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EXCELENTÍSSIMO SEN H O R JUIZ DE DIREITO D O ___

JUIZAD O ESPECIAL CÍVEL D A COMARCA DE


G OIÂ N I A

T.M.A . , natu ralidade, estado civil, aposentada,


endereço, telefone, C P F n. º X X X .X X X . X X X- X X, Iden tidade R G n º
X X X X X X X SSP / G O , vem, respeitosamen te peran te Vossa Excelência,
co m apoio no art. 461 §1 º , e ss. do C P C , e artigo 42, parágrafo ú n ico,
d o C D C , p ro p o r a p resente

A Ç Ã O A N U L A T Ó R I A D E D ÉBIT O C / C PE D I D O LIMI N A R D E
SUSPE NS Ã O D O S D ESC O N T O S

em face do

BA N C O FIBR A S / A , rep resentado po r quem


seus estatu t os indicarem, estabelecido na Alameda Santos, n ° 1.787, 13 º
andar, Ce rq uei ra C ésar, São Paulo-SP; fone: 0**11 3202-3006, expo n d o
para tan t o as razões de fato e de direi to que adiante seguem:

D os Fatos

1. A idosa T.M .A con ta com 67 anos de idade,


estando atualmen te aposentada jun t o ao I NSS, recebendo o benefício
n . º X X X .X X X . X X X- X através do Banco do Brasil S / A .

2. N o mês de novemb r o de 2006 a aposen tada


recebeu uma ligação de u ma financeira, deno mi nada U l t r a C réd i t us,
situada em T r i n dade, comu nicando que um senho r estava ten ta n d o
o b te r um emp résti mo, utilizand o u ma iden tidade falsificada da id osa.
N o local, apresenta ram-lhe u ma cópia do falso docu me n t o , nele
inserido grosseiramen te uma foto de ou t ra senho ra.

3. A oco r rê ncia foi registrada na 19 ª Delegacia


de Polícia de G oiâ nia, acreditand o a idosa ter havido apenas u ma
ten ta t iva de esteliona to . C o n t u d o , em fevereiro de 2007, a aposen tada
verificou a realização de u m descont o em seu benefício de
aposentado ria, n o valor de R$ 105,00 (cento e cinco reais).

4. A pós peregri nações ent re o I NSS e o Banco


d o Brasil, sem sequer conseguir saber o valor do emp rés ti mo realizad o,
n ú me r o de parcelas, bem como o ente financeiro respo nsável pelo seu
recebimen t o , a aposentada pr ocu r o u auxílio jun t o ao Ministéri o P úb lico
d o Estado de G oiás.

5. D ian te de tais fatos, foram requisitadas


info r mações ao I NSS, o qual apresent ou os dados referen tes à operação
financeira realizada. C o ns ta t o u-se que possíveis estelionatá r ios
co nseguiram realizar emp résti mo inciden te sobre o benefício
p revidenciário da idosa (Co n t r a t o n. º X X X X X X X X X ), no valor de R$
2.287,50 (dois mil duzen t os e oi ten ta e sete reais e cinqüen ta centavos),
a ser pago em 36 parcelas iguais de R$ 105,00 (cento e cinco reais),
ju n t o ao Banco Fibra S / A .

6. O c o r r e que a Idosa nu nca to mo u tal


emp rés ti mo ou auto r iz o u que terceiros o fizessem, especialmen te,
q ualquer tip o de t ra nsação com bancos ou financeiras. Jamais teve seus
d ocu me n t os pessoais ext raviados ou cedeu a te rceiros, ne m assino u
d ocu me n t os ou constit u iu pr ocu rad o r para tan t o . A idosa somen te
descobriu que fora víti ma de fraude quand o no t o u que seu beneficio
p revidenciário começou a vir em valor inferio r ao devido.

7. Po r cert o, te mos uma quad ril ha especializada


em lesar idosos, como neste caso. H á suspeita de envolvime n t o de
servido res do I NSS e bancos, para que dispon ha m dos dados cadastrais
d os idosos, facilitando operações fraudulen tas como esta. E m qualquer
crédit o desta natu reza, especialmen te quand o t ra ta r-se de idosos na
co ndição de mu t uá ri os, o crédito não deve ser concedido sem a
p recedência de con t ra t o escrito ent re as par tes.

