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Abstract
This essay analyzes the beginnings of
the archaeology of the Pantanal area,
1
Ensaio ganhador, em 2003, do concurso Prêmio Dra. Branislava Susnik, oferecido pelo Centro de
Estudios Antropológicos, da Universidad Católica (CEADUC), e Museo Etnográfico “Andrés Barbero”, da
Fundación La Piedad, de Assunção, Paraguai.
2
Professor do Departamento de Ciências Humanas (DCH), coordenador do Laboratório de Arqueologia,
Etnoistória e Etnologia (LAEE) e docente do Programa de Pós-graduação em História do antigo Campus
de Dourados da UFMS, atual UFGD – Universidade Federal da Grande Dourados. Correio eletrônico:
eremites@ceud.ufms.br
particularly Max Schmidt and Branka po. Portanto, ele deve também estudar
Susnik’s contributions to the knowledge as relações entre a sociedade e suas mu-
of the indigenous people of the lowlands danças e a prática científica, tal qual
of the Pantanal, an area located in cen- Pedro Paulo Abreu Funari (1994:25) pro-
tral South America. The study demons- pôs para se entender a Arqueologia no
trates that research developed by these Brasil, proposta esta que vem tendo res-
two anthropologists was the most im- sonância entre jovens arqueólogos bra-
portant in the period that spans from sileiros.
1870s to 1980s. Authors were both in- Estudar essas relações também ser-
fluenced by evolutionist and diffusionist ve para o autoconhecimento humano,
ideas of their time, publishing an impres- quer dizer, um conhecimento das suas
sive amount of scientific papers, today faculdades de cognição, do seu pensa-
considered important works of interest mento ou do seu entendimento da ra-
to social scientists, such as specialists zão, conforme explicou Collingwood
in Anthropology, Archaeology, Geogra- (1981:257). Ocorre, porém, que a co-
phy, History, Sociology and other rela- nexão entre autor-obra-meio, ou seja, a
ted areas. sociedade, dá-se em circunstanciamen-
tos mais gerais e históricos, às vezes
Key words: Anthropology, Archaeology, controvertidos e polêmicos até certo pon-
Branka Susnik, Max Schmidt, Pantanal to, cuja análise pode gerar questões de
litígio (Trigger, 1992; Arruda & Tengar-
rinha, 1999; Eremites de Oliveira,
Qualquer estudo acerca do desenvol- 2002b).
vimento das ciências sociais em países
Seguindo esta linha de raciocínio, jul-
platinos como o Brasil e o Paraguai, por
go ser importante citar as palavras ini-
exemplo, não pode omitir a contribui-
ciais que Funari recentemente utilizou
ção dada pelos antropólogos europeus
em sua resenha sobre o livro A Social
que vieram para a América do Sul, des-
History of Anthropology in the United
de a segunda metade do século XIX, com
States, de Thomas C. Patterson (2001):
a finalidade de realizar pesquisas etno-
gráficas. Todavia, uma investigação apu- Pode escrever-se uma História da ciência
rada sobre o assunto torna-se mais com- apenas a partir da discussão de questões
metodológicas? Pode isolar-se a História de
plexa do que pode parecer em um pri-
uma ciência social de sua inserção no teci-
meiro momento. Isto porque um traba- do social? Pode entender-se as transforma-
lho assim não deve limitar-se apenas a ções de uma disciplina sem relacioná-las
dizer quais pesquisadores atuaram em aos avatares da política? Questões como
determinada região, descrever as expe- estas parecem teóricas no contexto inter-
dições científicas, arrolar as peças de nacional da História das Ciências, na medi-
da em que a academia faz parte da socie-
coleções etnográficas, transcrever even- dade e, por isso, nunca poderia ser dela
tuais diários e enumerar as publicações desvinculada. (Funari, 2003:1)
mais conhecidas, isto é, cair na armadi-
lha de fazer uma espécie de História his- Partindo dessas idéias, portanto, ana-
toricizante ou factual. O trabalho é mais lisei os aportes de Max Schmidt e Branka
árduo e por isso mesmo fascinante e de- Susnik, fazendo menção ainda a alguns
safiador. Cabe ao investigador interes- outros autores, para o conhecimento da
sado no tema perceber os próprios cien- Arqueologia dos povos indígenas que se
tistas sociais estudados como agentes estabeleceram nas terras baixas do Pan-
históricos plenos, inserindo suas obras tanal, isto é, nas áreas inundáveis da-
e idéias no contexto político, econômico quela planície localizada na porção cen-
e sociocultural da época em foram pro- tral do subcontinente sul-americano. O
duzidas, enfim, no interior de seu tem- estudo realizado busca abordar suas his-
tórias de vida no contexto das socieda- tografia colonial como Laguna de los
des em que viveram e, com maior pro- Xarayes (Costa, 1999), não abrange ape-
fundidade, analisar, à luz de uma leitura nas parte da região Centro-Oeste do Bra-
historiográfica, parte de suas obras com sil, ainda que cerca de 140.000 km2 es-
o objetivo de entendê-las em quadros teja distribuídos nos atuais estados de
teóricos mais amplos e gerais. Propor Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, re-
algo assim não significa, necessariamen- gião historicamente conhecida como
te, querer compreender seus textos Pantanal Matogrossense. Uma outra par-
como sendo respostas automáticas a te de sua extensão prolonga-se pelos
certas correntes de pensamento e esco- atuais territórios da Bolívia e do Para-
las teóricas. Na verdade, penso que a guai, onde recebe outras denominações
proposta defendida é uma real possibili- devido à sua vinculação com o Chaco, o
dade de melhor compreender uma par- que ocorre em prolongamento natural na
te significativa dos legados de Schmidt bacia do rio Paraguai (Allem & Valls,
e Susnik à própria Antropologia Para- 1987). Em termos ambientais gerais,
guaia, cujo desenvolvimento também se talvez a diferença mais marcante entre
dá, para mais ou para menos, sob influ- o Pantanal e o Chaco está no fato da
ências das transformações epistemoló- região chaquenha apresentar um perío-
gicas registradas nas ciências sociais em do de estiagem mais pronunciado em
várias partes do mundo. comparação com o que ocorre na planí-
cie pantaneira (Valverde, 1972). Esta
Tenho clareza, porém, que este en-
situação resulta de vários fatores, den-
saio está mais para uma introdução ana- tre os quais as diferenças estruturais
lítica do que para um estudo cabal sobre marcantes em termos geomorfológicos
uma temática por demais complexa. Um (Moura, 1943).
