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Direito Penal Canônico

Prof. Dr. Pe. Valdir Manuel dos Santos, scj

TABELA COMPARATIVA DO
LIVRO VI – DAS SANÇÕES PENAIS NA IGREJA1

LIVRO VI – DAS SANÇÕES PENAIS NA IGREJA LIVRO VI – DAS SANÇÕES PENAIS NA IGREJA

Antes da reforma Reformado

PARTE I – DOS DELITOS E DAS PENAS EM GERAL PARTE I – DOS DELITOS E PENAS EM GERAL

TÍTULO I TÍTULO I
DA PUNIÇÃO DOS DELITOS EM GERAL DA PUNIÇÃO DOS DELITOS EM GERAL

Cân. 1311 – A Igreja tem direito originário e próprio Cân. 1311 – § 1. A Igreja tem o direito nativo e
de punir com sanções penais os fiéis delinquentes. próprio de punir com sanções penais os fiéis que
cometeram delitos.

§ 2. Quem preside na Igreja deve salvaguardar e


promover o bem da própria comunidade e de cada
um dos fiéis com a caridade pastoral, o exemplo da
vida, o conselho e a exortação e, se necessário,
também com a imposição ou a declaração das
penas, de acordo com os preceitos da lei, que devem
ser sempre aplicados com equidade canônica, e
tendo presentes a reintegração da justiça, a
correção do réu e a reparação do escândalo.

Cân. 1312 – § 1. As sanções penais na Igreja são: Cân. 1312 – § 1. As sanções penais na Igreja são:
1º. penas medicinais ou censuras, enumeradas nos 1º. as penas medicinais ou censuras, elencadas nos
cân. 1331-1333; cân. 1331-1333;
2º. penas expiatórias, referidas no cân. 1336. 2º. as penas expiatórias, contidas no cân. 1336.
§ 2. A lei pode estabelecer outras penas expiatórias, § 2. A lei pode estabelecer outras penas expiatórias,
que privem o fiel de algum bem espiritual ou que privem o fiel de algum bem espiritual ou
temporal, e sejam consentâneas com o fim temporal e estejam em conformidade com o fim
sobrenatural da Igreja. sobrenatural da Igreja.
§ 3. Aplicam-se ainda remédios penais e penitências, § 3. São ainda aplicados remédios penais e
aqueles sobretudo para prevenir delitos, e estas penitências, contidos nos cân. 1339 e 1340, aqueles,
preferencialmente para substituir ou aumentar a sobretudo, para prevenir os delitos; esses, em vez
pena. disso, para substituir a pena ou em acréscimo a ela.

1
Fontes: CÓDIGO DE DIREITO CÂNONICO. Edições CNBB, 2019; CÓDIGO DE DIREITO CÂNONICO. Livro
VI: das sanções penais na Igreja. Edições CNBB, 2021.
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TÍTULO II TÍTULO II
DA LEI PENAL E DO PRECEITO PENAL DA LEI PENAL E DO PRECEITO PENAL

Cân. 1313 – § 1. Se for alterada a lei depois de Cân. 1313 – § 1. Se depois que o delito foi cometido
cometido o delito, deve aplicar- -se ao réu a lei mais a lei sofre mudanças, ao réu deve ser aplicada a lei
favorável. mais favorável.
§ 2. Entretanto se lei posterior suprimir a lei, ou pelo § 2. Se uma lei posterior elimina a lei, ou ao menos a
menos a pena, esta cessa imediatamente. pena, essa cessa imediatamente.

Cân. 1314 – A pena geralmente é ferendae Cân. 1314 – A pena ordinariamente é ferendae
sententiae, de modo que não atinge o réu, a não ser sententiae, de modo que só obriga o réu após ter
depois de lhe ter sido aplicada; é, porém, latae sido imposta; porém, é latae sententiae sempre que
sententiae, quando nela se incorra pelo simples fato a lei ou o preceito expressamente o estabeleça, de
de se cometer o delito, se a lei ou o preceito modo que incorre ipso facto nela quem comete o
expressamente assim o determinar delito.

Cân. 1315 – § 1. Quem tem poder legislativo pode Cân. 1315 – § 1. Quem tem poder de emanar leis
também fazer leis penais; pode ainda, com leis suas, penais pode também prover com uma pena
reforçar com pena conveniente mesmo a lei divina conveniente à lei divina.
ou a lei eclesiástica promulgada por uma autoridade
superior, observados os limites da sua competência
em razão do território ou das pessoas.
§ 2. A própria lei pode determinar a pena, ou deixar § 2. O legislador inferior, tendo presente o cân.
a sua determinação ao prudente critério do juiz. 1317, pode também:
1º. prover com uma pena adequada a lei emanada
pela autoridade superior, observados os limites da
competência em razão do território ou das pessoas;
2º. acrescentar outras penas àquelas já
estabelecidas pela lei universal para qualquer delito;
3º. determinar ou tornar obrigatória uma pena que a
lei universal estabelece como indeterminada ou
facultativa.
§ 3. A lei particular pode acrescentar outras penas às § 3. A lei pode determinar a pena ou deixar sua
cominadas por lei uni- versal contra algum delito; determinação para a prudente decisão do juiz.
não o faça, porém, a não ser por necessidade
gravíssima. Se a lei universal cominar uma pena
indeterminada ou facultativa, a lei particular pode
também prescrever em lugar dela uma pena
determinada ou obrigatória.

Cân. 1316 – Procurem os Bispos diocesanos, se Cân. 1316 – Cuidem os bispos diocesanos que, na
tiverem de fazer leis penais, que elas, na medida do medida do possível, as leis penais sejam emanadas
possível, sejam uniformes no mesmo país ou região. de forma uniforme para o mesmo país ou região.
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Cân. 1317 – Só se constituam penas na medida em Cân. 1317 – As penas sejam constituídas na medida
que sejam verdadeiramente necessárias para se em que sejam verdadeiramente necessárias para
providenciar mais convenientemente a disciplina prover mais convenientemente a disciplina
eclesiástica. A demissão do estado clerical não pode eclesiástica. A demissão do estado clerical não pode
ser imposta por lei particular. ser estabelecida pelo legislador inferior.

Cân. 1318 – O legislador não comine penas latae Cân. 1318 – Não se estabeleçam penas latae
sententiae a não ser porven- tura contra alguns sententiae, exceto possivelmente contra algum
delitos singulares dolosos, que possam constituir particular delito doloso, que ou possa causar
escândalo mui- to grave, ou que não possam ser gravíssimo escândalo, ou que não possa ser
punidos eficazmente com penas ferendae efetivamente punido com penas ferendae
sententiae; não constitua, porém, censuras, sententiae; não se estabeleçam, pois, censuras,
sobretudo à excomunhão, a não ser com a maior sobretudo a excomunhão, se não com a máxima
moderação e só contra delitos mais graves. moderação e somente contra os delitos de especial
gravidade.

Cân. 1319 – § 1. Na medida em que alguém, em Cân. 1319 – § 1. Na medida em que alguém pode
virtude do poder de go- verno, pode impor preceitos impor preceitos no foro externo, em virtude de seu
no foro externo, nessa mesma medida, pode poder de regime, de acordo com as disposições dos
também, por meio de preceito, cominar penas cân. 48-58, o mesmo pode também impor com um
determinadas, excetuadas penas expiatórias preceito penas determinadas, exceto as penas
perpétuas. expiatórias perpétuas.
§ 2. Não se imponha um preceito penal a não ser § 2. Se, após ter diligentemente considerada a
depois de ponderado maduramente o caso e de questão, for necessário impor um preceito penal,
observado o que se prescreve nos cân. 1317 e 1318 observe-se o que está estabelecido nos cân. 1317 e
acerca das leis particulares. 1318.

Cân. 1320 – Os religiosos, em tudo que se sujeitam Cân. 1320 – Em tudo aquilo em que os religiosos
ao Ordinário do lugar, podem ser por este punidos. estão submetidos ao Ordinário do lugar, podem ser
pelo mesmo punidos com penas.

TÍTULO III TÍTULO III


DA PESSOA SUJEITA ÀS SANÇÕES PENAIS DO SUJEITO PASSIVO DAS SANÇÕES PENAIS

Cân. 1321 – § 1. Ninguém é punido, a não ser que o Cân. 1321 – § 1. Toda pessoa é considerada inocente
cometimento da violação externa da lei ou do até prova em contrário.
preceito seja-lhe gravemente imputável por dolo ou
por culpa.
§ 2. Incorre na pena estabelecida na lei ou no § 2. Ninguém seja punido, salvo se a violação
preceito aquele que violá-los deliberadamente; o externa da lei ou do preceito por ele cometida seja
que proceder por omissão da diligência devida, não gravemente imputável por dolo ou culpa.
é punido, a não ser que tal lei ou preceito
estabeleçam de outro modo.
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§ 3. Realizada a violação externa, presume-se a § 3. É sujeito à pena estabelecida por uma lei ou por
imputabilidade, a não ser que conste outra coisa. um preceito quem deliberadamente violou a lei ou o
preceito; quem o fez por omissão da devida
diligência não é punido, salvo se a lei ou o preceito
disponham o contrário.
§ 4. Realizada a violação externa, presume-se a
imputabilidade, a não ser que conste o contrário.

Cân. 1322 – Quem carece habitualmente do uso da Cân. 1322 – Aqueles que habitualmente não têm uso
razão, ainda que tenha violado a lei ou o preceito da razão, mesmo que tenham violado a lei ou o
quando parecia são, considera-se incapaz de delito. preceito parecendo saudáveis mentalmente, são
considerados incapazes de delito.

Cân. 1323 – Não está sujeito a nenhuma pena Cân. 1323 – Não é passível de nenhuma pena quem,
aquele que, ao violar a lei ou o preceito: quando violou a lei ou o preceito:
1º. não tinha ainda completado dezesseis anos de 1º. não tinha ainda completado a idade de dezesseis
idade; anos;
2º. sem culpa, ignorava que infringia a lei ou o 2º. sem culpa sua ignorava violar uma lei ou um
preceito; à ignorância equi- param-se a preceito; à ignorância são equiparadas a
inadvertência e o erro; inadvertência e o erro;
3º. agiu por violência física ou em caso fortuito, que3º. agiu por violência física ou por um caso fortuito
não pôde prever, ou que, previsto, não pôde evitar; que não pôde prever ou que, uma vez previsto, não
pôde remediar;
4º. procedeu coagido por medo grave, mesmo que 4º. agiu coagido por medo grave, mesmo que
só relativamente, ou por necessidade, ou grave apenas relativamente, ou por necessidade ou por
incómodo, a não ser que o ato seja intrinsecamente grave incômodo, a menos que o ato fosse
mau ou redunde em dano das almas; intrinsecamente mau ou resultasse em danos às
almas;
5º. agiu por causa de legítima defesa contra agressor 5º. agiu em legítima defesa contra um injusto
injusto seu ou alheio, guardando a devida agressor seu ou de outro, com a devida moderação;
moderação;
6º. quem não tinha uso da razão, salvo o prescrito 6º. era privado do uso da razão, restando firmes as
nos cân. 1324, § 1, n. 2 e 1325; disposições dos cân. 1324, § 1, n. 2 e 1326, § 1, n. 4;

7º. sem culpa, julgou existir alguma das 7º. sem culpa sua acreditava que não havia
circunstâncias referidas nos n. 4 ou 5. nenhuma das circunstâncias mencionadas nos nn. 4
ou 5.

