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Microeconomia Compendio 2 PDF
Microeconomia Compendio 2 PDF
compêndio
licenciatura
em
contabilidade e administração
2010
Índice das figuras ...................................................................................................... 3
1. Formalização do problema económico................................................................... 5
1.1. Necessidades e afectação eficiente de recursos escassos ................................. 5
1.2. Uma definição de economia ............................................................................ 7
2. Conceitos e classificações propedêuticos ............................................................... 8
2.1. Utilidade, bens e factores de produção ............................................................ 8
2.2. Classificação dos bens económicos ................................................................. 9
2.3. Linha limite de possibilidades de produção, LLPP .......................................... 9
2.3.1. Custo de oportunidade ........................................................................... 11
2.3.1.1. Taxa marginal de transformação...................................................... 11
2.3.2. Sobre a curvatura da LLPP..................................................................... 12
2.3.3. Factores de crescimento ......................................................................... 16
2.4. Classificação das relações económicas .......................................................... 17
2.5. Classificação das variáveis económicas ........................................................ 18
3. Procura................................................................................................................ 19
3.1. Função procura ............................................................................................. 19
3.2. Função procura-rendimento .......................................................................... 21
3.3. Função procura cruzada ................................................................................ 21
3.4. Traçado da curva da procura de mercado ...................................................... 22
4. Oferta .................................................................................................................. 23
4.1. Função oferta................................................................................................ 23
5. Mercado .............................................................................................................. 24
5.1. Equilíbrio de mercado................................................................................... 26
5.2. Condições para o equilíbrio estável ............................................................... 27
5.3. Função procura excedente e função oferta excedente .................................... 27
5.4. Excedente do consumidor ............................................................................. 28
5.5. Excedente do produtor .................................................................................. 29
5.6. Eficiência e bem-estar................................................................................... 30
6. Elasticidades ....................................................................................................... 30
6.1. Elasticidade-preço da procura ....................................................................... 31
6.1.1. Determinação geométrica de elasticidade-preço da procura .................... 33
6.1.2. Casos em que a elasticidade-preço da procura não varia com o preço ..... 35
6.1.3. Receita total, receita média e receita marginal ........................................ 36
6.1.4. Relação entre a elasticidade-preço da procura e a receita marginal ......... 37
6.1.1. Relação entre a receita total e o preço .................................................... 38
6.2. Elasticidade-rendimento da procura .............................................................. 40
6.2.1. Determinação geométrica da elasticidade-rendimento da procura ........... 41
6.2.2. Bens normais e bens inferiores ............................................................... 41
6.3. Elasticidade cruzada ..................................................................................... 41
6.4. Elasticidade-preço da oferta .......................................................................... 42
6.4.1. Determinação geométrica de elasticidade-preço da oferta....................... 44
6.4.2. Alguns casos em que a elasticidade-preço da oferta não varia com o preço
........................................................................................................................ 44
7. Intervenção do Estado ......................................................................................... 45
7.1. Fixação autoritária de preços ........................................................................ 45
7.1.1. Preços máximos ..................................................................................... 45
1
7.1.2. Preços mínimos ..................................................................................... 47
7.2. Tributação indirecta ...................................................................................... 48
7.2.1. Impostos específicos .............................................................................. 48
7.2.2. Casos em que um imposto indirecto é integralmente suportado pelos
produtores ou pelos consumidores ................................................................... 52
7.2.1. Impostos ad valorem .............................................................................. 53
7.2.2. Alterações no bem-estar provocadas por impostos indirectos ................. 56
8. Tecnologia da produção ...................................................................................... 58
8.1. Função de produção ...................................................................................... 59
8.2. Produtividade dos factores de produção ........................................................ 60
8.2.1. Estágios da produção ............................................................................. 62
8.2.2. Relações notáveis entre as produtividades total, média e marginal ......... 63
8.2.3. Produtividade marginal versus produtividade média .............................. 63
8.3. Elasticidade produto de um factor ................................................................. 64
8.4. Substituibilidade ou complementaridade dos factores de produção ............... 64
8.4.1. Taxa marginal de substituição técnica .................................................... 65
8.5. Rendimentos à escala.................................................................................... 67
8.6. O caso particular da função de produção de Cobb-Douglas ........................... 69
9. Custos ................................................................................................................. 70
9.1. Custos no curto prazo ................................................................................... 72
9.1.1. Relações notáveis entre as funções custo ................................................ 73
9.1.2. Relações notáveis entre os custos e as produtividades ............................ 74
9.2. Custos no longo prazo .................................................................................. 76
9.2.1. Custo total de longo prazo...................................................................... 79
9.2.1.1. Função custo total de longo prazo associada à função de produção de
Cobb-Douglas ............................................................................................. 81
9.2.2. Curva de expansão de curto prazo .......................................................... 81
9.2.3. Custo médio e custo marginal de longo prazo ........................................ 82
9.2.4. Elasticidade custo do produto................................................................. 83
9.2.5. Economias e deseconomias de escala ..................................................... 83
10. Concorrência perfeita ........................................................................................ 85
10.1. Hipóteses caracterizadoras .......................................................................... 85
10.2. Maximização do lucro no curto prazo ......................................................... 86
10.2.1. Curva da oferta de uma empresa, no curto prazo .................................. 87
10.2.2. Curva da oferta de mercado no curto prazo .......................................... 89
10.3. Excedente do produtor de curto prazo ......................................................... 89
10.3.1. Excedente do produtor de curto prazo de uma empresa ........................ 89
10.3.2. Excedente do produtor de curto prazo de mercado ............................... 91
10.4. Equilíbrio concorrencial de longo prazo ...................................................... 91
11. Monopólio ......................................................................................................... 92
11.1. Maximização do lucro pelo monopolista ..................................................... 94
