Você está na página 1de 4

"De onde vem" é uma zine

mensal que conta com uma


mini biografia daqueles
caras que você achou que
eram legais demais pra ter
uma história de vida
normal !
Receba a zine na sua casa
e distribua pros seus
amigos!

SUBVERTER.COM.BR
facebook.com/subverter13
Morei até os 16 anos na zona urbana com meus pais, mas graças muitos shows nessa época, usando a estrutura do Jardim
ao fato de meus avós maternos serem da zona rural, passei boa Elétrico, shows de segunda-feira, shows de quinta, quarta,
parte da minha infância/juventude (enquanto morava com meus sábado, domingo, foi um terror de bonito o rock na cidade
pais), nos dois locais com a mesma intensidade. nesse período.
No campo da música, dentre as várias coisas que eu ouvi quando Em 2012, me lancei candidato a vereador e saí vitorioso pelo
criança/jovem, duas coisas me bateram muito forte, os K7s do PV. Minha vida tomou um caminho extremamente inusitado,
Tião Carreiro e Pardinho que eu comprava na rodoviária e o confesso que ainda não me acostumei 100% com esse status, mas
Pela Paz em Todo Mundo, do Cólera, em especial as canções tem sido uma experiência muito fudida.
“Medo” e “Vivo na Cidade”. Depois de tocar nas 5 regiões do Brasil
Com o passar dos anos, meu interesse por música foi tomando com o Aqua Mad Max, chamamos o Fernando
forma, e eu passei a gostar de tudo quanto é tipo de som, com Sanches pra produzir nosso mais recente
meus aproximadamente 18 anos, já curtia Frank Zappa pra disco, Tatuagem de Coqueiro, que foi
caralho, Novos Baianos, Arrigo Barnabé, era bem doido, cabeça lançado recentemente em CD e LP pela
virada, alucinado… tinha uma porrada de composições próprias Läjä Records, com capa linda do Ete, que
meio sertanejo/punk, que eu tocava no violão, numa ocasião, tem feito muita coisa pra gente desde o
sei lá porque, cheguei a abrir um show do Tom Zé em São Mula Poney. Com minha agenda virada de
Caetano do Sul. ponta cabeça, não pude me dedicar tanto
Em 2001, Velhote perguntou se eu não queria montar um grupo a esse disco, quanto pude me dedicar aos
pra tocar aquelas e outras músicas, chamamos o Serginho que é outros, Velhote acabou assinando a maioria das músicas,
nosso amigo de longa data e ficamos três dias no sítio dele Serginho também compôs umas par delas e o resultado ficou
com os instrumentos ligados o tempo todo, dali saiu o muito interessante, além de tomar frente do disco, são eles
Leptospirose, com umas 10 músicas. que cuidam do merchandising e da agenda da banda hoje em dia.
Naquele tempo, Bragança Paulista vivia uma virada bem doida. Atualmente, temos feito muita coisa na Casa 30 aqui em
Durante os anos 90, a vida noturna da cidade viveu um boom Bragança, onde moram Matias Picon nosso amigo de Atibaia da
inacreditável com suas discotecas e época do 1º Bar do Shups, e Daniel Lima, designer fudido que
dezenas de bares/casas-noturnas era figura ultra presente nos rock que a gente organizava no
concentradas em dois locais muito passado e parceirásso da geral no presente/futuro. O
próximos, o Lago do Taboão e o Zero Leptospirose tem tocado direto, Serginho e Velhote estão a
Dois, que ficava num quarteirão milhão na escola de música, enquanto eu corro por todos os
onde seria instalado um Shopping cantos da cidade.
Center a céu aberto que não vingou Estamos soltando uma geração rockeira na praça, de dentro da
e acabou virando um quarteirão de escola, já saíram duas bandas que tocam direto e estão prestes
bares, quando o Leptospirose surgiu a lançar seus materiais, que são; o Kollision, grupo de
na virada do século, enquanto as moleques doido thrash metal e as Framboesas Radioativas, trio
discotecas tinham fechado as feminino que faz um som indie, punk, pós punk muito firmeza.
portas, o Lago e o Zero Dois haviam Atualmente, estamos trabalhando
entrado em profunda decadência. Foi muito forte em cima de um trio
nesse terreno fértil de vida chamado Ranho, que faz um metal/punk
noturna desgraçada, que o nosso muito sinistro/gutural.
grupo, caiu pra dentro da cidade.
Nosso primeiro show foi no Bar do Sou Quique Brown, tenho 34 anos,
Davi, no Lago do Taboão, o segundo casado com a Jerusa, pai do João
foi no bar que ficava ao lado do Antônio e do Júlio
Bar do Davi, o terceiro, foi no