Cân. 1324 – § 1. O autor da violação não se exime à Cân. 1324 – § 1. O autor da violação não está isento
pena, mas esta, imposta por lei ou preceito, deve da pena estabelecida pela lei ou pelo preceito, mas a
atenuar-se, ou em seu lugar aplicar-se uma pena deve ser atenuada ou substituída por uma
penitência, se o delito for praticado: penitência, se o delito foi cometido:
1º. por aquele que tinha apenas o uso imperfeito da 1º. por quem tinha o uso imperfeito da razão;
razão; 2º. por quem não tinha o uso da razão por causa de
2º. por aquele que carecia do uso da razão por embriaguez ou outra perturbação semelhante da
embriaguez ou outra perturbação mental mente, da qual fosse culpado, restando firme a
semelhante, de que tenha sido culpável; disposição do cân. 1326, § 1, n. 4;
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3º. pelo ardor grave da paixão que, no entanto, não 3º. por grave impulso passional, que, no entanto,
tenha precedido e im- pedido toda a deliberação da não precedeu e impediu toda deliberação da mente
mente e o consentimento da vontade, e con- tanto e consentimento da vontade, e desde que a própria
que a própria paixão não tenha sido paixão não tenha sido voluntariamente despertada
voluntariamente excitada ou alimentada; ou favorecida;
4º. por um menor que tenha completado dezesseis 4º. por um menor que completou os dezesseis anos
anos de idade; de idade;
5º. por aquele que for coagido por medo grave, 5º. por uma pessoa forçada por temor grave, mesmo
mesmo que só relativamente, ou por necessidade ou que apenas relativamente, ou que agiu por
por grave incômodo, se o delito for intrinseca- necessidade ou por grave incômodo, se o delito
mente mau ou redundar em dano das almas; cometido é intrinsecamente mau ou voltado a
danificar as almas;
6º. por aquele que agiu em razão de legítima defesa 6º. por quem agiu em legítima defesa contra um
contra o agressor in- justo, por si mesmo ou por injusto agressor seu ou de outro, mas sem a devida
outrem, mas não guardou a devida moderação; moderação;
7º. contra alguém que o tenha provocado grave e 7º. contra alguém que o tenha gravemente e
injustamente; injustamente provocado;
8º. por aquele que por erro, mas com culpa, julgou 8º. por quem por um erro, do qual seja culpado,
existir alguma das circunstâncias referidas no cân. acreditava que não havia nenhuma das
1323, n. 4 ou 5; circunstâncias mencionadas no cân. 1323, nn. 4 ou
5;
9º. por aquele que, sem culpa, ignorava a existência 9º. por quem, sem culpa, ignorava que à lei ou ao
de pena anexa à lei ou ao preceito; preceito estava anexada uma pena;
10º. por aquele que agiu sem plena imputabilidade, 10º. por quem agiu sem plena imputabilidade,
contanto que esta tenha permanecido grave. contanto que essa permaneça ainda grave.
§ 2. O mesmo pode fazer o juiz, se existir outra § 2. O juiz pode agir do mesmo modo, quando
circunstância que diminua a gravidade do delito. houver qualquer outra circunstância atenuante da
gravidade do delito.
§ 3. Nas circunstâncias referidas no § 1, o réu não § 3. Nas circunstâncias mencionadas no § 1, o réu
incorre nas penas latae sententiae. não incorre na pena latae sententiae, porém podem
ser cominadas ao menos penas mais atenuadas ou
podem ser aplicadas a ele penitências com a
finalidade do arrependimento ou reparação do
escândalo.

Cân. 1325 – A ignorância crassa, ou supina, ou Cân. 1325 – A ignorância crassa ou supina ou
afetada nunca pode ser levada em consideração na afetada não pode nunca ser levada em consideração
aplicação das prescrições dos cân. 1323 e 1324; o na aplicação das disposições dos cân. 1323 e 1324.
mesmo se diga da embriaguez e de outras
perturbações da mente, se propositadamente
tiverem sido procuradas para perpetrar o delito ou
para o escusar, e da paixão que voluntaria- mente
tiver sido excitada ou alimentada.

Cân. 1326 – § 1. O juiz pode punir com maior Cân. 1326 – § 1. O juiz deve punir com maior
gravidade do que a estabelecida pela lei ou pelo gravidade do que o estabelecido na lei ou no
preceito: preceito:
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1º. quem, depois da condenação ou da declaração 1º. quem, após a condenação ou a declaração da
da pena, de tal maneira continuar a delinquir e das pena, ainda persiste em delinquir, de tal forma que
circunstâncias se possa prudentemente inferir a sua pelas circunstâncias possa prudentemente presumir-
obstinação na má vontade; se a sua pertinácia na má vontade;
2º. quem estiver constituído em alguma dignidade, 2º. quem for constituído em dignidade ou quem
ou abusar da sua autoridade ou ofício para perpetrar abusou da autoridade ou do ofício para cometer o
o delito; delito;
3º. o réu que, embora tenha pena constituída contra 3º. quem, sendo estabelecida uma pena para o
um delito culposo, previr o fato e, não obstante, delito culposo, previu o evento e, não obstante isso,
omitir as precauções para o evitar, que qual- quer omitiu as precauções para evitá-lo, como qualquer
pessoa diligente tomaria. pessoa diligente faria;
4º. quem cometeu o delito em estado de
embriaguez ou em outra perturbação da mente,
procurada astuciosamente para cometer o delito ou
dele se desculpar, ou por causa de paixão
voluntariamente despertada ou favorecida.
§ 2. Nos casos referidos no § 1, se se tinha cominado § 2. Nos casos mencionados no § 1, se a pena
uma pena latae sententiae, pode acrescentar-se estabelecida for latae sententiae, poderá ser
outra pena ou penitência. acrescentada uma outra pena ou uma penitência.
§ 3. Nos mesmos casos, se a pena for estabelecida
como facultativa, torna-se obrigatória.

Cân. 1327 – Para além dos casos referidos nos cân. Cân. 1327 – A lei particular pode estabelecer outras
1323-1326, a lei particular, quer como norma geral, circunstâncias eximentes, atenuantes ou agravantes,
quer para cada um dos delitos, pode estabelecer além dos casos mencionados nos cân. 1323-1326,
outras circunstâncias eximentes, atenuantes ou seja com uma norma geral, seja para cada um dos
agravantes. Do mesmo modo, com relação ao delitos. Da mesma forma, podem ser estabelecidas
preceito, podem estabelecer-se circunstâncias que no preceito circunstâncias que eximam da pena
eximam da pena estabelecida no preceito, ou a constituída com o preceito ou o atenuem ou o
atenuem, ou ainda a agravem. agravem.

Cân. 1328 – § 1. Quem fez ou omitiu alguma coisa Cân. 1328 – § 1. Quem fez ou omitiu algo a fim de
para perpetrar um delito, mas, independentemente cometer um delito, mas que, não obstante a sua
da sua vontade, não o consumou, não incorre na vontade, efetivamente não cometeu, não está
pena estabelecida contra o delito consumado, a não sujeito à pena estabelecida para o delito
ser que a lei ou o preceito disponha outra coisa. efetivamente cometido, a menos que a lei ou o
preceito disponham o contrário.
§ 2. Contudo, se os atos ou omissões, por sua § 2. Se aqueles atos ou omissões por sua própria
natureza, conduzirem à execução do delito, o autor natureza conduzem à execução do delito, o autor
pode ser sujeito a uma penitência ou remédio penal, pode ser submetido a uma penitência ou a um
a não ser que espontaneamente tenha desistido da remédio penal, a menos que não tenha
execução já começada do delito. Se, porém, tiver espontaneamente desistido da execução já
havido escândalo ou outro dano grave ou perigo, o empreendida do delito. Se, no entanto, houve um
autor, ainda que espontaneamente tenha desistido, escândalo ou outro grave dano ou perigo, o autor,
pode ser punido com uma pena justa, no entanto mesmo que tenha espontaneamente desistido, pode
mais leve que a cominada contra o delito ser punido com uma justa pena, mas sempre menor
consumado.
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do que aquela estabelecida para o delito
efetivamente cometido.

Cân. 1329 – § 1. Os que, com intenção comum de Cân. 1329 – § 1. Aqueles que de comum acordo
delinquir, concorrerem para o delito, e não forem participam no delito, e não são expressamente
expressamente mencionados na lei ou no preceito, mencionados pela lei ou pelo preceito, se são
se tiverem sido estabelecidas penas ferendae estabelecidas penas ferendae sententiae contra o
sententiae contra o autor principal, estão sujeitos às autor principal, estão sujeitos às mesmas penas ou a
mesmas penas ou a outras de igual ou de menor outras de igual ou menor gravidade.
gravidade.
§ 2. Na pena latae sententiae, anexa a um delito, § 2. Incorrem na pena latae sententiae anexa ao
incorrem os cúmplices que não forem mencionados delito os cúmplices não mencionados pela lei ou
na lei ou no preceito, se sem o seu concurso o delito pelo preceito, se sem a sua ação o delito não teria
não tivesse sido perpetrado, e se a pena for de tal sido cometido e a pena seja de tal natureza que
natureza que os possa atin- gir; de contrário, podem possa ser aplicada a eles, por outro lado podem ser
ser punidos com penas ferendae sententiae. punidos com penas ferendae sententiae.

Cân. 1330 – O delito que consistir em declaração, ou Cân. 1330 – O delito que consiste em uma
em outra manifestação da vontade, ou de doutrina, declaração ou em outra manifestação de vontade,
ou de conhecimento deve considerar-se como não de doutrina ou de ciência, não deve considerar-se
consumado, se ninguém tiver apercebido essa efetivamente consumado, se ninguém percebe tal
declaração ou manifestação. declaração ou manifestação.

