar a
decisão de sanção negativa pelo Executivo.
Notas: existem espécies normativas que não são sancionadas pelo Governador do
Estado, tais como os decretos legislativos e as resoluções.
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[25:ab] BOBERG, José Lázaro, Lei Ordinária & Seu Processo Legislativo. p. 117
ESCOLA DO LEGISLATIVO 22
Conhecendo o Poder Legislativo
Expressa
Será expressa quando o chefe do Poder Executivo manifestar a sua concordância com
o Projeto de Lei aprovado pelo Poder Legislativo, no prazo de 15 dias úteis, contados do dia
em que o recebeu, excluído esse.
Tácita
A sanção que, quanto à sua extensão, pode ser total ou parcial, quer seja sancionado
o projeto todo ou apenas parcialmente. Há de se entender que, neste caso, quando a
sanção é total, não há de se falar em veto. Vale dizer que, se a sanção for parcial,
obviamente, teremos o veto na parte não sancionada.
Veto
Pressupostos do veto
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[26] BOBERG, José Lázaro, Lei Ordinária & Seu Processo Legislativo. p. 127
ESCOLA DO LEGISLATIVO 23
Conhecendo o Poder Legislativo
Assim conceitua-se:
O veto político – quando considerar o projeto contrário ao interesse público. Neste caso,
com relação à conveniência, o Chefe do Executivo o faz “com base num motivo estritamente
político, envolvendo uma apreciação de vantagem ou desvantagem“. [27]
Quanto à sua extensão, o veto poder ser: (CE, art. 66, §2º)
Prazo para apreciação do veto pelo Poder Legislativo: (CE, art. 66, §§ 4ºe 6º)
O prazo para apreciação do veto é de trinta dias, a partir de seu recebimento. Caso
isto não venha a ocorrer, dada a sua prioridade, o veto será colocado na ordem do dia da
sessão imediata, sobrestadas as demais proposições, até, a sua votação final.
Havendo veto total ou parcial, o projeto retorna ao Poder Legislativo para reexame.
Esta reapreciação se dá em plenário, segundo a Constituição, e estará definitivamente
aprovado se a maioria absoluta dos Deputados rejeitar o veto e, então, o projeto se
transforma em lei. Ao revés, se os Deputados não conseguirem a maioria absoluta, o veto
será mantido e o destino do projeto será o seu arquivamento.
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[27:ab] BOBERG, José Lázaro, Lei Ordinária & Seu Processo Legislativo. p. 128
ESCOLA DO LEGISLATIVO 24
Conhecendo o Poder Legislativo
Nota: quando o veto é rejeitado pelo Legislativo, que converte o projeto em lei, neste
caso, não haverá sanção, indo direto para a promulgação do Executivo.
A promulgação constitui mera comunicação, aos destinatários da lei, de que esta foi
criada com determinado conteúdo. A promulgação não produz a lei, pois a mesma se dá
com a sanção, mas os efeitos dela somente se produzem depois da “promulgação
publicada”. A promulgação reconhece os fatos e atos geradores da lei e indica que a lei é
válida.
A lei ordinária, bem como a lei complementar, seguem os mesmos parâmetros, quanto
à promulgação, ou seja, vão ao Chefe do Executivo para tal. Diferenciando-se apenas, no
que se refere ao quórum para aprovação, que é de maioria simples no caso da primeira e
maioria absoluta em relação à lei complementar.
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[30:ab] BOBERG, José Lázaro, Lei Ordinária & Seu Processo Legislativo. p. 144
ESCOLA DO LEGISLATIVO 25
Conhecendo o Poder Legislativo
Já o decreto legislativo, por exemplo, que é uma espécie normativa que tem por
objetivo regulamentar as matérias de competência exclusiva do Poder Legislativo,
geralmente com efeitos externos que não disponha, integralmente, sobre assunto de sua
economia interna, a promulgação da sua matéria é de responsabilidade do Poder Legislativo,
não havendo assim, sanção e nem promulgação pelo Chefe do Poder Executivo.
3.6 Publicação
Publicação é a comunicação feita a todos, pelo Diário Oficial, da existência de uma
nova lei, bem como o seu conteúdo, após sua promulgação por quem constitucionalmente é
competente. Quem promulgar a lei deve providenciar sua publicação, pois a promulgação da
lei só se torna eficaz mediante a publicação.
Quem promulga publica. Isto não consta de forma expressa em legislação nenhuma,
mas trata-se de uma consequência, uma vez que a publicação é a comunicação de que uma
lei foi promulgada. Assim, é da competência da autoridade que promulgou mandar publicar o
ato.
