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Faculdade de Educação Física - FEF

Disciplina: Fundamentos Socioantropológicos de Educação


Física
Professor: Aldo

Resenha: “A Sociologia de Pierre Bourdieu e sua


análise sobre a escola” (BUSETTO, Áureo)
Grupo: G 7 (Bacharel)
Diogo Victor – 13/00024821
Alyson Fonsceca – 13/0005045
Pedro Senna – 13/0035386

Brasília, 29 de setembro de 2013


 Resenha:

É com muita propriedade, e de maneira bem didática, que Áureo


Bossetto vai nos trazer em seu texto, alguns conceitos essencias para
entendermos a sociologia de Pierre Bourdieur, para finalmente expor alguns
pensamentos e algumas análises bourdianas sobre a Escola, como já diz no
próprio título de seu texto: “A sociologia de Pierre Bourdieu e sua análise sobre a
escola”. Bourdieu vai dectar no processo pedagógico escolar uma tendência muito
clara de reprodução não só do conhecimento, mas de estruturação social, dito de
outra maneira, em vez de ter uma função transformadora, a escola reproduz e
reforça as desigualdades sociais, a escola comete, portanto, o que ele irá chamar
– e que será esclarecido no decorrer do texto – de violência simbólica.

Outra coisa importante de entender também, é que essa análise de


Bourdieu sobre a escolarização é um marco importante na história, não apenas da
Sociologia da Educação, mas do pensamento e da prática educacional em todo o
mundo. Até meados do século XX, predominava nas Ciências Sociais e mesmo no
senso-comum uma visão extremamente otimista, de inspiração funcionalista,
como se a escola fosse a instituição capaz de construir a democracia, uma
sociedade mais justa, e é justamente bourdieu que vem colocar aspas nessa
democracia dito anteriormente, e mostrar que os caminhos que a instituição
“escola” está tomando não vão bem por aí. Tendo isso em vista, é necessário
ainda que se compreenda alguns conceitos que estão presentes na sociologia de
Bourdieu. O próprio Busetto coloca: “Porém, a questão da reprodução, nos
escritos de Bourdieu sobre a Educação e a escola, é bem mais apreendida e
compreendida via entendimento dos seus conceitos de campo e habitus”(pg. 113).

Pois bem, de acordo com o texto, campo se define como “espaço


estruturado de posições (ou de postos) onde as propriedades dependem da sua
posição dentro destes espaços que podem ser analisados independentemente das
característicasde seus ocupantes. Ou ainda, o campo é um sistema de desvios de
níveis diferentes e nada, nem nas instituições ou nos agentes, nem nos atos ou
nos discursos que eles produzem, tem sentido senão relacionamente, por meio do
jogo das oposições e distinções (BOURDIEU, 1989, p.179)” para esclarecer
melhor, Busetto escreve “Assim, ele atribuiu a denominação de campo aos
diferentes domínios específicos da realidade social que, relativamente autônomos,
compõe uma realidade”(pgs. 114-115). Portanto, os campos se caracterizam por
espaços sociais, mais ou menos restritos, onde as ações individuais e coletivas
que se caracterizam dentro de uma normatização
criada e transformada constantemente por essas próprias ações. Dialeticamente
esses espaços, ou estruturas, trazem em seu bojo uma dinâmica determinada
e determinante, na mesma medida em que sofre influências e, portanto,
modificações de seus agentes. Devendo ser entendidos relacionalmente no
conjunto social, diferentes Campos relacionam-se entre si originando espaços
sociais mais abrangentes, por isso, Bourdieu irá colocá-los como “relativamente
autônomos”

