Você está na página 1de 13

Felícia, o Padre, o Etíope Resgatado e o Arcebispado da Bahia: uma parábola sobre

liberdade e cativeiro no extremo-sul da América lusa (Rio Grande – 1745)

Martha Daisson Hameister

I. Felícia e o Padre

Ao se proceder pesquisa em livros batismais da Vila do Rio Grande em sua primeira


fase de ocupação, foi encontrado o precioso registro batismal da menina Felícia, filha de uma
parda escrava e de um campônio. Este, com cuidado e zelo por sua filha recém-nascida,
intentou sua alforria à pia batismal. De um ato aparentemente simples surgiu o tal registro,
rico em informações sobre como viviam, agiam e pensavam os moradores da localidade, do
Bispado do Rio de Janeiro e do Arcebispado da Bahia. Abaixo, a ata do registro batismal de
Felícia, que não se assemelha aos sucintos registros batismais da população “branca” e livre,
dos indígenas, dos pardos e forros, dos escravos:
Aos doze dias do mês de junho de mil setecentos e quarenta e cinco anos nesta igreja matriz de
Jesus-Maria-José da povoação do Rio Grande de São Pedro estando eu de cama enfermo dei licença
ao Reverendo Manuel Henriques para batizar por forra e pôr os santos óleos a Felícia inocente filha
natural de Francisca parda escrava do Comissário Cristóvão da Costa Freire e de Antônio Pires
homem paisano e dando eu licença ao dito Reverendo padre para batizar por forra no dia onze ele a
batizou no dia doze muito cedo por fazer gosto ao dito Comissário, amigo seu muito particular, que
não queria se batizasse por forra a dita criança, e a Pedro da Costa Marim, a quem o dito Comissário
fez a venda da dita sua escrava Francisca para melhor se escusar de forrar a filha e também porque
não houvesse quem lhe levasse à pia batismal o dinheiro que o pai dela dava para se forrar conforme o
estilo e costume de todas as freguesias do Bispado, porque para ele a não levar à pia o fez prender o
dito Reverendo padre pelo governo deste estabelecimento e preso esteve até fazer o dito batizado a
gosto do Comissário e Ajudante Pedro da Costa Marim e não do pobre pai, que à cama me veio trazer
o dinheiro para forrar sua filha e logo a deu por forra pedindo-me assim a mandasse batizar e eu assim
a mandei batizar por forra e livre como se forra e livre nascesse o dito Reverendo Padre não o fez foi
por dolo e malícia e se não apareceu pessoa alguma que requeresse na pia o dito batismo e levasse o
dinheiro para tal, foi por estar o pai preso e ele vir muito cedo batizar a criança, a qual, como conheço
ser estilo e costume nas mais freguesias do Bispado e o pai querer dar o valor dela segundo o estado
de pequenez, dou por forra e liberta no seu batismo, havendo o senhor a todo o tempo que quiser o
valor da dita Felícia no estado da inocência em que foi batizada, pois é a Igreja mãe e não quer filhos
que a ela chegam cativos e por descargo de minha consciência e saber se fez todo o contrário do que é
costume por traição, ódio e malquerença que contra uns e outros há nesta freguesia, é que julgo ser
forra a dita Felícia inocente, da qual foram padrinhos Manuel Francisco da Costa e Nossa Senhora do
Rosário e por verdade de todo e ter batizado e posto os santos óleos à dita Felícia o dito Reverendo

1
Padre fiz este assento dia e era ut supra. Pe. João da Costa Azevedo. (Domingues, 1981: 34-35)

Era o ano de 1745, o sétimo aniversário da existência de um pároco na localidade de


Rio Grande. O primeiro chegou em 1738 ao povoado que se fundara em 1737. Nota-se que
nesses sete anos já havia lugar para “dolo e malícia”, “ódio e malquerença”; já havia lugar
para o amor de um pai por sua filha; já havia lugar para uma sórdida tramóia que tentava
impedir a menina Felícia – belo nome escolhido para a pequena que, tendo nascido escrava,
seria livre de corpo e alma ao dia do seu batismo – de ingressar na comunidade cristã da
localidade “livre e forra como se livre e forra nascesse”. Provavelmente as intenções do
Comissário de Mostras Cristóvão da Costa Freire – um dos homens mais importantes da
localidade pois exercia as funções de Provedor da Fazenda Real até que um fosse nomeado
para o Rio Grande de São Pedro, tendo vindo para o sul na re-ocupação da Colônia do
Sacramento em 1718, já havendo sido governador do Grão-Pará e Maranhão (Boxer, 2000:
379, apêndice VIII) – já eram sabidas pelo pai da menina e pelo vigário da localidade. Tanto
que haviam combinado a alforria à pia à revelia do senhor de mãe e filha.
Na dura letra da lei, a venda – ao que tudo indica, fictícia – a Pedro Marim, braço-
direito de Costa Freire, que o nomeara para o cargo de Ajudante, era desnecessária. Era
direito de um proprietário de escravos negar a alforria sem necessitar tamanha mobilização de
recursos sociais. Entretanto, estamos diante de um tempo em que o direito costumeiro também
assume força de lei. O padre João da Costa Azevedo apresenta como argumento para a
alforria de Felícia o fato de ser “estilo e costume de todas as freguesias do bispado” dar a
alforria a uma criança à pia batismal mediante valor compatível com o “estado de pequenez”,
oferecido por quem quer que fosse. Eram dois direitos que competiam em paralelo em uma
questão na qual o pároco, autoridade moral da pequena localidade, arbitrara em favor da
menina e do desejo de sua família.
Quanto a isso não havia estranheza. Nas sociedades católicas mediterrâneas à Época
Moderna, da qual a sociedade lusa na Colônia era uma de suas expressões, constavam
sobreposições de direitos e de autoridades para arbitrarem questões de variados tipos (Levi,
2002). João da Costa Azevedo, “corrigindo” uma distorção da lei que seria geral e não
contemplaria as especificidades de cada caso, fez prevalecer o direito consuetudinário.
Corrigiu também a atitude ímpia do Comissário de Mostras, de quem não se podiam esperar
atitudes outras que não as de um bom cristão. O vigário impeliu-o novamente ao caminho do
bem, como um bom pastor faria com suas ovelhas, como um bom juiz faria com as questões
nas quais podia arbitrar. João da Costa Azevedo, a despeito dos interesses imediatos do
Comissário, aplicou os princípios da justiça distributiva, os quais rezam dar a cada um o que

