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Outra contribuição foi dada pelo casal Frank (engenheiro) e Lillian (psicóloga) Gilbreth, que
estudaram maneiras de desempenhar tarefas eficientemente. Combinando itens do campo da
engenharia e da psicologia para estudar a forma pela qual as pessoas executam as tarefas,
interessaram-se pelo estudo do tempo e movimento, que envolveu a medição e a sincronização
das ações executadas pelas pessoas durante as tarefas, com o objetivo de desenvolver uma
maneira mais eficiente de trabalhar. O trabalho dos Gilbreth serviu de fundamento para o que mais
tarde se transformaria no campo do FATOR HUMANO, que estuda como melhor projetas a
tecnologia para as pessoas.
As duas grandes guerras mundiais (na primeira quando os EUA entraram em 1917 – através do
uso de testes para medir a habilidade mental de seus soldados e colocar os mais novos em
funções para as quais apresentavam maior adequação; na segunda, incluindo a seleção de
soldados, a colocação deles em diferentes trabalhos, treinamento, aspecto moral, avaliação de
desempenho, desenvolvimento de equipes e projeto de equipamentos) e o intervalo entre elas, foi
também de grande valia para o desenvolvimento dessa área de aplicação da psicologia.
Psicologia das Organizações
Professor Nazir Rachid Filho
Centro de Ensino Superior do Amapá
Poderíamos dar outros exemplos do desenvolvimento da psicologia organizacional, mas basta
dizer que esta prática muito tem ajudado a melhorar as organizações e as condições de trabalho
para os funcionários. O campo cresceu de seu foco inicial (produtividade) para abranger outras
diferentes áreas. A psicologia organizacional tem muito ainda a oferecer para a operação das
organizações e o bem-estar dos funcionários. Seu futuro é promissor, pois as organizações
continuam necessitando de ajuda nas questões relativas aos funcionários, grande “filão” dessa
especialização da ciência psicologia: saúde mental/psicopatologia do trabalho; estresse
ocupacional; síndrome de burnout, Karoshi; condições de trabalho; organização do trabalho; saúde
mental e segurança no trabalho, dentre outros trabalhos possíveis.
Fazemos referência a este texto como parte da história dessa área, pois o que hoje
percebemos é a necessidade de um profissional generalista, polivalente. Pfromm Neto nos traz
dados históricos importantes, citando a especialização crescente como tendência na atuação da
psicologia do trabalho naquela época. Isto não se configura atualmente, já que foi exatamente na
década de 90 que tivemos uma grande inserção do psicólogo do trabalho em várias áreas,
exigindo deste profissional um perfil mais abrangente.
Houve uma mudança qualitativa na gestão de recursos humanos com a implantação dos
programas de qualidade total e qualidade de vida, sendo os psicólogos considerados como
agentes de mudança. Parece que este profissional não estava preparado, pois como já foi citado, a
tendência era até a década de 80 a especialização, e nas décadas de 90, permaneceram no
mercado os profissionais que atendiam a uma demanda diversificada, tanto em treinamento,
seleção, recrutamento, avaliação de desempenho, consultoria, entre outras atividades, quanto em
áreas consideradas de administradores, economistas e outros. O mercado exigia este perfil e não
importava a formação do profissional. A década de 1980, já tinha sido marcada por transformações
Psicologia das Organizações
Professor Nazir Rachid Filho
Centro de Ensino Superior do Amapá
no “mundo do Trabalho”. Antunes (1995) refere que as mudanças foram tanto nas formas de
inserção na estrutura produtiva, quanto nas formas de representação sindical e política, sendo que
estas afetavam a subjetividade da “classe-que-vive-do-trabalho (...) e novos processos de trabalho
emergem, onde o cronômetro e a produção em série e de massa são substituídos pela
flexibilização da produção, pela especialização flexível, por novos padrões de busca de
produtividade, por novas formas de adequação da produção à lógica do mercado.” (ANTUNES,
1995, p. 16)
Novos modelos de gestão como círculo de controle da Qualidade (CCQs), a gestão
participativa, a busca da Qualidade Total, são comuns também em países de capitalismo
avançado e do terceiro mundo. (ANTUNES, 1995)
As transformações no sistema produtor repercutiram no “mundo do trabalho”. Podemos
citar de acordo com Antunes (1995, p. 17), a tese da “especialização Flexível": uma nova forma
produtiva que articula, de um lado, um significativo desenvolvimento tecnológico e, de outro, uma
desconcentração produtiva baseada em empresas médias e pequenas, artesanais.