TÍTULO IV TÍTULO IV
DAS PENAS E DAS OUTRAS PUNIÇÕES DAS PENAS E OUTRAS PUNIÇÕES

CAPÍTULO I DAS CENSURAS CAPÍTULO I DAS CENSURAS

Cân. 1331 – § 1. O excomungado está proibido de: Cân. 1331 – § 1. Ao excomungado é proibido:
1º. ter qualquer participação ministerial na 1º. celebrar o Sacrifício da Eucaristia e os outros
celebração do Sacrifício Eucarístico ou em quaisquer sacramentos;
outras cerimônias de culto; 2º. receber os sacramentos;
2º. celebrar sacramentos ou sacramentais e receber 3º. administrar os sacramentais e celebrar as outras
sacramentos; cerimônias de culto litúrgico;
3º. desempenhar quaisquer ofícios, ministérios ou 4º. ter qualquer parte ativa nas celebrações acima
cargos eclesiásticos ou exercer atos de governo. enumeradas;
5º. exercer ofícios ou encargos ou ministérios ou
funções eclesiásticas;
6º. realizar atos de governo.
§ 2. Se a excomunhão tiver sido aplicada ou § 2. Se a excomunhão ferendae sententiae tiver sido
declarada, o réu: imposta ou aquela latae sententiae foi declarada, o
réu:
1º. se intentar agir contra a prescrição do § 1, n. l, 1º. se quiser agir contra a prescrição do § 1, nn. 1-4,
deve ser repelido ou a ação litúrgica deve cessar, a deve ser afastado ou se deve interromper a ação
não ser que obste uma causa grave; litúrgica, a não ser que obste uma causa grave;
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2º. exerce invalidamente os atos de governo, que, 2º. realiza invalidamente os atos de governo, que
em conformidade com o § 1, n. 3, são ilícitos; segundo o § 1, n. 6, são ilícitos;
3º. está-lhe vedado usufruir dos privilégios antes 3º. incorre na proibição de usufruir dos privilégios
concedidos; concedidos precedentemente;
4º. não pode obter validamente qualquer dignidade, 4º. não adquire as retribuições que tem a título
ofício ou outro cargo na Igreja; puramente eclesiástico;
5º. não faz seus os frutos da dignidade, do ofício ou 5º. é inábil para conseguir ofícios, encargos,
de qualquer outro cargo, ou da pensão que ministérios, funções, direitos, privilégios e títulos
porventura tenha na Igreja. honoríficos.

Cân. 1332 – A pessoa interdita está sujeita às Cân. 1332 – § 1. Quem for interditado está sujeito às
proibições referidas no cân. 1331, § 1, n. 1 e 2; se o proibições mencionadas no cân. 1331, § 1, nn. 1-4.
interdito tiver sido aplicado ou declarado, deve § 2. A lei ou o preceito, no entanto, pode definir o
observar-se o prescrito no cân. 1331, § 2, n. 1. interdito de tal forma que ao réu sejam proibidas
algumas ações determinadas mencionadas no cân.
1331, § 1, nn. 1-4, ou algum outro direito singular.
§ 3. Também no caso de interdito deve ser
observada a prescrição do cân. 1331, § 2, n. 1.

Cân. 1333 – § 1. A suspensão, que só pode aplicar-se Cân. 1333 – § 1. A suspensão proíbe:
aos clérigos, proíbe:
1º. todos ou alguns atos do poder de ordem; 1º. todos ou alguns dos atos do poder de ordem;
2º. todos ou alguns atos do poder de governo; 2º. todos ou alguns dos atos do poder de governo;
3º. o exercício de todos ou de alguns direitos ou 3º. o exercício de todos ou alguns direitos ou
funções inerentes ao ofício. funções inerentes ao ofício.
§ 2. Na lei ou no preceito, pode-se determinar que, § 2. Na lei ou no preceito pode-se estabelecer que
após sentença condenatória ou declaratória, não após a sentença ou decreto, que irrogam ou
possa o suspenso realizar validamente atos de declaram a pena, quem for suspenso não pode
governo. realizar validamente atos de governo.
§ 3. A proibição nunca abrange: § 3. A proibição nunca atinge:
1º. ofícios ou poder de governo, que não estejam 1º. os ofícios ou o poder de governo que não estão
sob a alçada do Superior que impõe a pena; sob o poder do Superior que constituiu a pena;
2º. o direito de habitação, se porventura o réu o 2º. o direito de habitar se o réu o tem em razão do
tiver em razão do ofício; 3o. o direito de administrar ofício;
os bens que porventura pertençam ao ofício do
próprio suspenso, se a pena for latae sententiae.
3º. o direito de administrar os bens que pertencem
eventualmente ao ofício daquele que foi suspenso,
se a pena for latae sententiae.
§ 4. A suspensão que proibir receber rendimentos, § 4. A suspensão que proíbe perceber os frutos, o
estipêndio, pensões ou outros bens semelhantes, estipêndio, as pensões ou outras retribuições,
acarreta a obrigação de restituir o que tenha sido comporta a obrigação da restituição do que foi
recebido ilegitimamente, ainda que de boa-fé. ilegitimamente recebido, mesmo se de boa-fé.
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Cân. 1334 – § 1. O âmbito da suspensão é Cân. 1334 – § 1. O âmbito da suspensão, dentro dos
determinado, dentro dos limites estabelecidos no limites estabelecidos no cânone precedente, é
cânon precedente, pela própria lei ou preceito, ou definido ou pela própria lei ou pelo preceito, ou
pela sentença ou decreto que aplica a pena. mesmo pela sentença ou pelo decreto com o qual foi
cominada a pena.
§ 2. A lei, mas não o preceito, pode estabelecer a
suspensão latae sententiae, sem lhe juntar nenhuma § 2. A lei, mas não o preceito, pode constituir uma
determinação ou limitação; tal pena tem todos os suspensão latae sententiae, sem acrescentar
efeitos enumerados no cân. 1333, § 1. qualquer determinação ou limitação; tal pena
produz todos os efeitos previstos no cân. 1333, § 1.
Cân. 1335 – Se a censura proibir celebrar
sacramentos ou sacramentais, ou ainda exercer um Cân. 1335 – § 1. A autoridade competente, se
ato de governo, a proibição suspende-se todas as comina ou declara a censura no processo judicial ou
vezes que for necessário para atender aos fiéis que por decreto extrajudicial, pode também impor as
se encontrem em perigo de morte; se a censura penas expiatórias que considera necessárias para
latae sententiae não tiver sido declarada, a proibição restituir a justiça ou reparar o escândalo.
suspende-se ainda, todas as vezes que o fiel pede o § 2. Se a censura proíbe a celebração dos
sacramento ou o sacramental ou um ato do sacramentos ou dos sacramentais, ou de realizar
governo; e é-lhe lícito pedi-lo por qualquer causa atos do poder de governo, a proibição é suspensa
justa. quantas vezes for necessário para atender os fiéis
que se encontram em perigo de morte; que se a
censura latae sententiae não tiver sido declarada, a
proibição também é suspensa todas as vezes que um
fiel peça um sacramento, um sacramental ou um ato
de poder de governo; esse pedido é, pois, lícito por
qualquer causa justa.

CAPÍTULO II DAS PENAS EXPIATÓRIAS CAPÍTULO II DAS PENAS EXPIATÓRIAS

Cân. 1336 – § 1. As penas expiatórias, que podem Cân. 1336 – § 1. As penas expiatórias que podem ser
atingir o delinquente perpetuamente, por tempo aplicadas a um delinquente perpetuamente ou por
determinado ou indeterminado, além de outras que um tempo definido ou indeterminado, além de
porventura a lei tiver estabelecido, são as seguintes: outras que a lei pode eventualmente estabelecer,
1º. proibição ou preceito de residir em determinado são aquelas mencionadas nos §§ 2-5:
lugar ou território; 2º. privação do poder, ofício,
cargo, direito, privilégio, faculdade, graça, título,
insígnias, mesmo meramente honoríficas;
3º. proibição de exercer as coisas referidas no n. 2,
ou proibição de as exercer em certo lugar ou fora de
certo lugar; tais proibições nunca são sob pena de
nulidade; 4º. transferência penal para outro ofício;
5º. demissão do estado clerical.
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§ 2. As penas expiatórias latae sententiae só podem § 2. Imposição:
ser as enumeradas no § 1, n. 3. 1º. para residir em um determinado lugar ou
território;
2º. para pagar uma multa pecuniária ou uma soma
monetária para as finalidades da Igreja, segundo os
regulamentos definidos pela Conferência Episcopal.

§ 3. Proibição:
1º. de residir em um determinado lugar ou
território;
2º. de exercer, em qualquer lugar ou em um
determinado lugar ou território ou fora deles, todos
ou alguns ofícios, encargos, ministérios ou funções,
ou somente algumas atividades inerentes aos ofícios
ou aos encargos;
3º. de realizar todos ou alguns atos do poder de
ordem;
4º. de realizar todos ou alguns atos do poder de
governo;
5º. de exercer qualquer direito ou privilégio, ou de
usar insígnias ou títulos;
6º. de gozar de voz ativa ou passiva nas eleições
canônicas e de participar com direito de voto nos
conselhos e nos colégios eclesiásticos;
7º. de usar o hábito eclesiástico ou religioso.

§ 4. Privação:
1º. de todos ou alguns ofícios, encargos, ministérios
ou funções, ou somente algumas atividades
inerentes aos ofícios ou aos encargos;
2º. da faculdade de ouvir as confissões ou pregar;
3º. do poder delegado de governo;
4º. de alguns direitos ou privilégios ou insígnias ou
títulos;
5º. de toda ou parte da remuneração eclesiástica,
segundo os regulamentos estabelecidos pela
Conferência Episcopal, salva a prescrição do cân.
1350, § 1.

§ 5. Demissão do estado clerical.

Cân. 1337 – § 1. A proibição de residir em certo lugar Cân. 1337 – § 1. A proibição de residir em um
ou território pode aplicar-se quer aos clérigos, quer determinado lugar ou território pode ser aplicada
aos religiosos; a fixação de residência, aos clérigos seja aos clérigos seja aos religiosos; a imposição de
seculares e, dentro dos limites das constituições, aos residir pode ser aplicada aos clérigos seculares e, nos
religiosos. limites das constituições, aos religiosos.
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§ 2. Para se aplicar a pena de fixação de residência § 2. Para cominar a imposição de residir em um
em certo lugar ou território, requer-se o determinado lugar ou território deve haver o
consentimento do Ordinário desse lugar, a não ser consentimento do Ordinário daquele lugar, a não ser
que se trate de casa destinada à penitência ou que se trate de uma casa destinada à penitência ou à
emenda também de clérigos extradiocesanos. correção dos clérigos, inclusive de fora da diocese.

Cân. 1338 – § 1. As privações e proibições referidas Cân. 1338 – § 1. As penas expiatórias, definidas no
no cân. 1336, § 1, n. 2 e 3, nunca afetam os poderes, cân. 1336, nunca atingem os poderes, ofícios,
ofícios, direitos, privilégios, faculdades, graças, encargos, direitos, privilégios, faculdades, graças,
títulos e insígnias que não estejam sob a alçada do títulos, insígnias que não estão sob o poder do
Superior que estabelece a pena. Superior que impõe a pena.
§ 2. Não se pode dar a privação do poder de ordem, § 2. Não se pode privar alguém do poder de ordem,
mas tão somente a de exercer essa ordem ou algum mas apenas proibir de exercê-la ou exercer alguns
dos seus atos; do mesmo modo, não se pode dar a de seus atos; do mesmo modo não se pode privar
privação dos graus acadêmicos. dos graus acadêmicos.
§ 3. Acerca das proibições mencionadas no cân. § 3. Para as proibições indicadas no cân. 1336, § 3,
1336, § 1, n. 3, observem-se as normas que, acerca deve-se observar a norma dada para as censuras
das censuras, se dão no cân. 1335. mencionada no cân. 1335, § 2.
§ 4. Somente as penas expiatórias estabelecidas
como proibições no cân. 1336, § 3 podem ser penas
latae sententiae ou outras que eventualmente estão
estabelecidas por lei ou preceito.
§ 5. As proibições mencionadas no cân. 1336, § 3
nunca estão sob pena de nulidade.