11.2. Índice de Lerner.......................................................................................... 95
2
Figura 1 Linha limite de possibilidades de produção .................................... 10
Figura 2 Taxa marginal de transformação ..................................................... 12
Figura 3 Custos de oportunidade crescentes ................................................. 15
Figura 4 Factores de crescimento ................................................................. 16
Figura 5 Curva da procura ............................................................................ 20
Figura 6 Curvas de Engel ............................................................................. 21
Figura 7 Bens sucedâneos ............................................................................ 21
Figura 8 Bens complementares..................................................................... 22
Figura 9 Bens independentes ........................................................................ 22
Figura 10 Curva da procura de mercado ......................................................... 23
Figura 11 Curva da oferta............................................................................... 24
Figura 12 Equilíbrio de mercado .................................................................... 25
Figura 13 Equilíbrio de mercado – modelo linear ........................................... 26
Figura 14 Equilíbrio instável .......................................................................... 27
Figura 15 Excedente do consumidor............................................................... 28
Figura 16 Excedente do consumidor de mercado ............................................ 29
Figura 17 Excedente do produtor de mercado ................................................. 30
Figura 18 Excedente do produtor e excedente do consumidor......................... 30
Figura 19 Elasticidade-preço da procura medida num arco, AA’ .................... 31
Figura 20 Elasticidade-preço da procura medida num ponto, A ...................... 33
Figura 21 Determinação geométrica da elasticidade-preço da procura ............ 33
Figura 22 Elasticidade-preço da procura ao longo de uma curva da procura
linear 35
Figura 23 Casos de elasticidade-preço da procura invariante com o preço ...... 35
Figura 24 Receita total ................................................................................... 36
Figura 25 Receita total, receita média e receita marginal ................................ 37
Figura 26 Relação entre a receita total e o preço ............................................. 39
Figura 27 Elasticidade-rendimento da procura................................................ 40
Figura 28 Elasticidade-preço da oferta ........................................................... 43
Figura 29 Determinação geométrica da elasticidade-preço da oferta ............... 44
Figura 30 Casos em que a elasticidade-preço da oferta é invariante com o preço
44
Figura 31 Preço máximo ................................................................................ 46
Figura 32 Preço mínimo ................................................................................. 47
Figura 33 Imposto específico sobre os produtores .......................................... 49
Figura 34 Incidência efectiva dos impostos específicos sobre os produtores ... 49
Figura 35 Impostos específicos sobre os produtores (curvas da oferta e da
procura lineares) .................................................................................................. 51
Figura 36 A relação entre as elasticidades-preço da oferta e da procura como
determinante da incidência efectiva de um imposto ............................................. 52
Figura 37 Imposto ad valorem sobre os produtores ......................................... 54
Figura 38 Impostos ad valorem com curvas da oferta e da procura lineares .... 56
Figura 39 Perda absoluta de bem-estar devida a um imposto indirecto ........... 57
Figura 40 Mapa de produção .......................................................................... 60
Figura 41 Funções de produtividade ............................................................... 61
Figura 42 Três tipos de mapas de produção .................................................... 65
3
Figura 43 Taxa marginal de substituição técnica de K por L ........................... 66
Figura 44 Taxa marginal de substituição técnica de K por L (exemplos) ........ 67
Figura 46 Funções de produtividade (Cobb-Douglas) ..................................... 69
Figura 45 Isoquanta (Cobb-Douglas).............................................................. 69
Figura 47 Custos totais, médios e marginais no curto prazo ............................ 74
Figura 48 Relações notáveis entre os custos e as produtividades..................... 76
Figura 49 Combinação óptima de factores de produção para produzir uma
determinada quantidade de produto ..................................................................... 78
Figura 50 Curva de expansão de longo prazo e custo total de longo prazo ...... 80
Figura 51 Curva de expansão de longo prazo e curva de expansão de curto
prazo 82
Figura 52 Economias de escala e deseconomias de escala .............................. 84
Figura 53 Receita total, receita média e receita marginal ................................ 85
Figura 54 Maximização do lucro total em concorrência perfeita ..................... 87
Figura 55 Curva da oferta da empresa, no curto prazo, em concorrência perfeita
88
Figura 56 Excedente do produtor ................................................................... 90
Figura 57 Excedente do produtor de mercado ................................................. 91
Figura 58 Equilíbrio concorrencial de longo prazo ......................................... 92
Figura 59 Maximização do lucro total em monopólio ..................................... 95
Nota: Alguns dos temas abordados estão hiperligados às respectivas ilustrações gráficas disponíveis em www.antoniosaraiva.pt.to .
4
Na génese da actividade económica está o imperativo de suprir certo tipo de
necessidades: as necessidades económicas.
NECESSIDADES
ECONÓMICAS
Aquelas que
requerem bens
económicos para a ACTIVIDADE
sua satisfação ECONÓMICA
5
tualmente em número ilimitado. Neste contexto, oferece-se como evidente a ideia de
que as necessidades são ilimitadas, impondo-se, desta forma, como um postulado.1
É, pois, por terem que fazer as suas opções num contexto de escassez que aos
indivíduos é exigido um esforço de racionalização, desde logo na hierarquização das
suas necessidades, mas também no modo como afectam os recursos à satisfação das
necessidades que identificam como prioritárias, por forma a maximizar o seu nível de
satisfação.
ESCASSEZ ESCOLHA
PROBLEMA [racionalização]
[contexto] ECONÓMICO
1
Refira-se, no entanto, que noutros contextos económicos, que não este presentemente prevalecente, seria abusivo
formular um tal postulado.
6
A esta formalização do problema económico corresponde uma concepção de ciência
económica assim enunciada:
Repare-se que, nos termos desta definição, toda a actividade humana seria, afinal,
económica revelando-se, assim, esta concepção formal de economia tão "ampla" quanto
irrelevante.
Subjacente a esta concepção está a ideia de que "um indivíduo só age sabendo
perfeitamente o que quer e como obtê-lo e nunca quer outra coisa além de maximizar o
seu ganho minimizando o seu esforço." (C. Castoriades, 1970)
A tese formalista revela-se restritiva na medida em que ignora "as propriedades dos
sistemas económicos e sociais que não são desejadas nem, muitas vezes, conhecidas
pelos indivíduos e grupos que são os agentes", ficando-se apenas ao nível da "análise do
comportamento económico intencional dos indivíduos e dos grupos sociais."
Esta definição remete abstractamente para a consecução de fins que requerem meios
escassos para a sua concretização.
Deve, no entanto, ter-se presente que os fins a que se propõem os indivíduos e a sua
concretização, nomeadamente no plano económico, são fortemente determinados pelo
próprio sistema.
7
Assim, é posta em causa a pretensa "pura lógica da escolha entre meios limitados para
atingir fins ilimitados" a que, supostamente, se confinaria a economia.
Deste modo, a dissociação dos fins e dos meios revela-se falaciosa, ficando, assim,
comprometida a definição formalista de economia.
Se, como já se afirmou, os fins são "imanentes" aos meios, a sua discussão implica, para
a economia, estabelecer relações de vizinhança com as restantes ciências sociais, o que
remete para uma concepção lata (sociológica) de ciência económica.
Utilidade é a propriedade de anulação das necessidades atribuída aos bens por parte
de quem experimenta essas mesmas necessidades.
FACTORES DE PRODUÇÃO
8
Os bens produzidos resultam da combinação de recursos ― factores de produção ―,
segundo uma determinada tecnologia.
Terra e trabalho constituem os factores de produção primários, ou seja, que não são
produzidos.
Capital designa o conjunto de bens de capital que se caracterizam pelo facto de serem
bens produzidos a ser utilizados na produção de outros bens.
iii. Bens não-duradouros: bens cuja utilidade se extingue num curto período de
tempo.