Dentro de cada campo existe também uma forma de hierarquização,


logo, existem relações de poder, que para Bourdieu é conseguido por meio de
capital, mas é interessante entender, que para ele, capital não está
necessariamente ligado ao dinheiro, mas é, na verdade, “o conteúdo deste poder,
numa dada relação de forças”(pg. 115), muitas vezes esse poder se mostra como
algo apenas simbólico, porém, legítimo, uma frase interessante de Bourdieu, que o
Busetto destacou é a seguinte: “O capital simbólico é, pois, o poder atribuído
àqueles que obtiveram (nas lutas anteriores) reconhecimento (como autoridade
social) suficiente para ter condições de impor o reconhecimento.”(pg.116).
Bourdieu destaca 3 tipos de capital: capital econômico, capital cultural e capital
social. De acordo com ele em uma sociedade capitalista como a nossa, irão se
destacar os dois primeiros , “ o econômico – diferentes elementos da produção
(terras, fábricas, trabalho) e bens econômicos (renda e patrimônio) – e o capital
cultural – notadamente qualificações intelectuais produzidas pelo sistema escolar
ou transmitidas pela família – uma vez que ambos fundamentam os critérios de
diferenciação naquele tipo de sociedade.”(pg 116).

Para entender o que vem a ser habitus, Bourdier afirma que ele deve
ser pensado como “um sistema das disposições socialmente constituídas que,
enquanto estruturas estruturantes, constituem o principio gerador e unificador
do conjunto das práticas e das ideologias características de um grupo e de
seus agentes” já Busetto irá colocar de uma maneira mais simples, resumida,
habitus são “formas de perceber, avaliar e de agir no mundo”(pg.121), traz uma
idéia inclusive de historicidadee, de tendência e de tradição. Tendo esses dois
conceitos, podemos entender habitus por um conjunto de propensões que
permitem aos agentes de determinado campo agir dentro de uma estrutura social
determinada em busca de manutenção da dinâmica social. É claro que não
podemos desprezar o dinamismo das ações individuais ou coletivas, nesse
sentido, o habitus configura um universo de classificações e de possibilidades que
o agente que o internalizou assume como verdades mentais e práticas que se
fazem perceber mas não são necessariamente percebidos, muito menos
explicitados num cálculo racional, nas palavras de Busetto, “as disposições
tratadas por Bourdieu, na sua definição de habitus, devem ser entendidas como
competências, atitudes, tendencias e formas de perceber, pensar e sentir,
adquiridas e interiorizadas pelos indivíduos em virtude de suas condições
objetivas de existência (pg.119). O habitus é o que traz um sentido a determinado
campo – “o habitus contribui para constituir o campo como mundo significante,
dotado de sentido e valor”(pg.121).

Uma vez que entendemos cada conceito e que ficou claro as


relações de busca de poder e, podemos entender melhor, as críticas que Bourdier
faz ao sistema educacional. Busetto escreve assim “O campo exerce sobre os
agentes que o integram, uma ação pedagógica cujo o efeito é fazer com que eles
adquiram formas de perceber, avaliar e de agir no mundo que são necessárias à
sua inserção apropriada no campo”(pg 121), entretanto, existe uma clara
discrepância no processo educativo entre aqueles que se encontra na classe
dominate, para aquele que se encontram na classe dos dominados. Em uma
sociedade hierarquizada e injusta como a nossa, não são todas as famílias que
possuem a bagagem culta e letrada para se apropriar e se identificar com os
ensinamentos escolares. Alguns, os de origem social superior, terão certamente
mais facilidade do que outros, pois já adquiriram parte desses ensinamentos em
casa. Existiria uma aproximação e uma similaridade entre a cultura escolar e a
cultura dos grupos sociais dominantes. Nesse sentido, o sistema de ensino que
trata a todos igualmente, cobrando de todos o que só alguns detêm (a
familiaridade com a cultura culta), não leva em consideração as diferenças de
base determinadas pelas desigualdades de origem social.