CAPÍTULO III DOS REMÉDIOS PENAIS E DAS CAPÍTULO III DOS REMÉDIOS PENAIS E PENITÊNCIAS
PENITÊNCIAS

Cân. 1339 – § 1. O Ordinário, por si mesmo ou por Cân. 1339 – § 1. O Ordinário, por si mesmo ou por
meio de outrem, pode admoestar aquele que se meio de outrem, pode admoestar aquele que se
encontrar em ocasião próxima de delinquir ou encontrar em ocasião próxima de delinquir ou
aquele sobre quem, depois de feita investigação, aquele sobre quem, depois de feita investigação,
incidir grave suspeita de ter cometido um delito. incidir grave suspeita de ter cometido um delito.
§ 2. Também pode repreender, de forma adequada § 2. O Ordinário pode repreender, de forma
às circunstâncias peculiares da pessoa ou do fato, adequada às circunstâncias peculiares da pessoa e
aquele cujo comportamento faz surgir escândalo ou do fato, aquele cujo comportamento faz surgir
grave perturbação da ordem. escândalo ou grave perturbação da ordem.
§ 3. Da admoestação ou da repreensão, deve § 3. Da admoestação ou da repreensão deve constar
constar sempre ao menos um documento, que se sempre ao menos um documento, que se conserve
guarde no arquivo secreto da cúria. no arquivo secreto da cúria.
§ 4. Se uma ou mais vezes foram feitas inutilmente
para alguém admoestações ou correções, ou se
nenhum efeito pode ser esperado delas, o Ordinário
dê um preceito penal, no qual se disponha
cuidadosamente o que se deva fazer ou evitar.
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§ 5. Se a gravidade do caso o exigir, e sobretudo no
caso em que alguém se encontre em perigo de
reincidir no delito, o Ordinário, mesmo além das
penas cominadas de acordo com o direito ou
declaradas por meio de sentença ou decreto, o
submeta a uma medida de vigilância determinada
mediante um decreto singular.

Cân. 1340 – § 1. A penitência, que se pode impor no Cân. 1340 – § 1. A penitência, que se pode impor no
foro externo, é a realização de alguma obra de foro externo, é a realização de alguma obra de
religião, piedade ou caridade. religião, piedade ou caridade.
§ 2. Nunca se imponha penitência pública por § 2. Nunca se imponha penitência pública por uma
transgressão oculta. transgressão oculta.
§ 3. O Ordinário, segundo a sua prudência, pode § 3. O Ordinário, segundo a sua prudência, pode
acrescentar penitências ao remédio penal de acrescentar penitências ao remédio penal de
admoestação ou repreensão. admoestação ou repreensão.

TÍTULO V TÍTULO V
DA APLICAÇÃO DAS PENAS DA APLICAÇÃO DAS PENAS

Cân. 1341 – O Ordinário somente cuide de promover Cân. 1341 – O Ordinário deve iniciar o procedimento
o processo judicial ou administrativo para aplicar ou judicial ou administrativo para cominar ou declarar
declarar penas, quando tiver verificado que nem a as penas, quando tiver constatado que nem por
correção fraterna, nem a repreensão ou outros meios ditados pela solicitude pastoral, sobretudo
meios da solicitude pastoral são sufi- cientes para com a correção fraterna, nem com a admoestação,
reparar o escândalo, restabelecer a justiça e nem com a repreensão, é possível obter
emendar o réu. suficientemente o restabelecimento da justiça, a
emenda do réu, a reparação do escândalo.

Cân. 1342 – § 1. Sempre que causas justas obstarem Cân. 1342 – § 1. Sempre que causas justas obstarem
a que se instaure o processo judicial, a pena pode a que se celebre um processo judicial, a pena pode
ser aplicada ou declarada por decreto extrajudicial; ser cominada ou declarada por decreto extrajudicial,
os remédios penais e as penitências podem aplicar- observado o cân. 1720, especialmente no que diz
se por decreto em todos os casos. respeito ao direito de defesa e à certeza moral no
espírito de quem emite o decreto, de acordo com o
cân. 1608. Em qualquer caso, os remédios penais e
as penitências podem ser aplicados por decreto.

§ 2. Não se podem aplicar ou declarar por decreto § 2. Não se pode cominar ou declarar penas
penas perpétuas, nem também as penas que a lei ou perpétuas por decreto, nem aquelas penas que a lei
o preceito que as cominar proíba que sejam aplica- ou o preceito que as constitui proíbe aplicar por
das por decreto. decreto.
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§ 3. O que na lei ou no decreto se diz do juiz, no § 3. O que na lei ou no preceito se diz a respeito do
concernente à aplicação ou declaração da pena em juiz, no concernente a cominar ou declarar a pena
juízo, refere-se igualmente ao Superior que, por em juízo, seja aplicado ao Superior, que por decreto
decreto extrajudicial, aplicar ou declarar uma pena, extrajudicial comine ou declare a pena, a menos que
a não ser que conste o contrário ou se trate de não conste o contrário ou se trate de prescrições
prescrições relativas somente ao modo de proceder. atinentes somente ao procedimento.

Cân. 1343 – Se a lei ou o preceito conferir ao juiz o Cân. 1343 – Se a lei ou o preceito concedem ao juiz a
poder de aplicar ou não a pena, ele pode também, faculdade de aplicar ou de não aplicar a pena, ele,
segundo a sua consciência e prudência, atenuar a salva a prescrição do cân. 1326, § 3, define a matéria
pena ou, em lugar dela, impor uma penitência. de acordo com a consciência e o seu prudente
critério, de acordo com o que exigem o
restabelecimento da justiça, a emenda do réu e a
reparação do escândalo; o juiz, no entanto, nesses
casos pode também, se necessário, atenuar a pena
ou impor, no lugar dela, uma penitência.

Cân. 1344 – Ainda que a lei empregue palavras Cân. 1344 – Mesmo que a lei use termos
preceptivas, o juiz, segundo a sua consciência e preceptivos, o juiz, de acordo com a consciência e
prudência, pode: seu prudente critério pode:
1º. diferir a aplicação da pena para momento mais 1º. diferir a cominação da pena para um tempo mais
oportuno, se previr que, da imediata punição do réu, oportuno, se por uma punição muito apressada se
seguir-se-ão maiores males; prevê que surgirão males maiores, a não ser que urja
a necessidade de reparar o escândalo;
2º. abster-se de aplicar a pena, aplicar uma pena 2º. abster-se de cominar a pena, ou cominar uma
mais suave ou empregar penitências, se o réu já se pena ou penitência mais branda, se o réu tiver se
tiver emendado e tiver reparado o escândalo, ou se emendado e reparado o escândalo e o dano
ele já tiver sido suficientemente punido pela eventualmente provocados, ou se já tenha sido
autoridade civil, ou se preveja que por essa última suficientemente punido pela autoridade civil ou se
venha a ser punido; preveja que será punido;
3º. suspender a obrigação de cumprir a pena 3º. suspender a obrigação de observar uma pena
expiatória, se o réu tiver delinquido pela primeira expiatória ao réu que cometeu delito pela primeira
vez depois de uma vida digna de louvor, e não vez, depois de ter vivido honrosamente e que não
houver urgência em reparar o escândalo, mas de tal urja a necessidade de reparar o escândalo, na
maneira que, se o réu de novo delinquir dentro do condição que, se o réu dentro de um tempo
prazo fixado pelo mesmo juiz, expie a pena devida determinado pelo mesmo juiz volte novamente a
pelos dois delitos, a não ser que tenha decorrido o delinquir, cumpra a pena devida para ambos os
prazo para a prescrição da ação penal pelo primeiro delitos, a não ser que nesse interim não tenha
delito. decorrido o tempo para a prescrição da ação penal
relativa ao primeiro delito.
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Cân. 1345 – Quando o delinquente só tiver o uso Cân. 1345 – Sempre que o delinquente ou tinha o
imperfeito da razão, ou tiver consumado o delito por uso imperfeito da razão ou cometeu o delito por
medo, necessidade, ímpeto da paixão, por necessidade, ou por medo grave ou por impulso da
embriaguez ou outra semelhante perturbação da paixão ou, salva a prescrição do cân. 1326, § 1, n. 4,
mente, o juiz pode abster-se de lhe aplicar qual- por embriaguez ou por outra perturbação
quer punição se julgar poder-se providenciar a sua semelhante da mente, o juiz também pode abster-se
emenda de outro modo mais adequado. de cominar qualquer punição, se considera que se
pode melhor prover de outro modo a sua emenda;
todavia, o réu deve ser punido se não for possível
prover o restabelecimento da justiça e a reparação
do escândalo eventualmente provocado.

Cân. 1346 – Quando o réu tiver perpetrado vários Cân. 1346 – § 1. Ordinariamente tantas são as penas
delitos, se o cúmulo de penas ferendae sententiae quanto os delitos.
parecer excessivo, deixa-se ao prudente critério do § 2. Mas sempre que o réu tenha cometido mais
juiz minorar as penas dentro de limites equitativos. delitos, se parecer excessivo o acúmulo de penas
ferendae sententiae, é deixado ao prudente arbítrio
do juiz moderar as penas dentro de limites
equitativos e submeter o réu à vigilância.

Cân. 1347 – § 1. Não se pode aplicar validamente Cân. 1347 – § 1. Não se pode cominar validamente
uma censura, sem que antes o réu tenha sido uma censura, sem que antes o réu tenha sido
admoestado ao menos uma vez, a fim de que admoestado ao menos uma vez, a fim de que desista
deponha a contumácia, dando-lhe o tempo da contumácia, concedendo-lhe o tempo
conveniente para se emendar. conveniente para se emendar.
§ 2. Deve considerar-se que depôs a contumácia o § 2. Deve considerar-se que desistiu da contumácia
réu que verdadeiramente se tiver arrependido do o réu que verdadeiramente tenha se arrependido do
delito e que, além disso, tiver dado a reparação delito e que, além disso, tenha dado a reparação
conveniente dos danos e do escândalo, ou ao menos conveniente dos danos e do escândalo, ou ao menos
tiver prometido seriamente fazê-lo. tenha prometido seriamente fazê-lo.

Cân. 1348 – Quando o réu for absolvido da acusação Cân. 1348 – Quando o réu for absolvido da acusação
ou não lhe for aplicada nenhuma pena, o Ordinário ou não lhe for aplicada nenhuma pena, o Ordinário
pode providenciar, meditas úteis a ele ou ao bem pode providenciar medidas úteis a ele ou ao bem
público, mediante advertências oportunas ou outras público, mediante advertências oportunas ou outras
formas de solicitude pastoral, e até se for formas de solicitude pastoral, e até se for
conveniente, por meio de remédios penais. conveniente, por meio de remédios penais.