9
iv. admite-se o pleno-emprego dos recursos;
A 64 0
B 60 2
C 48 4
D 28 6
E 0 8
Pão
LINHA LIMITE DE
A POSSIBILIDADES DE
64
PRODUÇÃO:
B
60 lugar geométrico dos pontos cujas
coordenadas representam as
C
48 F produções máximas dos dois (tipos
de) bens, dados os recursos
disponíveis, o estádio da tecnologia e
G D o grau de eficiência na sua utilização.
28
ZONA DE
POSSIBILIDADES
DE PRODUÇÃO
E
0 2 4 6 8 Vinho
2
Também designada linha de transformação ou fronteira de possibilidades de produção.
10
G: combinação ineficiente pois uma maior quantidade de um bem, ou de ambos, poderia
ser produzida com os recursos dados.
- do nível tecnológico;
- do grau de eficiência.
11
Quando referida a um arco da LLPP, esta taxa corresponde ao valor absoluto do
quociente das variações nas quantidades dos bens, onde em denominador figura a
quantidade adicionalmente obtida de um bem e em numerador a quantidade sacrificada
do outro bem, i.e. representa um custo de oportunidade unitário.
12
Terra Trabalho Produção produção
0 0 0
10 1 5 5
20 2 10 5
30 3 15 5
… … … …
0 0 0
10 1 5 5
20 2 18 13
30 3 40 22
… … … …
13
Terra Trabalho Produção produção
0 0 0
10 1 5 5
15 2 8 3
18 3 10 2
… … … …
10 0 0
10 1 5 5
10 2 12 7
10 3 22 10
10 4 30 8
10 5 36 6
… … … …
14
Mas, mesmo que a proporção em se combinam os factores não sofra alteração a lei dos
rendimentos decrescentes poderá verificar-se, na medida em que a expansão da
produção obrigar à utilização de recursos menos aptos para a produção em causa.
Pão
X
Z
Vinho
15
A lei dos rendimentos decrescentes justifica, assim, o traçado côncavo da LLPP que
traduz, geometricamente, a lei dos custos de oportunidade crescentes.
- Progresso tecnológico.
PAÍS A PAÍS B
LLPP1B
I I
LLPP1A
LLPP0A I0B LLPP0B
I0A
O nível de investimento líquido mantido por cada economia é decisivo para o ritmo de
crescimento da respectiva capacidade produtiva. Apesar de terem inicialmente as
mesmas capacidades produtivas, o país B aumentou substancialmente mais do que o
país A a sua capacidade produtiva, no mesmo período de tempo, pelo facto de ter
privilegiado o investimento, garantindo, assim, a possibilidade de expansão do nível de
consumo no futuro.
16
Sabe-se já que, num contexto de escassez, se impõe a necessidade de escolher, o que
requer uma avaliação, a qual, por sua vez, implica o conhecimento do sistema de preços
que funciona, assim, como elemento regulador dos fluxos económicos.
Sistema de preços
(indicadores de raridade)
MERCADO
PROCURA OFERTA
Oferece-se como evidência a ideia de que os preços se engendram ao nível das trocas
efectuadas no mercado. A análise há-de, portanto, incidir, preferencialmente, sobre o
mercado, ou seja, sobre cada uma das "forças" que nele se confrontam: procura e oferta.
Sem custo se aceitaria, então, que bastaria deixar prevalecer o bom-senso para admitir
que a "mera observação" dos fenómenos patentes no mercado autoriza as seguintes
proposições: a quantidade procurada de um bem é tanto maior quanto menor for o
preço; a quantidade oferecida de um bem é tanto maior quanto maior for o preço.
17
Ora num modelo articulam-se variáveis entre as quais se estabelecem relações que se
podem classificar como segue.3
- Relações funcionais
I.
1. Variáveis instantâneas
II.
3
X ― quantidade obtida de produto; K ― quantidade utilizada de factor capital; L ― quantidade utilizada de factor
trabalho; qS ― quantidade oferecida por um produtor; q D ― quantidade procurada por um consumidor; p ― preço
do produto; QS ― quantidade oferecida pelo conjunto dos produtores; QD ― quantidade procurada pelo conjunto
dos consumidores; R ― rendimento; C ― consumo; S ― poupança; T ― imposto cobrado.
18
Função procura alargada do bem N:
Determinantes da procura:
pn preço do bem N
R rendimento do consumidor
G preferências do consumidor
Preço qDn
a 300 24
b 600 16
c 900 11
d 1200 7
e 1500 4
f 1800 2
19
Figura 5 Curva da procura
pn/u.f.
1800
1500
1200
CURVA DA PROCURA
900
600
qDn = g(pn)
300
2 4 7 11 16 24
qDn/período de tempo
Uma variação do preço de um bem induz dois tipos de efeitos que, conjuntamente,
explicam a correspondente variação da quantidade procurada:
20
Função procura-rendimento do bem N:
CURVAS DE ENGEL
R Bens inferiores: aqueles cuja quantidade procurada varia
inversamente ao rendimento depois que este ultrapassa determinado
nível.
qD
pz Curva da procura
cruzada entre os
bens N e Z
qDn
21
Bens complementares: a quantidade procurada de um varia em sentido contrário ao
preço do outro.
pz
Curva da procura
cruzada entre os
bens N e Z
qDn
pz
Curva da procura
cruzada entre os
bens N e Z
qDn
22
Figura 10 Curva da procura de mercado
pn pn pn
22
Consumidor 1 Consumidor 2 Curva da procura
de mercado
10
p [0, 10]: QD = qD1 + qD2 = (220 - 10p) + (200 - 20p) = 420 - 30p
Determinantes da oferta:
pn preço do bem N
23
Figura 11 Curva da oferta
pn
Curva da oferta
Preço limite
do produtor
qSn
- QD = QS .
24
Figura 12 Equilíbrio de mercado
p2
pE Excesso de oferta: QS2 > QD2
Equilíbrio
Excesso de procura: QD1 > QS1
p1
pt ; QD = QS ; pt+1 = pt = pE.
25
Para ilustrar o equilíbrio de mercado (estático), considere-se o modelo em que as
funções procura e oferta são lineares:
Q D a bp
QS c dp .
Q Q
D S
A solução de equilíbrio é
a c
pE
bd
,
ad bc
QE
bd
a b
b +1
S
pE
d
c
+1 D
d
c QE a Q
26
O equilíbrio é estável se na sequência de uma perturbação (alteração da oferta e/ou da
procura) o mercado prescinde de qualquer intervenção exógena para retornar novamente
a uma situação de equilíbrio.
