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Ressonância Ferromagnética

Ressonância Ferromagnética

Deise Schäfer

14 de dezembro de 2011

Deise Schäfer | 14 de dezembro de 2011 1 / 35


Ressonância Ferromagnética

1 Introdução

2 Teoria

3 Resumo e aplicações

4 Referências

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Ressonância Ferromagnética | Introdução

Introdução

Ressonância ferromagnética (FMR - FerroMagnetic Resonance):


H
τ

P τ =M×H
τ = M H sin θ
O momentum angular P precessiona
-M
sobre H com:
τ MH sin θ
ω= =
P sin θ P sin θ
θ

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Introdução

MH
ω= P (não depende do ângulo θ)

Campo H estático:

todos os momentos precessionarão com a frequência ω, independente


de θ

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Introdução

Lembrando da relação entre M e P:


µ0 e
M = −g P = γP
2m
onde g é o fator giromagnético, e/m a carga/massa da partı́cula, µ0 a
permeabilidade magnética e P o momentum angular.
Substituindo M/P na expressão de ω, temos:

ω = γH

Isso vale para qualquer momento magnético (nuclear, eletrônico)

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Introdução

Pensando em termos na energia magnética:

U = −µH

Para um campo H = Hz :
U = −µz Hz
U = −γ~Pz Hz

Para spin 21 , da diferença de energias magnéticas obtemos que as


transições se dão para:
ω = γH

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Introdução

Frequências de Larmor:

Elétron: ν = 28 GHz/T
Próton: ν = 42.58 MHz/T
Nêutron ∼ MHz/T

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Introdução
Experimento:
A amostra é colocada na
extremidade de uma cavidade de
microondas
Um campo magnético estático é
aplicado perpendicularmente ao
campo alternado da cavidade
A intensidade do campo estático
é aumentada gradualmente
Quando a intensidade do campo
satisfaz a condição de
ressonância há uma máximo na
permeabilidade de
rádio-frequência

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Introdução

FMR:

permite obter o fator g


observado pela primeira vez por J. H. E. Griffiths em 1946 e
confirmado por W. A. Yager e R. M. Bozorth em 1947
foram observadas discrepâncias entre as frequências de ressonância
teórica e experimental (ou no fator g )
Griffiths encontrou frequência de Larmor para o spin do elétron 2 a 6
vezes maiores que o calculado
Charles Kittel explicou estes resultados com um formalismo clássico e
posteriormente Van Vleck confirmou os mesmos resultados através de
um tratamento quântico do problema

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Teoria

Sabemos que:
M = γJ
onde M é a magnetização e J a densidade de momentum angular.
Na presença de campo magnético, a equação de movimento
correspondente:
dJ
=M×H
dt
Que pode ser escrita como:
dM
=γM×H
dt

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Teoria: fator de forma

Consideramos um elipsóide com eixos principais paralelos aos eixos x, y e z


do sistema dez coordenadas:

os fatores desmagnetizantes são


Nx , N y e N z
y
é aplicado um campo externo
estático Hz e um campo RF Hx
x

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Teoria: fator de forma

Assim, os campos efetivos dentro do material ferromagnético são:

Hxeff = Hx − Nx Mx
Hyeff = −Ny My
Hzeff = Hz − Nz Mz

Substituindo esses campos na equação:


dM
=γM×H
dt

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Teoria: fator de forma

Temos as componentes:
dMx
=γ[Hz + (Ny − Nz )Mz ]My
dt
dMy
=γ[Mz Hx − (Nx − Nz )Mx Mz − Mx Hz ]
dt
dMz ∼
=0 (1)
dt

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Teoria: fator de forma

Resolvendo o conjunto de equações anteriores considerando uma


dependência temporal e jωt , tem-se para a susceptibilidade magnética:
Mx χ0
χx = =
Hx 1 − (ω/ω0 )2

onde:
Mz
χ0 =
Hz + (Nx − Nz )Mz

e a frequência de ressonância é:


1
ω0 = γ[Hz + (Ny − Nz )Mz ][Hz + (Nx − Nz )Mz ] 2

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Teoria: fator de forma

Casos particulares:

Plano: Nx = Nz = 0; Ny = 4π
1
ω0 = γ(Bz Hz ) 2

Esfera: Nx = Ny = Nz = 3

ω0 = γHz

Cilindro circular infinito: Nx = Ny = 2π; Nz = 0

ω0 = γ(Hz + 2πMz )

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Teoria: fator de forma

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Teoria: Amortecimento

Se há amorteciemnto presente, o movimento de precessão só é mantido na


presença de um campo oscilante.
A dinâmica de tal sistema é descrita pela equação de Landau-Lifshitz:

dM 4πµ0 λ
= −γ(M × H) − (M × (M × H))
dt M2
onde o primeiro termo representa o torque e o
segundo o amortecimento.