Logo, o sistema escolar, em vez de oferecer acesso democrático de


uma competência cultural específica para todos, tende a reforçar as distinções de
capital cultural de seu público. Agindo dessa forma, o sistema escolar limitaria o
acesso e o pleno aproveitamento dos indivíduos pertencentes às famílias menos
escolarizadas, pois cobraria deles os que eles não têm, ou seja, um conhecimento
cultural anterior, aquele necessário para se realizar a contento o processo de
transmissão de uma cultura intelectual.
 Exercícios?

1- Quais os objetivos de Bourdieu ao elaborar os conceitos de campo e


habitus? Como ele define esses dois conceito?

R: Para Bourdieu, a disposição em que a sociedade se instalou pode


ser descrita entre os diversos campos existentes e suas formas e
interações com o mundo (habitus). Para Bourdieu Habitus é: “um sistema
das disposições socialmente constituídas que, enquanto estruturas
estruturantes, constituem o principio gerador e unificador do conjunto das
práticas e das ideologias características de um grupo e de seus agentes” e
campo é: “espaço estruturado de posições (ou de postos) onde as
propriedades dependem da sua posição dentro destes espaços que podem
ser analisados independentemente das característicasde seus ocupantes”

2- O que é capitalismo simbólico e poder simbólico, para Bourdieu?pense..

R: O capital simbólico é o conteúdo que define o poder simbólico, de


acordo com Bourdieu “O capital simbólico é, pois, o poder atribuído àqueles
que obtiveram (nas lutas anteriores) reconhecimento (como autoridade
social) suficiente para ter condições de impor o reconhecimento.”

3- Quais os procedimentos teórico-metodológicos são exigidos por Bourdieu,


para aplicação da sua sociologia da prática? Qual dos procedimentos você
acha mais complicado de aplicar? Justifique

R: O processo é o que vão chamar de “Tripla historicização”. Deve se


historicizar os agentes, os campos e os agentes que conhece, e os seus
intrumentos de conhecimento. Primeiramente investigar o habitus dos
agentes, depois , deve proceder à historicização dos diversos campos nos
quais esses agentes investem seus desejos e energias, depois, deve-se
historicizar o agente em relação aos seus instrumentos de conhecimento,
pelo qual o agente constrói o seu objeto. Acredito que o mais difícil é
encontrar antes de tudo o habitus de um determinado campo, afinal é ele
quem define os valores de determinado campo, tendo muitas varáveis à
ser consideradas e eé muito dinâmica.

4- Como é definida a escola por Bourdieu?

R: Para Bourdieu escola é definida como, “um espaço da reprodução


social, e um eficiente domínio de legitimação das desigualdades sociais”.

5- Qual a relação entre capital cultural e cultura escolar?

R: Bom, para Bourdieu, capital cultural está relacionado as qualificações


intelectuais produzidas pelo sistema escolar ou pela família. Portanto, a
cultura escolar seria a responsável por promover esse tipo de capital,
entretanto, como vimos anteriormente, a forma como a escola acaba por
“passar” esse capital cultural , atinge apenas aqueles que já tinham esse
mesmo capital antes vindo de suas famílias, promovendo uma eterna
desigualdade social.

6- Cite fatos e relações da sua experiência escolar, aos quais as análises de


Bourdieu sobre a escola podem ser aplicadas. Em caso negativo, justifique.

R: Acredito que mesmo sem ter vivenciado ou sentido na pele uma


desqualificação por parte da instituição escolar, é perceptível, que existe
sim uma discrepância no ato de aprender, e que pode ter relações sociais,
como diz Bourdieu. Por exemplo, é possível imaginar em uma aula de
geografia , que ao falar da Europa, algumas crianças de cara já sabem o
que é onde é, muitas delas até viajaram pra lá, isso se forem de uma classe
alta, rica, mas pode ser também que uma outra criança nunca tenha ouvido
falar da Europa, pois aquilo nunca fez parte de sua realidade social, assim
fica mais fácil a criança de boas condições associar o conteúdo do que uma
criança de classe baixa que nunca ouviu falar em europa.

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