Para que tal ocorra têm que ser normais as curvas da oferta e da procura. Ilustra-se, a
seguir, um caso em que isso não acontece.
p S
D
D*
p'
E
pE
Excesso de procura
E*
QE Q
Se, neste caso, se aplicar o esquema operativo do agente coordenador, i.e., se o preço
for ajustado de acordo com as motivações de consumidores e produtores tenderá a
acentuar-se a divergência entre as quantidades oferecida e procurada provocada por uma
alteração da procura de D para D*. Em lugar de se caminhar para a novo equilíbrio E*,
agravar-se-ia cada vez mais o desequilíbrio.
SE = -DE
27
p > pE : DE < 0; SE > 0 — excesso de oferta
p = pE : DE = 0; SE = 0 — equilíbrio
A curva da procura evidencia que o consumidor valora de forma diferente cada uma das
q unidades que adquire de um bem. Para adquirir as primeiras unidades, o consumidor
está disposto a abdicar de maiores quantias do que aquelas que está disposto a renunciar
para obter as unidades seguintes. No entanto, todas as q unidades serão adquiridas ao
mesmo preço, aquele que o mercado determinar. Por isso, por cada unidade do bem que
adquire, o consumidor beneficia de um excedente correspondente à diferença entre o
que estaria disposto a pagar por essa unidade e aquilo que efectivamente paga por ela.
pE
q q
28
Figura 16 Excedente do consumidor de mercado
pE
QE Q
4
Na secção 10.3, clarificar-se-á este conceito.
29
Figura 17 Excedente do produtor de mercado
pE
QE Q
pE
QE Q
30
Genericamente, elasticidade define-se da seguinte forma:
Variação percentual de y
e x,y
Variação percentual de x
Variação percentual de Q D
e p,D .
Variação percentual de p
A’ d
pA'
+1
M
p pM
A
pA D
QA' QM QA Q
Q
31
Q
Q Q p M
e p,D M
p p Q M
pM
Q = QA' - QA p = pA' - pA
Q A' Q A p A' p A
QM pM
2 2
Q
− do declive do segmento de recta [AA’], (= d);
p
pM
− da proporção entre os valores médios da variáveis, .
QM
Esta expressão pode ser encarada como uma elasticidade arco quando, no limite, a
variação em p é nula:
Q p M dQ p
e p,D lim ( ) .
p 0 p Q M dp Q
32
Figura 20 Elasticidade-preço da procura medida num ponto, A
Q p M dQ p A p
e p,D lim ( ) b A
p 0 p Q M dp Q A QA
A’
pA'
M
p pM
A
pA D
b
+1
QA' QM QA Q
Q
p
F
D
A
B
M F’
O C D' Q
33
dQ p
Considerando a definição de elasticidade-preço da procura num ponto, ep,D ,e
dp Q
dQ BA
atendendo a que tg( ) vem,
dp BD
BA OB OB p
para p OB : e p , D , i.e., ep,D
BD BA BD preço limite p
CD' CA CD '
ou e p , D
CA OC OC
AD '
ou e p , D
AD
34
Figura 22 Elasticidade-preço da procura ao longo de uma curva da procura linear
ep,D
D
ep,D > 1
ep,D = 1
M ep,D < 1
ep,D = 0
O D' Q
p p p
p1 D1: Q = Q0 D2: Q = ap-b D3: p = p0
p0 p0
Q0 Q Q Q0 Q1 Q
Q0 Q0
Q Q0 Q0
Q 2
D1: e p,D M 0 p
p p1 p 0
pM p1 p0
2
dQ p p
D2: ep,D (abp b 1 ) b b p
dp Q ap
35
Q1 Q0
Q Q1 Q0
QM 2
D3: e p,D
p p0 p0
pM p0 p0
2
Receita total: RT = pQ
p
RT D
Q Q
RT
Receita média: RM = p
Q
RT
Receita marginal: RMg = (em termos discretos)
Q
RT dRT
RMg = lim (em termos contínuos)
Q0 Q dQ
Receita marginal: variação na receita total induzida por uma variação unitária
(infinitesimal) adicional na quantidade procurada.
Numa primeira abordagem, interessa analisar a receita globalmente obtida por todos os
produtores presentes no mercado, no caso em que a função procura é linear: Q = a - bp.
a 1
Neste caso, a função procura inversa é: p Q.
b b
36
Considerando a receita total como função da quantidade, Q, vem:
a 1 a 1
RT = pQ = ( Q )Q = Q Q 2
b b b b
RT a 1
RM = p Q
Q b b
dRT a 2
RMg = Q
dQ b b
u.m.
RT
a
b
RM ( D)
a a Q
2 RMg
1
RMg p(1 )
e p,D
37
dRT
O sinal da derivada da receita total em ordem ao preço, , informa sobre o modo
dp
como a RT varia com o preço. Este sinal pode ser conhecido com base no valor da epD
ou da RMg, conforme se mostra a seguir.
dQ p dQ Q
ep,D ep,D
dp
1 ep,D Q
dp Q p dRT
dRT d(p Q) dp dQ dRT Q dp
Q p Q e p,D p
dp dp dp dp
dp p
dRT
RMg (definição de RMg, em termos contínuos)
dQ
dQ dRT dQ dQ
RMg (multiplicando ambos os membros por )
dp dQ dp dp
dRT dQ dQ
RMg (note-se que 0, pois trata-se do declive da função procura)
dp dp dp
Elasticidade
Variação da RT quando p varia na vizinhança de um certo nível
ponto
dRT
ep,D > 1 RMg > 0 0 A RT varia em sentido contrário ao preço.
dp
dRT Variações infinitesimais do preço não induzem
ep,D = 1 RMg = 0 0
dp alteração da RT.
dRT
ep,D < 1 RMg < 0 0 A RT varia no mesmo sentido que o preço.
dp
RT
O sinal do rácio informa sobre o modo como a RT varia com o preço. Este sinal
p
pode ser conhecido com base no valor da epD (arco) ou da RMg, conforme se mostra a
seguir.
Q p M Q Q
ep,D M ep,D
p QM p RT
1 ep,D QM
pM
RT p Q RT Q p
QM pM QM ep,D M
pM
p p p
p p M
38
RT
RMg (definição de RMg, em termos discretos)
Q
Q RT Q Q
RMg (multiplicando ambos os membros por )
p Q p p
RT Q Q
RMg (note-se que 0, pois p e Q variam inversamente)
p p p
Elasticidade
Variação da RT quando p varia num certo intervalo
arco
RT
ep,D > 1 RMg > 0 0 A RT varia em sentido contrário ao preço.
p
RT Variações do preço no intervalo para o qual ep,D = 1
ep,D = 1 RMg = 0 0
p (RMg = 0) não induzem alteração da RT.
RT
ep,D < 1 RMg < 0 0 A RT varia no mesmo sentido que o preço.
p
u.m.
RT
a ep,D > 1
b
ep,D = 1
ep,D < 1
RM ( D)
a a Q
2 RMg
39
A elasticidade-rendimento da procura mede o grau de sensibilidade da quantidade
procurada perante variações no rendimento:
Variação percentual de Q D
eR .