2
lhe compete, segundo seu estatuto social. Dar além quita aos outros do que lhes cabe,
configurando o vício da prodigalidade. Dar aquém configura o vício da avareza (Levi, 2002).
A justa medida fora aplicada na prática, sem contestação por parte de Costa Freire e seu
“bando”, o que indica uma aceitação dessa justiça que, ao contrário do que se poderia esperar,
não favorecia materialmente aqueles que mais poder e prestígio detinham. Mas a longo prazo
favorecia a salvação de suas almas. Não causam estranheza nessa investigação, portanto, a
atitude do vigário e a não contestação da outra parte implicada.
Toda a estranheza reside no fato de ser “estilo e costume nas mais freguesias do
bispado” – a saber, o bispado do Rio de Janeiro, submetido administrativamente ao
Arcebispado da Bahia – a concessão da alforria no ato batismal ser imperativa sobre os mais
direitos dos proprietários de escravos. A ata batismal de Felícia, junto com o discurso de João
da Costa Azevedo, que utiliza de alguns recursos da retórica tais como a repetição de questões
chave em seu argumento para a mantença da liberdade da menina, leva a depreender ser ele
expressão prática e escrita de uma idéia que circulava tanto entre letrados como entre
analfabetos, como deveriam ser “Francisca, parda escrava” e “Antônio Pires, homem
paisano”. Estes souberam recorrer ao pároco em sua intenção de alforriar a filha. O ato do
vigário foi baseado sobre um direito não escrito dos escravizados em uma determinada
situação – a oferta de um valor considerado justo pela liberdade de uma criança escrava. A
bem da verdade, somente o amor familial – sem que se possa entrar aqui na discussão do
significado desse amor, em muito distinto do amor romântico que hoje se concebe –
justificaria esse ato. Sendo os pais perceptivelmente pobres e havendo altas taxas de
mortalidade infantil para o período em questão, era grande a probabilidade do “investimento”
na liberdade da menina ser perdido em seu primeiro ano de vida.
Por outro lado, a prolixidade de João da Costa Azevedo em favor da menina acusa
sua posição ante a gravidade da violação desse direito consuetudinário, bem como mostra um
pouco da sua visão, colocada no texto, como sendo a visão da “Igreja mãe e não quer filhos
que a ela chegam cativos”, revertendo, “por descargo de minha consciência”, a escravidão à
qual Felícia, contra a vontade dos pais e contra a vontade da Madre Igreja, havia sido jogada.
Ao se proceder a leitura das normas contidas nas Constituições Primeiras do Arcebispado da
Bahia no que concerne ao sacramento do batismo, mesmo sendo encontrados trechos
específicos de como proceder o batizado de escravos, nada foi constatado sobre esse tema
(Constituições Primeiras do Arcebispado da Bahia, Títulos X-XXII, 1707). Queda a
pergunta: de onde o pároco da localidade do Rio Grande tirara tais idéias que lhe inflamavam
o verbo e que, no exercício de suas funções de zelar pelo corpo e alma de seus paroquianos