estudo mais esmerado requereria uma
prospecção bem detalhada na obra dos Não obstante, do ponto de vista ar-
queológico e etnoistórico está claro que
dois antropólogos, investigando as rela-
o prolongamento natural entre as regiões
ções mais profundas nela existentes e
facilitou os intensos e constantes conta-
conhecendo com maior propriedade suas
tos interétnicos registrados entre povos
matrizes teóricas originais, bem como o
indígenas das duas áreas, inclusive du-
distanciamento que eles tiveram delas
rante os três primeiros séculos da Con-
ao longo de suas carreiras e as novas
quista Ibérica. Daí compreender uma
fórmulas resultantes do processo de
outra mensagem importante implícita
construção do conhecimento por eles
neste ensaio: o argumento de que os
gerado. Um trabalho desse tipo também
cientistas sociais devem perceber o
necessitaria de tempo, condições de pes- transcurso histórico e sociocultural dos
quisa e recursos materiais e financeiros povos indígenas nas terras baixas plati-
para refazer a trajetória intelectual de nas em sua totalidade espaço-temporal,
Max Schmidt e Branka Susnik, desde a especialmente do período pré-colombi-
Europa até a América do Sul, conhecen- ano à época colonial, ao invés de vê-los
do melhor seus interlocutores, bem como como meros fenômenos isolados, per-
seus afetos e desafetos teóricos, além ceptíveis apenas dentro das atuais fron-
de saber muito mais ainda sobre suas teiras político-territoriais ibero-america-
relações com a sociedade em que vive- nas. Logo, a Arqueologia e a Antropolo-
ram (indivíduos, coletividades, governos, gia no Brasil e no Paraguai possuem
instituições de pesquisa etc.), dentre muitas similitudes, seja do ponto de vista
outras tarefas. da história do desenvolvimento das ciên-
De momento, acredito ainda ser re- cias sociais nos dois países, seja a res-
levante explicar em tempo que a região peito da presença indígena nas áreas
do Pantanal, aquela conhecida na car- inundáveis da bacia platina.
atual Mato Grosso, em duas expedições: desejo pessoal: viver na simples natureza
a primeira em 1884 e a segunda em 1887 e com a máxima modéstia pessoal. As in-
quietudes regionais em Mato Grosso o obri-
(vide Steinen, 1897, 1940; Coelho,
garam a abandonar seu refúgio (Susnik,
1993). Além disso: 1951:9).
Na literatura especializada, Karl von den
Steinen vem sendo referido ora como inici- Tais inquietudes parecem ter sido re-
ador da investigação científica dos povos ferentes à compra de um imóvel, tran-
‘primitivos’ na América do Sul e reforma- sação em que Schmidt acabou sendo tra-
dor dos métodos de investigação, ora como paceado, segundo informação pessoal
‘decano dos exploradores etnográficos sul- que recebi de Adelina Pusineri, atual di-
americanos’ e pesquisador de determinan-
te influência sobre a investigação científica
retora do Museu Etnográfico “Andrés Bar-
imediatamente posterior. Na realidade, era bero”, de Assunção, em setembro de
pioneiro e propulsionador da etnologia brasi- 19983 . Como o negócio havia sido feito
leira, tudo em uma pessoa e mais (Thie- com alguém com poder econômico e po-
me, 1993:37). lítico na sociedade da época, o melhor
que ele fez foi deixar a região e partir
Max Schmidt, por seu turno, deve ser
para um porto mais seguro, a República
considerado o pioneiro, o iniciador das
do Paraguai.