Variação percentual de R
R
Curva de Engel
RA' A’
RM M
A
RA
R1
O QA QM QA' QD
R2
Q
Q Q R M
Elasticidade arco: e R M
R R Q M
RM
Q = QA' - QA R = RA' - RA
QA' QA R A' R A
QM RM
2 2
40
QA R A RA
Para R = RA: e R 1
R A R1 QA R A R1
Bens de luxo: aqueles cuja quantidade procurada cresce mais que proporcionalmente ao
rendimento.
Variação percentual de Q Dy
e x,y
Variação percentual de p x
Q y
Q My Q y p Mx
Elasticidade arco: e x , y
p x p x Q My
p Mx
41
Tomando como referência a função procura cruzada, Qy = i(px), define-se a elasticidade
dQ y p x
ponto: e x,y .
dp x Q y
Variação percentual de Q S
eS
Variação percentual de p
42
Figura 28 Elasticidade-preço da oferta
A’
pA'
pM M
A
pA
QA QM QA' QS
Q
Q Q p M
Elasticidade arco: e S M
p p Q M
pM
Q = QA' - QA p = pA' - pA
Q A' Q A p A' p A
QM pM
2 2
43
Figura 29 Determinação geométrica da elasticidade-preço da oferta
p p
H H
B B
A
O O
Q Q
C
dQ BH dQ BH
Atendendo a que tg( ) vem, Atendendo a que tg( ) vem,
dp BA dp BC
para p OB : para p OB :
BH OB OB BH OB OB
eS ( 1 p) eS ( 1 p)
BA BH BA BC BH BC
p p p
S1 : Q = q S2: Q = dp
p1
S3 : p = p0
p0 p0
q Q Q q0 q1 Q
44
qq
Q qq
QM 2
S1 : eS 0 p
p p1 p 0
pM p1 p 0
2
dQ p p
S2 : eS d 1 p
dp Q dp
q1 q 0
Q q1 q 0
Q 2
S3 : eS M
p p0 p0
pM p0 p0
2
45
Figura 31 Preço máximo
p
S
pN
pE
Excesso de procura
pMÁXIMO
QS=Qtransaccionada QE QD Q
A fixação de nível máximo para o preço apenas terá consequências se esse nível for
inferior ao preço de equilíbrio. Essas consequências são:
- no mercado negro.
46
Assim, a parte da receita ilegalmente obtida pelo conjunto dos produtores no mercado
negro poderá atingir (pN - pMÁXIMO)QS, se todas as transacções se realizarem
ilegalmente.
Salário
S
Salário mínimo
Excedente de trabalhadores
SalárioE (desemprego)
ED EE ES E
47
- aparecimento de trabalho clandestino.
Os impostos indirectos incidem sobre actos de despesa, afectando o nível dos preços
(ex: IVA)
5
Este tipo de imposto fica determinado com base numa taxa percentual, t, incidente sobre o preço.
48
Figura 33 Imposto específico sobre os produtores
p
S'
S
p+ T
T
p
Q QS
p
S'
p*
S
E’ T
pc
pE E
pv
D
Q' QE Q
49
Sendo normal o traçado das curvas da oferta e da procura, a instituição de um imposto
terá como consequências:
Sobre os produtores p V p E p V
Imposto unitário T pC pV
Admitindo a linearidade das funções procura e oferta, ver-se-á como se relacionam cada
uma delas antes e depois de imposto, no caso de este ser cobrado junto do produtor.
D: Q = a - bp
S: Q = c + dp.
Dado o valor fixo do imposto específico, verifica-se o paralelismo entre S e S', pelo que
se tem:
50
Q' c dp V
Q' c'dp C c' = c - dT S': Q = c - dT + dp.
T p p
C V
p
S'
E’ S
pc
T pE E
pv
D
c- dT c Q' QE Q
Sob a hipótese de linearidade das funções procura e oferta, verifica-se a seguinte relação
entre a incidência efectiva de um imposto e os níveis de elasticidade-preço da procura e
da oferta para o nível de preço de equilíbrio antes da sua instituição:
e SE p C
e p,DE p V
.
Prova:
OP
OP OP eSE PA
eSE eP ,dE PB
PB PA e p , DE OP PB
PA
PA p C
Mas como, por semelhança de triângulos, se verifica , comprova-se que
PB p V
e SE p C
.
e p,DE p V
51
e SE d p C d
E, dado que , também se verifica .
e p,DE b p V b
p
A S'
S
pc
pc E
P
pv
pv
D
B
O Q' Q E Q
p D p S
S'
E
pC E' S pC = pE
pV = pE E pV
D
ep,D = 0 ep,S = 0
QE = Q' Q QE = Q' Q
Contribuintes legais: produtores Contribuintes legais: produtores
Contribuintes efectivos: consumidores Contribuintes efectivos: produtores
e SE pC 0 pC
p V 0 p C T pC 0 pV T
0 p V e pDE p V
52
p p
S'
E' S'
pC S
pV = pE E S pC = pE D
E' E
pV
D
ep,S + ep,D +
Q' QE Q Q' QE Q
Contribuintes legais: produtores Contribuintes legais: produtores
Contribuintes efectivos: consumidores Contribuintes efectivos: produtores
+ pC p 0 p T e SE p
C pC 0 pV T
e pDE p V
V C
+ p V
Este tipo de imposto fica determinado com base numa taxa, t, incidente sobre o preço.
6
T p C p V
53
Figura 37 Imposto ad valorem sobre os produtores
p
S'
S
p + tp
tp
c Q Q
54
Incidência efectiva de um imposto ad valorem de taxa t
Sobre os produtores p V p E p V
Imposto unitário tp V p C p V
Para este tipo de impostos, a relação entre o preço bruto, p C, e o preço líquido, pV, é,
portanto, a seguinte: p C (1 t )p V .
S': Q = c + d'p.
Q' c dp V
d d
Q' c d ' p C d' S': Q c p.
p (1 t )p 1 t 1 t
C V
55
Figura 38 Impostos ad valorem com curvas da oferta e da procura lineares
S
pc
pe
pv
D
c Q' Qe Q
Por seu lado, o excedente do produtor reduz-se num valor equivalente à área do trapézio
pVpEEEV, devido à redução do preço recebido pelo produtor de p E para pV e à
simultânea redução da quantidade vendida de QE para Q'.
56
Figura 39 Perda absoluta de bem-estar devida a um imposto indirecto
p
P
S'
S
Ec
pc
pE A
E
pV
Ev
D
O Q' QE Q
Dependendo da utilização que for feita da receita fiscal arrecadada neste mercado, os
consumidores e produtores que nele participam poderão ver compensada a perda de
bem-estar que lhe está directamente associada.