3
ousara enfrentar o poderoso Comissário de Mostras e seu “bando”?
O percurso do raciocínio se desenhará como a figura geométrica de uma parábola
que se alça sobre o tempo e o espaço, percorrendo o extremo-sul, o Arcebispado da Bahia,
tangenciando com seu vértice uma das elaboradas formas com que o pensamento cristão e
jurídico lusos via algumas de suas instituições, depois retornando ao Rio Grande com um uma
proposição para o melhor entendimento dessa questão.
II. O “Etíope Resgatado”
O “Etíope Resgatado”, forma sucinta pela qual ficou conhecida o livro cujo título
integral é Etíope Resgatado, Empenhado, Sustentado, Corregido, instruído, e libertado. –
Discurso Teológico-jurídico em que se propõe o modo de comerciar, haver, e possuir
validamente cativos Africanos, e as principais obrigações, que concorrem a quem deles se
servir, nessa denominação, “ já diz a que veio”. Seu autor é o padre Manoel Ribeiro da Rocha,
de biografia um tanto misteriosa e de erudição inconteste, esta também grafadas no
frontispício da obra: “Lisboense, Domiciliado na Cidade da Bahia, e nela Advogado, e
Bacharel Formado na Universidade de Coimbra”.
Sobre esse livro muitos autores deitaram os olhares. Sílvia Hunold Lara, em 1991 e
Paulo Suess, em 1992, produziram edições do texto de Ribeiro da Rocha, acrescentando
textos, apresentações e notas de suas autorias. Ronaldo Vainfas cita-o juntamente com os
padres Jorge Benci e Antônio Vieira, ao tratar de clérigos que na colônia tiveram preocupação
com a situação dos escravos, ainda que não necessariamente comprometidos com a abolição
da escravidão (1986: 147). Também não passou desapercebido de Emília Viotti da Costa, que
em Da Senzala à Colônia (1982: 325) cita-o como uma espécie de abolicionista. O texto do
Etíope Resgatado é de tamanho impacto que tampouco escapou à atenção de autores
estrangeiros. A ele dedica algumas observações David Brion Davis, em seu O Problema da
Escravidão na Cultura Ocidental, onde entre outros aspectos, o discurso de Ribeiro da Rocha
acerca de crueldades cometidas pelos senhores é enfatizado (2001: 223). Davis coloca Ribeiro
da Rocha como uma das manifestações católicas acerca da questão da escravidão americana
dentre tantas que existiram; não avança em seu estudo. Em geral, os autores buscaram ver em
Manuel Ribeiro da Rocha um precursor do abolicionismo do século XIX ou, ao contrário, um
pensador e jurista que não questionava a existência da escravidão, muitas vezes com juízo de
valor sobrepondo-se à interpretação e à análise do material.

4
Distintas são a ênfase e a abordagem dadas por Celia Marinho Azevedo1 em seu
artigo, publicado na revista Slavery & Abolition (2003). A autora, em excelente análise acerca
da obra, a insere no contexto das idéias iluministas ao século XVIII, tecendo as conexões de
um fluxo de idéias entre América e Europa a partir das teses defendidas por Ribeiro da Rocha
em seu Etíope Resgatado. Não cabendo pelo tempo e espaço destinado a esta comunicação
um acompanhamento mais detido dessa análise, pretende-se destacar aqui apenas alguns
aspectos para tentar, após, dizer algo acerca de uma outra faceta da circulação de idéias, um
outro fluxo diferente do já analisado pela autora que se deu através da intelectualidade de
ambos os continentes. Pretende-se verificar um fluxo interno à Colônia. Esse, atingiria não
apenas uma minoria letrada – sem que isso signifique uma alta erudição como demonstrada
por Ribeiro da Rocha em sua obra ou padres como João da Costa Azevedo, capazes de
articular um discurso completo em uma ata batismal – mas também uma ampla massa de
analfabetos ou semi-analfabetos da qual constava a maioria da população da Colônia,
exemplificados aqui nas figuras de “Francisca, parda escrava” e “Antônio Pires, homem
paisano”, os pais da menina Felícia. A circulação e fluxos das idéias que envolvem as noções
legais, filosóficas, religiosas, sociais e econômicas de escravidão e liberdade parece ter tido,
em continuidade a esse “mercado atlântico de idéias”, também suas formas de expressão em
alguns poucos casos bem documentados da sua apreensão por “gente comum” da Colônia ou
ainda, na mudança nos destinos dessa “gente comum”, geralmente mediadas por alguns
homens sensibilizados por essas questões e com o poder de deslizar uma pena sobre uma
folha de papel.
Ribeiro da Rocha, na essência de sua obra, não contesta a existência ou legalidade de
certas formas de escravidão, aquelas que seriam tidas como justas por trazerem as almas dos
gentios apresados em guerras justas para o seio da cristandade. Evocando argumentos bem
elaborados do direito ibérico, contesta, assim como já havia sido feito para as populações
nativas da América, a justeza da captura e do comércio os quais faziam com que africanos
livres fossem tornados escravos. Não podendo saber se o cativeiro de algum dos escravos fora
legítimo e sabedor que na maioria dos casos não o eram, presume, calcado em figuras
jurídicas válidas para o direito luso e da cristandade, ser todo escravo africano na Colônia
injustamente escravizado. De saída condena os praticantes do vil comércio de almas ao

1
Agradeço imensamente à Professora Celia Marinho Azevedo a presteza e a gentileza com que
atendeu meu pedido de acesso a tal artigo.