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Teoria: Amortecimento

Consideramos então o sistema com uma campo estático Hz e um campo


oscilante H0 :
Hz
τz
H0 τθ
Na presença do campo H0 as compo-
φ τr
nentes do torque τ , ficam:

M τr = −MH0 cos θ sin φ


τθ = MH0 cos θ cos φ
θ
τz = MH0 sin θ sin φ

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Teoria: Amortecimento

Na presença do campo Hz as componentes da equação de Landau-Lifshitz,


ficam:

dMr
= γMH0 cos θ sin φ − 4πλµ0 Hz sin θ cos φ
dt
dMθ
= −γMH0 cos φ + γM sin θ
dt
dMz
= −γMH0 sin θ sin φ + 4πλµ0 Hz sin θ2
dt

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Teoria: Amortecimento

No estado estacionário:
dMr
=0
dt
dMθ
= Mω sin θ
dt
dMz
=0
dt

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Teoria: Amortecimento

Assim temos:

γMH0 cos θ sin φ − 4πλµ0 Hz sin θ cos φ = 0


− γMH0 cos φ + γM sin θ = Mω sin θ
− γMH0 sin θ sin φ + 4πλµ0 Hz sin θ2 = 0

De onde obtemos:

γMH0 sin φ − 4πλµ0 Hz sin θ = 0


ω
H0 cos φ cos θ − Hz sin θ = − sin θ
γ

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Teoria: Amortecimento

Podemos obter, das duas últimas expressões, para θ << π:


γM H0 1
sin θ = sin φ = sin φ
4πλµ0 Hz α

4πλµ0 Hz Hz
tan φ = ω =α
γM Hz − γ Hz − Hr

4πλµ0 ω
onde α ≡ γM e Hr = γ

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Teoria: Amortecimento

A susceptibilidade RF:
χi = Mi Hφ
Pode ser decomposta nas partes real e imaginária:
M
χ0i = sin θ cos φ
H0
M
χ00i = sin θ sin φ
H0

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Teoria: Amortecimento

1
Substituindo a expressão anterior sin θ = α sin φ nas susceptibilidades,
encontramos:

M
χ0i = sin φ cos φ
αHz
M
χ00i = sin2 φ
αHz

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Teoria: Amortecimento

Temos se Hz aumenta e aproxima de


Hr tan φ tende a infinito - φ
M tende a 90◦
χ0i = sin φ cos φ
αHz
assim que Hz se torna maior que
M Hr , tan φ tende a menos infinito
χ00i = sin2 φ - φ tende a -90◦
αHz
e com isso χ0i muda de sinal em
Hz Hr , emquanto χ0i apresenta um
tan φ = α
H z − Hr máximo neste valor

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Teoria: Amortecimento

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Teoria: Amortecimento

a largura do pico de absorção na metade da altura do valor máximo, é


chamada ‘largura de meio valor’ half-value width
esta última pode ser obtida substituindo φ = 45◦ , pois resulta na
metade do valor do seno em χ00i

Assim têm-se para half-value width:


8πλµ0
∆H = 2(H − Hr ) = Hr
γM − 4πλµ0

Ou seja, podemos determinar a frequência de relaxação λ com dados


experimentais através do half-value width.

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Teoria: Amortecimento

Dentre os fatores que provocam o amortecimento do movimento de


precessão, podemos citar:

transições eletrônicas
acoplamento spin-rede
correntes de Focault
geração de ondas de spin

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Teoria: anisotropia cristalina

Para cristais cúbicos, a energia de anisotropia é expressa da forma:

Eu = K10 sin2 θ

onde K10 é a constante de anisotropia de primeira ordem, θ é o ângulo


entre a magnetização e os eixos do cristal.
O tratamento adotado é feito usando o torque da energia de anisotropia
como função de um campo efetivo:

dEu
= M × Heff

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Teoria: anisotropia cristalina

Pode-se considerar a forma do material e ao invés de um campo,


definir um fator desmagnetizante efetivo

Por exemplo, para um cristal uniaxial, com Hz ao longo do eixo, amostra


de formato plano:

 1
2K10 2K10
 
2
ω0 = γ Hz + 4πMz + Hz +
Mz Mz

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Teoria: anisotropia cristalina

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Teoria: anisotropia cristalina

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Ressonância Ferromagnética | Resumo e aplicações

FMR: panorama geral

Permite obter informações sobre diversas propriedades magnéticas, como:

fator giromagnético
constantes de anisotropia
tempos de relaxação
excitações de ondas de spin

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Ressonância Ferromagnética | Resumo e aplicações

FMR: outras possibilidades

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Ressonância Ferromagnética | Referências

Referências

http://www.physik.fu-berlin.de/einrichtungen/ag/ag-
kuch/research/techniques/fmr.html
Coey, J. M. D. Magnetism and Magnetic Materials (Cambridge
University Press)
Kittel, C. Introduction to Solid State Physics (Wiley, New York)
Chikazumi, S. Physics of Magnetism (Wiley, New York)
Kittel, C. Physical Review, 73, 155 (1948)
Kittel, C. Physical Review, 71, 270 (1947)
Resende, S. M. Ressonância Ferromagnética e Ondas de Spin. II
Escola Brasileira de Magnetismo (1999)
Phys. Rev. B 66, 060404(R) (2002)

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