8. Te mos verificado u ma prá tica abusiva d os


bancos encar regados de pagar o benefício previdenciário aos
aposentados. Lançam no ter mi nal de auto-atendi men t o , limi tes para
co n t ra tação auto má t icas de emp résti mos, com a possibilidade de
pagament o em 12, 14 ou 36 vezes. C o m isto, esteliona tári os, fazendo-se
passar po r fiscais do I NSS ou P r o m oção Social, seja estadual o u
mu n icipal, já de posse do r ol de beneficiários da p revidência e banco de
recebimen t o , no qual há endereço, visitam estas frágeis pessoas na
p r ó p r ia residência.

9. N u m a abor dagem convincen te, os induze m a


er ro , sob o falso argu men t o de que necessitam fazer o
“recadastra men t o” para evitar a suspensão do benefício, ou
“cadastra men t o” voltado ao recebime n t o de “cestas básicas”,
pat r oci nados pelo estado ou mu n icípio. Ali, de mod o fraudulen t o ,
ta mbé m utilizam falsos docu me n t os , ob tê m a senha bancária, t r oca m o
cartão bancário do idoso, valendo-se da senilidade e da boa-fé destes
sofridos seres, já com pouco discerni men t o .

10. Ge ral me n te, os aposentados somen te


descobrem que fora m mais uma víti ma de crime ao chegarem no banco
co m o cartão magnético de terceir os, verificando que o event ual saldo
d o benefício foi sacado, ou realizado emp résti mo no ter mi nal de au to-
atendi me n t o , ou via documen tação falsificada. C ancelam a senha e
cartão, originand o u m novo, mas o p rejuízo já oco r re u.

11. Inú me r os são os casos já no t iciados nesta


P r o m o t o r ia. N o caso da idosa T., ainda não se sabe o meio u tilizado
pelos esteliona tári os para a realização do emp résti mo. Ainda q ue a
o peração ten ha oco r r i d o através dos ter mi nais de auto-atendi me n t o , ou
d o uso de seu docu me n t o de iden tidade grosseiramen te falsificado,
facilmen te perceptível, o fato é que a operação financeira ocasio n o u
sérios p rejuízos à aposentada.

12. A pós o recebimen t o de ofício enviado pelo


Minis tério P úblico Estadual, requisitand o a suspensão dos descon t os das
p res tações do emp résti mo no benefício de aposentado ria da requeren te,
a instit uição financeira requerida ent r o u em con ta t o com a id osa,
info r ma n d o que os descon t os seriam cessados, bem como devolvida to da
a verba re ti rada indevidamen te de seu benefício.

13. T o davia, decor r id o quase um mês, as ditas


p r ovidências não foram realizadas pelo banco.

D o D irei t o

14. Te mos violado a regra geral de for mação


d os con t ra t os, prevista n o ar t. 104 e ss. do C ód igo C ivil. N ã o ho u ve
q ualquer precaução do Banco Requerido ao efetuar emp résti mo em
n o me da Idosa, à revelia desta, sem aut o r ização ou via p rocu ração. A
instit uição financeira sequer adoto u as devidas cautelas para analisar
u ma possível docu me n tação for necida para a con t ra tação do
emp rés ti mo , agindo de for ma imp r u de n te, senão negligente.

15. O Banco demandado, com seu ato, causou


p rejuízos financeiros à idosa T ., com 67 anos, devendo respo n der
o bjetivamen te po r tais danos.

16. Po r certo, sabendo da vulne rabilidade das


t r a nsações que envolvem emp rés ti mo consignado em benefício de
aposentado ria, evidenciada pelas as inú me ras oco r rê ncias de fraudes em
t o d o o país, a insti t uição financeira assume os riscos do negócio,
devendo, po r ta n t o , restit ui r em dob r o a idosa dos valores descontad os
em seu benefício previdenciário, nos te r m os do art. 42 do C D C .