5
inferno, apoiado em interpretações de juristas importantes tais como Luís de Molina2, que ao
século XVI já escrevera sobre a propriedade injusta dos homens em determinados contextos
de escravização.
Ribeiro da Rocha considera ainda que, na impossibilidade de alguém ser sabedor da
injusta e ilegal forma com que africanos livres tornaram-se escravos, o ignorante
“consumidor” último dessa peculiar mercadoria que passara pela longa cadeia de compras e
vendas do comércio de homens, tampouco poderia ser o único prejudicado quando da
constatação da injustiça, na devolução da liberdade usurpada ao cativo. A ignorância, no
entanto, não lhe escusaria de devolver-lhe a liberdade. Assim, através de um cálculo em que o
bem em questão – a liberdade, que no pensamento de Ribeiro da Rocha é direito natural e
direito das gentes, inseparável do ser humano – deveria ser fracionada em três partes, todas
elas “sob guarda” do cativo, já que a liberdade é inerente ao ser humano, ainda que privado
dela. Também, na maioria dos casos, o cativo teria pleno domínio sobre duas das três partes,
estando somente a terceira sob domínio do seu senhor. Um cativo na América lusa já seria,
portanto, dois terços livre, podendo o terço faltante ser pago tanto em dinheiro quanto em
anos de trabalho. Novamente, num cálculo onde entram não apenas valores monetários, mas
que inclui também valores morais, éticos, filosóficos e religiosos, ao cabo de alguns anos,
todos os cativos – os que foram injustamente escravizados e aqueles para quem, faltando essa
certeza, presume-se a situação de ilegalidade e injustiça, atingiram a plenitude da liberdade.
Seus cálculos incluem estimativas do valor gerado por um escravo na América lusa em anos
trabalhados e o investimento dos seus senhores luso-americanos em sua aquisição e educação.
Havendo oferta do valor em dinheiro relativa ao terço faltante e demais investimentos feitos,
moralmente, seria o senhor do cativo compelido à devolução deste terço ao escravo.
Não é apenas o argumento “material” – o que um escravo trabalha ou produz – que
move sua argumentação. Ribeiro da Rocha construiu seu argumento no qual a condena da
escravidão e do seu comércio sob o aspecto moral e religioso estão colocados dentro daquilo
que Bartolomé Clavero denomina de antropologia católica da economia (Clavero, 1991). Isso
não torna Ribeiro da Rocha necessariamente um precursor do abolicionismo do século XIX,
mas um defensor de idéias anti-escravistas de uma matriz em particular e que, muito
provavelmente, não seria a única a constituir-se nos séculos XVIII e XIX. Pressupor o

2
Cf. MOLINA, Luís de. De iustitia et iure, opera omnia. Editio Novissima. Coloniæ Allobrogum, Deleted: lloni
M.DCC.LIX. Sobre a escravidão e direitos sobre a posse e propriedade de escravos ver as disputationes 32-40 do
livro II, Tomo I, pp. 86-214. Acerca do pensamento jurídico de Luís de Molina dedicado ao comércio de
escravos, ver HESPANHA, António Manuel."Luís de Molina e a escravização dos negros". In: Análise
Social.(157). 2001.

6
abolicionismo que se construiu no Brasil do século XIX como um único conjunto de
proposições e tendo conexão linear desde a obra de Ribeiro da Rocha seria reduzir a riqueza
dos modos com que diferentes setores da sociedade pensavam diferentemente um mesmo
problema a uma única possibilidade que “evoluiu” ao longo do tempo desde uma matriz
única. O pensamento de Manuel Ribeiro da Rocha, francamente influenciado pelo
pensamento católico de seu tempo e de onde provinha sua formação teológica e jurídica,
como dito por Celia Marinho Azevedo, constrói um projeto de fim do tráfico atlântico e de
abolição gradual da escravidão na Colônia, sem que os interesses comerciais de Portugal
fossem seriamente abalados por uma ruptura brusca. Esse elemento, ainda segundo esta
autora, é um dos que o inseria no conjunto das idéias iluministas de seu tempo (Azevedo,
2003: 102 e ss; 122, nota 3).
Dentre as teses de Ribeiro da Rocha sobre o direito à liberdade dos cativos, algumas
situações especiais dadas ao cativeiro, remetem diretamente ao caso da menina Felícia:
E a forma pode ser assentando cada um consigo, e determinando sinceramente em seu ânimo,
que os escravos, e escravas, que de presente tiver, e possuir, desde logo os resgata a todos, e os há por
remidos da escravidão em que existem, ou seja justa, ou injusta, e os reduz, e transfere ao estado, e
condição de cativos remidos, e o direito que neles tem, o transfere, e reduz também a direito de
penhor, e retenção no seu serviço, até que cada um lhe pague, ou compense o seu valor; e porque
nesta conta entram igualmente os partos das escravas nascidos até agora no tempo da nossa boa
fé, se alguém fundado na regra de que in dubiis tutior pars est eligenda, alegar a seu favor, que
como os não compramos, melhor é, e mais seguro, dar-lhe logo pura, e líquida liberdade, não
contenderemos; porque isso mesmo diz também quem isto escreve; porém o não serem
comprados, não tira o serem, e nascerem cativos, e que possam como tais também ser
resgatados; para o que não é necessária real, e visível, numeração do seu preço; antes basta a
suposição de que o damos como redentores, e o recebemos como donos; per fictionem brevis
manus; quæ deducitur, ex text. in L Singularia 15. ff. si certum petat. L Certi 9. § desposui, ff. eodem
titul. cum similibus. (Rocha, 1758: 90-92, § 25, grifo meu)