pesquisas arqueológicas no Pantanal,
região onde esteve em 1901, 1910 e O antigo Mato Grosso não foi apenas
1928. Seus trabalhos mais importantes uma predileta área de pesquisa para Max
para a Arqueologia Pantaneira foram pu- Schmidt. Foi a região que primeiramen-
blicados em 1902, 1905, 1912, 1914, te escolheu para viver após deixar a Eu-
1928, 1940 (1940a, 1940b), 1942 ropa. No entanto, ao ter de deixá-lo em
(1942a, 1942b), 1951 e 1974. Naquela 1931, Schmidt viajou para Assunção,
grande planície de inundação, a maior onde conhecia Andrés Barbero (1877-
área inundável contínua do planeta, seu 1951), filantropo e estudioso paraguaio,
objetivo maior foi estudar os índios Guató na época presidente da Sociedade Cien-
(Economia, Etnografia, Etnoistória, Di- tífica do Paraguai. Foi precisamente
reito e Lingüística, dentre outros assun- Barbero quem encarregou Schmidt da
tos), bem como recolher material etno- sistematização de uma coleção etnográ-
gráfico e arqueológico para o Museu de fica e arqueológica existente nos museus
Etnologia em Berlim. Sua primeira pas- etnográfico, histórico e de ciências na-
sagem pelo Pantanal ocorreu devido à turais daquela cidade (Susnik, 1991;
orientação dada pelo próprio von den Pusineri, 1993). Após a morte do estudio-
Steinen. so paraguaio, o museu passou a ser cha-
mado Museu Etnográfico “Andrés
Em 1931, três anos após sua última
Barbero”.
expedição a Mato Grosso, a vida de Max
Schmidt tomou outro rumo, conforme Nas décadas de 1930 e 1940,
explicou Branka Susnik: Schmidt realizou várias pesquisas etno-
gráficas e arqueológicas no Paraguai. Em
Em 1931, Max Schmidt renuncia a seus
cargos no Museu e na Universidade de Ber-
1941 foi nomeado presidente honorário
lim, à idade de 57 anos; abandonou para da Sociedade Científica do Paraguai e em
sempre a Alemanha, estabelecendo-se em 1948 inaugurou, pela primeira vez na Re-
Mato Grosso – Ilha de Boa Esperança, pró- pública do Paraguai, a cátedra de Etno-
ximo a Cuiabá –, de onde pretendia animo- logia junto à Facultad de Filosofia de la
samente prosseguir suas investigações et- Universidad Nacional de Asunción (UNA).
nográficas e, por sua vez, concretizar seu
Ele faleceu na capital do Paraguai aos
3
Por meio de conversas informais com Adelina Pusineri, em setembro de 1988 e julho de 2000, pude
obter algumas informações ainda não publicadas sobre a história de vida de Max Schmidt e Branka
Susnik.
dos precursores do que atualmente se rio Caracará, atual Mato Grosso, pu-
conhece por Etnoarqueologia (Eremites blicando seus estudos em Die Guato und
de Oliveira, 1996); investigou etnográ- ihr Gebiet. Ethnologische und
fica e arqueologicamente algumas estru- archäologische Ergebnisse der Expediti-
turas monticulares do tipo aterro, assim on zum Caracara-fluss in Matto-Grosso
conhecidas no Brasil, ou mound, termo (Schmidt, 1914).
largamente conhecido na Arqueologia Da terceira e última expedição, rea-
Estadunidense, e outros tipos de assen- lizada em 1928, ele retomou alguns as-
tamentos Guató existentes na região do suntos investigados em 1901 e 1910,
naturais, dito de outro modo, do que se populações humanas dentro dos ecossiste-
chama determinismo geográfico. Porém, mas. O foco de suas pesquisas está cen-
trado em sociedades relativamente estáveis
segundo o próprio Schmidt (1959:5),
(Morán, 1994:67).
Ratzel aperfeiçoou o estudo da depen-
dência do homem em relação à nature- Além disso, na obra de Max Schmidt
za para formar dentro da Geografia ge- há outras questões que merecem desta-
ral, uma disciplina particular, a chama- que.
