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Introdução

 A Constituição Federal de 1988, também chamada de "Constituição


Cidadã", consagrou diversos dispositivos próprios das modernas
sociedades democráticas do bem-estar social. Estando consoante com a
evolução política e social e com as efetivas aspirações e necessidades da
sociedade brasileira naquele momento histórico de democratização e
reformas.

 Neste sentido, a nova Constituição, passou a atribuir papel de maior


destaque à questão do desenvolvimento regional, de modo que a redução
das desigualdades sociais e regionais constitui-se em um dos objetivos
fundamentais da República Federativa do Brasil.

Ademais, a Constituição de 1988, introduziu numerosos dispositivos, sob a


forma de princípios, objetivos, normas e instrumentos operacionais, voltados para a
desejada interação social e a integração nacional, à época criticada e prejudicada pela
ocorrência de grandes desníveis de renda e padrões de vida entre habitantes de áreas
diferenciadas do país.

• Assim, o objetivo nacional deve ser sempre o desenvolvimento nacional


equilibrado inter-regionalmente, com a redução das grandes disparidades
de renda e de padrões de bem-estar e segurança entre os habitantes de
uma e de outra região. Neste contexto, há a ideia de que o Brasil somente
se desenvolverá satisfatoriamente quando forem erradicadas a pobreza e
a marginalização e, particularmente, quando se reduzirem às
desigualdades sociais e regionais.

Assim sendo, denota-se que a busca da redução das desigualdades regionais por
meio do desenvolvimento regional, constitui-se, uma situação já consolidada, tendo em
vista que não se pode imaginar um país com tantos contrastes, do ponto de vista
econômico e social. Frise-se ainda, que a preocupação premente do constituinte
originário de inserir na Carta Política o problema das disparidades entre as regiões,
está sob a perspectiva, da ampla diversidade, tornando-se necessário, introduzir
medidas de Estado, que tenham por objetivo reduzir ou estreitar as desigualdades
regionais, ou seja, por meio de uma política de Estado, tenta-se, em um país com tantas
contradições, reduzir essas desigualdades.

 Como se sabe, os princípios gerais das atividades econômicas, apontados


no art. 170 da Constituição Federal, servem como princípios orientadores
do intérprete constitucional, no âmbito da apreciação da ordem econômica
adotada na própria Carta Magna.

Neste sentido, pode-se dizer que os princípios servem de parâmetros


normativo-valorativos para a obtenção dos referidos fins e fundamentos. Alguns
destes princípios apontados no art. 170 são, inclusive, princípios de todo o sistema
jurídico-constitucional, e não somente vinculados à ordem econômica e financeira.
Tal conseqüência é resultado de serem tais princípios, valores superiores ao ordenamento,
sendo, por isso, tomados como preceitos fundamentais, estando alguns deles, neste
sentido, presentes tanto no rol do referido art. 170 da CF, quanto no rol dos princípios
fundamentais da República.

Assim, pode-se lembrar a soberania nacional (arts. 1º, II e 170, I) e a redução


das desigualdades regionais e sociais (arts. 3º, III e 170, VII), da mesma forma que
o da livre concorrência que decorre da livre iniciativa (arts. 1º, IV e 170, caput).

Ainda neste sentido, o Art. 163, inciso VII, da Constituição Federal, harmoniza
as funções das instituições oficiais de crédito com o desenvolvimento regional, bem
como também o Art. 165, § 7º, estabelece a conformação com o plano plurianual, tendo
como função, reduzir desigualdades inter-regionais, segundo critério populacional, que
também trata da redução das desigualdades regionais e sociais no capítulo referente às
diretrizes gerais para a política econômica e financeira do país.

Desta feita, tem-se que tais princípios são tomados como valores superiores ou,
na visão de alguns doutrinadores, “valores axiológicos fundamentais”. Estes valores de
ordem superior são parâmetros valorativos (axiológicos fundamentais) pretendidos pelo
Estado, dentro de uma dada ordem jurídica. Os princípios são normas jurídicas que
impõem um dever-ser. Dotados de cogência e imperatividade, não podem ser relegados
aos casuísmos de quem quer que seja, dado que são a própria essência e substância da
consciência jurídica presente em determinado seio coletivo.

O princípio da redução das desigualdades regionais e sociais, que é um dos


temas da nossa atividade, está inscrito no artigo 170 inciso VII, e no artigo 3º inciso
III da Constituição Federal como um dos objetivos fundamentais da República. O
princípio em questão, revela a realidade nacional, com defende Eros Roberto Grau
(2008, p. 219):

O enunciado do princípio expressa, de uma banda, o reconhecimento explícito de


marcas que caracterizam a realidade nacional: pobreza, marginalização e
desigualdades sociais e regionais. Eis um quadro de subdesenvolvimento,
incontestado, que, todavia, se pretende reverter.

É um princípio com conteúdo programático, um princípio-fim da ordem econômica, que


precisa ser viabilizado para que alcance o desenvolvimento desejado, que é
desenvolvimento na sua forma completa, equânime, atingindo todas as regiões do país.

Nas palavras de André Ramos Tavares (2006, p. 204):

Sobre o conteúdo do princípio em apreço, tem-se que o mesmo impõe que o


desenvolvimento econômico e as estruturas normativas (liberais) criadas para
fundamentar o desenvolvimento econômico, devam estar voltados também para à redução
das desigualdades em todas as regiões do país, bem como ao desenvolvimento social.
Para tanto, poder-se-á utilizar, especialmente de políticas públicas, como incentivos,
buscando reduzir as diferenças entre as regiões e alcançar melhorias de ordem social.

Ainda sobre o conteúdo do princípio em apreço, observa Cláudio Lembo e Mônica


Herman S. Caggiano (2007, p. 43) que o objetivo do princípio da redução das
desigualdades regionais e sociais é uma meta e: “Essa meta está de acordo com os
objetivos da República Federativa do Brasil de erradicar a pobreza e a
marginalização, promovendo-se o bem de todos, com a concomitante garantia do
desenvolvimento nacional (art. 3º)”.

É um princípio de longo alcance, para que seja viabilizado, é necessário incentivo de


fundos especiais que são os tributários e os orçamentários, que procuram eliminar ou pelo
menos amenizar as desigualdades regionais como afirma André Ramos Tavares (2006, p.
207):

“Portanto, a redução das desigualdades sociais, é princípio que se relaciona com certas
normas tributárias, como o imposto sobre as grandes fortunas, bem como de certas normas
contemplativas de direitos sociais, como o salário mínimo, o direto à educação, à saúde,
à alimentação, à moradia e outros, que exigem uma constante preocupação e atenção do
Poder Público no sentido de promover-lhes a progressiva implementação.”

É notória a preocupação do legislador em colocoar o Estado como incentivador do


desenvolvimento, usando de políticas públicas e de incentivos aos agentes,
procurando equalizar o crescimento e o desenvolvimento.

Caberá à União, sempre, ao editar e fazer implementar suas políticas de


desenvolvimento nacional, dentro de sua função planejadora, observar que tais normas e
diretrizes precisam estar em perfeito compasso operacional com os demais planos
regionais (planos estes também criados pela União), pois a idéia é a de dar eficiência de
resultados, com o menor tempo possível e os menores entraves. Espera-se, com isso,
haver um certo equilíbrio entre as metas nacionais e as regionais, sem que nenhuma delas
suplante a outra (porque numa abordagem de redução de desigualdades ambas são
igualmente importantes) ou inviabilize sua consecução.

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