Nota: a publicação não é regida por norma constitucional, e sim, pela LICC (Lei de
Introdução ao Código Civil Brasileiro), Decreto.-Lei 4.657 de 04.10.1942.
Pelo princípio da publicidade, todo ato do processo legislativo, desde sua proposição
pelos legitimados constitucionalmente ( iniciativa), até sua conclusão, deve ser publicado.
Como regra geral, a publicação é feita através da imprensa oficial. No Brasil, no caso
da União, a publicação é feita no Diário Oficial da União. Quando se trata de publicação do
Poder Legislativo, esta é feita na parte destinada às publicações de atos legislativos.
ESCOLA DO LEGISLATIVO 26
Conhecendo o Poder Legislativo
A publicação da lei não garante o início da eficácia de uma lei. Há necessidade de que
ela entre em vigor. Vigência e eficácia não se confundem.
De regra, a lei determina a data de sua vigência, quando ela passa a ter vigor.
Normalmente ela entra em vigência na data de sua publicação isto é, de forma imediata. Sua
redação, via de regra, é assim: “esta lei entra em vigor na data de sua publicação“. (L.C nº 95,
de 26 de fevereiro de 1998)
Pode, no entanto, a lei estabelecer a data de vigência após a sua publicação. Exemplo:
“Esta lei entra em vigor após decorridos noventa dias de sua publicação oficial” (L.C nº 107, de
26 de abril de 2001)
Não havendo cláusula de vigência, “ uma vez publicada a lei, no silêncio do texto, entrará em
vigência após 45 ( quarenta e cinco dias ) em todo o País, e, nos Estados estrangeiros, três
meses depois de publicada no lapso temporal denominado “vacatio legis”. (LINDB- Lei de
introdução de Normas do Direito Brasileiro/2010, art. 1°)
ESCOLA DO LEGISLATIVO 27
Conhecendo o Poder Legislativo
Capítulo III
DA ASSEMBLEIA LEGISLATIVA DO ESPÍRITO SANTO
1. COMPOSIÇÃO
Segundo a Constituição Estadual, em seu artigo 48, § 1°, I, II e III, o Poder Legislativo no
Estado do Espírito Santo é composto pelos seguintes órgãos:
I – a Mesa
II – o Plenário
III – as Comissões
1.1 Da Mesa
É o órgão responsável pela direção dos trabalhos legislativos e administrativos da Casa.
I - O Presidente;
II – 1° Secretário;
III – 2° Secretário.
Os membros da Mesa não poderão ser líderes partidários nem fazer parte de nenhuma
Comissão, a exceção fica por conta das Comissões de Representação criadas para
funcionarem no recesso do Legislativo. (RI, art. 16, § 3º)
Competência da Mesa (entre outras): (RI, art. 17, I, II, VI, IX, X, XIV, XXII, XXIV, XXVI)
- declarar a perda de mandato do Deputado, nos casos previstos no art. 53, III, IV e V, da
Constituição Estadual, observando o disposto no parágrafo 3º do mesmo artigo;
Nota: As reuniões marcadas para as datas fixadas acima serão transferidas para o
primeiro dia útil subsequente, quando recaírem em sábados, domingos ou feriados.
A eleição da Mesa, bem como o preenchimento de qualquer vaga nela ocorrida, será
feita por maioria absoluta de votos em primeiro escrutínio, e maioria simples em segundo
escrutínio, com a tomada nominal de votos em aberto, observando-se, para efeito de
votação, a ordem alfabética dos nomes dos Deputados.
Presidência
- convocar sessões solenes e especiais, bem como organizar os trabalhos, ouvido o Colégio
de Líderes;
- promulgar no prazo de quarenta e oito horas a lei que não o tenha sido na conformidade do
disposto no artigo 66, §7º, da Constituição Estadual.
ESCOLA DO LEGISLATIVO 30
Conhecendo o Poder Legislativo
- presidi-las;
- auxiliar na anotação dos votos das eleições e das deliberações da Assembleia Legislativa.
1.2 Plenário
Conjunto dos Deputados reunidos em sessão para debater matérias de interesse
público ou para deliberar sobre proposições legislativas em pauta.
_______________________________
[31] BOBERG, José Lázaro, Lei Ordinária & Seu Processo Legislativo. p. 96
ESCOLA DO LEGISLATIVO 33
Conhecendo o Poder Legislativo
I - permanentes;
II - temporárias.