da Antropogeografia. Inspirado nessa
Em seus primeiros trabalhos, a exem-
disciplina surgiu o método histórico-cul-
plo de Die Guató e Indianerstudien in
tural alemão (Harris, 1993) ou a Escola
Zentralbrasilien, respectivamente publi-
Difusionista Alemã, a Kulturkreislehre
cados em 1902 e 1905, resultados das
(Morán, 1990), do qual Max Schmidt foi
pesquisas feitas no limiar do século XX,
um dos representantes no Museu de Et-
percebe-se claramente que o jovem Sch-
nologia em Berlim, embora não tenha
sido citado em sínteses sobre a história midt fazia questão de registrar seus pon-
da Antropologia e suas principais cor- tos de vista a respeito das experiências
rentes teóricas, escritas por cientistas que teve com vários povos indígenas sul-
sociais de língua inglesa e portuguesa. americanos. Esta característica marcan-
te em seu estilo de escrever foi pratica-
Seu conterrâneo e colega de profis-
mente eliminada nos estudos publicados
são, Ludwig Kersten (1968 [1905]), au-
a partir do segundo decênio do século
tor da obra Las tribos indígenas del Gran
XX. Branka Susnik tratou dessa situa-
Chaco hasta fines del siglo XVIII. Una
ção com bastante conhecimento:
contribuición a la Etnografía Histórica de
Sudamérica, também foi influenciado Em seu livro ‘Indianerstudien in Zentralbra-
pelas idéias ratzelianas, prova de que a silien’, Schmidt descreve na primeira parte
as experiências vividas nas aldeias de dife-
escola por ele fundada marcou época na
rentes tribos, então quase independentes;
Alemanha e influenciou muitos etnólo- traduz ademais alguns de seus pontos de
gos na América do Sul. vista de etnólogo e homem. Sentia uma
A Antropogeografia não é, pois, senão necessidade individual de buscar – fora da
abrumadora sociedade européia daqueles
uma proposta que antecedeu ao surgi-
tempos – uma existência ‘natural’ dos pri-
mento do método da Ecologia Cultural mitivos que não estavam em contato dire-
na Antropologia Estadunidense, o qual to com a ‘refinada civilização’ ... Era pre-
tem por objetivo maior estudar as rela- missa própria da época ver que o índio é
ções entre cultura e entorno, ou seja, a ‘um filho da natureza’ (Susnik, 1991:6-7).
adaptação cultural frente ao meio
Mais adiante a autora fez a seguinte
ambiente (Hardesty, 1979; Kaplan &
ponderação:
Manners, 1981; Netting, 1986; Viertler,
1988; Harris, 1993, 1995; Morán, 1994; Não obstante, Schmidt seguia buscando,
Neves, 1996; e outros). O refinamento com uma sinceridade quase apaixonante,
sua própria busca intelectual e espiritual,
do método da Ecologia Cultural, por sua
muitas vezes colocando em perigo sua vida
vez, culminou com a formação do que diante dos intermitentes ataques de malá-
atualmente se conhece por Antropolo- ria nos lugares mais inóspitos, solitários,
gia Ecológica: povoados por indígenas cujas reações ao
‘branco de passagem’ ou visitante nunca
Uma abordagem mais biológica para a eco- eram previsíveis (Susnik, 1991:7).
logia cultural surgiu na década de 1960.
Esta abordagem, fortemente centrada na Em seus últimos trabalhos, como no
teoria evolutiva e ecológica, ficou conheci-
da como antropologia ecológica, assinalan-
artigo Anotaciones sobre las plantas de
do a importância atribuída ao sistema eco- cultivo y los metodos de agricultura de
lógico. A abordagem multidisciplinar da an- los indígenas sudamericanos, publicado
tropologia ecológica enfatiza o estudo de postumamente em 1951 e traduzido para
o inglês em 1974 (Schmidt, 1951, 1974), tes de natureza variada (ecológicas, et-
nota-se que o velho Schmidt estava in- nográficas, lingüísticas, textuais etc.).
teressado em produzir estudos de cará- Buscou amiúde compreender os siste-
ter mais teórico e menos descritivo. Nes- mas socioculturais dentro daquilo que
se caso em especial, Schmidt apresen- hoje em dia se conhece por uma pers-
tou um excelente ensaio de Etnobotâni- pectiva geográfica e temporal de longa
ca que abrange a interpretação de da- duração, sem se esquecer, no entanto,
dos sobre vários povos indígenas da de questões como continuidade, mudan-
América do Sul, incluindo alguns sobre ça, diacronia e sincronia. Acrescenta-se
o manejo de plantas entre os Guató, o fato de ele ter sido um grande especi-
tema recentemente resgatado por Ere- alista em cultura material, o que torna
mites de Oliveira (1996, 2001). seus trabalhos de grande relevância para
Penso que se von den Steinen é o a Arqueologia. Em seu currículo ainda
pioneiro e propulsionador da etnologia consta um considerável conhecimento
brasileira e que, ainda hoje em dia, con- sobre fotografia e Geografia, dentre ou-
tinua importante e até está sendo re- tras áreas, além de uma singular capa-
descoberto pela ciência atual (Thieme, cidade de observação e registro etnográ-
1993:38), Schmidt igualmente é o pio- fico.
neiro em Etnoistória, Etnologia e Etno- Para finalizar esta parte do ensaio,
arqueologia Guató, bem como em pes- mais uma vez cito Herbert Baldus:
quisas arqueológicas sobre a pré-histó- A bibliografia de Max Schmidt testemunha
ria do Pantanal. Este seu pioneirismo rara multiplicidade de interesses. Outros-
talvez possa ser estendido para a pró- sim, quando tinha determinado ponto de
pria Arqueologia no Paraguai, da qual vista não se fechava para a observação de
também foi um dos precursores4. Porém, outros aspectos do mesmo assunto. Assim,
por exemplo, como quase todos os etnólo-
ao contrário de seu mestre e conterrâ-
gos de sua geração e da anterior, Max Sch-
neo, Max Schmidt ainda precisa ser re- midt tinha seu trabalho orientado pela idéia
descoberto pela ciência atual, registra- de que se aproxima a última hora dos po-
se amiúde, não apenas pelas suas in- vos naturais, provindo disso a necessidade
vestigações no Pantanal, mas pela gran- urgente de reunir tudo quanto poderia ser-
de contribuição, sobretudo etnológica, vir para documentar suas culturas perante
a posteridade (Baldus, 1951:257).
