Você está na página 1de 4

O ESTADO DEMOCRÁTICO DE DIREITO

EVOLUÇÃO HISTÓRICA

O Estado de Direito começou na Europa, no Século XV, após as Revoluções


Americana e a Francesa, então, com o governante mandando nos súditos (cidadãos),
sem qualquer direito, vinculado apenas ao governante. Este exercendo o poder, sem
garantias jurídicas, inclusive a escolha da religião do cidadão. Esse movimento foi
chamado de Absolutismo.

Para o filósofo inglês Thomas Hobbes, o poder do soberano deve ser absoluto, ou
seja, ilimitado. A transferência do poder dos indivíduos ao soberano deve ser total,
caso contrário, um pouco que seja preservado da liberdade natural do homem,
instaura-se novamente a guerra. E se não há limites para a atuação do governante,
não é sequer possível ao súdito julgar se o soberano é justo ou injusto, déspota ou
não, pois é incoerente dizer que o governante abusa do poder: não há abuso quando o
poder é ilimitado!

Dado que todo súdito é por instituição autor de todos os atos e decisões do soberano instituído,
segue-se que nada do que este faça pode ser considerado injúria para com qualquer de seus
súditos, e que nenhum deles pode acusá-lo de injustiça. Pois quem faz alguma coisa em
virtude da autoridade de um outro não pode nunca causar injúria àquele em virtude de cuja
autoridade está agindo. Por esta instituição de um Estado, cada indivíduo é autor de tudo
quanto o soberano fizer, por conseqüência aquele que se queixar de uma injúria feita por seu
soberano estar-se-á queixando daquilo de que ele próprio é autor, portanto não deve acusar
ninguém a não ser a si próprio; e não pode acusar-se a si próprio de injúria, pois causar injúria
a si próprio é impossível (1988, p. 109).

No Século XVII, inicia um movimento contrário, o Liberalismo, ou seja, o Estado não


se envolvia na vida das pessoas, garantindo a liberdade individual do indivíduo, já que
no Absolutismo o cidadão ficava nas amarras do Estado.

No Liberalismo, as ideias liberais apareceram, extinguindo o domínio absoluto do


Estado sobre a vida privada do cidadão, podendo o indivíduo ter a sua esfera privada,
podendo escolher a sua religião. Aparecem nesse momento histórico, as primeiras
Constituições.

No Século XIX, surgem os direitos políticos, dando poderes aos homens livres, com
renda mínima e o direito ao voto.
Acontece que na 1ª metade do Século XX, o Estado começou regulamentar as
relações jurídicas, exigindo fornecimento de direitos de segunda dimensão: direitos
sociais fundamentais prestacionais. E esse período marca o Estado Nacional.

O novo tipo de Estado que surge, se torna o ESTADO DEMOCRÁTICO DE DIREITO,


marcado pela regulação de alguns aspectos da vida privada de forma mais forte pelo
Estado.

Esse momento é marcado pelo surgimento dos Direitos Fundamentais Sociais


prestacionais, com uma prestação positiva por parte do Estado.

O termo DEMOCRÁTICO, não configura a democracia representativa, mas sim uma


democracia com melhoras na vida das pessoas, fazendo alusão aos direitos
fundamentais sociais, quais sejam: Direito à saúde, ao trabalho, à previdência social,
etc ...

CONCEITO

O termo Estado Democrático de Direito é formado por Estado, Democracia e Direito.

O termo ESTADO significa o conjunto de instituições que controlam e administram a


Nação, composta por 3 poderes: Judiciário, Executivo e Legislativo, formado pelo
território, povo e soberania.

Num Estado, todas as decisões são tomadas com a participação de todos e pela
vontade da maioria sem distinção de sexo, nível social, religião, cor, sexo, nível
educacional ou qualquer outro traço.