Eis um motivo da veemente defesa do vigário João da Costa Azevedo à libertação de


Felícia. Não causa estranheza, então, que o pároco advogasse a causa da menina cujo valor
fora ofertado ao seu batismo. As duas estranhezas, para as quais se chama atenção, uma delas
guardadas como surpresa para este momento da comunicação, são outras. A primeira, é a
maneira com que tal “estilo e costume” de libertar crianças com pagamento de alforria à pia
batismal possam ter-se alastrado nas freguesias, a ponto de atingir o conhecimento da “parda
escrava” e do “homem paisano”. A segunda, mais surpreendente: o batismo de Felícia deu-se
em 1745, treze anos antes da publicação do Etíope Resgatado, em um ponto distante dos
grandes centros da Colônia, tais como o Rio de Janeiro, Recife e Salvador. O texto redigido
pelo vigário é a expressão em letras de um conhecimento aparentemente disseminado entre os
não afeitos a elas. A alforria à pia de Felícia não foi a única que se procedeu em Rio Grande
com alguém, geralmente o padrinho, ofertando a quantia relativa à liberdade da criança no ato

7
batismo. Faltaram a estas “o dolo e a malícia”, como se referiu o vigário aos atos de Costa
Freire, para dar lugar ao verbo e o registro no papel.
Apenas mais uma observação quanto à adesão a estas idéias anti-escravistas: nem
todo o clero da Colônia parecia partilhar delas. Perceptível, por estar envolvido na articulação
do Comissário, o Reverendo Padre Manuel Henriques, cujo título o coloca com uma formação
provavelmente tão densa quanto a de Ribeiro da Rocha, mas que, diferente dele, dada a sua
atuação na tramóia, não advogava a causa anti-escravista nem partilhava da idéia de ser a
Madre Igreja contrária ao cativeiro. Não movera, o Reverendo, um dedo sequer para propiciar
alforria à Felícia. Seus esforços foram em promover a prisão do “pobre pai” e proceder o
batismo da menina fora da data para garantir-lhe o cativeiro que o “uso e o costume”
condenavam. Fez “todo o contrário” do que fora combinado.
III. O Arcebispado da Bahia
Por estar a pesquisa acerca da circulação de orientações anti-escravistas apenas no
início, as análises aqui apresentados são provisórias, podendo sofrer modificações com a
agregação de novas fontes documentais e de outras técnicas e metodologias em seu estudo.
Sabe-se que Manuel Ribeiro da Rocha tinha formação em direito e que exerceu suas
atividades de padre e advogado na cidade da Bahia. Uma outra publicação do Arcebispado da
Bahia com circulação por toda a Colônia e, ao menos em tese, do conhecimento de todos os
párocos, eram as Constituições Primeiras do Arcebispado da Bahia, redigidas por outro
letrado com formação em teologia e direito, Dom Sebastião Monteiro da Vide, publicadas
pela primeira vez em 1707. As Constituições Primeiras regiam a vida moral e religiosa
internas à Colônia, em todo o território sob jurisdição desse Arcebispado. Há possibilidade de
também terem sido adotadas, senão como normas, como orientações gerais, também em
Angola. Nada, nas Constituições Primeiras, é dito sobre a posição da Igreja acerca do
processo de escravização dos africanos em África que viviam no Estado do Brasil. As
Constituições Primeiras são um conjunto de normas e procedimentos que deveriam orientar
tanto aos párocos como os demais padres ordenados dispersos pela Colônia. Isso não quer
dizer que fossem seguidas à risca em todos os rincões do Estado do Brasil. Sempre havia
margem para negociações e adequações locais, pois o intuito era o de incluir pessoas no corpo
da cristandade colonial, em vez de excluí-las a priori.
Não havendo nada expresso sobre a direitos à alforria de um escravo no momento de
seu batismo, há um outro interessante aspecto já destacado por Tiago Luís Gil ao estudar o
discurso sobre o “lícito juro” de alguns condutores de tropas tão pouco afeitos à erudição
quanto deveriam ser os pais de Felícia (Gil, 2005). Ali, dito agora de modo muito

8
simplificado, tendo encontrado argumentos acerca da usura nas Constituições Primeiras, Gil
conclui serem os padres ativos vetores de disseminação de idéias no interior do continente
americano, fazendo a ponte entre o conhecimento e as idéias dos doutos e o dos rústicos.
Encontram-se claramente expressas, nas recomendações das Constituições Primeiras,
orientações para que os párocos, vigários, padres e mais gente da Igreja, para que, além de
seus sermões, procedessem como educadores, que não deixassem faltar orientação religiosa e
moral aos seus rebanhos:
Porque aos Párocos, como Pastores, e Mestres espirituais, obriga mais o cuidado de apascentar
suas ovelhas com a Católica e verdadeira doutrina, exortamos a todos os do nosso Arcebispado, e a
todas e quaisquer pessoas, a que nele estiver encarregada a cura das Almas, ainda que sejam isentas,
que todos os Domingos do ano em que não concorrer alguma festa solene, ensinem aos meninos, e
escravos a Doutrina Cristã no tempo e hora que lhe parecer mais conveniente, atendendo aos
lugares e distâncias das suas Paróquias, ou sejam nas cidades ou fora delas (...) E para se
conseguir o fruto desejado, ordenem os párocos aos Pais, que mandem aos lugares, e horas
determinadas seus filhos, e aos senhores seus escravos (...). E aos Padres Capelães encomendamos
que nas suas Capelas façam a mesma diligência, principalmente com os escravos (Da Vide, Livro
I, Título III - Da especial obrigação dos Párocos para ensinarem a doutrina Cristã a seus fregueses,
§§ 6º e 7º - grifos meus)

