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Missa parte por parte: da procissão de entrada à saudação

Se for usado incenso, o sacerdote põe um pouco dele no turíbulo,


abençoando-o com o sinal-da-cruz, antes de iniciar a procissão.
O sacerdote, com seus acólitos, se dirigem ao presbitério, diretamente da
sacristia ou em procissão do fundo da igreja. Quando a procissão começar a se
deslocar, especialmente se vier da sacristia, pode-se tocar um sino que, geralmente,
fica justamente na porta desta. Durante o tempo da procissão e dos primeiros atos,
pode ser cantado um canto de entrada, ou a ANTÍFONA DA ENTRADA, que, aliás,
pode ser simplesmente dita. O Missal Romano prevê uma Antífona da Entrada, como
sugestão para ser dita pelo sacerdote, pelos fiéis, por alguns deles, ou por um leitor, ou
cantada, mas que pode ser substituída por um outro canto. Também se pode cantar a
Antífona da Entrada prevista no Gradual Romano (ou no Gradual Simples).[i] No caso
da antífona ser dita, pode esse ato ser feito antes do sinal-da-cruz, ou logo em seguida
a ele.
O sacerdote e os demais ministros caminham com gravidade, corpo erguido,
sóbrio, não desleixado, e vista recolhida. Há de se condenar a prática de alguns
sacerdotes, que caminham como que cumprimentando o povo, sorrindo, como se
estivessem entrando em uma festa cívica ou profana, ou em um comício político: não
só os “abaninhos” e “tchauzinhos” que são absolutamente incoerentes com a
sobriedade do momento, mas também posturas risonhas, corpo encurvado, ainda que
levemente, caminhar sem solenidade, largando os braços, como se estivesse
caminhando na rua. É preciso que seja uma procissão, com elegância, classe,
distinção, mãos postas.
A procissão, quer saia do fundo da igreja, quer venha da sacristia, é
composta dos ministros que se dirigem na seguinte ordem: o turiferário com o turíbulo
aceso e seguro pela mão esquerda, tendo a direita contra o peito, aberta, quando é
usado o incenso, com o naveteiro a seu lado, quando aquele não estiver tanto com o
turíbulo quanto com a naveta; os ceroferários, no mínimo dois, e, entre eles, o
cruciferário, com a cruz processional tendo a imagem de Cristo voltada para frente; os
coroinhas, dois a dois; os outros acólitos, instituídos ou não, dois a dois; o librífero –
acólito que carrega o Missal –; os leitores instituídos, dois a dois, um dos quais,
caminhando sozinho, podendo carregar, um pouco elevado, o Evangeliário, mas não o
Lecionário; o cerimoniário; os clérigos que assistirão em vestes corais; o sacerdote
celebrante. Desta procissão, não podem participar os MECEs, pois sua função é
extraordinária e só para a distribuição da Eucaristia, não para servir à Missa. Partindo
da sacristia, todos devem fazer inclinação de cabeça ao crucifixo ou à imagem nela
presente. O sacerdote, e os leitores e acólitos instituídos devem estar com seus
paramentos próprios desde antes da procissão (salvo em Missas com crianças quando,
se for pastoralmente oportuno, não havendo procissão, o sacerdote se paramenta na
frente delas, explicando o significado de cada veste). Os acólitos não-instituídos não
estão obrigados ao uso de uma veste, ainda que tomem parte na procissão. Todos os
acólitos que não carregarem algo vão com as mãos unidas, e na altura do peito, com o
dedo polegar direito sobre o polegar esquerdo.
Não havendo todos esses ministros, organiza-se a procissão baseada no
mesmo esquema apenas com os que houver.
Está proibido o uso de elementos, na procissão de entrada, que não
apontem para a essência do ato sagrado, i.e., para o caráter sacrifical da Santa Missa,
e que, por isso mesmo, não estão descritos nas rubricas. Dessa forma, os acólitos e
demais ministros podem carregar, na entrada, o Missal ou o Evangeliário, o turíbulo
com o incenso, e a cruz processional. Outros símbolos, como cartazes explicativos, por
exemplo, mesmo que tenham significado religioso, não podem ser usados: primeiro por
não estarem previstos nas normas litúrgicas; segundo por não apontarem para o
caráter sacrifical da Missa.
Chegando ao presbitério, sobem dois a dois, exceto o sacerdote, que sobe
sozinho, e, então, o celebrante e seus auxiliares genuflectem, se houver tabernáculo,
ou fazem inclinação profunda ao altar, se não houver. No caso de haver poucos
ministros, a reverência pode ser feita por todos ao mesmo tempo. Os acólitos que
estiverem transportando algo (turíbulo, naveta, livros litúrgicos, velas, tochas, cruz) não
fazem genuflexão nem inclinação profunda.[ii] Após a genuflexão ou a inclinação,
conforme o caso, deve o celebrante beijar o altar, no lado em que irá celebrar, com as
duas mãos colocadas sobre ele. Caso esteja de barrete, o celebrante deve depô-lo e
entregá-lo a um acólito antes da genuflexão ou inclinação profunda, mas não o solidéu.
Os ceroferários colocam, então, as velas sobre o altar ou perto dele,
conforme o esquema anteriormente explicado (duas, quatro ou seis). É possível que
algumas velas já estejam no altar, e só existam dois ceroferários, de modo que as por
eles levadas constituam-se as que faltam. Ou então, todas as velas do altar sejam