17. N es te mes mo sentido, assim decidiu o


T r i b u nal de Justiça do Estado de G oiás:

“APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DE INDENIZAÇÃO


POR DANO MORAL C/C REPETIÇÃO DE
INDÉBITO. CONTRATO DE MÚTUO.
RESPONSABILIDADE DO BANCO. DESCONTOS
INDEVIDOS EM PROVENTOS DE
APOSENTADORIA. VALOR INDENIZATÓRIO.
DANO SOFRIDO. MANUTENÇÃO DO QUANTUM
ARBITRADO. I - o banco requerido deve ser
responabili zado pelos descontos indevido s em
proventos de aposentad oria, uma vez que não foi
firmado qualquer contrato de empréstimo com
consignação. II - O dano moral decorrente da
diminuição da capacida de financeira do apelado
bem como o constrangimento de ver descontado do
seu vencime nto quantia que não contrat ou, não
precisa ser provado, pois o mesmo e presumido.
ademais, os bancos também respondem
objetivamen te pelos danos que venham a causar a
seus clientes. III - A reparaçã o por dano moral
deve servir para recompor a dor sofrida pela
vítima, assim como para inibir a repetição de ações
lesivas da mesma natureza. Sua fixação, no entanto,
deve obedecer os princípios da razoabi lidad e e da
moderação. IV - Deve ser mantida a cobrança em
dobro do valor cobrado injustamen te, com os
acréscimos legais, nos termos do artigo sexto,
inciso III, do CDC e art. 186, 876 e 1059, do
Código civil. Recurso de apelação conheci do, mas
improvido.” (TJ GO. 1ª Câmar a Cível. Apelação
Cível n.º 108211-2/118. Relator Dr. Jeová Sardinha
de Moraes. DJ 15014 de 05/06/200 7)

D os pedidos

18. E m arre ma te, pos tula o Minis tério P úblico:

I. Seja observada a preferência p rocedime n tal de


atendi me n t o à idosa, confor me preceitua a lei t ra nscrita acima,
imp r i mi n d o o ri t o sumári o ao feito.

II. Concedi d a lim inar , oficiando ao I NSS para


q ue suspenda os desco nt os n o benefício n º X X X .X X X . X X X-X, de
ti t ula ridade da idosa T.M . A ., no valor de R$ 105,00 (cento e cinco
reais), até julgamen t o final, bem como, n o t ificando o Requerid o desta
p r ovidência, abstendo-se de inseri r o no me dela no serviço de p ro teção
ao crédit o, enquan t o t ra mi ta r este feito. Ai nda, conhecida e declarada
co mo abusivas a cob rança dos valores imp u tad o pelo Banco Requerid o à
Idosa, a tí t ul o de mú t u o supostamen te firmado, nos moldes acima
relatados.

III. Requer, ou t r ossim, a citação do Banco


Requerido, via postal, no endereço constan te da p ri mei ra página, para,
q uerendo , compa recer à audiência conciliató ria e / o u for m ular defesa,
sob pena de confissão quan t o aos fatos aqui discor r id os, apresentan d o
cópia do supos to con t ra t o .

IV. Pelo exposto, digne-se Vossa Excelência


julgar p rocedente os pedidos, anuland o o supos to con t ra t o n º
X X X X X X X X X , deter mi na n d o que o Banco Fibra S / A , limi na r me n te,
realize o ressarcimen t o pelos valores recebidos indevidamen te em
d o b r o, nos moldes previstos no ar t. 42 do C D C , sob pena de pagamen t o
de mul ta diária no valo r de R$ 100,00 (cem reais), a serem rever t id os
em p rovei to da Idosa.

V. Requer a opo r t u n i zação de pr od ução de


p r ovas, sem exceção, em direit o admi tid os, inclusive com o depoi me n t o
pessoal do(a) prepos to(a) do Requerido que ten ha “con tactado” a pessoa
respo nsável pelo emp résti mo, quand o da for m ulação do “cont ra t o ”,
fu ncio nári o do Banco Fibra S / A , sob pena de revelia, oitiva da
Requeren te e das testemu n has que comparecerão à audiência
independen te me n te de in ti mação.

N es tes te r m os ,
Pede deferime n t o .

G oiâ nia, 16 de julho de 2007.

T.M.A.
C P F n ° X X X .X X X . X X X- X X

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