Os párocos, os curas e mais gente autorizada a fazer a pregação da palavra divina eram
educadores morais, principalmente dos escravos e dos meninos e agiam como vetores do
repasse ou mediadores do pensamento cristão acerca da virtude e do pecado, acerca das
próprias instituições da Igreja. Não fica então, completamente absurdo que, seja lá como fosse
apreendido por meninos e escravos e mais gente sem instrução formal, um tanto dessa visão
de sociedade cristã que está esboçada nas Constituições Primeiras, bem como as idéias das
quais partilhavam certos padres em seus locais de atuação e pregação que de algum modo
atingiram o paisano e a parda escrava. Também um dos juristas eruditos favoritos de Dom
Sebastião Monteiro da Vide para inspirar a redação das Constituições Primeiras do
Arcebispado da Bahia foi Luís de Molina, fartamente citado nelas. Molina, jurista aludido
anteriormente como um dos escopos teóricos, teológicos e jurídicos da obra de Manuel
Ribeiro da Rocha, escrevera em De iustitia et iuri, ainda no século XVI, concluindo sobre
injusto cativeiro de africanos em determinadas circunstâncias:
É claramente para mim muitíssimo verdadeiro, que este negócio de comprar escravos naqueles
lugares de infiéis e os exportar de lá é injusto e iníquo, e que todos os que o praticam pecam
mortalmente e ficam em estado de condenação eterna, a menos que escusados por ignorância
invencível, na qual nunca ouvi afirmar que tivessem. (...) A não ser que conheçam algo, que eu
desconheço, ou que os esclareçam outros princípios que eu ignore, afirmo que se trata de um pecado
mortal, não apenas contra a caridade, mas ainda contra a justiça. (Molina, Tractus de iustitia et iure,
apud Hespanha, 2001)

Esse mesmo Molina, segundo Hespanha, fora professor em Coimbra e Évora, não
estando, portanto, distante, das “genealogias” da teologia e do direito, tanto de Sebastião

9
Monteiro da Vide quanto de Manuel Ribeiro da Rocha. Através desses dois distintos
disseminadores de idéias acerca da justiça e da teologia na Colônia e de suas obras que devem
ter sido bastante lidas, tanto os religiosos como seus escritos que estavam estreitamente
vinculados à sede do Arcebispado da Bahia, outros tantos párocos e padres parecem ter ido
beber nessa fonte.
O ata batismal de Felícia mostra que essas idéias de injustiça na manutenção de uma
criança em cativeiro tendo sido ofertado o valor de sua liberdade não eram exclusividade de
Ribeiro da Rocha ou dos profundos conhecedores de Molina e outros eruditos do direito
canônico ibérico. Demonstra, isso sim que, provavelmente, o Arcebispado da Bahia podia
congregar um núcleo de padres que compartilhavam delas e que, também provavelmente, fora
a obra escrita de Manuel Ribeiro da Rocha a expressão mais acabada e polida, tanto em
erudição quanto em elaboração de idéias, argumentos jurídicos e proposições, das posições
pensadas e assumidas por outros seus colegas de sacerdócio.
IV. Retornando ao Rio Grande, um
passo adiante
Para finalizar – sem que isso signifique concluir a pesquisa que mal se inicia – o
retorno ao Rio Grande. Não mais à pequena localidade que ao final da década de 1740
tornara-se Vila, mas ao Continente do Rio Grande de São Pedro, com outras freguesias
criadas, com igrejas e capelas. O tempo também é outro, avançado em torno de quarenta anos
desde que Felícia tivera sua liberdade resguardada pelo padre João da Costa Azevedo. Uma
curiosa escritura de alforria surge dentre outras tantas tão comuns. Assim como a ata batismal
de Felícia, esta surpreende pela extensão. As muitas palavras ali colocadas não são
preciosismos que regulamentam as alforrias condicionadas, as coartações ou outras formas
complexas de libertar sem dar a liberdade imediata. Essa escritura contém, como na ata
batismal de Felícia, um discurso acerca de idéias de liberdade e escravidão no extremo-sul do
Estado do Brasil:
Tendo eu feito madura reflexão não só pelas razões de direito natural e das gentes mas
também pelas da humanidade e anadindo a estas outras não menos dignas da mais séria e
circunspecta ponderação por cujas causas tendo igualmente consideração ao meu dito amor, zelo,
serviço que se faz nesta minha passada moléstia o meu escravo pardo por nome Francisco Duarte que
comprei a Manuel Leite Valente (...) como consta de papel de venda que me passou e se acha em meu
poder e além de tudo o expendido fazendo outra sem perder ação por uma parte a que sendo a
ingratidão a que ele viveu que se faz menção digo se faz mais abominável pelas leis do contrário
sentido a gratidão e a mais preciosa virtude para que em todos os casos se faça atendível e pela
outra relevante fidelidade, amor e lealdade que mostrou o dito escravo no dia de agosto de 1785 em
que tendo eu a infelicidade de cair [de uma embarcação] que me transportava de Porto Alegre para
esta fronteira se lançou ao rio o dito meu escravo Francisco Duarte sem refletir na sua pouca idade
nem a razão considerar de sua vida a que se expunha a salvar-me do iminente perigo a que me achava
reduzido de morrer afogado: por todas estas convenientes razões e outras que mais poderá produzir [--
-] todas as prediletas leis da humanidade, direito natural e da religião dou de minha muito livre