levadas pelos ceroferários na procissão. Pode-se ainda ter todas as velas no altar, e
aquelas transportadas pelos ceroferários não se colocarão sobre ele, e sim perto do
ambão, ou na credência, ou ainda em outro local adequado. Esta última opção é usada
quando, na Consagração, dois ceroferários se colocam à frente do altar junto com o
turiferário, um de cada lado. O cruciferário coloca a cruz processional no altar ou perto
dele, se ela for a mesma cruz do altar. Se outra for a cruz do altar, a utilizada na
procissão é colocada na sacristia ou outro lugar adequado.
Caso seja usado incenso, o turiferário (ou o naveteiro) pode colocar mais
incenso ao chegar ao presbitério, mas não o sacerdote, que não poderá quebrar o
ritmo da celebração para preparar e abençoar o incenso.[iii] O turiferário entrega o
turíbulo ao celebrante que, então, após inclinar-se a ela, incensa a cruz processional,
caso ela esteja sobre o altar ou junto dele, com três ductos (senão, ao passar diante
dela), e, no fim, inclinando-se novamente. Incensa, então, o altar, com um só ictos: se o
altar for separado da parede, o sacerdote o incensa circundando-o, e se for junto a ela,
incensa primeiro a parte direita, depois a parte esquerda. Se houver uma imagem
exposta à especial veneração pública na ocasião, pode-se incensá-la depois da
incensação do altar: com três ductos se for imagem do Senhor, e com dois ductos se
for imagem da Virgem ou de outros santos.
Depois da incensação, entrega ao turiferário e vai para a cadeira com um
acólito e o librífero (o qual carrega até a cadeira ou o põe sobre o altar). O turíbulo é
levado para a sacristia ou outro lugar conveniente, e a naveta é colocada na credência.
Durante toda a incensação, um acólito deve acompanhar o celebrante, tocando, com
delicadeza e veneração, a sua casula, para lhe dar maior liberdade de movimento.
Para a incensação, é preciso lembrar-se de fazê-la com gravidade e decoro, conforme
ordenava o antigo Cerimonial dos Bispos em uso até a reforma litúrgica, e sem mover o
corpo ou a cabeça.
Se for uma Missa em que se autorize o uso de pluvial para uma procissão
prévia e o sacerdote, efetivamente, o portar, deve, após a incensação ou, em sua falta,
após chegar no presbitério e colocar-se à cadeira, tirá-lo e vestir o pluvial.[iv]
Então, o sacerdote na cadeira, com o librífero à sua frente, à esquerda,
mantendo aberto o Missal, faz-se o sinal-da-cruz por todos os fiéis, mas sua fórmula é
dita somente pelo celebrante. Não se pode substituir a fórmula própria e tradicional por
outra, ainda que pouca diferença ou com meros acréscimos àquela.
Após, o sacerdote, voltado para o povo, mesmo nas Missas celebradas
inteiramente versus Deum, dirige a SAUDAÇÃO propriamente dita, segundo uma das
fórmulas previstas no Missal Romano, a qual é respondida apropriadamente pelos fiéis,
segundo as mesmas disposições das rubricas.
Pode o sacerdote saudar a assembléia dos fiéis com um “bom dia” ou algo
semelhante?
A Santa Missa é um sacrifício de Deus Filho a Deus Pai, na unidade de Deus
Espírito Santo. Ainda que a humanidade, representada pelo povo que está na igreja,
seja a beneficiária do sacrifício, Deus é o destinatário. É a Ele que a Missa é dirigida, e
não aos fiéis, não à assembléia. Não está o sacerdote na Missa para dirigir um
espetáculo ao povo. Tampouco é a Missa uma palestra do padre à assembléia em
oração, ou uma exposição sua acerca do mistério da Cruz: ela é o próprio mistério da
Cruz tornado novamente presente!
Dessa maneira, não é conveniente que o sacerdote cumprimente os fiéis, no
início da Missa, como se fosse um animador de auditório, ou como se a eles fosse a
celebração dirigida. O padre está na Missa para oferecer um sacrifício ao Pai: é um
diálogo do sacerdote com Deus, e não do primeiro com o povo. Aliás, as intervenções
dialogadas entre o padre e os fiéis são uma motivação a estes para que, junto com o
sacerdote, apresentem-se unidos a Cristo no sacrifício oferecido ao Pai. Os pólos da
Missa não são o padre, de um lado, e o povo de outro, e sim esses dois – padre e povo
– de um, e Deus de outro. É Deus quem deve ser “cumprimentado”.
A única saudação é a própria do início da Missa, que serve como uma
bênção de Deus, através do sacerdote, para os fiéis que a Ele vieram oferecer Seu
Filho. O uso de outra saudação, como “bom dia”, “boa tarde”, além de sua falta de
senso em face do destinatário da adoração prestada na Missa, faz com que a
saudação litúrgica fique sem sentido. Sem falar no desserviço que presta tal abuso ao
caráter sagrado da celebração, contribuindo para a secularização, mundanização, de
algo tão precioso que é o culto eucarístico.
Após a Saudação, o celebrante, ou um comentarista, pode dirigir
brevíssimas palavras para introduzir os fiéis à Missa do dia.

[i] cf. ibidem, 48


[ii] cf. Cerimonial dos Bispos, 70
[iii] cf. ELLIOTT, Peter. Ceremonies of the modern roman rite, Revised
Edition, San Francisco: Ignatius Press, 2005, pp. 92-93
[iv] São omitidos os Ritos Iniciais, pois o rito anterior, de pluvial, os substitui.

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