para o conhecimento de vários povos
indígenas da América do Sul, incluindo Contemporâneo de Max Schmidt, o
aqui os alto-xinguanos e chaquenhos, etnólogo estadunidense Vincent M. Pe-
dentre outros. Entre os arqueólogos bra- trullo (1932) também está entre os pri-
sileiros, para ser mais específico, há um meiros investigadores de sítios arqueo-
grande desconhecimento de seus traba- lógicos no Pantanal. Em abril de 1931,
lhos, embora Kipnis et al. (1994/1995) realizou pesquisas arqueológicas e et-
tenham relacionado, em uma listagem nológicas no âmbito da Expedição Mato
bibliográfica, doze publicações de suas Grosso. Fez escavações em dois sítios
autoria. existentes na localidade de Descalvado,
Max Schmidt sempre procurou estu- porção setentrional do alto curso do rio
dar os povos indígenas a partir de fon- Paraguai, município de Cáceres, Mato
4
O arqueólogo e historiador brasileiro Francisco Silva Noelli, um dos maiores especialistas da atualida-
de em Arqueologia e Etnoistória Guarani, estava sistematizando e analisando uma imensa gama de
dados arqueológicos, etnográficos e etnoistóricos sobre povos Guarani do período colonial. Os resulta-
dos de seus estudos deveriam ter sido apresentados sob forma de tese de doutorado na Universidade
de Campinas (UNICAMP). Em seus estudos, ainda inéditos, consta uma relação de sítios Guarani loca-
lizados na República do Paraguai, dentre os quais alguns identificados pelo próprio Max Schmidt na
década de 1930, situados em Assunção, Villa Hayes, Carmen del Paraná, Ypané, Guarambaré, Capitán
Meza e Lambaré, de acordo com dados recebidos do próprio autor em fevereiro de 2002.
do Velho Mundo, até datas recentes, repre- dígenas do Chaco e do Pantanal. Isso
senta um esforço sério e profundamente explica o interesse que ela tinha pela
científico por superar as numerosas defi-
bacia do alto Paraguai, em tese uma das
ciências oferecidas pela excessivamente
simplista orientação evolucionista clássica: principais rotas fluviais para migrações
toma do próprio evolucionismo aquelas idéi- indígenas (pré-históricas e históricas) no
as que considera mais positivas e seguras, centro da América do Sul. Seu estilo de
aprofunda e refina sua metodologia e che- redação científica, no entanto, é conhe-
ga a criar um dos quadros interpretativos cido por ser pouco ortodoxo do ponto de
mais universais, coerentes e compreensi-
vos dos quantos se haviam elaborado até
vista acadêmico stricto sensu, às vezes
então, para explicar as grandes diferenças de difícil compreensão e marcado pela
e profundas semelhanças entre as culturas ausência de maiores discussões sobre as
do passado e do presente da Humanidade fontes utilizadas, o que em muito difi-
(Alcina Franch, 1989:28). culta a compreensão de algumas de suas
idéias. Sem embargo, avalio que no ge-
Maria Eunice Jardim Schuch, por sua
ral seus estudos superaram praticamente
vez, assim pontuou:
todos os trabalhos anteriormente publi-
Uma das maiores autoridades que trata das cados, como é o caso dos de Ludwig
populações do Alto Paraguay do ponto de Kersten (1968 [1905]) e Alfred Métraux
vista etnoistórico é, sem dúvida, Branisla-
va Susnik, que realiza suas pesquisas a
(1942, 1944, 1963). Avalio que uma lei-
partir do Museu Etnográfico ‘Andrés Barbe- tura apurada sobre a obra completa de
ro’, em Assunção. Sua obra é imensa e Susnik, algo que ainda não foi feito por
abrange praticamente todas as etnias do nenhum pesquisador, requer, necessaria-
Paraguay, detendo-se especialmente nos mente, analisar vários de seus textos e
Guarani, além de trabalhos que abordam
situá-los no contexto da época em que
etnias de outras regiões. Seu trabalho é
marcadamente difusionista: ela procura foram produzidos, percebendo assim o
analisar a expansão das etnias levando em desenvolvimento de seu pensamento.
conta traços culturais que são transmitidos Isso porque, ao que tudo indica, ela teve
de uma etnia para outra, trata as migra- momentos difíceis em sua vida pessoal,
ções e deslocamentos populacionais a par- situações estas que talvez expliquem seu
tir da pressão exercida por alguns grupos
estilo de escrever em determinados mo-
sobre outros na disputa de territórios, por
locais de caça e coleta, entre outros (Schu- mentos de sua carreira.
