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O Humanismo Português

 Contexto Histórico

Na Europa medieval, a Igreja surgia como proprietária dos textos escritos, que
mantinha sob vigilância nos mosteiros e bibliotecas. Limitava a circulação de informações,
impedindo a divulgação do saber.
Aos poucos, o ser humano foi deixando de lado a visão teocêntrica da existência
humana, passando a interferir mais objetivamente no mundo em que vivia.
Essa época foi caracterizada, fundamentalmente, por um processo da humanização da
cultura, através da preocupação com o homem individual e coletivo. A concepção
teocêntrica de vida continuava vigente, embora já começassem a despontar atitudes
contraditórias centradas diretamente no homem.

 Estilo Literário

A literatura humanista caracteriza-se pela poesia palaciana, pela prosa doutrinária e


pelo teatro.
Na poesia havia separação entre música e texto, utilizava-se redondilhos (maiores e
menores e a temática era variada com composições religiosas, satíricas, didáticas,
heróicas e líricas.
A prosa corresponde a textos de caráter didático, destinados à nobreza. São
Obras para o aprendizado de certas artes da época, como a montaria.
O teatro foi à manifestação literária onde ficavam mais claras as características desse
período.
Gil Vicente foi o nome que mais se destacou, ele escreveu mais de 40 peças e sua
obra pode ser dividida em dois blocos: Autos e Farsas

 Texto em Prosa

Compreende as crônicas históricas dos reis e do povo português e caracteriza-se pelo


detrimento do relato oral em favor da documentação escrita. Faz descrições detalhadas
sobre a mentalidade, os usos e costumes da sociedade portuguesa da época, através de
um trabalho de pesquisa e investigação crítica das fontes para confirmar a tradição e a
veracidade histórica dos fatos.

- Prosa Doutrinária

Uma vez que a dinastia de Havia tornou-se o centro da produção cultural portuguesa, há
a
Valorização dos escritos que encerrassem ensinamentos e a prosa doutrinária era
Justamente dirigida à nobreza, com finalidade pedagógica, conforme atestam os títulos
Das obras:
- Livro da Montaria, de D.João I, em que se ensina caçar o porco montês;
- Livro da Falcoaria, de Pero Menino, que se ensina a tratar das doenças dos falcões;
- Livro da Ensinança, de Bem Cavalgar toda sela, de D. Duarte.
- Virtuosa Benfeitoria e Leal Conselheiro, de D. Pedro
- Novela de Cavalaria:

As Novelas de Cavalaria, surgidas durante o Trovadorismo, são narrativas ficcionais de


acontecimentos históricos, relatos de combate e aventuras de cavaleiros medievais
enfrentando provações físicas e morais em nome da honra e do amor.

 Teatro Vicentino

Gil Vicente criticou toda a sociedade da época, suas peças apresentam indivíduos
de todos os segmentos sociais. É importante destacar que todo o moralismo
gilvicentino não é contra as instituições, mas contra os indivíduos que as
corrompiam. Na realidade, era contra as novidades trazidas pelas mudanças do
período que punham em risco a integridade do povo português.
Por outro lado, Gil Vicente inovou, mesmo escrevendo em redondilhos. Suas
representações apresentavam uma grande variedade temática, povoadas por
inúmeros personagens, amplitude temporal e justaposição de lugares. A alegoria,
as personagens-tipos e a variedade lingüística também o distinguem de seu tempo.
Suas personagens são generalizações, estereótipos, que representam toda
categoria profissional ou uma classe social (povoam suas peças as alcoviteiras, os
fidalgos, os frades, os judeus) e expressavam-se através de diversos registros
lingüísticos: arcaísmos, castelhano, saiaguês (falar típico de Saiago, região que faz
fronteira com Portugal), latim, português chulo, coloquial, popular, culto e erudito.
A produção teatral de Gil Vicente divide-se em três fases:

- Primeira Fase – marcada pelos traços medievais e pela influência espanhola de


Juan Del Encina. São desta fase: O Monólogo do Vaqueiro, o Auto Pastoril
Castelhano, o Auto dos Reis Magos, entre outros.
- Segunda Fase – aparecem a sátira dos costumes e a forte crítica social. São
desta fase: Quem tem farelos, O Velho da Horta, o Auto da Índia e a Exortação da
Guerra.
- Terceira Fase – aprofundamento da crítica social através da tragicomédia
alegórica, da variedade temática e lingüística, é o período da maturidade
expressiva. São desta fase: A Trilogia das Barcas, a Farsa de Inês Pereira, o Auto
da Lusitânia.

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