Bar que ficava ao lado - do bar que ficava ao lado - do Bar do
Davi, que era do nosso amigo Shups, que logo depois, acabou se
Logo que saiu o Invernada, Mozine me ligou dizendo que o do show, o Shups recebeu uma carta do condomínio, exigindo a
Rafael Ramos da Deck Disc, tinha gostado muito da banda e não realização do evento, dali pra frente, a desgraça/declínio
estava afim de produzir um disco nosso. Em 2008, passamos três do local foi total e ele acabou virando um condomínio
dias no Rio de Janeiro gravando o Mula Poney, disco que deu
empresarial. Eu e o Zé, passamos a organizar shows com muita
uma levantada monstro na banda, foi muito fera ter sido produzido
frequência e após um ano ocupando o Shups, passamos a
pelo Rafael, com uma estrutura fora dos nossos padrões, tudo
alto, cheio, volume 11, capa coisa linda do Ete, lançamento em organizar shows na Quadra da Escola de Samba 9 de Julho, no
São Paulo com o Ratos de Porão, shows no nordeste, Goiânia Lago do Taboão, foi ali que a
Noise Festival etc. coisa tomou uma forma muito
Ainda em 2008, me lancei candidato a vereador de Bragança, não firmeza, entre 2003 e 2005,
ganhei, mas acabei tendo uma grande votação, dali em diante, Bragança recebeu uma enxurrada
muitos partidos, candidatos e entusiastas acabaram ficando em gigante de shows; Muzzarelas,
cima de mim pras eleições
Maguerbes, Nitrominds, Negative
seguintes.
Em 2010, fomos pro estúdio Control, Coice de Mula, Grease,
DaTribo, clássico estúdio Merda, várias bandas de outros
metaleiro de São Paulo e com países; Bambix, Accion Mutante,
produção do Juninho do Ratos, Motosierra, Riistetyt e por aí
gravamos no rolo, o Aqua Mad vai.
Max, com capa do Ete, vários Nesse tempo, Velhote fazia
clipes simples, feitos por
amigos, parceria com Weird faculdade de agronomia na USP em
etc., esse disco acabou tendo Piracicaba e acabava não fazendo vários shows com a gente, Zé
uma repercussão muito fudida, X e Marcos Leite o substituíam direto, confesso que nessa
tocamos em tudo quanto é festival de música independente época, foi difícil segurar a banda, tínhamos todos os motivos
Brasil a fora, saiu resenha linda em tudo quanto é site, zine, do mundo pra terminar, furos, casamento, filho pequeno etc.
revista especializada, ficamos na parada de sucesso da Trama nessa época, a gente lançou duas demos bem distintas
Virtual, ganhamos grana com o download remunerado, o disco
musicalmente falando, que foram lançadas juntas, em K7,
saiu por 9 selos independentes de todo o Brasil, Mozine lançou
em LP, aparecemos tocando e falando no programa radiola da TV posteriormente.
Cultura e no fim de 2011 (ano que lançamos o disco), o álbum
pipocou em tudo quanto é lista de melhores do ano, tanto no Em 2003, montei junto com uma produtora local chamada Daniela
movimento melhor capa, quanto no movimento melhor disco. Verde, o festival Cardápio Underground, que completa 11 anos
Nessa época do Aqua Mad Max, tanto antes do lançamento, quanto este ano, o festival que durante muito tempo aconteceu na
depois, Bragança viveu um período muito brutal de shows, pois Sociedade Ítalo Brasileira - e nos últimos anos, em vários
o Davi (lá do Bar do Davi) onde fizemos nosso primeiro show, pontos da cidade - trabalha desde a sua primeira edição, com
acabou abrindo um bar na Av. José Gomes da Rocha Leal, que música, fotografia, artes plásticas, teatro, cinema etc. Com o
depois foi vendido pro Shups, que acabou vendendo pruns doido
passar dos anos, Matias Pìcon, Vanessa Sobrino, André e Juca
de Atibaia, que seguraram a onda por um bom tempo. Organizei
la Salvia e várias outras pessoas, foram se juntando ao caldo
mudando pro decadente Zero Dois, onde passamos a tocar direto. e a cada ano que passa, novas pessoas assumem postos na
Ali no Bar do Shups, sempre com o apoio do nosso amigo Zé X, jogada. Nesses 11 anos, já trabalhamos com todo tipo de
que tocava na banda Space Cake, acabamos organizando vários orçamento, que vai de zero (nos primeiros e últimos anos) até
eventos, e passamos a fazer contato com várias bandas de 15/30.000 reais, com esse festival, a gente passou a trabalhar
outras cidades, principalmente Campinas e Atibaia. O último com muita coisa fora da música e nosso campo de ação e