ch, 1995:13). Recentemente, apenas para citar um
exemplo, Maria Cristina dos Santos, au-
Continua:
tora do artigo Clastres e Susnik: uma
De certa forma, esta perspectiva está pre- tradução do “Guarani de papel”, embora
sente em toda a obra da autora, que traba- tenha chamado Branka Susnik de “Mãe-
lha fundamentalmente a partir da análise
Fundadora da Etnohistória Guarani” [sic.]
de fontes documentais e apresenta um es-
quema amplo sobre a dispersão de vários (Santos, 1999:207), teceu várias críti-
grupos do Chaco e regiões vizinhas. Pela cas à autora, algumas inclusive em tom
carência de dados arqueológicos para a pouco elegante. Eis uma delas:
área, Susnik trabalha basicamente com fon-
tes documentais o que, às vezes, faz com Criadora, provavelmente involuntária, da
que se coloquem em dúvida algumas de Associação Guarani de Normas Técnicas da
suas afirmativas (Schuch, 1995:14). Susnik-AGNTS, persiste ao longo de suas
publicações um texto em que as referênci-
Na verdade, Susnik foi quem mais as bibliográficas e/ou documentais são um
mero apêndice, não havendo nenhuma ne-
analisou, via método comparativo, as cessidade de relação entre dado/informa-
fontes textuais de valor etnoistórico e a ção/nota/referência documental ou biblio-
literatura etnológica sobre os povos in- gráfica5 . Aquele mais desavisado, que ten-
5
Da mesma maneira que sintetiza as referências bibliográficas, Susnik atua em relação às referências
de documentos e obras do Arquivo Nacional de Asunción, que possui seções arbitrariamente organiza-
tar a peripécia de conferir, terá a dimensão quisadora. Junto a isso, porém, um estilo
do que se afirma acima (Santos, 1999:209). extremamente conciso, certa desordem na
apresentação do discurso, um nada con-
Esse tipo de análise, provavelmente vencional sistema de abreviaturas e cita-
realizada a partir de uma leitura sincrô- ções, dificultam consideravelmente a leitu-
nica de parte da produção intelectual da ra desses textos e até a sua reta compre-
ensão (Melià, 1987:68).
antropóloga, pode sugerir aos mais afoi-
tos que Susnik não analisou todas as fon- As palavras de Melià sugerem, den-
tes mencionadas em seus livros e arti- tre outras coisas, que os estudos e as
gos. Contudo, as centenas de fichas de idéias de Susnik, divulgados por meio
leitura guardadas no Museu Etnográfico de palestras, aulas e publicações, tam-
“Andrés Barbero” podem comprovar que bém serviram de contraponto a certas
ela não fazia uso de sofismas em seus representações construídas acerca dos
estudos. Pelo contrário, era uma pesqui- povos Guarani e de sua participação na
sadora que registrava a seu modo as fon- constituição histórica e sociocultural da
tes textuais primárias e secundárias ana- sociedade paraguaia. Segundo o autor,
lisadas. Uma prova de que a autora co- tais representações eram defendidas por
nhecia e bem as fontes textuais da épo- partidários de uma historiografia tradi-
ca colonial, por exemplo, é a obra Intro- cional de inspiração liberal, vigentes na
dución a las fuentes documentales refe- época. Logo, ainda que de maneira dis-
rentes al índio colonial del Paraguay, um creta, a seu modo ela também atuou na
importante guia escrito por ela própria desconstrução de alguns mitos historio-
(Susnik, 1992). gráficos sobre os povos Guarani, bem
Em O Guarani: uma bibliografia et- como na construção e vulgarização de
nológica, Bartomeu Melià, provavelmen- outras imagens, por sinal mais críticas
te o maior especialista da atualidade em que as anteriores, algo bastante relevan-
Etnologia e Etnoistória Guarani, quem te para repensar a própria identidade
conheceu pessoalmente Susnik, escre- nacional paraguaia.
veu uma avaliação sensata sobre a au- Os trabalhos de campo em Arqueo-
tora. Segue um trecho de sua análise: logia realizados por Branka Susnik, por
A Dra. Branislava Susnik, desde seus Apun-
outro lado, são metodologicamente se-
tes de etnografía paraguaya (1961), traça melhantes aos de Max Schmidt, embora
uma etnoistória guarani em sentido estri- os dele sejam mais detalhados, princi-
to, que será desenvolvida em numerosas e palmente quanto à descrição e localiza-
contínuas novas publicações. Com formu- ção dos sítios. Ambos não chegaram a
lações muito sintéticas e críticas, as obras
fazer modernas escavações arqueológi-
de Susnik apresentam uma história do Gua-
rani bem diferente da imaginada e ideolo- cas, até porque suas explorações foram
gizada pela historiografia tradicional de ins- feitas em grandes áreas, com pouco tem-
piração liberal, que dominava no Paraguai po disponível, precárias condições infra-
até então. estruturais e paralelamente a pesquisas
de cunho etnográfico. No que diz res-
Pesquisa de novas fontes históricas nos ar-
peito às interpretações teóricas, as de
quivos, aplicação de uma hermenêutica a
partir de categorias antropológicas, fideli- Schmidt são caracterizadas por um en-
dade aos dados e propostas de hipóteses foque ecológico, materialista, como ex-
originais, marcam as formas da etnoistória plicado anteriormente, ao passo que as
guarani elaborada por esta incansável pes- de Susnik são marcadas por uma leitura
das, melhor seria dizer reunidas (Seção História ou Nueva Encadernación). Exemplo de referências
resumidas: ‘No faltavan las ventas de ‘puestos de estancias’ de más de 2500 hectares de dimensión.