10
e espontânea vontade sem constrangimento de pessoa alguma por justiça liberdade ao dito
pardo Francisco Duarte isenção de todo o cativeiro de hoje para todo o sempre como sendo
ventre forro e liberto [---] para que possa ir para muito quiser e usar de toda a plena liberdade que
tem como forro, liberto e isento que fica sendo de toda a escravidão. E por quanto nesta fronteira nem
nos distritos a ela adjacentes não há tabelião pelo qual na forma da lei lhe possa conferir sua liberdade,
rogo às justiças de sua majestade em qualquer parte que as haja que sendo-lhe esta carta apresentada a
possam passar ao livro de sua notas para que sendo lançada nelas fique juridicamente suprida a dita lei
[---]. Fronteira do Rio Pardo, 15/9/1785”; (APERS, 1º Tabelionato, Livro de Notas nº 11, 1788
Lançamento de 15/09/1788 - grifos meus)3.

Novamente, o autor do discurso pela liberdade do jovem e corajoso escravo que se


lançara nas águas para salvar a vida de seu amo, é um padre. O pardo Francisco Duarte, que
fora escravo de Manuel Leite Valente e, após crueldades sofridas, fora vendido ao Reverendo
Padre Francisco de Lima Pinto estava livre. Sobre este Reverendo Padre, tem-se mais algumas
informações. No tempo da alforria de Francisco Duarte, exercia função de Capelão-mor do
Regimento de Dragões do Continente do Rio Grande (APERS, 1º Tabelionato, Livro de Notas
nº 11, 1788 Lançamento de 15/09/1788). Antes disso, na década de 1750, habitara a Vila do
Rio Grande (ADPRG, LBat RG 1, 2, 3 e 4, 1738-1763), onde provavelmente chegara na
expedição que fora montada por Gomes Freire de Andrade para a demarcação dos limites do
Tratado de Madri. Isso lhe colocaria, desde então, no cuidado das almas – por conseqüência
na obrigação de zelar pelos preceitos da moral cristã da qual era sacerdote e educador – dos
Dragões envolvidos na demarcação e na defesa do Rio Grande. A Vila havia sido a capital do
Continente até que os espanhóis lhe fizeram tomada em 1763. Nesse momento o Reverendo
passou com os soldados e com parte da população da Vila para a localidade do Estreito,
margem norte do canal que liga a Lagoa dos Patos ao mar, margem oposta à situação da Vila
do Rio Grande. Francisco de Lima Pinto teve outros escravos e tanto procedeu batismos como
foi padrinho de muitas crianças no acampamento militar que se erigira no Estreito (ADPRG,
LBat 1 Estreito). Por não ter sido localizada até o presente a documentação notarial de Rio
Grande para o período que antecede a tomada da Vila pelos espanhóis, é impossível dizer se
os outros escravos do Reverendo Francisco de Lima Pinto também foram alforriados. Mas a
escritura de alforria do pardo Francisco Duarte é suficientemente rica para que se tenham
expressos os pensamentos de Francisco de Lima Pinto sobre a escravidão e a liberdade e que
se constatem nela os seus vínculos tanto ao pensamento de Ribeiro da Rocha quanto ao
pensamento e à prática do pároco João da Costa Azevedo.
Quarenta anos após o batismo de Felícia, o amor e a piedade são novamente trazidos
à tona no ato de libertação. Mais preciso que o padre João da Costa Azevedo, Francisco de

3
Agradeço à colega Bruna Sirtori e ao colega Tiago Luís Gil a cessão me fizeram da transcrição que
do livro de notas que contém este registro.