Cân. 1349 – Se a pena for indeterminada e a lei não Cân. 1349 – Se a pena for indeterminada e a lei não
estabelecer outra coisa, o juiz não imponha penas estabelecer de outra forma, o juiz, ao determinar as
mais graves, especialmente censuras, a não ser que penas, escolha aquelas que sejam proporcionais ao
a gravidade do caso o exija absolutamente; não escândalo causado e à gravidade do dano; todavia,
pode, porém, aplicar penas perpétuas. não imponha penas mais graves, a menos que a
gravidade do caso o exija absolutamente; não pode,
porém, impor penas perpétuas.
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Cân. 1350 – § 1. Nas penas a se aplicar a um clérigo, Cân. 1350 – § 1. Ao cominar penas a um clérigo, é
sempre se deve cuidar que ele não venha a carecer necessário sempre tomar cuidado para que não lhe
do necessário para a sua honesta sustentação, a não falte o necessário para um honesto sustento, a não
ser que se trate da demissão do estado clerical. ser que se trate da demissão do estado clerical.
§ 2. No entanto, o Ordinário procure prover, do § 2. O Ordinário cuide para prover da melhor forma
melhor modo possível, àquele que foi demitido do possível a quem foi demitido do estado clerical e que
estado clerical e que, em razão da pena, fique em por causa da pena esteja verdadeiramente
verdadeira indigência. necessitado, exceto com a atribuição de ofícios,
ministérios e encargos.

Cân. 1351 – A pena obriga o réu em toda a parte, Cân. 1351 – A pena obriga o réu em todo lugar,
mesmo depois de ter terminado o direito de quem a mesmo quando cessa o direito daquele que a
cominou ou aplicou, a não ser que expressamente se constituiu, a cominou ou a declarou, a menos que
determine outra coisa. não se disponha expressamente outra coisa.

Cân. 1352 – § 1. Se a pena proibir a recepção dos Cân. 1352 – § 1. Se a pena proibir a recepção dos
sacramentos ou dos sacra- mentais, a proibição sacramentos ou dos sacramentais, a proibição é
suspende-se enquanto o réu se encontrar em perigo suspensa enquanto o réu está em perigo de morte.
de morte.
§ 2. A obrigação de observar a pena latae
sententiae, que não tiver sido declarada nem seja § 2. A obrigação de observar a pena latae
notória no lugar em que o delinquente se encontra, sententiae, que não tiver sido declarada nem seja
suspende- -se, total ou parcialmente, na medida em notória no lugar em que o delinquente se encontra,
que o réu não a possa observar sem perigo de grave suspende-se, total ou parcialmente, na medida em
escândalo ou infâmia. que o réu não a possa observar sem perigo de grave
escândalo ou infâmia.
Cân. 1353 – Tem efeito suspensivo a apelação ou o
recurso das sentenças judiciais ou dos decretos que Cân. 1353 – O apelo ou o recurso contra as
apliquem ou declarem qualquer pena. sentenças judiciais, ou os decretos que cominam ou
declaram uma pena qualquer, tem efeito
suspensivo.

TÍTULO VI TÍTULO VI
DA CESSAÇÃO DAS PENAS DA REMISSÃO DAS PENAS E DAS PRESCRIÇÕES DAS
AÇÕES

Cân. 1354 – § 1. Além dos que são mencionados nos Cân. 1354 – § 1. Além dos que são mencionados nos
cân. 1355-1356, todos os que podem dispensar da cân. 1355-1356, todos os que podem dispensar da
lei sancionada com pena ou eximir do preceito que lei sancionada com pena ou eximir do preceito que
cominou a pena podem também remitir a mesma comina a pena podem também remir a mesma pena.
pena.

§ 2. Além disso, a lei ou o preceito que constituem a § 2. A lei ou o preceito que constituem a pena
pena pode também con- ceder a outros a faculdade podem também conceder a outros a faculdade de os
de a remitir. remir.
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§ 3. Se a Sé Apostólica reservar a si ou a outrem a § 3. Se a Sé Apostólica reservou a si ou a outros a
remissão da pena, tal reserva é de interpretação remissão da pena, a reserva deve ser interpretada
restrita. de forma estrita.

Cân. 1355 – § 1. Podem remitir a pena constituída Cân. 1355 – § 1. Podem remir a pena constituída por
por lei, que tenha sido aplicada ou declarada, lei, que tenha sido cominada ou declarada, contanto
contanto que não esteja reservada à Sé Apostólica: que não esteja reservada à Sé Apostólica:
1º. o Ordinário que promoveu o julgamento para 1º. o Ordinário que promoveu o julgamento para
aplicar ou declarar a pena ou ainda por decreto a cominar ou declarar a pena, ou a cominou ou a
aplicou ou declarou por si mesmo ou por meio de declarou por decreto por si mesmo ou por meio de
outrem; outros;
2º. o Ordinário do lugar em que o delinquente se 2º. o Ordinário do lugar em que o delinquente se
encontra, consultado o Ordinário referido no n. 1, a encontra, porém depois de ter consultado o
não ser que tal seja impossível em razão de Ordinário referido no n. 1, a menos que por
circunstâncias extraordinárias. circunstâncias extraordinárias isso seja impossível.
§ 2. A pena latae sententiae estabelecida por lei e § 2º. Podem remir a pena estabelecida por lei, se for
ainda não declarada, se não estiver reservada à Sé uma pena latae sententiae ainda não declarada e
Apostólica, pode o Ordinário remiti-la aos seus desde que não seja reservada à Sé Apostólica:
súbditos e àqueles que se encontram no seu 1º. o Ordinário aos próprios súditos;
território ou ali delinquiram, e ainda qual- quer 2º. o Ordinário do lugar também àqueles que estão
Bispo, mas somente no ato da confissão em seu território ou cometeram ali o delito;
sacramental. 3º. qualquer Bispo, mas no ato da confissão
sacramental.

Cân. 1356 – § 1. Podem remitir a pena ferendae ou Cân. 1356 – § 1. Podem remir uma pena ferendae
latae sententiae constituída por preceito que não sententiae ou latae sententiae estabelecida por um
tenha sido dado pela Sé Apostólica: preceito que não tenha sido dado pela Sé
Apostólica:
1º. o Ordinário do lugar em que o delinquente se 1º. o autor do preceito;
encontra;
2º. se a pena tiver sido aplicada ou declarada, 2º. o Ordinário que promoveu o julgamento para
também o Ordinário que promoveu o julgamento cominar ou declarar a pena, ou a cominou ou a
para aplicar ou declarar a pena, ou a aplicou ou declarou por decreto por si mesmo ou por meio de
declarou por si mesmo ou por meio de outrem. outros;
3º. o Ordinário do lugar em que se encontra o
delinquente.
§ 2. A não ser que tal seja impossível por § 2. Antes de proceder à remissão, deve ser
circunstâncias extraordinárias, antes de se conceder consultado o autor do preceito, a menos que isso
a remissão deve ser consultado o autor do preceito. seja impossível devido às circunstâncias
extraordinárias, ou quem cominou ou declarou a
pena.
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Cân. 1357 – § 1. Sem prejuízo dos cân. 508 e 976, Cân. 1357 – § 1. Restando firmes as disposições dos
pode o confessor, no foro interno sacramental, cân. 508 e 976, pode o confessor, no foro interno
remitir a censura latae sententiae de excomunhão sacramental, remir a censura latae sententiae de
ou interdito que não tenha sido declarada, se for excomunhão ou interdito, não declarada, se for duro
duro ao penitente permanecer em estado de pecado ao penitente permanecer em estado de pecado
grave até que o Superior competente providencie. grave até que o Superior competente providencie.
§ 2. Ao conceder a remissão, o confessor imponha § 2. Ao conceder a remissão, o confessor imponha
ao penitente a obrigação de recorrer dentro de um ao penitente a obrigação de recorrer dentro de um
mês, sob pena de reincidência, ao Superior mês, sob pena de reincidir na censura, ao Superior
competente ou a um confessor dotado de tal competente ou a um sacerdote dotado dessa
faculdade, e de sujeitar-se às suas ordens; faculdade, e de sujeitar-se às suas ordens;
entretanto, imponha a penitência conveniente e, na entretanto, imponha a penitência conveniente e, na
medida em que tal seja urgente, a reparação do medida em que ela seja urgente, a reparação do
escândalo e do dano; o recurso pode fazer-se escândalo e do dano; o recurso pode fazer-se
também por meio do confessor, sem menção do também por meio do confessor, sem fazer menção
nome. do nome do penitente.
§ 3. Têm igual obrigação de recorrer, depois de se § 3. Têm igual obrigação de recorrer, depois de se
restabelecerem, aqueles a quem, nos termos do cân. restabelecerem, aqueles a quem, nos termos do cân.
976, for remitida uma censura aplicada ou declara- 976, for remida uma censura cominada ou
da, ou reservada à Se Apostólica. declarada, ou reservada à Se Apostólica.

Cân. 1358 – § 1. Não se pode dar a remissão da Cân. 1358 – § 1. Não se pode dar a remissão da
censura senão ao delinquente que tenha deposto a censura senão ao delinquente que tenha desistido
contumácia, nos termos do cân. 1347, § 2; ao que a da contumácia, nos termos do cân. 1347, § 2; a
depuser não lhe pode ser negada a remissão. quem desistiu não se pode negar a remissão, salva a
disposição do cân. 1361, § 4.
§ 2. Quem remitir uma censura pode providenciar, § 2. Quem remir uma censura pode providenciar,
nos termos do cân. 1348, ou também impor uma nos termos do cân. 1348, ou também impor uma
penitência. penitência.

Cân. 1359 – Se alguém estiver sujeito a diversas Cân. 1359 – Se alguém está vinculado a mais de uma
penas, a remissão vale só para as penas nela pena, a remissão vale somente para as penas nela
expressas; porém a remissão geral apaga todas as expressas; porém, a remissão geral remove todas as
penas, com exceção das que o réu com má-fé penas, com exceção das que o delinquente com má-
ocultou na petição. fé ocultou na petição.

Cân. 1360 – É inválida a remissão da pena Cân. 1360 – É inválida, pelo próprio direito, a
extorquida por medo grave. remissão da pena extorquida por meio da força, ou
de temor grave, ou por dolo.