A DEMOCRACIA vem da terminologia grega governo do povo, de forma Direta,


Indireta e Semidireta. Nosso caso é a semidireta, que acontece a direta e a indireta ao
mesmo tempo.

De acordo com o Art. 1º, Parágrafo Único da CF/88, “todo o poder emana do povo,
que o exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta
Constituição”.

O termo DIREITO significa que é regido por leis, regência do Estado pelo direito, é a
existência de uma Constituição democraticamente promulgada que pressupõe que o
Estado e seus agentes, bem como os cidadãos sigam as leis e a constituição.
CARACTERÍSTICAS

No Estado democrático de direito os governantes devem respeitar o que é previsto nas


leis, isto é, deve ser respeitada a hierarquia das normas. Quer dizer que as decisões
não podem ser opostas ao que diz a lei e, desse modo, os direitos fundamentais dos
cidadãos são protegidos. Assim temos algumas características do Estado democrático
de direito:

 Soberania popular: “Todo poder emana do povo”. O controle sobre o poder político é
exercido pelo povo, que elege os governantes para lhes representar.

O Estado Democrático de Direito, que significa a exigência de reger-se por normas


democráticas, com eleições, periódicas e pelo povo, bem como o respeito das autoridades
públicas aos direitos e garantias fundamentais, proclamado no caput do artigo, adotou,
igualmente o parágrafo único, o denominado princípio democrático, ao afirmar que “todo
poder emana do povo, que o exerce por meio de seus representantes eleitos ou
diretamente, nos termos desta Constituição” (Moraes, p.17).

 Importância da Constituição Federal: a Constituição é chamada de "Lei Maior"


porque é a lei que determina quais são os princípios fundamentais que devem
nortear as decisões no país.

 A ação e as decisões dos governantes devem sempre levar em consideração o que


a lei determina. A lei coloca limites ao poder de decisão dos governantes e
fundamenta-se na legalidade democrática; submete-se ao império da lei, mas da lei
que concretize o princípio da igualdade e da justiça em busca da igualdade das
condições dos socialmente desiguais.

 As ações dos governos devem estar voltadas ao respeito e à satisfação dos direitos
dos cidadãos, ou seja, faz parte das funções do Estado trabalhar para garantir a
justiça social no país.

 Divisão entre os três Poderes que fazem parte do Estado: o Legislativo, o Executivo
e o Judiciário são poderes independentes e cada um tem sua função. O Legislativo é
o responsável por fazer as leis que permitem que o Executivo tome decisões. Já o
Judiciário é independente para julgar e deve ser imparcial nas suas decisões.

Mesmo que existam semelhanças entre o Estado democrático de direito e Estado de


direito é importante saber que as duas descrições não versam sobre o mesmo
conceito.
Apesar de, a ideia de Estado de direito e Estado democrático de direito estarem
relacionadas com o fato de que o desenvolvimento do Estado deve ser
fundamentado nas determinações da lei, quer dizer, o poder de decisão estatal é
limitado, a principal diferença entre eles é que no Estado de direito não há, por parte
do Estado, a preocupação expressa com a garantia dos direitos fundamentais e
sociais dos cidadãos. Ou seja, no Estado democrático de direito, permanece limitado
pela lei e deve levar em consideração os princípios sociais e fundamentais da
Constituição.

BIBLIOGRAFIA

https://www.youtube.com/watch?v=9MnsnFBqQKE

https://www.youtube.com/watch?v=SXHZToW-SUM

https://www.youtube.com/watch?v=UkoAwJ3r42w

https://www.youtube.com/watch?v=BgRxo88oT2w

https://www.youtube.com/watch?v=6d2nOljv6ig

HOBBES, Thomas. Leviatã ou a matéria, forma e poder de um estado eclesiástico e


civil. 4ª ed. São Paulo : Nova Cultural, 1988.

MORAES, Alexandre de. Direito Constitucional. 18 ed., São Paulo: Atlas, 2005.

Você também pode gostar