E nosso espírito aprisionado pela fuga, Quando nossas asas, mutiladas Seremos alumiados pelo brilho da lua
E a deusa a nos olhar, eterna,
E nos esperar sem demora, São os malak voltando ao seio da terra, E coração recoberto novamente da serenidade.
Somos filhos da deusa malaki
Somos filhos da deusa da lua. Deixaremos a toda a tristeza aqui, Para carregar alegria em Umbra.
Conte-me, Como foi atravessar aquela rua, Com a vida dela em tuas mãos, Qual foi vê-la de mãos nuas, Sem chance de defesa?
Há alma dentro de ti, homem?
Há algo que senão tormento? Há mais que alguém segurando o ferro, Olhos tristes aprisionados, Cadernos riscados a revirar pensamentos. E tão meu, você, quanto eu não sou de ti.
Eu sou feita da mesma matéria,
da mesma raiva que detroi a alma, que nos tingem nosso tecido de amargura,
Eu me lembro de uma menina,
Que eu via a olhar pelo espelho, Ingênua, crua e pouco vivida,
Andar pelas barracas e visualizar os produtos que estavam a venda era
uma tarefa enfadonha para Rain. Seus olhos percorriam pelos produtos que jamais poderiam ser seus, os vasos de argila, os tecidos com padrões geométricos em verde, vermelho e azul. Nem mesmo uma posseira no tornozelo, que naquele verão virara moda, feita de ouro negro incrustrada de esmeralda, poderia adornar-lhe o corpo. Nem mesmo se estas fossem falsas, como todas as joias daquele mercado. Havia outro tipo de joia que o adornava. Uma grossa tornozeleira de ferro que criavam escarras e manchas no peito de seu pé, virou a sua única peça de luxo, e ainda não suficiente, ela vinha com um apetrecho a mais, elos e mais elos de ferro que formavam uma corrente amarrando seu corpo às ordens de seu amo, Altaíbe. Um homem esguio e entrando na velhice, levava Rain para cima e para baixo o obrigando a carregar as compras que fazia naquele dia. Seus braços já doíam. -Vá com Fátima, ela quer comprar coisas também. – Lhe disse Altaíbe, seus olhos eram de uma escuridão tal, que faziam com que suas ordens carregassem um peso ainda maior. As correntes que estavam nas mãos do homem passaram para as mãos de sua filha, Fátima. A moça em muito parecia com o pai, a pele negra clara e o nariz afinado para baixo, fazia com que eles parecessem falcões. Mas o que restava nele em dureza, nela sobrava em delicadeza e doçura. Não era nenhum mal acompanha- la pelo mercado, a seguiria sentido seu perfume pelas ruelas, enquanto os demais compradores se acotovelavam para conseguir seu lugar.