[IH-127, N°2.]’. Cf. Susnik, Branislava. Una visón sócio-antropológica del Paraguay del siglo XVIII.
Asunción, 1990-91, p. 108. Encontrar algum dado com estas referências é mero golpe de sorte (San-
tos, 1999:209).
terétnicos entre povos indígenas das ter- recorrida em estudos sobre os povos
ras baixas platinas com povos das ter- Guarani dos primeiros contatos com os
ras altas andinas, os quais resultaram europeus: El indio colonial del Paraguay.
em mudanças socioculturais. Mais: de- El Guaraní colonial (Susnik, 1965). Mas
monstram que alguns povos indígenas com a série Los Aborígenes del Paraguay,
do Pantanal, a exemplo dos Xaray (Ara- ensaios importantes para a Arqueologia
wak), possuíam uma organização social Pantaneira foram publicados, merecen-
e econômica marcada pela existência de do destaque os conhecidos Etnología del
hierarquias entre os indivíduos, ou seja, Chaco Boreal y su periferia (siglos XVI y
de uma complexidade sócio-política que XVIII) (Susnik, 1978) e Cultura Material
emergiu em tempos pré-históricos e fi- (Guaraníes y Chaquenhos) (Susnik,
cou mais conhecida pelos relatos produ- 1982). A primeira, que considero um
zidos por conquistadores dos séculos clássico da autora, contém um capítulo
XVI, XVII e XVIII. inicial que trata exclusivamente dos po-
Por outro lado, sua tese a respeito vos indígenas do alto Paraguai. A segun-
das migrações pré-históricas motivadas da contém uma gama notável de dados
basicamente por pressões demográficas, etnográficos, sistematicamente coleta-
associadas a conflitos por áreas com da, organizada e analisada, de grande
maior capacidade de suporte para ativi- relevância para a caracterização dos sis-
dades de caça e pesca, merecem ser re- temas socioculturais Guarani e chaque-
lativizadas à luz de aportes como os clás- nhos dentro de uma perspectiva sincrô-
sicos Man the Hunter (Lee & De Vore, nica e diacrônica. Nesses três trabalhos
1973) e Economia de la Edad de Piedra Branka Susnik prossegue com o enfo-
(Sahlins, 1977), obras que derrubaram que histórico direto que lhe é peculiar,
antigos paradigmas evolucionistas sobre tratando de questões como adaptação
a subsistência de caçadores-coletores, ecológica, contatos interétnicos, cultura
além de estudos regionais como os de material, difusão cultural, migrações pré-
Eremites de Oliveira & Viana (1999/ históricas, organização social, territori-
2000), Migliacio (2000) e Eremites de alidade e alguns outros.
Oliveira (2002a). Além disso, as classi- Dos últimos livros publicados pela an-
ficações raciais que estão presentes nes- tropóloga, dois são muito interessantes:
sa e em outras obras de sua autoria, ba- Interpretación etnocultural de la Com-
seadas unicamente em características fe- plejidad Sudamericana Antigua – I: for-
nótipas, não são mais aceitas diante das mación y dispersión étnica (Susnik,
modernas contribuições da Genética. 1994) e Interpretación etnocultural de
Essas observações são válidas para a la Complejidad Sudamericana Antigua –
maioria dos trabalhos científicos de II: el hombre, persona y agente ergoló-
Branka Susnik, em especial para aque- gico (Susnik, 1995a). Os dois trabalhos
les de interesse ao estudo da pré-histó- contêm uma síntese de idéias que Sus-
ria pantaneira. nik amadureceu ao longo das décadas
de 1960, 1970 e 1980 (vide Susnik,
Três anos depois, em 1975, a autora
1975), extrapoladas para uma área ge-
publicou o livro Dispersión Tupí-Guaraní
ográfica maior, o subcontinente sul-ame-
Prehistórica: ensayo analítico (Susnik,
ricano. Carecem, contudo, de uma
1975), provavelmente um de seus livros
exaustiva análise da literatura arqueo-
mais citados fora do Paraguai, especial-
lógica mais recente sobre as temáticas
mente entre os brasileiros especializa-
investigadas.
