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UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO

CENTRO DE TECNOLOGIA E GEOCIÊNCIAS


DEPARTAMENTO DE GEOLOGIA

IMPACTOS AMBIENTAIS NA AGRICULTURA.

RECIFE – PE
Junho, 2015.
ANA LUIZA DA SILVA COSTA

IMPACTOS AMBIENTAIS NA AGRICULTURA.

Trabalho de pesquisa apresentado para


obtenção de crédito na disciplina Analise de
Impactos Ambientais, ministrada no
Departamento de Geologia, na
Universidade Federal de Pernambuco.

Docentes: Almany Santos.

RECIFE – PE
Junho, 2015.
Breve Histórico da Agricultura

As primeiras atividades agrícolas são remetidas aos povos que habitavam a


região entre o Oriente Médio, Iraque e Israel, e o norte da África, Egito, com o cultivo
de grãos, por volta de 8.500 AC. A prática da agricultura associado à domesticação de
animais foi um fator determinante para os humanos deixarem de ser nômades e
tornarem-se fixos. O que, posteriormente, possibilitou o surgimento das primeiras
cidades. Ou seja, a prática da agricultura foi determinante para mudar os hábitos
alimentares e o surgimento da civilização e a partir disso os primeiros impactos
ambientais começaram a surgir. A partir dai ohomem começa a perder a submissão a
natureza e começa a modifica-la. E com o passar dos anos, as técnicas de agricultura
foram gradualmente aperfeiçoas, e foi então que no século 20 a grande inovação
agrícola surgiu, deixando as ferramentas manuais e os arados movidos por animais de
lado e substituindo-os por semeadeiras mecânicas e colheitadeiras movidas à gasolina
associados ao invento dos fertilizantes e pesticidas, que tornou possível plantar e colher
em menos tempo, fazendo a produção agrícola disparar.

Esse avanço sobre o conhecimento a respeito do funcionamento dos diferentes


sistemas que compõem e sustentam a vida na Terra permitiu o desenvolvimento de
técnicas que possibilitaram o aumento da oferta de alimentos e a melhoria da dieta
humana, pelo menos para o segmento da população mundial que dispõe de acesso à
alimentação nutricionalmente equilibrada.

Atualmente, com o crescente populacional no mundo, disparando de 1,6 bilhões


de pessoas, em 1700, para 7 bilhões de pessoas, cerca de 40% da terra é destinada ao
cultivo agrícola. Devido a isso, a agricultura precisou reestruturar-se para elevar sua
produtividade, não importando os recursos naturais. O que se tinha como meta era
produzir de forma que o retorno fosse o maior e o mais rápido possível (BALSAN,
2006).

O que torna possível afirmar que a agricultura é hoje um dos ramos primários
que utiliza maior quantidade de terra e água na sua produção, que são respectivamente,
60% de toda a terra arável do planeta e 70% da água doce.
Impactos Ambientais Gerados na Agricultura

Uma coisa é certa dizer: Para produzir alimentos que atendam às necessidades
da população humana é necessário fazer agricultura e, praticá-la, causa impactos no
ambiente.
O CONAMA, Conselho Nacional do Meio Ambiente, define Impactos
ambientais (Resolução No. 1 de 23 de janeiro de 1986) como “quaisquer alterações nas
características físicas, químicas ou biológicas do ambiente, causadas por qualquer forma
de matéria ou energia derivada das atividades humanas, e que possam, direta ou
indiretamente, afetar asaúde, segurança e o bem-estar da população, as atividades
econômicas e sociais; a biota; as condições estéticas e sanitárias; e a qualidade dos
recursos ambientais”.
As atividades agrícolas provocam impactos sobre o ambiente, tais como
desmatamentos e expansão da fronteira agrícola, queimadas em pastagens e florestas,
poluição por dejetos animais e agrotóxicos, erosão e degradação de solos e
contaminação das águas. E as consequências desses impactos seriam extinções de
espécies e populações, diminuição da diversidade biológica, perda de variedades, entre
outros.
Uma das principais ameaças ao meio ambiente não é a expansão da fronteira
agrícola, mas a tendência a monocultura, ao uso de agrotóxicos e a consequente
extinção de sistemas tradicionais de cultivo. Sabe-se que as áreas que são submetidas ao
cultivo ou pastoreio intensivo por longos períodos se degradam rapidamente devido às
práticas que empregam o fogo na abertura de áreas, desta forma, ocorre a perda dos
agregados de matéria orgânica e argila.
As causas dos impactos da agricultura e da pecuária sobre o ambiente têm
origem na demanda de mercado, e suas consequências implicam em custos ambientais e
ecológicos de difícil mensuração. Para que se promova o desenvolvimento de uma
agropecuária sustentável é necessário conscientizar o agricultor e o pecuarista sobre a
conservação do ambiente, além de a ele oferecer os meios e métodos para alcançar esse
desenvolvimento sustentável. Os impactos ambientais decorrentes das atividades
agropecuárias são inevitáveis. Contudo, a exploração agrícola se devidamente
planejadas e tomadas as providências necessárias para a otimização dos impactos
positivos e a minimização dos impactos negativos ter-se-á ganhos efetivos tanto para o
meio biofísico como para a dimensão socioeconômica (ARAUJO, 2010).
Impactos Ambientais
São muitos os impactos ambientais gerados na agricultura. Os principais
impactos ambientais destacados, provenientes da prática da agricultura, foram:
Desmatamento, erosão, perda da biodiversidade, esgotamento de água doce, poluição
das águas, poluição atmosférica, desertificação, destruição de mananciais e geração de
resíduos.

