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RESPIRAÇÃO

Um corpo saudável e forte necessita de alguns cuidados. Há um tripé


fundamental para uma saúde significativa e uma qualidade de vida
razoável: boa alimentação, atividade física moderada e felicidade.

Hoje vamos trabalhar com a alimentação. Mas o nosso assunto não é


respiração? Pois bem, o corpo humano é alimentado de energia biológica
que, no Yôga, chama-se prána. Essa bioenergia é que movimenta. Um
indivíduo com uma quantidade significativa de prána terá uma boa saúde,
será ativo, realizador e aproveitará a vida numa dimensão superior.

Nós retiramos a bioenergia ( prána) , do sol, dos alimentos, da água e


do ar. Portanto, boa alimentação significa ingerir alimentos bons para o
organismo, beber água em quantidade e qualidade excelentes e respirar ar
puro de forma que o organismo possa maximizar a absorção de
bioenergia. A qualidade do ar não está ao nosso alcance imediato, pois a
vida das grandes metrópoles implica numa certa dose de poluição do ar.
Entretanto, a respiração adequada de forma a absorver a maior quantidade
de bioenergia está disponível para qualquer um.

Por outro lado, a respiração é um processo consciente e inconsciente


ao mesmo tempo. Respiramos vinte e quatro horas por dia sem que
percebamos, porém podemos influir no ritmo respiratório. Portanto, a
respiração é um elo de ligação entre as funções conscientes e
inconscientes do ser humano.

Cada estado emocional possui um ritmo respiratório característico. Se


estivermos dormindo, a respiração é abdominal e lenta. Se estivermos
agitados, estressados, a respiração é superficial e torácica. Se estivermos
em estado de vigília, a respiração tenderá a ser completa. Nesses estados
emocionais, o ritmo respiratório é ajustado inconscientemente.

Certas características da personalidade humana manifesta-se


também na respiração. Pessoas tímidas ou medrosas tendem a ter uma
respiração superficial. Elas não conseguem expor-se ao ambiente e
interagir com ele de forma ampla. Ou seja, há um padrão normal de
respiração para cada indivíduo dependendo das características pessoais.

Toda a tensão emocional é materializada, no plano físico, com uma


contração muscular. Estados duradouros de tensão emocional refletem-se
em estados duradouros de contração muscular. Reich denominou esse
fenômeno de couraça do caráter. Quanto maior a tensão emocional, maior é
a couraça do caráter e mais superficial será a respiração.
Entretanto, os efeitos da emoção na respiração podem-se notar, de
maneira mais intensa, por ocasião de um fato especial. O encontro, por
exemplo, com uma grande paixão. O coração acelera, o rosto esquenta, as
mãos e os pés gelam e a respiração fica acelerada. Características
semelhantes acontecem com um grande susto ou uma situação muito
estressante.

Os estados emocionais afetam a respiração e o contrário também é


verdadeiro: a respiração afeta as emoções. Essa é uma chave fundamental.
Se a timidez

leva à uma respiração superficial e eu desejo vencer a timidez, posso


utilizar uma respiração profunda. Portanto, uma das maneiras de
administrar as emoções é a utilização de técnicas respiratórias.

Se as emoções se processam a nível inconsciente e provocam uma


respiração determinada, a respiração consciente em determinado ritmo,
leva a estados emocionais compatíveis. Entretanto, a respiração afeta não
só as emoções, mas também os estados mentais. O fluxo do pensamento é
determinado também pelo fluxo respiratório.

Ou seja, respirar corretamente produz diversos efeitos: há aumento


significativo da bioenergia; as emoções são facilmente administradas; e a
mente fica serena.

Os resultados aparecem de imediato? Quando você faz uma prática


de respiratórios e faz respirações profundas, você altera os estados
emocionais e mentais. É só parar de fazer o respiratório (pránáyáma) e a
respiração volta a ser a mesma. A razão é simples: se você respirou de
forma incorreta por vinte e dois anos, não é em uma prática que esse ritmo
é restabelecido.

Mas o caminho é esse. Você respira bem durante a prática. Com a


repetição da prática, aos poucos, a sua respiração correta cada vez mais
passa a fazer parte da sua vida. É bom frisar que não há magia. O resultado
depende da prática constante, contínua e freqüente.

Para o desenvolvimento adequado das técnicas respiratórias, o


correto é você encontrar um instrutor de Yôga formado. Porém, há técnicas
simples que podem ser executadas sem qualquer risco e excelentes
resultados.

Uma técnica simples, porém muito eficiente, é a respiração completa.


Conhecido como rája pránáyáma. Sente-se numa posição firme e
confortável. Inspire projetando o abdômen para fora, continue inspirando
expandindo as constelas para os lados e dilatando a parte mais alta do
tórax. Retenha o ar nos pulmões por alguns instantes. Expire soltando a
parte alta, depois a média e finalmente a parte baixa dos pulmões. Faça
essa respiração por dez minutos e vá aumentado o tempo aos poucos.
Qualquer técnica respiratória tem de ser gostosa. Não pode produzir
cansaço nem desconforto. A face deve manter-se serena e os batimentos
cardíacos não podem acelerar.

Outra técnica interessante é executar o respiratório ritmado enquanto


caminha. Você inspira em quatro passos. Retém o ar nos pulmões cheios
por quatro passos. Expira nos outros quatro passos. Repita o ciclo enquanto
caminha. Você pode ajustar o ritmo ao seu organismo. Se quatro for algo
que leve ao desconforto ou falta de ar, você inspira em três passos, retém
em três e expira em três. Ou seja, você pode aumentar ou diminuir o tempo
de acordo com o seu ritmo biológico. Não poderá haver cansaço, falta de ar
ou desconforto. Lembre-se sempre de respeitar o seu corpo. Não o agrida.

O ritmo na respiração produz efeitos fantásticos. Um ritmo suave,


cadenciado e fluido deixará as suas emoções e a sua mente, suave,
cadenciada e fluida. A respiração ritmada detona qualquer estresse. Porém,
o ritmo deve ser suave. Não deverá haver ruído e a respiração deverá ser,
nesses casos acima, sempre nasais. Ou seja, o ritmo deve ser suave como
uma pluma solta ao vento. Não poderá haver cansaço, transpiração,
aceleração cardíaca ou desconforto. Qualquer desses sinais significa que
você está exagerando na prática. Reduza o tempo de prática ou o ritmo dos
respiratórios.

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