show do Shoping Center Jaguary, era pra ser nosso, mas no dia amizades alcançou uma soma muito significante, a ponto, de
toda rapaziada que trabalhou/trabalha no festival, acabar se No começo de 2007, lançamos o Lecker, split com o Merda, que
desenvolvendo brutal no âmbito profissional dentro de suas era pra ter saído em vinil/EP-7’’, cor de rosa, mas a Polysom
respectivas áreas. fechou suas portas na época e acabamos soltando o disco em CD.
No 2º semestre, embarcamos com o Merda pra Europa, onde eu
Do Cardápio Underground, e da nossa amizade, acabamos montando pude viver uma experiência incrível no campo existencial, com
o underground funcionando, show todo dia, comida, lugar pra
uma OSCIP, Organização da Sociedade Civil de Interesse
dormir, vida comunitária, vans
Público, focada em cultura que desenvolve muitos projetos aqui adaptadas, equipamentos brutais,
na cidade. circulação… no 9º dia de viagem, nos
envolvemos num acidente com dois
Voltando ao Leptospirose, caminhões e a van que nos conduzia e
quando o Merda passou por aqui acabamos voltando mais cedo pra
em 2005, na sua turnê de carro casa. Cheguei em Bragança meio
que saiu de Vila Velha bateu em abalado e depois de alguns dias no
Montevidéu e voltou, nós nos computador, terminei o livro
apresentamos com o Zé no baixo, Guitarra e Ossos Quebrados, na
após o show, Mozine chegou na época, seria apenas um zine, mas acabou virando um livro
gente e disse que se lançado por mim e pela Läjä, menos de 60 dias depois do
gravássemos um material acidente, que por incrível que pareça, se tornou um sucesso de
firmeza, ele lançaria na boa. vendas na época. Meu segundo filho, tinha acabado de nascer, e
Meses depois, entramos no o livro, acabou rendendo um certo conforto familiar por uns
estúdio El Rocha em São Paulo e três meses.
fizemos o Invernada que foi lançado pela Läjä Records e pela Nessa época do Invernada, depois de um tempo de crise e a
Caveira da Força Discos, do nosso amigo Cidão aqui de diminuição forte nos shows da Quadra da Escola de Samba 9 de
Bragança, nesse disco, a gente deu uma fechada no conceito do Julho por vários motivos, o Edith Cultura passou a dominar a
nosso som, até então, coisas do jazz, da doidera, da MPB etc Sociedade Ítalo Brasileira, prédio histórico do centro da
vinham rachadas com o punk/hardcore, tipo tinha um jazz e cidade praticamente abandonado que usávamos uma vez por ano
depois tinha um hardcore no mesmo som, no Invernada, a gente para organizar o Cardápio
passou a compor no maior estilo tudo/hardcore, sem deixar de Underground. No andar de cima,
lado as outras coisas, foi nesse disco que a gente meio que passamos a ter um escritório e o
definiu o nosso som, com o disco na mão, acabamos fazendo uma único cinema da cidade, inaugurado
série de shows bacanas, saíram muitas resenhas ultra positivas coincidentemente, na semana em que o
nos muitos sites que existiam na época, fomos pra Argentina e último cinema comercial da cidade
pro Uruguai, tocamos no Espirito Santo, no Sul e em várias fechou, no andar debaixo/porão,
cidades aqui do interior. Uruguai, tocamos no Espirito Santo, organizávamos shows, tínhamos um
no Sul e em várias cidades aqui do interior. certo problema com os vizinhos e
Um pouco antes de sair o Invernada, recebi um e-mail do Binho graças a isso, evitávamos fazer
Miranda, que eu tinha conhecido em São Paulo, na casa do Tatá shows lá, mas mesmo assim, fizemos
Aeroplano, dizendo que queria gravar um clipe da gente, o vários.
resultado geral dessa parceria, foi um clipe/curta-metragem No começo de 2008, eu e Velhote
surreal, onde eu como um milhão de coisas, sou mordido por uma montamos uma escola de música
vampira (filha do Zé do Caixão), e vomito ovos cor de rosa que chamada Jardim Elétrico, cujo nome
são colocados a venda por R$1. Além do belo material foi escolhido pelo Mozine, e o
audiovisual, esse vídeo rendeu uma matéria firmeza na extinta logotipo, feito pelo Binho Miranda, a escola que persiste 100%
revista da MTV e uma amizade muito poderosa - com o Binho na ativa, possui aulas convencionais de música, aulas de
Miranda - que dura até hoje. banda, é toda grafitada pelo nosso amigo Matias Picon e cheia
de pôsters de rock e jazz pendurados por toda parte.

Você também pode gostar