Comissões Permanentes
Nota: O Deputado poderá ser titular de até três comissões permanentes. (RI, art. 38, 3 §)
______________________________________
[31] SILVA, José Afonso da. Princípios.., p. 85
ESCOLA DO LEGISLATIVO 34
Conhecendo o Poder Legislativo
I - educação e instrução;
II - problemas da infância, da adolescência, do idoso e do deficiente físico relacionados com
sua área de atuação;
III - aplicação dos recursos públicos destinados às escolas públicas, comunitárias,
confessionais ou filantrópicas;
IV - assuntos relacionados com a interação de entidades ligadas à educação;
V - cumprimento do Estado com relação à garantia de atendimento ao educando no ensino
básico, por meio de programas suplementares de material didático-escolar, transporte,
alimentação e de assistência;
VI - programas de integração cultural e educacional com as unidades da Federação e com
outros países.
Segundo o RI, Comissões Temporárias na Ales são: (RI, art. 56, I, II e III)
I – Especiais;
II – de Inquérito (CPI);
III - de Representação.
Comissões Especiais
As Comissões Especiais serão constituídas para dar parecer sobre: (RI, art. 57, I, II, III e IV)
O prazo de até 90 dias para a conclusão dos trabalhos da CPI, poderá ser prorrogável
mediante deliberação do Plenário. (RI, art. 59, § 3º)
Do requerimento para criação da CPI constará: (RI, art. 59, § 1º, I, II e III)
Ainda, segundo o RI da Ales no seu art. 59, § 4º, não se criará Comissão Parlamentar
de Inquérito se já estiverem cinco em funcionamento.
Comissões de Representação (RI, art. 62, parágrafo único, e CE, Art. 60, § 4º)
Estas comissões poderão ser criadas por proposta do Presidente da Ales, de ofício ou
a requerimento de qualquer Deputado, para cumprir missão autorizada, sujeita a deliberação
do Plenário.
REFERÊNCIAS
ARAUJO, Luis Alberto David & JÚNIOR, Vidal Serrano Nunes. Curso de Direito Constitucional. Ed. 3ª, São
Paulo: Saraiva, 1999.
Associação Brasileira das Escolas do Legislativo e de contas. Guia parlamentar. 2ª edição, Brasília, 2010.
BASTOS, Celso Ribeiro. Lei complementar: teoria e comentários. Ed. 2ª, São Paulo IBDC, 1999.
BOBERG, José Lázaro, Lei Ordinária & Seu Processo Legislativo. Ed. 1, Curitiba, 2002.
BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, DF, Senado, 1998.
BRASIL. Lei Complementar nº 107 de 26 de abril de 2001. Legislação Federal. sítio eletrônico internet -
planalto.gov.br
BRASIL. Lei Complementar nº 95, de 26 de fevereiro de 1998. Legislação Federal. sítio eletrônico internet-
planalto .gov.br
BRASIL. A Lei 12.376 de 2010 - Introdução às normas do Direito Brasileiro – Legislação Federal. Sitio
eletrônico internet-planalto.gov.br
ESPÍRITO SANTO. Constituição do Estado do Espírito Santo. Vitória: Assembleia Legislativa do Estado do
Espírito Santo, 1989.
ESPÍRITO SANTO. Regimento Interno. Vitória: Assembleia Legislativa do Espírito Santo, 2009
FERREIRA FILHO, Manoel Gonçalves, apud MORAES, Alexandre. Direito Constitucional. Ed. 23ª, São
Paulo: Atlas, 2008.
FERREIRA FILHO, Manoel Gonçalves. Do Processo Legislativo. Ed. 3, São Paulo, saraiva, 1995.
MARTINS, Yves Gandra. Comentários à Constituição da República Federativa do Brasil . tomo I, vol 4, São
Paulo: Saraiva. 1995.
MORAES, Alexandre de. Direito Constitucional, Ed. 6, São Paulo: Atlas, 1999.
MORAES, Alexandre de. Direito Constitucional. Ed. 10, São Paulo: Atlas, 2001.
OLÈVE, Clémerson Merlin. Atividade legislativa Poder Executivo. Ed. 2ª, São Paulo: Revistas dos Tribunais,
2000.
SILVA, José Afonso da. Direito Constitucional Positivo, Ed. 16. São Paulo, 1999.
SPROESSER, Andyara Klopstock. Processo Legislativo: Direito Parlamentar. ed 1, São Paulo: ALESP,
2000.
ESCOLA DO LEGISLATIVO 46
Conhecendo o Poder Legislativo
ABREVIAÇÕES
- Art.: Artigo