11
Lima Pinto evoca, assim como Manuel Ribeiro da Rocha em seu Etíope Resgatado, o direito
natural e o direito das gentes, além do direito da religião. Não há como distanciar Ribeiro da
Rocha e Lima Pinto em seus pensamentos sobre a escravidão. Não há como distanciar Costa
Azevedo e Lima Pinto nas práticas de libertação dos escravos que promoveram nem nos
discursos que margeiam os atos em si. Impossível não salientar que os três eram padres e
como tal, em última instância, sob jurisdição do Arcebispado da Bahia. Também não se pode
deixar de pensar que as idéias e práticas das quais os três partilhavam não eram prerrogativas
da condição de padres, já que um outro Reverendo Padre, o Manuel Henriques, fizera “todo o
contrário” para impedir uma alforria que seria tida por qualquer um dos três como justa e
correta. Cristã, em suma.
Assim, encerra-se a apresentação deste tema com a indicação de que a pesquisa
deverá continuar, tentando alcançar maiores detalhes sobre a trajetória destes três homens da
Igreja, as possíveis ligações entre eles e outras possíveis alforrias em situações como essa, em
que as idéias sobre o cativeiro e a liberdade estejam expressas em forma de palavras escritas.
Talvez agregando mais dados biográficos desses padres, sua formação, os locais por
onde passaram e trabalharam, as pessoas que lhes eram próximas, colegas de sacerdócio, seja
possível mapear uma corrente de geração e transmissão de idéias e práticas, vertente de um
pensamento católico anti-escravista que, possivelmente não sendo o único nem sequer
majoritário, existia e mudava o destino de algumas pessoas. Uma vez incorporados novos
documentos à pesquisa, bem possível que com a metodologia inerente à análise de redes
sociais se possa concluir por uma coisa bem maior, mais ampla do que a curiosidade ensejada
por algo que a princípio parecia o caso isolado e instigante da alforria de uma menina escrava
moradora no “calcanhar” da Colônia.

Abreviaturas:
ADPRG – Arquivo da Diocese Pastoral de Rio Grande
APERS – Arquivo Público do Estado do Rio Grande do Sul
LBat – Livro de Batismos
Fontes Primárias Manuscritas e Publicadas:
ARQUIVO DA DIOCESE PASTORAL DO RIO GRANDE. Livros 1o, 2o, 3o e 4o de Batismos da Vila do Rio Grande, 1738-1763.
ARQUIVO DA DIOCESE PASTORAL DO RIO GRANDE. Livro 1o de Batismos do Estreito. 1763-1779.
ARQUIVO PÚBLICO DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL. Livro de Notas nº 11, Porto Alegre, 1788.
DA VIDE, Sebastião Monteiro. Constituições Primeiras do Arcebispado da Bahia. Coimbra: Colégio das Artes da Compahia de Jesus,
1707. ed. facsímile.
DOMINGUES, Moacyr. Cópia Resumida do Livro Primeiro de Batismos do Rio Grande de São Pedro 1738-1753. Porto Alegre: 1981.
MOLINA, Luís de. De iustitia et iure, opera omnia. Editio Novissima. Coloniæ Allobrogum, M.DCC.LIX. – ed. facsímile. Deleted: lloni
LARA, Silvia Hunold (ed.). ROCHA, Manuel Ribeiro da. O Etíope Resgatado, Empenhado, Sustentado, Corregido, instruído, e libertado.
Campinas: Cadernos do IFCH/Unicamp, 1991.
ROCHA, Manuel Ribeiro. Etíope Resgatado, Empenhado, Sustentado, Corregido, instruído, e libertado. – Discurso Teológico-jurídico em
que se propõe o modo de comerciar, haver, e possuir validamente cativos Africanos, e as principais obrigações, que concorrem a
quem deles se servir. 1758. – ed. facsímile.
SUESS, Paulo (ed). ROCHA, Manuel Ribeiro da. Etíope Resgatado, Empenhado, Sustentado, Corregido, instruído, e libertado. Petrópolis:

12
Vozes, 1992.
Livros, Artigos e Comunicações consultados:
AZEVEDO, Celia Marinho. "Rocha's The Ethiopian Redeemed and the circulation of anti-slavery ideas". In: Slavery and Abolition v. 24. (1).
abr. 2003. 2003. pp. 101-126.
BOXER, Charles R. A Idade do Outro do Brasil: dores de crescimento de uma sociedade colonial. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2000.
CLAVERO, Bartolomé. Antidora: Antropología Catolica de la Economía Moderna. Milão: Giuffré Editore, 1991.
COSTA, Emília Viotti da. Da Senzala à Colônia. São Paulo: Livraria Editora Ciências Humanas, 1982.
DAVIS, David Brion. O problema da escravidão na cultura ocidental. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2001.
GIL, Tiago Luís. "Sobre o “ilícito juro”: algumas notas sobre a prática da usura em uma rota mercantil na América Portuguesa (1778)". In: I
Jornada de Estudos Históricos do PPGHIS. IFCS/UFRJ: PPGHIS/IFCS/UFRJ, 2005.
HESPANHA, António Manuel. "Luís de Molina e a escravização dos negros". In: Análise Social. (157). 2001. pp. 937-990.
LEVI, Giovanni. "Reciprocidad mediterránea". In: Tiempos Modernos: Revista Electrónica de Historia Moderna no. 7. 2002.
http://www.tiemposmodernos.org/viewissue.php?id=7&OJSSESSSID=0aca5194e8a5f9c5f25c713b9dd65701. acessado em
03/2004
VAINFAS, Ronaldo. Ideologia & Escravidão: os letrados e a sociedade escravista no Brasil colonial. Petrópolis: Vozes, 1986.

13

Você também pode gostar