Desmatamento
O desaparecimento de florestas no Brasil é causado por três fatores principais: a
obtenção de solo para a agropecuária, a indústria madeireira, e a especulação
imobiliária. Essa prática é muito utilizada na agropecuária. Acarreta diversos
problemas, tais como: redução da biodiversidade, extinção de espécies animais e
vegetais, desertificação, erosão, redução dos nutrientes do soloe vários outros danos ao
meioambiente.
Outra técnica utilizada para a remoção da cobertura vegetal são as queimadas,
que intensificam a poluição atmosférica, além de reduzirem os nutrientes do solo, sendo
necessário usar uma quantidade maior de produtos químicos (fertilizantes) durante o
cultivo de determinados alimentos, fato que provoca a poluição do solo.

Poluição das águas


Na agricultura moderna faz-se o uso indiscriminado de fertilizantes, pesticidas,
herbicidas e inseticidas para combater pragas. Essa forma indevida de manejo faz com
que esses insumos sejam arrastados para os rios através das chuvas. A contaminação
dos lençóis freáticos é devido ao contato do solo com esses agroquímicos. Os poluentes
das águas podem ser classificados como segue: a) poluentes orgânicos biodegradáveis:
aqueles advindos de efluentes domésticos, principalmente de produtos químicos, que ao
final de um tempo, são decompostos pela ação de bactérias. Temos como exemplo, o
detergente, inseticidas, fertilizantes, entre outros. b) poluentes orgânicos não
biodegradáveis: aqueles que não se degradam no meio ambiente, assim, se acumulam na
água, atingem altas concentrações, levando a morte de seres vivos, os principais
exemplos são o DDT, o mercúrio, entre outros; c) metais; d) nutrientes.

Poluição atmosférica
A qualidade do ar é afetada pela agricultura moderna de quatro maneiras:
produção de CO2 devido às queimadas; metano oriundo da produção de arroz e
animais; óxido nitrosooriundo de fertilizantes e esterco; e amônia de esterco e urina.
A queima de biomassa quando da limpeza do solo para plantio emite
váriassubstâncias poluentes para a atmosfera. Esta é uma prática bastante comumna
agricultura tropical, seja para estimular o desenvolvimento de forragens para os
rebanhos, seja para limpar o terreno para novos plantios, principalmente no caso do
arroz, mas cuja poluição se estende para regiões além da origem das queimadas
(BITTENCOURT, 2009).

Erosão
Fonseca (2009) afirma que, a erosão é a destruição do solo e seu deslocamento,
pelo movimento de agentes físicos (água da chuva, vento, gelo, ondas, gravidade). A
erosão ligada à agricultura é a hídrica proveniente da água da chuva. A erosão é a
principal responsável pelo abalamento da estrutura do solo e também é responsável pelo
assoreamento dos rios. A remoção da vegetação permite que a água corra com mais
velocidade no solo, já que esta era o obstáculo para atenuar o impacto da chuva. As
plantas em suas diferentes estruturas, formas e tamanhos funcionavam como degraus
para diminuir a velocidade da água sobre o solo. Outra consequência da remoção da
vegetação, é que anteriormente havia sustentação mecânica do terreno pelas diferentes
raízes com capacidade de explorar diferentes profundezas do solo, como isso não é mais
possível, o solo fica mais susceptível a esfacelamento2 causando dependendo da
morfologia do terreno, desmoronamentos, lixiviação e assoreamento de rios. As raízes
mortas serviam de canais e tinham a função de promover o escorrimento da água para
camadas mais profundas do solo. O uso de técnicas agrícolas inadequadas, que
promovem o desflorestamento de áreas extensas para ser ocupadas por plantações
alteram as características da vegetação natural e podem interferir nos fatores de
absorção de água pelo solo. A agricultura extensiva e mal planejada é, portanto, mais
um fator de erosão hídrica. Outros fatores de erosão hídrica são desmatamento para a
extração de madeira, pecuária e a urbanização (FONSECA, 2009). Os solos sem
cobertura vegetal desagregam seus torrões pelo impacto das gotas da chuva, levando seu
material mais fino outros locais. A força do impacto das gotas de chuva também
diminui a porosidade do solo, o que é chamado de selagem. A selagem aumenta o fluxo
superficial da água e a erosão. A erosão pode ocorrer com o transporte uniforme das
partículas pelas águas pluviais ou com a formação de canais definidos, que podem se
tornar voçorocas. Mas as voçorocas também podem ser formadas devido à ação das
águas subterrâneas. É necessário considerar as características físicas dos terrenos (tipo
de solo, declive, hidrografia); o regime de chuvas da região e a cobertura vegetal de
modo a preservar os solos da erosão hídrica (FONSECA 2009)