Cân. 1361 – § 1. A remissão pode dar-se mesmo ao Cân. 1361 – § 1. A remissão pode também ser dada a
ausente ou sob condição. uma pessoa ausente, ou sob condição.
§ 2. A remissão no foro externo dê-se por escrito, a § 2. A remissão no foro externo seja dada por
não ser que uma causa grave aconselhe outra coisa. escrito, a não ser que uma causa grave sugira outra
coisa.
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§ 3. Haja o cuidado de que não se divulgue o pedido § 3. Não se divulgue o pedido de remissão ou a
de remissão ou a própria remissão, a não ser na própria remissão, a não ser na medida em que isso
medida em que isso seja útil para defender a fama seja útil para defender a fama do réu, ou necessário
do réu ou necessário para reparar o escândalo. para reparar o escândalo.
§ 4. Não se deve dar a remissão até que, de acordo
com o prudente juízo do Ordinário, o réu não tenha
reparado o dano eventualmente causado; pode ser
instado a tal reparação ou restituição por meio de
uma das penas previstas no cân. 1336, §§ 2-4, isso
também vale quando lhe é remida a censura, de
acordo com o cân. 1358, § 1.

Cân. 1362 – § 1. A ação criminal extingue-se por Cân. 1362 - § 1. A ação criminal extingue-se por
prescrição ao fim de três anos, a não ser que se prescrição em três anos, a não ser que se trate:
trate:
1º. de delitos reservados à Congregação para a 1º. de delitos reservados à Congregação para a
Doutrina da Fé; Doutrina da Fé, que estão sujeitos a normas
especiais;
2º. de ação pelos delitos referidos nos cân. 1394, 2º. restando firme a disposição do n. 1, da ação
1395, 1397 e 1398 que prescrevem ao fim de cinco pelos delitos referidos nos cân. 1376, 1377, 1378,
anos; 1393, § 1, 1394, 1395, 1397, 1398, § 2, que se
prescreve em sete anos, ou da ação pelos delitos
estabelecidos no cân. 1398, § 1, que se prescreve
em vinte anos;

3º. de delitos não punidos pelo direito comum, se a 3º. de delitos não punidos pelo direito universal, se a
lei particular estabelecer outro prazo para a lei particular tenha estabelecido um outro limite de
prescrição. tempo para a prescrição.
§ 2. A prescrição decorre desde o dia em que o § 2. A prescrição, a não ser que a lei estabeleça
delito foi perpetrado ou, se o delito for permanente outra coisa, decorre a partir do dia em que foi
ou habitual, desde o dia em que tiver cessado. cometido o delito ou, se o delito é permanente ou
habitual, do dia em que cessou.
§ 3. Citado o réu de acordo com o cân. 1723 ou
informado na forma prevista pelo cân. 1507, § 3, da
apresentação, de acordo com o cân. 1721, § 1, do
libelo de acusação, suspende-se a prescrição da ação
criminal por três anos; transcorrido esse prazo ou
interrompida a suspensão, por causa da cessação do
processo penal, novamente decorre o tempo, que se
acrescenta àquele já decorrido para a prescrição. A
mesma suspensão igualmente vigora se, observado
o cân. 1720, n. 1, procede-se para aplicar ou declarar
a pena por decreto extrajudicial.
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Cân. 1363 – § 1. Se dentro dos prazos estabelecidos Cân. 1363 – § 1. Se dentro dos prazos estabelecidos
no cân. 1362, contados a partir do dia em que a no cân. 1362, contados a partir do dia em que a
sentença condenatória transitou em julgado, não for sentença condenatória transitou em julgado, não for
notificado ao réu o decreto executório do juiz, a que notificado ao réu o decreto executivo do juiz, a que
se refere o cân. 1651, a ação para execução da pena se refere o cân. 1651, a ação para execução da pena
extingue-se por prescrição. extingue-se por prescrição.
§ 2. O mesmo se diga, com as devidas adaptações, § 2. O mesmo vale, observadas as disposições do
caso a pena tenha sido aplicada por decreto direito, caso a pena tenha sido aplicada por decreto
extrajudicial. extrajudicial.

PARTE II PARTE II
DAS PENAS CONTRA CADA UM DOS DELITOS DE CADA UM DOS DELITOS E DAS PENAS
CONSTITUÍDAS PARA ELES

TÍTULO I TÍTULO I
DOS DELITOS CONTRA A RELIGIÃO E A UNIDADE DA DOS DELITOS CONTRA A FÉ E A UNIDADE DA IGREJA
IGREJA

Cân. 1364 – § 1. Sem prejuízo do cân. 194, § 1, n. 2, Cân. 1364 – § 1. O apóstata, o herege ou o cismático
o apóstata da fé, o herege e o cismático incorrem incorrem na excomunhão latae sententiae, restando
em excomunhão latae sententiae; o clérigo pode firmes prescrição do cân. 194, § 1º, n. 2; além disso,
ainda ser punido com as penas referidas no cân. podem ser punidos com as penas mencionadas no
1336, § 1, n. l, 2 e 3. cân. 1336, §§ 2-4.
§ 2. Se o exigir a contumácia prolongada ou a § 2. Se o exigir a prolongada contumácia ou a
gravidade do escândalo, podem acrescentar-se gravidade do escândalo, podem ser acrescentadas
outras penas, sem excetuar a demissão do estado outras penas, não excluída a demissão do estado
clerical. clerical.

Cân. 1365 – O réu de comunicação in sacris proibida Cân. 1365 – Quem, fora do caso mencionado no cân.
seja punido com uma pena justa. 1364, § 1, ensina uma doutrina condenada pelo
Romano Pontífice ou por um Concílio Ecumênico, ou
rejeita pertinazmente a doutrina prescrita no cân.
750, § 2, ou no cân. 752, e, admoestado pela Sé
Apostólica ou pelo Ordinário, não se retrata, seja
punido com uma censura e a privação do ofício; a
essas sanções podem ser acrescentadas outras
mencionadas no cân. 1336, §§ 2-4.

Cân. 1366 – Os pais, ou quem faz as suas vezes, que Cân. 1366 – Quem contra um ato do Romano
entregam os filhos para serem batizados ou Pontífice recorre ao Concílio Ecumênico ou ao
educados em uma religião acatólica, sejam punidos Colégio dos Bispos seja punido com uma censura.
com uma censura ou outra pena justa.
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Cân. 1367 – Quem jogar fora as espécies Cân. 1367 – Os genitores ou aqueles que fazem suas
consagradas ou as subtrair ou retiver para fim vezes, que levam os filhos para batizar ou educar em
sacrílego incorre em excomunhão latae sententiae uma religião acatólica, sejam punidos com uma
reservada à Sé Apostólica; o clérigo pode ainda ser censura ou com outra justa pena.
punido com outra pena, sem excluir a demissão do
estado clerical.

Cân. 1368 – Se alguém cometer perjúrio, ao afirmar Cân. 1368 – Quem em espetáculo ou em reunião
ou prometer alguma coisa perante a autoridade pública ou em escrito publicamente divulgado, ou de
eclesiástica, seja punido com pena justa. outra forma se servindo dos meios de comunicação
social, profere blasfêmia, ou ofende gravemente os
bons costumes, ou profere injúrias, ou incita ao ódio
ou ao desprezo contra a religião ou a Igreja, seja
punido com uma justa pena.

Cân. 1369 – Quem, em espetáculo ou reunião Cân. 1369 – Quem profanar uma coisa sagrada,
pública, ou por escrito divulgado publicamente, ou móvel ou imóvel, deve ser punido com uma pena
utilizando por outra forma os meios de comunicação justa.
social, proferir uma blasfêmia, ou lesar gravemente
os bons costumes, ou proferir injúrias ou excitar o
ódio ou o desprezo contra a religião ou a Igreja, seja
punido com pena justa.

TÍTULO II TÍTULO II
DOS DELITOS CONTRA AS AUTORIDADES DOS DELITOS CONTRA AS AUTORIDADES
ECLESIÁSTICAS E CONTRA A LIBERDADE DA IGREJA ECLESIÁSTICAS E O EXERCÍCIO DOS ENCARGOS

Cân. 1370 – § 1. Quem usar de violência física contra Cân. 1370 – § 1. Quem usa de violência física contra
o Romano Pontífice incorre em excomunhão latae o Romano Pontífice incorre na excomunhão latae
sententiae reservada à Sé Apostólica; se o sententiae reservada à Sé Apostólica, à qual se for
delinquente for clérigo, pode acrescentar-se outra clérigo, pode acrescentar-se outra pena segundo a
pena segundo a gravidade do delito, sem excluir a gravidade do delito, não excluída a demissão do
demissão do estado clerical. estado clerical.

§ 2. Quem fizer o mesmo contra aquele que tem § 2. Quem fizer o mesmo contra um Bispo, incorre
caráter episcopal, incorre em interdito latae em interdito latae sententiae e, se for clérigo,
sententiae e, se for clérigo, também em suspensão também na suspensão latae sententiae.
latae sententiae.
§ 3. Quem usar de violência física contra um clérigo § 3. Quem usa de violência física contra um clérigo
ou religioso, por menos- prezo da fé ou da Igreja ou ou religioso, ou contra outro fiel, por desprezo da fé,
do poder eclesiástico ou do ministério, seja punido da Igreja, do poder eclesiástico ou do ministério, seja
com pena justa. punido com uma justa pena.
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Cân. 1371 – Seja punido com pena justa: Cân. 1371 – § 1. Quem não obedece à Sé Apostólica,
1º. quem, fora do caso previsto no cân. 1364, § 1, ao Ordinário ou ao Superior que legitimamente o
ensinar uma doutrina condenada pelo Romano comanda ou o proíbe, e depois da admoestação
Pontífice ou pelo Concílio Ecumênico ou rejeitar com persiste na sua desobediência, seja punido, de
pertinácia a doutrina referida no cân. 750, § 2 ou no acordo com a gravidade do caso com uma censura
cân. 752, e, admoestado pela Sé Apostólica ou pelo ou a privação do ofício, ou outras penas das
Ordinário, não se retratar; mencionadas no cân. 1336, §§ 2-4.
2º. quem, por outra forma, não obedecer à Sé § 2. Quem viola as obrigações impostas por uma
Apostólica, ao Ordinário ou ao Superior quando pena, seja punido com as penas mencionadas no
legitimamente mandam ou proíbem alguma coisa e, cân. 1336, §§ 2-4.
depois de avisado, persistir na desobediência.
§ 3. Se alguém, afirmando ou prometendo algo
diante da autoridade eclesiástica, comete perjúrio,
seja punido com uma justa pena.
§ 4. Quem viola a obrigação de conservar o segredo
pontifício seja punido com penas mencionadas no
cân. 1336, §§ 2-4.
§ 5. Quem não observou o dever de cumprir uma
sentença executiva, ou o decreto penal executivo,
seja punido com uma justa pena, não excluída uma
censura.
§ 6. Quem omite a comunicação da notícia de um
delito, a que está obrigado por lei canônica, seja
punido conforme o cân. 1336, §§ 2-4, com o
acréscimo de outras penas de acordo com a
gravidade do delito.

Cân. 1372 – Quem recorrer ao Concílio Ecumênico Cân. 1372 – Sejam punidos de acordo com o cân.
ou ao colégio dos Bispos contra um ato do Romano 1336, §§ 2-4:
Pontífice seja punido com uma censura. 1º. aqueles que impedem a liberdade do ministério,
ou o exercício do poder eclesiástico, ou o uso
legítimo das coisas sagradas ou de outros bens
eclesiásticos, ou aterrorizam quem exerceu um
poder ou um ministério eclesiástico;
2º. aqueles que impedem a liberdade da eleição ou
aterrorizam o eleitor ou o eleito.