57
Desde muito cedo, na história do pensamento económico, a produção foi objecto de
especial atenção. A sucessão das várias escolas, correntes e autores permite concluir da
relação estreita entre os conceitos de produção e de valor definidos em cada época e
contexto teórico.
Com J. B. Say, o conceito de produção alarga-se ainda mais: produzir não é tão só
transformar a matéria; produzir é elaborar bens que têm valor porque são aptos a
satisfazer necessidades; produzir é, então, criar utilidade.
58
instalações, terrenos, etc.. O factor trabalho é igualmente marcado pela heterogeneidade,
já que integra o trabalho prestado por trabalhadores com diferentes qualificações.
59
Figura 40 Mapa de produção
K
Mapa de produção
isoquanta
x2
x1
x0
Sendo virtualmente possível a opção por uma qualquer das múltiplas combinações
tecnicamente eficientes para a obtenção de determinado nível de produção —
indeterminação técnica —, há que estabelecer critérios económicos de escolha. É o
conhecimento dos preços relativos dos factores de produção que, como se verá, permite
ao produtor decidir-se sobre qual a combinação a adoptar de entre as muitas
tecnicamente eficientes.
Se se limitar a análise ao curto prazo, pode admitir-se como fixo um dos factores já que
para um período suficientemente pequeno se verifica ser impossível (ou, pelo menos,
incomportável economicamente) fazer variar alguns dos recursos como sejam as
instalações, ou a administração, por exemplo.
Se, dada a função de produção, x = f(L, K), se fixar a quantidade utilizada de um dos
factores, obtém-se a produtividade total do outro, dada por x, para cada nível da
quantidade utilizada do factor. A produtividade total de um factor corresponde, pois, a
uma função de produção no curto prazo.
60
A partir da produtividade total, definem-se as restantes funções de produtividade.
x PTL
Produtividade média de L: PM L — quantidade de produto por unidade de
L L
factor variável.
PTL
Produtividade marginal de L (em termos discretos): PMg L — acréscimo de
L
produto devido à utilização de uma unidade adicional de factor variável.
PTL dPTL
Produtividade marginal de L (em termos contínuos): PMg L lim —
L 0 L dL
acréscimo de produto resultante de um acréscimo infinitesimal da quantidade utilizada
de factor variável.
u.f. PTL
PML
O Lo L1 L2 L
Máximo técnico
61
Sob a hipótese da lei dos rendimentos marginais decrescentes que afirma que, a partir
de determinado nível de utilização do factor variável, a produtividade total deste factor
cresce numa proporção inferior à do crescimento do próprio factor, é possível
distinguir três estágios de produção.
62
Quadro 1
L O L0 L1 L2
dPMg L
dL
+ + 0 - - - - -
d 2 PTL
dL2
0(+) + + + + + 0 -
PMgL
crescente máxima decrescente
dPML
+ + + + 0 - - -
dL
PMgL vs.
PMg = PM PMg > PM PMg = PM PMg < PM
PML
Óptimo Máximo
Legenda Estágio I Estágio II Estágio III
técnico técnico
PT dPT 0
d L PT
dPM L
dL 2 0
dL dL L
0
0
PMgL PT 0 para L 0
0
63
PT
PMg , i.e., PMg PM
L
dPT
PT
Para L = 0: lim PM lim dL PMg .
L 0 L 0 L dL
dL
dPTL dPT
L
%PTL PTL dL PMg L
L .
%L dL PT L PM L
L L
PMg K
Similarmente, para o factor capital, vem K .
PM K
64
Figura 42 Três tipos de mapas de produção
K K K
L L L
Perfeita substituibilidade Substituibilidade Complementaridade
− da recta que une dois pontos de uma isoquanta, quando referida, em termos
K
médios, ao arco compreendido entre esses pontos, TMSTKL tg ;
L
65
Figura 43 Taxa marginal de substituição técnica de K por L
K K
A
C
K TMSTKL
B
+1
L
L L
dPTL dPTK
PMg L e PMg K , vem
dL dK
E como, por definição, para variações dos factores ao longo de uma isoquanta, o volume
de produção permanece inalterado, tem-se dPTK dPTL 0 .
dK PMg K dL PMg L 0
dK PMg L
dL PMg K
PMg L
TMSTKL
PMg K
dK
atendendo a que, como já se concluiu, TMSTKL .
dL
66
Na Figura 44, exemplificam-se as duas acepções do conceito de taxa marginal de
substituição técnica de K por L.
Adoptando uma perspectiva de longo prazo, quando se altera a escala da produção, i.e.
quando se fazem variar todos (ambos) os factores na mesma proporção, a produção
poderá variar numa proporção maior, menor ou igual.
67
Então, consoante a relação de grandeza entre x1 e c·x0, ter-se-á, para c > 1:
K
x1 = c·x0 x0
f(cL,cK) = c·f(L,K) L cL L
v=1
Rendimentos constantes à escala
(neste caso, f(L,K) diz-se homogénea linear)
68
Função de produção: x aK L com a, α, β > 0.7
LL KK
PTK aK L PTL aK L
PM K aK 1 L PM L aK L 1
PMg K aK 1 L PM K PMg L aK L 1 PM L
u.f.
PTL
PML
PMgL
7
O parâmetro a traduz, de algum modo, o grau de eficiência na produção.
69
Taxa marginal de substituição técnica de K por L:
x
PMg L PM L
K
TMSTKL L
PMg K PM K x L
K
PMg K PM K
K
PM K PM K
PMg L PM L
L
PM L PM L
Rendimentos à escala:
α+β =1
Rendimentos constantes à escala
(neste caso, f(L,K) diz-se homogénea linear)
70
Como tal integram-no, para além dos custos explícitos, os custos implícitos (não
passíveis de relevação contabilística), como sejam: o juro alternativo do capital
investido; o rendimento alternativo que o empresário obteria se não se ocupasse da
empresa; o prémio de risco.
Quadro 2
Receita total
CT LT
CT = f(x),
71
Confinando a análise ao curto prazo, deve decompor-se o custo total, CT, em duas
partes ― uma associada ao factor variável e outra ao factor fixo:
CT = CVT + CFT.
Supondo o capital como factor fixo e o trabalho como factor variável, tem-se:
CFT (custo fixo total): custo independente do volume de produção, porque associado ao
factor fixo.
CVT (custo variável total): custo dependente do volume de produção, porque associado
ao factor variável.
CT CVT CFT
x x x
CT
CTM (custo total médio)
x
CVT
CVM (custo variável médio)
x
CFT
CFM (custo fixo médio)
x
CMg (custo marginal): acréscimo do custo (variável) total induzido pela produção de
uma unidade adicional.
