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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA VARA FEDERAL DA

SUBSEÇÃO JUDICIÁRIA DE

Autos n. ****************

., devidamente qualificada, por meio de procuradores, nos autos


da ação em epígrafe movida por e Fundação Procon vem, respeitosamente, à
presença de Vossa Excelência, com fundamento no artigo 1.009 e seguintes do
Código de Processo Civil, interpor o presente recurso de APELAÇÃO, face à r.
sentença de fls., consubstanciado pelas razões de fato e de direito a seguir
expostas, requerendo-se desde já o seu recebimento, em seus regulares efeitos,
assim como o seu conhecimento e provimento.
Por fim, requer a juntada da inclusa guia de recolhimento de
custa de preparo recursal, devidamente quitados.
Termos em que
Pede deferimento.
São Paulo, 13 de junho de 2018.

AZÕES DE RECURSO DE APELAÇÃO

Apelante:
Apelado: TONI AUTO POSTO LTDA.
Juízo: 04ª VARA CÍVEL DA COMARCA DE SÃO JOSÉ DOS CAMPOS -ESTADO DE SÃO
PAULO

Egrégio Tribunal,
Colenda Câmara,
Nobres Julgadores.

I – DA TEMPESTIVIDADE E DO CABIMENTO DO RECURSO.

01. O presente recurso deve ser considerado tempestivo, porquanto o


RECORRENTE fora devidamente intimado da R. decisão dos embargos de
declaração pelo D.J.E em 08/01/2013, restando inequívoca a tempestividade.

II - RAZÕES DO RECURSO.

02. Em que pese o acerto da sentença prolatada, o MM juiz deixou de arbitrar


de forma justa a condenação aos honorários, sem justificar as razões que a levou
ao valor simbólico atribuído, mesmo após o prequestionamento da matéria.

03. Com todo respeito, a R. decisão se mostra explicitamente injusta, errônea


e totalmente descabida, razão pela qual merece reforma.

II – BREVE RESUMO DOS FATOS.

04. Visa o RECORRENTE a majoração da verba de honorários advocatícios,


tendo em vista não ter sido observada, no momento da fixação dos honorários
advocatícios o limite determinado no artigo 20 do Código de Processo Civil.

05. Em que pese o Douto conhecimento do Ilustre magistrado, a R. decisão se


mostra equivocada, tendo o valor arbitrado em R$ 2.000,00 (dois mil reais) a
título de honorários sucumbenciais, valor ínfimo e desproporcional se comparado
o trabalho profissional desenvolvido, o tempo despendido com a causa, o vulto e
a complexidade da defesa apresentada que culminou na ANULAÇÃO da Execução
de Título Executivo Extrajudicial cujo montante é de R$ 353,862,18( trezentos e
cinquenta e três mil, oitocentos e sessenta e dois reais e dezoito centavos).

06. Além desse fato, verifica-se desde o momento do ajuizamento da ação o


arbitramento de 10% do valor da causa em favor do advogado da parte contrária,
que se revela, no presente caso, tratamento desigual às partes. Ora, data maxima
venia, arbitrar para a parte perdedora, caso tivesse vencido, honorários
equivalentes a 10% (dez por cento) do valor da causa, e para a outra, ao final
vencedora graças ao trabalho dos diligentes advogados, meros R$ 2.000,00 (dois
mil reais) não faz qualquer sentido.

07. Diante disso, a respeitável sentença, proferida pelo MM. Juiz “a quo” as fls.,
não merece prosperar pelos fatos e motivos a seguir delineados.

II - DA RESPONSABILIDADE DO ADVOGADO

08. Segundo a Constituição Federal de 1988, em seu artigo 133, o advogado é


considerado indispensável à administração da justiça, postulando em juízo os
interesses daquele que lhe outorga poderes para praticar atos em seu nome e
garantindo a efetivação do Estado Democrático de Direito.

09. O papel do advogado é tão importante quanto o dos magistrados e


promotores de justiça, buscando acima de tudo, a aplicação da justiça,
objetivando a plena satisfação dos interesses de seus clientes, obedecendo aos
ditames da boa-fé e da lealdade processual.

10. Assim, no caso em tela, verifica-se que o objetivo final do cliente (a extinção
do feito sem resolução do mérito) fora integralmente atingido, para satisfação
total da obrigação assumida, atuando no mesmo patamar que o advogado da
parte RECORRIDA, fazendo este jus arbitramento dos honorários sucumbenciais
equânime.