Cân. 1373 – Quem publicamente excitar aversão ou Cân. 1373 – Quem publicamente suscita rivalidade e
ódios dos súbditos contra a Sé Apostólica ou contra ódio contra a Sé Apostólica ou o Ordinário por um
o Ordinário por causa de algum ato do poder ou do ato de ofício ou de função eclesiástica, ou incita a
ministério eclesiástico, ou provocar os súbditos à desobedecê-los, seja punido com o interdito ou
desobediência a eles, seja punido com o interdito ou outras justas penas.
outras penas justas.
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Cân. 1374 – Quem der o nome a uma associação, Cân. 1374 – Quem se inscreve em uma associação
que maquine contra a Igreja, seja punido com pena que conspira contra a Igreja, seja punido com uma
justa; quem promover ou dirigir tal associação seja justa pena; quem promove ou dirige essa associação
punido com interdito. seja punido com o interdito.

Cân. 1375 – Quem impedir a liberdade do ministério, Cân. 1375 – § 1. Quem usurpa um ofício eclesiástico
da eleição ou do poder eclesiástico, ou o uso seja punido com uma justa pena.
legítimo dos bens sagrados e de outros bens § 2. É equiparado à usurpação o conservar
eclesiásticos, ou aterrorizar seja o eleitor, seja o ilegitimamente o encargo, após a privação ou
eleito ou ainda aquele que exerceu o poder ou o cessação.
ministério eclesiástico, pode ser punido com pena
justa.

Cân. 1376 – Quem profanar uma coisa sagrada, Cân. 1376 – § 1. Seja punido com as penas
móvel ou imóvel, seja punido com pena justa. mencionadas no cân. 1336, §§ 2-4, restando firme a
obrigação de reparar o dano:
1º. quem subtrai bens eclesiásticos ou impede que
seus frutos sejam percebidos;
2º. quem, sem a consulta prescrita, consenso ou
licença, ou sem outro requisito imposto pelo direito
para a validade ou a liceidade, aliena bens
eclesiásticos ou executa sobre esses um ato de
administração.
§ 2. Seja punido com justa pena, não excluída a
privação do ofício, restando firme a obrigação de
reparar o dano:
1º. quem, por própria culpa grave, comete o delito
referido no § 1, n. 2;
2º. quem, de outra forma, é reconhecido
gravemente negligente na administração dos bens
eclesiásticos.

Cân. 1377 – Quem, sem a licença requerida, alienar Cân. 1377 – § 1. Quem doa ou promete alguma coisa
bens eclesiásticos, seja punido com pena justa. para obter uma ação ou uma omissão ilegal de quem
exerce um ofício ou um encargo na Igreja seja
punido com uma justa pena de acordo com cân.
1336, §§ 2-4; do mesmo modo, quem aceita os dons
ou as promessas seja punido proporcionalmente de
acordo com a gravidade do delito, não excluída a
privação do ofício, restando firme a obrigação de
reparar o dano.
§ 2. Quem, no exercício de um ofício ou de um
encargo, requer uma oferta maior do que as somas
estabelecidas ou quantias adicionais, ou algo para
seu próprio benefício, seja punido com multa
pecuniária adequada ou com outras penas, não
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excluída a privação do ofício, restando firme a
TÍTULO III obrigação de reparar o dano.
DA USURPAÇÃO DAS FUNÇÕES ECLESIÁSTICAS E
DOS DELITOS NO SEU EXERCÍCIO

Cân. 1378 – § 1. O sacerdote que agir contra a Cân 1378 – § 1. Quem, além dos casos já previstos
prescrição do cân. 977 incorre em excomunhão latae pelo direito, abusa do poder eclesiástico, do ofício
sententiae reservada à Sé Apostólica. ou do encargo, seja punido de acordo com a
gravidade do ato ou da omissão, não excluída a
privação do ofício ou do encargo, restando firme a
obrigação de reparar o dano.
§ 2. Incorre na pena latae sententiae de interdito ou, § 2. Quem, por negligência culposa, executa ou
se for clérigo, de suspensão: omite ilegitimamente, com prejuízo a terceiros ou
1º. quem, não tendo sido promovido à Ordem escândalo, um ato de poder eclesiástico, de ofício ou
sacerdotal, atenta realizar a ação litúrgica do de encargo, seja punido com justa pena de acordo
Sacrifício eucarístico; com o cân. 1336, §§ 2-4, restando firme a obrigação
2º. quem, fora do caso referido no § 1, não podendo de reparar o dano.
dar validamente a absolvição sacramental, atenta
dá-la ou ouve uma confissão sacramental.
§ 3. Nos casos referidos no § 2, conforme a
gravidade do delito, podem acrescentar-se outras
penas, sem excluir a excomunhão.
TÍTULO III
DOS DELITOS CONTRA OS SACRAMENTOS

Cân. 1379 – Quem, fora dos casos referidos no cân. Cân. 1379 – § 1. Incorre na pena latae sententiae de
1378, simular administrar um sacramento, seja interdito ou, se for clérigo, de suspensão:
punido com pena justa. 1º. quem, não tendo sido promovido à Ordem
sacerdotal, atenta realizar a ação litúrgica do
Sacrifício eucarístico;
2º. quem, fora do caso referido no cân. 1384, não
podendo dar validamente a absolvição sacramental,
atenta dá-la ou escuta a confissão sacramental.
§ 2. Nos casos referidos no § 1, conforme a
gravidade do delito, podem ser acrescentadas outras
penas, não excluída a excomunhão
§ 3. Seja aquele que atentou conferir a ordem
sagrada a uma mulher, como a uma mulher que
atentou receber a ordem sagrada, incorre na
excomunhão latae sententiae reservada à Sé
Apostólica; além disso o clérigo pode ser punido
com a demissão do estado clerical.
§ 4. Quem deliberadamente administra um
sacramento àquele que está proibido de recebê-lo
seja punido com a suspensão, a qual podem ser
acrescentadas outras penas mencionadas no cân.
1336, §§ 2-4.
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§ 5. Quem, além dos casos mencionados nos §§ 1-4
e no cân. 1384, simula a administração de um
sacramento, seja punido com justa pena.

Cân. 1380 – Quem por simonia celebrar ou receber Cân. 1380 – Quem por simonia celebra ou recebe
um sacramento, seja punido com interdito ou um sacramento seja punido com a interdição ou a
suspensão. suspensão, ou com as penas mencionadas no cân.
1336, §§ 2-4.

Cân. 1381 – § 1. Quem usurpar um ofício Cân. 1381 – O réu de communicatio in sacris
eclesiástico, seja punido com pena justa. proibida seja punido com uma justa pena.
§ 2. Equipara-se à usurpação a retenção ilegítima do
cargo, depois de sua privação ou cessação.

Cân. 1382 – O Bispo que, sem mandato pontifício, Cân. 1382 – § 1. Quem profana as espécies
conferir a alguém a consagração episcopal, e consagradas, ou as carrega ou as conserva para fim
também o que dele receber a consagração, incorrem sacrílego, incorre na excomunhão latae sententiae
em excomunhão latae sententiae reservada à Sé reservada à Sé Apostólica; o clérigo também pode
Apostólica. ser punido com outra pena, não excluída a demissão
do estado clerical.
§ 2. O réu de consagração com fim sacrílego de uma
só matéria ou de ambas na celebração eucarística,
ou fora dela, seja punido proporcionalmente de
acordo com a gravidade do delito, não excluída a
demissão do estado clerical.

Cân. 1383 – O Bispo que, contra a prescrição do cân. Cân. 1383 – Quem obtém ilegitimamente lucro com
1015, ordenar um súdito alheio sem cartas o estipêndio da Missa seja punido com uma censura
dimissórias legítimas, fica proibido de conferir a ou outras penas mencionadas no cân. 1336, §§ 2-4.
Ordem durante um ano. O que recebeu a ordenação
fica, pelo mesmo fato, suspenso de exercer a Ordem
recebida.

Cân. 1384 – Quem, fora dos casos referidos nos cân. Cân. 1384 – O sacerdote que age contra a prescrição
1378-1383, exercer ile- gitimamente o múnus do cân. 977 incorre em excomunhão latae
sacerdotal ou outro ministério sagrado, pode ser sententiae reservada à Sé Apostólica.
punido com pena justa.

Cân. 1385 – Quem fizer ilegitimamente negócio com Cân. 1385 – O sacerdote que, no ato ou por ocasião
estipêndios de Missas, seja punido com uma censura ou a pretexto de confissão, solicita o penitente a
ou outra pena justa. pecado contra o sexto mandamento do Decálogo,
seja punido, segundo a gravidade do delito, com
suspensão, proibições ou privações e, nos casos mais
graves, seja demitido do estado clerical.
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Cân. 1386 – Quem der ou prometer o que quer que Cân. 1386 – § 1. O confessor que violar diretamente
seja para que alguém que exerce algum cargo na o sigilo sacramental incorre em excomunhão latae
Igreja, faça ou omita ilegitimamente alguma coisa, sententiae, reservada à Sé Apostólica; o que o violar
seja punido com pena justa; o mesmo se diga de apenas indiretamente seja punido segundo a
quem aceita essas dádivas ou promessas. gravidade do delito.
§ 2. O intérprete e os outros referidos no cân. 983, §
2 que violam o segredo, sejam punidos com justa
pena, não excluída a excomunhão.
§ 3. Restando firme o disposto nos §§ 1 e 2, quem
com qualquer meio técnico registra ou divulga com
malícia, através dos meios de comunicação social, as
coisas ditas pelo confessor ou pelo penitente na
confissão sacramental, verdadeira ou simulada, seja
punido de acordo com a gravidade do crime, não
excluída, se for um clérigo, a demissão do estado
clerical.

Cân. 1387 – O sacerdote que, no ato ou por ocasião Cân. 1387 – O Bispo que sem mandato pontifício
ou a pretexto de confissão, solicita o penitente a consagra algum Bispo e aquele que recebe dele a
pecado contra o sexto mandamento do Decálogo, consagração incorrem na excomunhão latae
seja punido, segundo a gravidade do delito, com sententiae reservada à Sé Apostólica.
suspensão, proibições ou privações e, nos casos
mais graves, seja demitido do estado clerical.

Cân. 1388 – § 1. O confessor que violar diretamente Cân. 1388 – § 1. O Bispo que, contra a disposição do
o sigilo sacramental incorre em excomunhão latae cân. 1015 tenha ordenado um súdito de outros sem
sententiae, reservada à Sé Apostólica; o que o violar as legítimas cartas dimissórias, incorre na proibição
apenas indiretamente seja punido segundo a de ordenar por um ano. Quem recebeu a ordenação
gravidade do delito. está ipso facto suspenso da ordem recebida.
§ 2. O intérprete e os outros referidos no cân. 983, § § 2. Quem acede às ordens sagradas atingido por
2, que violarem o segredo, sejam punidos com pena alguma censura ou irregularidade voluntariamente
justa, sem excetuar a excomunhão. ocultada, além do que está estabelecido pelo cân.
1044, § 2, n. 1, está ipso facto suspenso da ordem
recebida.