dos em Arqueologia Guarani como Bro-
chado (1984), Noelli (1993), Noelli et al. Afora os trabalhos citados, outros
(1996) e Soares (1997). Uma outra obra merecem destaque: Las características
sua também tem sido freqüentemente etno-socio-culturales de los aborígenas
medida em que o autor os associa a an- ção de uma identidade nacional, associ-
tigas populações indígenas, decodifican- ada a povos e culturas nobres ou civili-
do-os como sendo elementos da natu- zadas do Velho Mundo, sobretudo da
reza e os relacionando com o cotidiano Europa e do Oriente Próximo. Essa tare-
indígena: sol, lua, estrelas, mão e pé de fa foi abraçada pelo Instituto Histórico e
homem, pata de onças e folhas de pal- Geográfico Brasileiro (IHGB), instituição
meira. Seu desenho, porém, não é tão ligada à Monarquia e encarregada do
fidedigno quanto o feito por Max Schmi- projeto de construção da identidade na-
dt (1942a:120 [1905]) em 1901. Nesse cional após a independência política do
caso em específico, a interpretação de Brasil, ocorrida em 1822 (Martius, 1991;
Fonseca destoa da de muitos de seus Campos, 1977; Langer, 1997a, 1997b;
contemporâneos do Nordeste e de ou- Guimarães, 1988). O IHGB, por seu tur-
tras regiões do Brasil, haja vista que nela no, lançou mão do que Ferreira (1999)
não há uma leitura fantasiosa sobre as chamou de Arqueologia Nobiliárquica, ou
gravuras encontradas no Pantanal (vide seja, de uma Arqueologia que pudesse
Martin, 1996). Schmidt (1942a:119), no elevar o Brasil à categoria de nação civi-
entanto, não deu crédito algum a essa lizada. Isso poderia ser feito através da
leitura afirmando que “aquelas figuras descoberta de um passado nobre, ainda
nada apresentam que possa relacionar- que situado em um longínquo passado
se com semelhante interpretação”, pois arqueológico, para o Império do Brasil.
podem “representar imagens de qual- João Severiano da Fonseca dedicou
quer idéia”. Anteriormente a eles, entre
seu livro ao Instituto Arqueológico e Geo-
as décadas de 1710 e 1720, época da
gráfico de Alagoas, do qual era mem-
exploração de ouro nas minas de Cuia-
bro. Também pertenceu ao próprio IHGB,
bá, atual capital de Mato Grosso, o con-
embora não tenha sido um de seus mem-
quistador Antônio Pires de Campos
bros mais notáveis na área da Arqueo-
(1862:442) havia mencionado a existên-
logia Nobiliárquica. Também era irmão
cia do letreiro da Gaíva, interpretando-o
de Deodoro da Fonseca, militar que par-
como sendo uma cruz de pedra feita pelo
ticipou da trama da Proclamação da Re-
apóstolo São Tomé, seguindo assim a
pública no Brasil, em 1889, vindo a ser
ideologia cristã comum para época.
o primeiro presidente do país. No go-
No século XIX, vele a pena saber, verno de Deodoro, João Severiano foi
muitos intelectuais brasileiros associa- senador da Assembléia Constituinte
vam sítios arqueológicos a povos de (Souza, 1978). Evidentemente que ele
além-mar (fenícios, gregos, vikings etc.). não foi um leigo no registro de sítios ar-
Era preciso encobrir a ancestralidade in- queológicos. Além disso, o militar este-
dígena do povo brasileiro e engendrar ve em Mato Grosso para participar de
uma trama mais complexa, a constru- uma comissão que tinha por finalidade
demarcar as fronteiras do Brasil com a
Bolívia, comissão que foi presidida pelo
então coronel de engenheiros Rufino
Enéas Gustavo Galvão, o barão de Ma-
racaju, que havia atuado na demarca-
ção dos limites do Brasil com o Paraguai
após a guerra (entre o Paraguai e a Trí-
plice Aliança, de 1864 a 1870).
Os etnógrafos Richard Rohde (1885
[1883] apud Baldus, 1954), Julio
Koslowsky (1895 [1894]) e Herrmann
Fig. 12 - Segundo desenho publicado do Letreiro
da Gaíva (Schmidt, 1942a:120). Meyer ¾quem acompanhou a expedição
6
Trata-se do volume I – Pré-história e tribos indígenas. O volume II foi publicado na década de 1980
sob o título História de Corumbá (L. Souza, s.d.).
7
Na língua Guarani, yvychoví significa, literalmente, terra cônica (yvy = terra; choví = cônica). Em
julho de 2000, pude conhecer alguns aterros existentes no lago de Ypoá. No Paraguai aterros também
são conhecidos como islas, cerritos, lomas e montículos.
Nas setenta e nove páginas de seu balho de Bluma (1973), quem o ajudou
trabalho, Passos (1975) fez um registro em algumas de suas idas a campo, em-
de inscrições rupestres, sem apresentar bora não haja citação aos de Schmidt
dados quantitativos sobre os mesmos. (1940a, 1940b, 1942a) e Souza (1973).
Suas interpretações são frágeis e às ve- Na década de 1970, Passos foi dire-
zes um tanto quanto intuitivas. tor do antigo Instituto de Pré-história da
O autor visitou dois sítios arqueoló- USP e responsável pelo Pré-história –
gicos em Corumbá, os quais posterior- Informativo, publicação que em 1977
mente foram estudados por Girelli teve na capa a fotografia de uma inscri-
(1994), e um outro na Bolívia. Na bibli- ção rupestre de Corumbá. Também foi
ografia de sua tese há referências ao tra- professor de jovens notáveis que, anos
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