III – DA EQUIDADE E RAZOABILIDADE NA FIXAÇÃO DE HONORÁRIOS


ADVOCATÍCIOS:
11. Desde a promulgação
da Constituição Federal de 1988, instituída por um Poder Constituinte Orig
inário (não à toa chamada de cidadã, por sua índole democrática), todos são
iguais perante a Lei,
portanto, a condenação sucumbencial no processo civil tem de ser igual p
ara todos.

12. O artigo 5º da Constituição Federal dispõe que “Todos são iguais perante a
lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros
e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à
liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
”.

13. Esta garantia consta de todas as Constituições Brasileiras e é pilar do


Sistema Constitucional Brasileiro,
muito embora se entenda que esta garantia de isonomia não seja absoluta.

14. Nesse sentido, é importante a lição de Humberto Theodoro Júnior, em


Código de Processo Civil Anotado, 12 ed., Rio de Janeiro: Forense, 2008, p.39:

Razoabilidade do valor dos honorários arbitrados pelo juiz. Valores exorbitantes


e irrisórios. "A verba honorária, fixada 'consoante apreciação eqüitativa do juiz'
(art. 20, § 4º/CPC), por decorrer de ato discricionário do magistrado, deve
traduzir-se num valor que não fira a chamada lógica do razoável, pois em nome
da equidade não se pode baratear a sucumbência, nem elevá-la a patamares
pinaculares" (STJ, REsp. 651282/RS, Rel. Min. César Asfor Rocha, Quarta Turma,
jul. 13.02.2007, DJ 02.04.2007, p. 278). Recentemente, a Quarta Turma do STJ
entendeu que o arbitramento de honorários de sucumbência em montante
irrisório, que destoa de uma eqüitativa remuneração, fere o art. 20, § 4º do CPC,
além de ofender a dignidade do profissional da advocacia (REsp. 899193/ ES, Rel.
Min. Antônio de Pádua Ribeiro, julgado, por maioria, em 21.08.2007, DJ
26.11.2007, p. 204). Nesse sentido, foram citados os seguintes precedentes no
referido
julgamento: REsp. 281954/RJ, DJ 28.10.2002; REsp. 651226/PR, DJ 21.02.2005;
REsp. 840758/SC, DJ 09.10.2006.

15. Ora, deve o Magistrado valer-se da razão para arbitrar os honorários do


advogado. Não pretende o Advogado locupletar-se no caso em tela. Mas sim ter
reconhecido seu trabalho, pois, com sua experiência, atingiu o foco da questão,
dirimindo o problema e resolvendo os interesses de seu cliente.

16. Com todo o respeito, o valor fixado para a verba honorária não remunera
condignamente a atividade do profissional, que desenvolveu trabalho técnico de
defesa dos direitos de seu cliente e conseguiu êxito total na demanda.

17. O arbitramento dos honorários advocatícios em valor irrisório é aviltante e


atenta contra o exercício profissional. A fixação da verba honorária há de ser feita
com base em critérios que guardem a mínima correspondência com a
responsabilidade assumida pelo advogado, sob pena de violação do princípio da
justa remuneração do trabalho profissional.

18. No mesmo sentido: No mesmo sentido:


"RECURSO ESPECIAL. ADMINISTRATIVO E PROCESSUAL CIVIL. RECURSOS DO
S AUTORES E DA UNIÃO. VERBA HONORÁRIA. FIXAÇÃO EM VALOR FIXO E
ÍNFIMO. ART. 20, §§ 3º E 4º. OBSERVÂNCIA. MILITAR. PECÚLIO. LEI
7.963/89. PAGAMENTO ATRASADO. BASE DE
CÁLCULO: VALOR ATUAL DA REMUNERAÇÃO. BASE DE CORREÇÃO MONETÁ
RIA. POSSIBILIDADE.
É
certo que, vencida a Fazenda Pública, os honorários advocatícios podem s
er fixados em percentual inferior ao mínimo estabelecido no art.
20, mas no caso dos autos foram os mesmos estabelecidos em
percentual de valor fixo e ínfimo. Não há qualquer incompatibilidade entre o
disposto nos arts. 1º e 2º da Lei nº 7.963/89 e a
determinação de incidência de correção monetária,
considerando que o pagamento foi efetuado pela Administração com atraso.
Recurso dos autores provido; recurso da
União desprovido." (Resp 498.645/RS, Relator o
Ministro José Arnaldo da Fonseca, DJ de 27/09/2004).

PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO REGIMENTAL. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS.


FIXAÇÃO EM VALOR IRRISÓRIO. MÍNIMO
APLICÁVEL. ART. 20, § 3º, DO CPC. PRECEDENTES.
1. Agravo Regimental contra decisão que deu provimento ao Especial da
parte agravada, para
fixar o percentual de 10% (dez por cento) de verba honorária advocatícia,
sobre o valor da causa, em virtude de o v. Acórdão a quo tê-
la arbitrado em 5% (cinco por cento). 2. O art. 20, do CPC, em seu § 3º,
determina que os honorários advocatícios sejam fixados em um mínimo de
10% (dez por cento) e um máximo de
20% (vinte por cento) sobre o valor da condenação. Fixação do percentual
de 10% (dez por cento) de verba honorária advocatícia, sobre o valor da
causa, devidamente atualizado quando do seu efetivo pagamento.
3. Precedentes de todas as Turmas desta Corte Superior. 4. A questão não
envolve apreciação de matéria de fato, a ensejar o emprego da Súmula nº
7 do STJ, nem, tampouco, a incidência do § 4º, do art. 20, do CPC, mas, sim,
pura e
simples aplicação de legislação federal aplicável à espécie (art. 20, § 3º, do
CPC). 5. Agravo regimental não provido." (AGResp 461.014/BA, Relator o
Ministro José Delgado, DJ de 17/02/2003).
"PROCESSO CIVIL. HONORÁRIOS DE ADVOGADO. Pequeno que seja o valor
da causa, os tribunais não podem aviltar os honorários de
advogado, que devem corresponder à justa
remuneração do trabalho profissional. Recurso
especial conhecido e provido." (Resp 400.978/SC, Relator o Ministro Ari
Pargendler, DJ de 10/02/2004).
"PROCESSUAL CIVIL. AÇÃO RESCISÓRIA EXTINTA SEM JULGAMENTO DO M
ÉRITO. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. FIXAÇÃO. VALOR IRRISÓRIO.
1. O STJ tem conhecido de recurso especial quando se trata de rever a fi
xação de verba honorária em valores considerados irrisórios ou
excessivos, situação em que a decisão recorrida se
afasta do juízo de eqüidade preconizado na lei
processual. 2. A fixação da verba honorária há de ser feita com base em
critérios que guardem a mínima correspondência com a responsabilidade a
ssumida pelo advogado, sob pena de violação do princípio da justa
remuneração do trabalho profissional.
3. Recurso especial conhecido e provido." (REsp 401.197/SC, Relator Minist
ro João Otávio de Noronha, DJ 27/09/2004).

19. Em relação ao assunto, o ilustre desembargador do Tribunal de Justiça de


Minas Gerais, Eduardo Andrade, afirma que, nos casos em que o valor arbitrado
fica abaixo do razoável, deve o advogado recorrer:

“O artigo 20 do Código de Processo Civil estabelece parâmetros para essa fixação.


Em casos de descompasso com a lei, o profissional da advocacia deve recorrer em
nome da dignidade de sua atividade profissional, inclusive com recurso adesivo.
Considero importante e oportuno que a OAB patrocine campanha destinada aos
juízes para que, na fixação dos honorários sucumbenciais, valorizem o trabalho
dos advogados no processo, reconhecendo, efetivamente, a importância deles na
defesa do direito e da justiça”, concluiu.

20. Para o desembargador, a questão dos honorários merece várias reflexões


e ressalta que é preciso reconhecer ainda a grande dificuldade no recebimento
dos mesmos (S.I.C). Frise-se ainda, o caráter nitidamente alimentar dos
honorários advocatícios em tela.

21. Finalmente, pelo fato do excelente serviço prestado, utilizando a boa


técnica e o conhecimento adquirido na prática da advocacia, (Artigo 20, parágrafo
3º, “a” e “c” do Código de Processo Civil) alcançou a pretensão inicial do cliente,
de forma satisfatória e precisa, cumprindo exatamente o seu papel, merecendo
desta forma DIGNAMENTE receber os seus honorários de caráter alimentar.

IV - DO PEDIDO DE REFORMA

22. Isto posto, pleiteia o RECORRENTE que esta Colenda Corte, ante as razões
expostas, deem provimento a Apelação, elevando os honorários fixados, por ser
medida de costumeira e imparcial JUSTIÇA!
São Paulo, 18 de janeiro de 2018.

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