Compactação
A compactação do solo pelas atividades agrícolas modernas está diretamente
ligada aos maquinários agrícolas pesados, onde cujo objetivo é obter uma condição
desejável da camada superficial. Segundo Fonseca (2009), o tráfego desses veículos faz
com que as características químicas e principalmente as características físicas da
camada mais superficial do solo sejam alteradas devido à pressão. Essa pressão quebra
os agregados (partículas maiores do solo). Abaixo da camada revolvida pelas máquinas
para adequação da camada superficial do solo, as outras camadas vão sendo
compactadas. A quebra dos agregados nas camadas inferiores aumenta a densidade do
solo e diminui a sua porosidade (especialmente dos poros grandes). As consequências
negativas desse processo de compactação do solo são: diminuição da troca gasosa;
limitação do movimento dos nutrientes no solo; diminuição da taxa de infiltração de
água; aumento da erosão hídrica (FONSECA, 2009).

Alternativas e remediações para a agricultura

Ao analisar todos os problemas enfrentados pela agricultura, no quesito dos


impactossobre o meio ambiente, parece que não há soluções ou alternativas, pois estes
exigeminvestimentos, recursos, mão de obra, etc., e, portanto, encarecem todas as
alternativas,parecendo que a única solução é continuar no método tradicional,
independente com o que ocorra com o ambiente.
Mas ao contrário do que parece, há várias alternativas para um melhor uso da
água, as pesquisas mostram que a irrigação por gotejamento é altamente vantajosa em
relação aos métodos tradicionais, pois tem como aplicar diretamente a água na planta e
no momento certo, a operação é ágil, não necessita de tanta mão-de-obra e,
principalmente, economiza água pelo uso racional.
Martins et al. (2007) verificaram que a irrigação deste tipo, em virtude destas vantagens,
melhora a produção do cafeeiro, entretanto a mesma deve ser manejada adequadamente
para não ocorrer perda da produção e do lucro.
Esta irrigação localizada pode ser associada à aplicação de fertilizantes também.
Essaprática, denominada fertirrigação, portanto é a aplicação de água e fertilizante
simultaneamente pelo sistema de irrigação, desta forma há melhor disposição do adubo
na região da raiz, fracionamento de doses e aumento da eficiência (CALDAS, 2008),
portanto não há desperdício e nem mau uso da água.
Portanto é preciso muito mais estudos das consequências que a agricultura
irracional trazpara o meio ambiente e para a sociedade, pois na maioria das vezes
focamos apenas na indústria e nas cidades e mal pensamos que no campo há um descaso
com a natureza. É necessário que haja mais fiscalização e aplicação das leis ambientais
para buscar o equilíbrio entre desenvolvimento econômico e sustentabilidade ambiental.
Então é preciso que a Avaliação de Impacto Ambiental saia do papel para a realidade.
Referências Bibliográficas

ARAUJO, M.L.M.N.. Impactos ambientais nas margens do Rio Piancó causados


pela agropecuária. Revista Brasileira de Gestão Ambiental. v.4, n.1, p. 13-33,
janeiro/dezembro de 2010.
BALSAN, R.Impactos decorrentes da agricultura brasileira.
CAMPOTERRITÓRIO:Revista de geografia agrária (Online), Uberlândia, vol.1, nº2,
Ago. 2006. Disponível em:
<http://www.seer.ufu.br/index.php/campoterritorio/article/viewFile/11787/8293> acesso
em: 30 de maio de 2015.
BITTENCOURT, Mauricio Vaz Lobo. Impactos da Agricultura no meio
ambiente: Principais tendências e desafios. Economia e Tecnologia (Online), Paraná,
vol.18, Set. 2009. Disponível em:
<http://ojs.c3sl.ufpr.br/ojs2/index.php/ret/article/viewFile/27144/18070> Acesso em: 30
de maio de 2015.
FONSECA, Marina Assis. Técnicas de conservação dos solos. Centro de
referência virtual do professor - SEE, Minas Gerais, Mar. 2009. Disponível em: <
http://crv.educacao.mg.gov.br/sistema_crv/documentos/md/ef/ciencias/2010-08/md-ef-
ci- 56.pdf > Acesso em: 30de Maio de 2015.
LIMA, R. E. Estudos geomorfológicos na avaliação de impacto ambiental.
In:SEMINÁRIO SOBRE AVALIAÇÃO E RELATÓRIO DE IMPACTO
AMBIENTAL, 1., 1990, Curitiba. Anais... Curitiba: FUPEF/UFPR, 1990. p.73-80.

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