Percebe-se que além do que já havia sido considerado por Pfromm Neto (1990), poucos
foram os progressos da Psicologia nos cursos de preparação de psicólogos e isso fez com que
limitassem o oferecimento em Psicologia do Trabalho, de apenas uma disciplina, “a Psicologia
Industrial, geralmente concentrada em Psicologia do Pessoal”.
AS FASES DA PSICOLOGIA DO TRABALHO
Sampaio (1998) considerou três fases da Psicologia do Trabalho quando se referiu a esta
área de atuação que, segundo ele, correspondem a três momentos da história da aplicação da
Psicologia do Trabalho, no Brasil. O primeiro momento seria representado pela “prática da
chamada Psicologia Industrial que resumia-se, inicialmente, a seleção e a colocação profissional” (p.
21).
Continuou afirmando que a Psicologia Industrial desenvolveu novos estudos, aplicados no
trabalho, sobre motivação, comunicação e comportamento de grupo, técnicas de colocação de
pessoal, treinamento, classificação de pessoal e avaliação de desempenho. Outra área que se
desenvolveu foi a chamada engeneering psychology, que visava “projetar equipamentos de acordo
com as capacidades e limitações dos operadores humanos”. (p. 22)
A segunda fase da Psicologia aplicada ao trabalho foi identificada como a Psicologia
Organizacional, que surgiu à medida que os psicólogos deixavam de estudar apenas os postos de
trabalho para contribuírem também na discussão das estruturas da organização. A Psicologia
organizacional não foi uma ruptura radical com a Psicologia da indústria. Foi uma ampliação do
seu objeto de estudo, posto que os psicólogos continuaram atrelados ao problema da
produtividade das empresas. A Psicologia organizacional continuou os estudos sobre treinamento,
não apenas com a visão de capacitação para o trabalho, mas também com a de desenvolvimento
de Recursos Humanos. Ela encampou as "novidades" dos autores estruturalistas e sistêmicos da
administração.
Para Sampaio (1998), a Psicologia Organizacional tinha caráter instrumental, tornando-se
um novo tema que surgiu dentro dos estudos de motivação, o qual supervalorizou as teorias
comportamentais na Psicologia, ao maximizar a influência do ambiente no comportamento humano
e minimizar as influências intrapsíquicas, reduzindo-as ao âmbito da satisfação.
A Psicologia Organizacional ainda traz em seu bojo a idéia do plano de cargos e salários
como elemento motivador, embora já se saiba, desde os trabalhos de Herzberg, do caráter
higiênico do salário como fator de incentivo. (SAMPAIO, 1994, p. 24-25)
1. Seleção e Colocação de Pessoal – elaboração de perfil profissiográfico; elaboração de
análise de tarefa; realização de análise e descrição de função; aplicação de testes psicológicos
em seleção; elaboração e aplicação de provas situacionais; emprego de dinâmica de grupos
com fins seletivos; uso de entrevista psicológica para fins seletivos; elaboração de provas
Psicologia das Organizações
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técnicas para seleção; validação de instrumento de seleção; consultoria em seleção de
pessoal.
2. Planejamento de Recursos Humanos – realização de estudos sobre turn-over e
absenteísmo; realização de análise da entrevista de admissão; elaboração de histórico de
empregados; pesquisa de cultura organizacional; pesquisas de clima organizacional e
satisfação no trabalho; realização e análise de entrevistas de desligamento; elaboração e
gestão de programas de incentivos; aconselhamento na movimentação de pessoal; elaboração
de estudos sobre qualidade de vida no trabalho; realização de consultoria em planejamento de
RH.