CT CVT
CMg (em termos discretos)
x x
72
Quadro 3
x O x0 x1 xx
dCMg
dx - - 0 + + + + +
2 2
d CT d CVT
dx 2 dx 2
+ + + + + + + +
CMg
decrescente mínimo crescente
cresce a ponto de
CT CFT taxas cresce a taxas crescentes
inflexão
decrescentes
cresce a ponto de
CVT nulo taxas cresce a taxas crescentes
inflexão
decrescentes
CFT constante
dCFM - - - - - - - -
dx
CFM decrescente
dCVM - - - - 0 + + +
dx
CVM + decrescente mínimo crescente
dCTM
- - - - - - 0 +
dx
73
Figura 47 Custos totais, médios e marginais no curto prazo
€ CT
CVT
CMg
CTM
CFT CFT
CVM
CFM
O x0 x1 xx x
CVT x
Tendo presente que CVT = pLL, CVM , e PM , vem:
x L
CVT p L L p L
CVM
x x x
L
pL
CVM
PM
74
dx dCVT
Atendendo ainda a que PMg e CMg , tem-se:
dL dx
dCVT d(p L L) dL p L
CMg pL
dx dx dx dx
dL
pL
CMg
PMg
Quadro 4
ÓPTIMO L1 MÁXIMO L2
L Lo TÉCNICO ESTÁGIO II TÉCNICO
75
Figura 48 Relações notáveis entre os custos e as produtividades
$ K
CT = g(x)
CT
CTM x = f(L;K)
CFT
x2
K
x1
CVM
xo
CMg
0 xo x1 xx x2 x L
x2
x1 PT
x = f(L;K)
xo
xx - óptimo de exploração PM
0 Lo L1 L2 L
PMg
Como se sabe, no longo prazo todos os factores são variáveis, por isso, ao contrário do
que acontece no curto prazo, os produtores podem escolher livremente a combinação de
factores minimizadora do custo da produção de uma determinada quantidade de produto
76
que pretendam produzir. Deixando para mais adiante a questão de saber porque é que
um produtor tem interesse em produzir uma determinada quantidade e não outra
qualquer, importa agora perceber como identificar a combinação de factores a adoptar
para a produzir com um custo mínimo.
CT0 p L
K L.
pK pK
Uma linha de isocusto é, pois, o lugar geométrico das combinações de factores que
implicam o mesmo custo, dados os preços dos factores. Obviamente que existem tantas
linhas de isocusto quantos os níveis de custo que se possam considerar, pelo que
CT p L
genericamente a sua expressão é K L.
pK pK
Como é evidenciado na Figura 49, uma linha de isocusto tem declive negativo igual ao
simétrico do rácio dos preços dos factores, o que se pode comprovar derivando K em
ordem a L:
dK p
L .
dL pK
77
Figura 49 Combinação óptima de factores de produção para produzir uma determinada quantidade de produto
K Linha de isocusto
PMg L PMg K
CT
pL pK
pK
A
KA
pL
TMSTKL TMSTKL =
pK
KE E
+1 TMSTKL
+1 x2
KB B
TMSTKL x1
+1
pL x0
pK
LA LE LB +1 CT
L
pL
Esta ilustração mostra que a solução do problema do produtor, ― quer seja encarado
como um problema de minimização do custo para obter um certo volume de produção
ou como um problema de maximização do volume de produção dado um determinado
dispêndio em factores ―, corresponde a um ponto de tangência entre uma isoquanta e
uma linha de isocusto, i.e. requer a igualização das inclinações de uma isoquanta
pL p
( TMSTKL ) e de uma linha de isocusto ( ): TMSTKL L .
pK pK
PMg L PMg K
.
pL pK
78
Quadro 5
PMg L PMg K
pL pK
(produção (produção
adicional adicional
Combinação induzida pelo induzida pelo O produtor tem interesse em...
de factores dispêndio de dispêndio de
uma unidade uma unidade
monetária monetária
adicional na adicional na
utilização do utilização do
factor L) factor K)
...desafectar uma unidade monetária à utilização de
K e usá-la na obtenção de L, pois a produção
PMg L
adicionalmente obtida, , associada ao emprego de
pL
PMg L PMg K 1
A > unidades de L, mais do que compensa a quebra de
pL pK pL
PMg K 1
produção, , decorrente da utilização de menos
pK pK
unidades de K.
...desafectar uma unidade monetária à utilização de
L e usá-la na obtenção de K, pois a produção
PMg K
adicionalmente obtida, , associada ao emprego de
pK
PMg L PMg K 1
B < unidades de K, mais do que compensa a quebra de
pL pK pK
PMg L 1
produção, , decorrente da utilização de menos
pL pL
unidades de L.
Atendendo a que, no longo prazo, o produtor pode livremente optar pela combinação
óptima de factores para a obtenção dos diferentes níveis de produção que esteja
interessado em produzir, fica delineada, no sistema de eixos K, L, uma curva de
expansão de longo prazo que se define como o lugar geométrico das combinações
óptimas de factores para cada volume de produção, dados os preços dos factores.
79
A partir da curva de expansão de longo prazo é, então, possível estabelecer a função
custo total de longo prazo, CTLP = f(x), apresentada na Figura 50.
K
CT2
pK
CT1
pK
CT2 CTLP
CT1
1
CT0
2
x0 x1 x2 x
80
Para obter a expressão analítica da curva de expansão de longo prazo associada à função
pL
de produção de Cobb-Douglas, basta partir da condição de óptimo, TMSTKL :
pK
K pL
L pK
pL
K L.
pK
1
pL p
K x
K p L
L
1
a p K
K
p
x
p
x aK L a
L
L L x L
L
CT p K p L p
a p K
K
K L
1
x
CTLP p L p K
a
.
Vem a propósito, nesta altura, distinguir e confrontar curva de expansão de longo prazo
e curva de expansão de curto prazo.
81
Se, no entanto, não lhe fosse possível alterar a quantidade usada de capital, i.e. se o
capital fosse um factor fixo ( K K 0 ), para conseguir produzir x1 teria que incrementar
a utilização do factor trabalho de L0 para L2, passando a suportar um custo de CT 2
(>CT1) u.m.. Assim, num contexto de curto prazo, a curva de expansão apresenta-se
como uma linha recta de expressão K K ou L L , consoante o factor fixo é o capital
ou o trabalho, respectivamente, conforme ilustrado na Figura 51.
K
CT2
pK
CT1
pK
CURVA DE EXPANSÃO
K1
DE CURTO PRAZO
K K0
x1
x0
L0 L1 CT0 L2 CT1 CT2 L
pL pL pL
dCTLP
Custo marginal de longo prazo: CMgLP =
dx
CTLP
Custo médio de longo prazo: CMLP =
x
82
Para medir o grau de sensibilidade do custo, seja de curto ou longo prazo, face a
variações na quantidade produzida, define-se a elasticidade custo do produto:
dCTCP dCT
CP
%CTCP CTCP CMg CP
C
E CP dx , no curto prazo;
%x dx CTCP CTM
x x
dCTLP dCT
LP
%CTLP CTLP dx CMg LP
EC , no longo prazo.