Cân. 1389 – § 1. Quem abusar do poder eclesiástico Cân. 1389 – Quem, além dos casos mencionados nos
ou do cargo seja punido segundo a gravidade do ato cân. 1379-1388, exerce ilegitimamente uma função
ou da omissão, sem excluir a privação do ofício, a sacerdotal ou outro ministério sagrado, seja punido
não ser que por lei ou preceito já esteja cominada com justa pena, não excluída uma censura.
uma pena contra tal abuso.

§ 2. Quem, por negligência culpável, realizar ou


omitir ilegitimamente, com dano alheio, um ato de
poder eclesiástico, ou de ministério, ou do seu cargo
seja punido com pena justa.
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TÍTULO IV TÍTULO IV
DO CRIME DE FALSIDADE DOS DELITOS CONTRA A BOA FAMA E DO DELITO
DE FALSIDADE

Cân. 1390 – § 1. Quem denunciar falsamente um Cân. 1390 – § 1. Quem falsamente denuncia ao
confessor perante o Superior eclesiástico do delito Superior eclesiástico um confessor pelo delito
referido no cân. 1387, incorre em interdito latae mencionado no cân. 1385 incorre no interdito latae
sententiae e, se for clérigo, também em suspensão. sententiae; e, se for clérigo, também na suspensão.
§ 2. Quem apresentar ao Superior eclesiástico outra § 2. Quem apresenta ao Superior eclesiástico uma
denúncia caluniosa de delito, ou por outra forma outra denúncia caluniosa por um delito, ou fere
lesar a boa fama alheia, pode ser punido com pena ilegitimamente de outro modo a boa fama de
justa, sem excluir uma censura. alguém, seja punido com uma justa pena de acordo
com cân. 1336, §§ 2-4, à qual ainda pode ser
acrescentada uma censura.
§ 3. O caluniador pode ainda ser compelido a dar a § 3. O caluniador deve também ser obrigado a dar
satisfação conveniente. uma adequada satisfação.

Cân. 1391 – Pode ser punido com pena justa em Cân. 1391 – Pode ser punido com justa pena em
conformidade com a gravidade do delito: conformidade com a gravidade do delito:
1o. quem fabricar um documento eclesiástico 1º. quem fabricar um documento eclesiástico
público falso, viciar, destruir ou ocultar um público falso, viciar, destruir ou ocultar um
documento verdadeiro, ou ainda utilizar um documento verdadeiro, ou ainda utilizar um
documento falso ou viciado; documento falso ou viciado;
2o. quem utilizar em assunto eclesiástico outro 2º. quem utilizar em assunto eclesiástico outro
documento falso ou viciado; 3o. quem afirmar documento falso ou viciado;
alguma falsidade em documento eclesiástico 3º. quem afirmar alguma falsidade em documento
público. eclesiástico público.

TÍTULO V TÍTULO V
DOS DELITOS CONTRA OBRIGAÇÕES ESPECIAIS DOS DELITOS CONTRA OBRIGAÇÕES ESPECIAIS

Cân. 1392 – Os clérigos ou os religiosos que Cân. 1392 – O clérigo que abandona
exercerem comércio ou negociação contra as voluntariamente e ilegitimamente o ministério
prescrições dos cânones sejam punidos segundo a sagrado por seis meses contínuos, com a intenção
gravidade do delito. de subtrair-se à autoridade competente da Igreja,
seja punido proporcionalmente de acordo com a
gravidade do delito, com a suspensão ou também
com as penas mencionadas no cân. 1336, §§ 2-4, e
nos casos mais graves pode ser demitido do estado
clerical.

Cân. 1393 – Quem violar as obrigações que lhe Cân. 1393 – § 1. O clérigo ou o religioso que exerce o
tiverem sido impostas, por motivo de pena, pode ser comércio ou negócios contra as prescrições dos
punido com pena justa. cânones seja punido de acordo com a gravidade do
delito com as penas mencionadas no cân. 1336, §§
2-4.
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§ 2. O clérigo ou o religioso que, além dos casos já
previstos pelo direito, comete um delito de matéria
econômica, ou viola gravemente as prescrições
contidas no cân. 285, § 4, seja punido com as penas
mencionadas no cân. 1336, §§ 2-4, restando firme a
obrigação de reparar o dano.

Cân. 1394 – § 1. Sem prejuízo do prescrito no cân. Cân. 1394 – § 1. O clérigo que tenta o matrimônio,
194, § 1, n. 3, o clérigo que atentar Matrimônio, mesmo só civilmente, incorre na suspensão latae
mesmo só civilmente, incorre em suspensão latae sententiae, restando firme o prescrito no cân. 194, §
sententiae; e, se admoestado, não se emendar e 1, n. 3, e 694, § 1, n. 2; e, se admoestado, não se
continue a dar escândalo, pode ser punido gradu- emendar ou continuar a dar escândalo, deve ser
almente com privações e ou até mesmo com a gradualmente punido com privações ou até com a
demissão do estado clerical. demissão do estado clerical.
§ 2. O religioso de votos perpétuos que não seja § 2. O religioso de votos perpétuos, não clérigo, que
clérigo e atente Matrimônio, mesmo só civilmente, tenta matrimônio, mesmo só civilmente, incorre em
incorre em interdito latae sententiae, sem prejuízo interdito latae sententiae, restando firme o prescrito
do prescrito no cân. 694. no cân. 694, § 1, n. 2.

Cân. 1395 – O clérigo concubinário, fora do caso Cân. 1395 – § 1. O clérigo concubinário, exceto o
referido no cân. 1394, e o clérigo que permanecer caso referido no cân. 1394, e o clérigo que com
com escândalo em outro pecado grave externo escândalo permanece em um outro pecado externo
contra o sexto mandamento do Decálogo sejam contra o sexto mandamento do Decálogo, sejam
punidos com suspensão e, se perseverar no delito punidos com a suspensão, à qual podem ser
depois de admoestado, podem ser-lhes acrescentadas gradualmente outras penas, se
acrescentadas gradualmente outras penas até à persiste o delito depois da admoestação, até a
demissão do estado clerical. demissão do estado clerical.
§ 2. O clérigo que, por outra forma, delinquir contra § 2. O clérigo que tenha cometido outros delitos
o sexto mandamento do Decálogo, se o delito for contra o sexto mandamento do Decálogo, se de fato
perpetrado com violência ou ameaças, publicamente o delito foi cometido publicamente, seja punido com
ou com um menor de dezesseis anos, seja punido justas penas, não excluída, se for o caso, a demissão
com penas justas, sem excluir, se o caso o requerer, do estado clerical.
a demissão do estado clerical.
§ 3. Com a mesma pena prescrita no § 2 seja punido
o clérigo que com violência, ameaças ou abuso de
sua autoridade, comete um delito contra o sexto
mandamento do Decálogo, ou obriga alguém a
realizar ou sofrer atos sexuais.

Cân. 1396 – Quem violar gravemente a obrigação de Cân. 1396 – Quem viola gravemente a obrigação de
residência a que está sujeito em razão de ofício residência a que está sujeito, em razão do ofício
eclesiástico, seja punido com pena justa, sem eclesiástico, seja punido com justa pena, não
excluir, depois de admoestado, a privação do ofício. excluída, depois de ter sido admoestado, a privação
do ofício.
Direito Penal Canônico
Prof. Dr. Pe. Valdir Manuel dos Santos, scj

TÍTULO VI TÍTULO VI
DOS DELITOS CONTRA A VIDA E A LIBERDADE DO DOS DELITOS CONTRA A VIDA, A DIGNIDADE E A
HOMEM LIBERDADE DO HOMEM

Cân. 1397 – Quem perpetrar um homicídio, raptar Cân. 1397 – § 1. Quem perpetrar um homicídio,
alguém por violência ou fraude, ou o retiver, mutilar raptar ou detiver com violência ou fraude uma
ou ferir gravemente, seja punido segundo a pessoa, ou mutilar ou ferir gravemente, seja punido
gravidade do delito com as privações e proibições segundo a gravidade do delito com as penas
referidas no cân. 1336; o homicídio contra as referidas no cân. 1336, §§ 2-4; o homicídio contra as
pessoas referidas no cân. 1370, é punido com as pessoas referidas no cân. 1370 é punido com as
penas aí estabelecidas. penas ali estabelecidas e no § 3 deste cânon.
§ 2. Quem procurar o aborto, seguindo-se o efeito,
incorre em excomunhão latae sententiae.
§ 3. Tratando-se dos delitos estabelecidos neste
cânon, nos casos mais graves o clérigo réu seja
demitido do estado clerical.

Cân. 1398 – Quem procurar o aborto, levando-o Cân. 1398 – § 1. Seja punido com a privação de ofício
efeito, incorre em excomunhão latae sententiae. e com outras penas justas, não excluída, se for o
caso, a demissão do estado clerical, o clérigo:
1º. que comete um delito contra o sexto
mandamento do Decálogo com um menor, ou com
uma pessoa que habitualmente tem um uso
imperfeito da razão, ou com quem o direito
reconhece igual tutela;
2º. que recruta ou induz um menor, ou uma pessoa
que habitualmente tem um uso imperfeito da razão,
ou uma à qual o direito reconhece igual tutela, para
se mostrar pornograficamente ou para participar de
exibições pornográficas reais ou simuladas;
3º. que imoralmente adquire, conserva, exibe ou
divulga, de qualquer forma e com qualquer
instrumento, imagens pornográficas de menores ou
pessoas que habitualmente têm um uso imperfeito
da razão.
§ 2. O membro de um Instituto de vida consagrada
ou de uma Sociedade de vida apostólica, e qualquer
fiel que goza de uma dignidade ou exerce um
encargo ou uma função na Igreja, se comete o delito
de que trata o § 1, ou o cân. 1395, § 3, seja punido
de acordo com cân. 1336, §§ 2-4, com a adição de
outras penas segundo a gravidade do delito.
Direito Penal Canônico
Prof. Dr. Pe. Valdir Manuel dos Santos, scj

TÍTULO VII NORMA GERAL TÍTULO VII DA NORMA GERAL

Cân. 1399 – Além dos casos estabelecidos nesta ou Cân. 1399 – Além dos casos estabelecidos nesta ou
em outras leis, a violação externa da lei divina ou em outras leis, a violação externa da lei divina ou
canônica só pode ser punida com alguma pena justa, canônica só pode ser punida com justa pena,
quando a especial gravidade da violação exigir a quando a especial gravidade da violação exigir a
punição e urgir a necessidade de prevenir ou de punição e urgir a necessidade de prevenir ou de
reparar o escândalo. reparar o escândalo.

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