3. Treinamento de Pessoal – Realização de levantamento de necessidades de treinamento;
planejamento de treinamento; realização de avaliação de treinamento (avaliação de reação,
avaliação de conteúdos e avaliação de serviço); coordenação de treinamento; supervisão da
elaboração de treinamento; capacitação psicopedagógica de instrutores; estabelecimento de
critérios de seleção para participação em cursos; emprego de técnicas psicológicas em
atividades de treinamento; realização de consultoria em treinamento de pessoal.
4. Saúde Mental no Trabalho – realização de estudos epidemiológicos sobre saúde mental no
trabalho; implantação e gestão de programas preventivos de saúde mental no trabalho;
realização de psicodiagnóstico de trabalhadores; realização de psicoterapia breve; elaboração
e implantação de programas de reabilitação com equipe multidisciplinar; elaboração e
realização de programa de preparação para aposentadoria; intervenção no ambiente e
organização do trabalho para redução/prevenção de psicopatologia do trabalho; realização de
diagnóstico organizacional em saúde mental no trabalho; realização de estudos de estresse
ocupacional; realização de consultoria em saúde mental no trabalho).
5. Desenvolvimento de Recursos Humanos – elaboração e manutenção de planos de carreiras;
participação em programas de desenvolvimento gerencial; participação em programas de
desenvolvimento interpessoal; programação do desenvolvimento de RH em consonância com o
planejamento estratégico da organização; promoção de programas educacionais e culturais;
implantação de plano de desenvolvimento).
6. Avaliação de Desempenho – escolha de tecnologia de elaboração do programa;
implementação de programas de avaliação de desempenho nas organizações; coordenação de
realização periódica do programa; análise de resultados específicos para programas afins -
treinamento, desenvolvimento de RH, etc; elaboração de propostas de mudança organizacional
baseadas nos resultados do programa de avaliação de desempenho; análise de potencial dos
empregados; realização de consultoria em avaliação.
7. Condições de Trabalho – participação em equipe multidisciplinar de intervenção ergonômica
no trabalho; treinamento de empregados em prevenção de acidente de trabalho com o técnico
de segurança do trabalho; realização de campanha educacional relacionada à melhoria das
condições de trabalho; identificação de aspectos psicossociais ligados à segurança no trabalho;
realização de pesquisas nesta área.
8. Plano de Cargos e Salários – realização de análise organizacional visando à implantação de
plano de cargos e salários; descrição e especificação de cargos; realização de análise de
cargos; implantação de plano de cargos e salários em equipe multidisciplinar; avaliação
periódica do plano implantado, com o objetivo de sua atualização; intervenção junto aos
empregados, mediante palestras e outros meios de comunicação, para a implantação do plano
de cargos e salários.
9. Mudança e Análise das organizações – realização de diagnósticos psicossociais que sirvam
de subsídios para decisões ligadas a mudanças organizacionais; participação em equipes
multidisciplinares de intervenção para mudanças organizacional; realização de intervenção
psicossociológica; realização de consultoria para esta área da Psicologia do Trabalho;
Neste último movimento o autor faz referência à crescente ênfase na pesquisa e que esta irá
requerer mudanças tanto na cultura das organizações quanto no “desenvolvimento de
competências específicas relacionadas à concepção, planejamento e execução de pesquisa” .
(BASTOS, 1990)
Podemos perceber a variedade das possíveis áreas de atuação do Psicólogo do Trabalho nas
organizações. Digo possíveis, pois há ainda uma lacuna entre o que se faz na área
organizacional e o que são considerados como os campos de intervenção desse profissional da
área de comportamento humano.
Fonte:
http://www.debas.faenquil.br/~wilcar/Psicologia.doc