%x dx CTLP CM LP
x x
Dois indicadores concebidos para esclarecer este aspecto são o rácio das economias de
1 CM LP
escala, EE , e o índice de economias de escala, IEE = 1 – EC.
E C CMg LP
Para formalizar a análise, considere-se a função custo total de longo prazo, CT LP = f(x),
e admita-se que o nível de produção passa de x0 para x1 (= c·x0), pelo que o custo varia
de CTLP0 = f(x0) para CTLP1 = f(x1) = f(c·x0).
Note-se que, ao contrário do que o emprego do termo ―escala‖ poderá sugerir, não se
impõe aqui que a referida variação no produto resulte forçosamente de uma alteração da
escala, i.e. que resulte de uma variação das quantidades utilizadas dos factores na
mesma proporção, como acontece quando está em causa analisar o tipo de rendimentos
à escala.
83
No Quadro 6, distingue-se economias de deseconomias de escala.
Quadro 6
EC < 1 EC > 1
EE > 1 EE < 1
CMgLP
CMLP
84
- Atomicidade
- Homogeneidade do produto
- Transparência do mercado
Assim, a receita realizada pelo produtor depende apenas da quantidade que ele vender:
RT = pEx.
€
RT
RM = RMg
pE
O x
85
LT(x) = RT(x) - CT(x)
RT(x) = px
dLT d 2 LT
Condições para a maximização do lucro: 0 e 0.
dx dx 2
LMg = RMg - CMg = 0 (i.e., para que o lucro total seja maximizado é
necessário que o lucro marginal, LMg, seja nulo)
LMg = p - CMg = 0
dCMg
0 (i.e., para garantir a maximização do lucro não basta que se verifique a
dx
igualdade entre o CMg e o preço, é necessário que essa igualdade ocorra
na fase ascendente do custo marginal).
8
Em rigor, dever-se-ia falar numa variação infinitesimal.
86
Figura 54 Maximização do lucro total em concorrência perfeita
€ € RT
MERCADO EMPRESA
CT
LT máximo
CMg
S
CTM
pE pE
LT máximo RM = RMg
CVM
D
Q x0 x1 xX xM x
No curto prazo, o produtor tem que, inevitavelmente, suportar a totalidade dos custos
fixos, mesmo que decida deixar de produzir (x = 0). Por isso o maior prejuízo que ele
estará disposto a tolerar será exactamente equivalente ao seu CFT:
87
Dito de outra forma, a receita que o produtor obtém deve ser suficiente para, pelo
menos, cobrir a parte variável do custo, pelo que o mais baixo preço a que o produtor
aceita vender o seu produto será aquele que corresponde ao mínimo do seu CVM:
dCMg
LTx CFT (com x tal que p = CMg x e 0)
dx
RTx CTx CFT
RTx CVTx CFT CFT
RTx CVTx
RTx CVTx
x x
RM CVM x
p CVM x
p CMg x CVM x
x mínimo de exploração (quantidade a partir da qual se verifica CMg x CVM x )
Por esta razão, no curto prazo, a curva da oferta do produtor inserido numa estrutura de
mercado concorrencial coincide com a parte ascendente da sua curva do CMg, mas
apenas para preços não inferiores ao nível mínimo do CVM (linha a cheio, no gráfico da
Figura 55). Pode, agora, perceber-se porque motivo se designa por mínimo de
exploração (ou limiar de encerramento) o volume de produção, x1, para o qual é
minimizado o CVM.
€
CMg
RM = RMg
pE
S
CVM
minCVM
x0 x1 x' xM x'' x
88
x 0 p min CVM
CMg p
S :
dCMg 0 p min CVM
dx
O excedente do produtor de curto prazo, para cada unidade de produto, define-se como
a diferença entre o preço do bem e o custo marginal da produção dessa unidade.
EP = RT – CVT.
89
Figura 56 Excedente do produtor
€ €
CMg CMg
RM = RMg p RM = RMg
pE E
EP EP
CVM CVM
xO x xO x
Formalmente, tem-se
xO xO xO
EPx xO (p CMg) dx RMg dx CMg dx RTx xO CVTx xO .
x 0 x 0 x 0
Atendendo a que
EP = RT – CVT
= RT – CT + CFT,
conclui-se que
EP = LT + CFT,
90
Conforme mencionado na secção 5.5, quando referido a um mercado, o excedente do
produtor de curto prazo corresponde à área compreendida entre o preço e a curva da
oferta, no intervalo limitado pela origem das coordenadas e o volume de transacções, já
que resulta da agregação dos excedentes do produtor de todas as empresas presentes no
mercado.
p
S
pE
EP
D
QE Q
91
Figura 58 Equilíbrio concorrencial de longo prazo
− no longo prazo, o bem é produzido com custo médio, CMLP x=xo, mínimo;
92
Enquanto um produtor em concorrência perfeita, incapaz de manipular o preço do seu
produto, se limita a ajustar a quantidade que produz em função desse mesmo preço, o
monopolista pode, ou estabelecer o preço e assim determinar a quantidade que irá ter
oportunidade de vender, ou fixar a quantidade a colocar no mercado e assim condicionar
o preço a praticar.
- posse de patente;
Embora, por definição, o monopolista não tenha concorrentes directos, a sua acção é
condicionada por certo tipo de concorrência:
Esta concorrência potencial é combatida pelo elevação e/ou reforço das barreiras à
entrada.
93
LT(x) = RT(x) - CT(x)
RT(x) = px
dLT d 2 LT
Condições para a maximização do lucro: 0 e 0.
dx dx 2
LMg = RMg - CMg = 0 (i.e., para que o lucro total seja maximizado é
necessário que o lucro marginal, LMg, seja nulo)
dCMg dRMg
(i.e., para garantir a maximização do lucro não basta que se
dx dx
verifique a igualdade entre o CMg e a RMg, é necessário que essa
igualdade ocorra num ponto em que a curva do custo marginal
seja mais inclinada que a curva da receita marginal).
9
Em rigor, dever-se-ia falar numa variação infinitesimal.
94
Figura 59 Maximização do lucro total em monopólio
€
CT
LT máximo
RT
CMg
p CTM
LT máximo
RM (= D)
xM xT xX x
RMg
1
Recordando que RMg p(1 ) e atendendo à condição CMg = RMg, verifica-se
e p,D
p CMg 1
que, para o nível de produção óptimo, xM, vem: L .
p e p.D
95
ou seja, o poder de mercado de um produtor é tanto maior quanto menos elástica for a
procura de mercado, epD , e maior for a sua quota de mercado, si.
96
, R. [1981], Économie politique, 12.ª ed., Paris, PUF
97