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Os Igbominas são um dos grandes sub-grupos da nação yoruba.

Coloquialmente Igbonna ou Ogbonna (etnia de pessoas yorubas), ocupam a porção


centro-norte da região yoruba do sudoeste da Nigéria[1]. Além do yoruba, eles falam o
dialeto igbomina (ou igbonna), classificado entre a língua yoruba central como uma das
três áreas dialéticas do yoruba principal. Há igbominas espalhados por toda parte que é
hoje o norte do Osun (estado) (especialmente Ila Orangun, Oke-Ila e Igbomina Ora) e do
leste do Kwara (estado). As áreas periféricas da região linguística têm algumas
semelhanças com os dialetos das adjacentes Ekiti, Ijesha e Oyo.

Ofícios Tradicionais e Ocupações


Os igbominas são famosos por sua agricultura, caça, proeza com a sua talha, couro e arte.
Eles são os participantes mais destacados em Egungun Elewe, Layewu e festivais epa. A
famosa máscara Elewe, um egungun representante dos antepassados durante festivais
especiais, é exclusiva para o subgrupo yoruba Igbomina. Acerca do culto egungun,
compartilharam com os Nupês (Tapá) durante muito tempo. Possuem também um culto
particular que se chama OFA (não confundir com a cidade).

Distribuição geográfica
Igbomina é composta por três autoridades locais (LGAs) do estado de Kwara: Irepodun,
Ifelodun e Isin LGAs (Área de Governo Local); bem como duas áreas de governo local do
estado de Osun: Ifedayo e Ila LGAs.
As principais cidades igbominas em Osun (estado) são Oke-Ila Orangun, Ora e Ila
Orangun, Oba-Ile, enquanto as principais cidades de Kwara (estado) (onde se concentra
grande número de Igbominas) incluem Oba, Ajasse Ipo, Eleju da UEJ-terra, Eku-Mesesan-
Oro, Oke-Onigbin, Isin Isanlu, Omu-Aran, Esie, Omupo, Igbaja, Oke-Ode, Owu-Isin, Oro-
Ago, Aran-Orin, Arandun, Oke-Aba, Owode Ofaro e Ido-oro, Iludun-Oro.
Igbomina é adjacente, ao oeste e ao noroeste, a vizinhos importantes, como a
região Oyo (yoruba), no sul e sudoeste do Ijesha (yoruba), no sul e sudeste
do Ekiti (yoruba), a leste de Yagba (yoruba) e ao norte com Nupê (não yoruba), região sul
do rio Níger. Outros vizinhos menores dos Igbominas são os Ibolo, sub-grupo das cidades
de Offa, e Oyan Okuku, no oeste.

Cronologia Arqueológica e História Antig


Mais de 800 esculturas em pedra, que representam principalmente figuras humanas, foram
encontradas em torno de Esiẹ em Igbomina ocidental, e nas aldeias Ijara e Ofaro. Não se
sabe quem criou as esculturas, mas parece terem sido criadas por volta de 1100 dC.
As evidências arqueológicas e linguísticas sugerem que as pessoas igbominas podem ter
antecedido os povos vizinhos, exceto, talvez, os Nupês e os Yagbas. Embora na terra
Igbomina haja uma tradição que tenta explicar a origem de sua linguagem comum, a
cultura e as instituições políticas, a partir de sua descendência através de uma única
ascendência (a de Oduduwa), os igbominas nunca foram unidos sob uma única autoridade
política. E, definitivamente, a terra Igbomina é anterior a Oduduwa. Como a terra igbomina
era dividida em um grande número de pequenas unidades políticas, talvez tenha sido esse
fator que influenciou o padrão de resistência a vários intrusos estrangeiros como os Nupês
e os Fulanis, de Ilorin[2].
Por tradições "orais" sobre a diáspora de Oduduwa, no momento das correntes migratórias
causadas por uma invasão berbere no Egito, era postulado que se reuniam, nas terras
igbominas, dinastias existentes no local, mas deslocadas e subjugadas a ele. Segundo o
mito, a antiga terra Igbomina foi dividida por disputas de sucessões (ou de realojamento do
reino para um novo sítio) centradas entre filhos e netos de Oduduwa. Daí, houve as
migrações ou diásporas dos igbominas. Segundo Pierre Verger[3], esse fato provocou
deslocamentos de populações igbominas inteiras em direção ao oeste, para terminar em
Borgu (região dos Baribas).
Após ser destronada, parte da dinastia da Terra Igbomina de Obatalá, nessa ocasião, teve
de ir para as colinas[4] yorubas, terra que foi tornada fértil à agricultura. Em uma das
resistências em que os "guerreiros mascarados" igbôs[5] aterrorizavam e incendiavam
sítios inimigos, há um relato de que o Rei dos Igbôs fora sucumbido pela beleza e astúcia
de Moremi, a qual, mais tarde, deu as informações necessárias para a conquista do
território Igbô. Há também a versão de que o rei dos Igbôs teve de se refugiar em Ideta-
Oko. Acerca desses episódios, alguns segmentos religiosos tomam a narrativa do mito da
criação do Mundo como embate mitológico entre os dois, em que o guerreiro legendário
Oduduwa subjuga Obatalá. Este (representação feminina - culto à terra) é preterido por
Olodumare na criação do mundo e aquele (representação masculina do guerreiro),
escolhido.
Parece que, além dos mais recentes conflitos nos últimos dois séculos, o Império de
Oyo, Ijesha e o Ekiti podem ter, em tempos mais antigos, pressionado o território igbomina,
capturando seu povo nas planícies e restringindo-o na terra mais dura e de qualidade
inferior das colinas yorubas. Os igbominas, por outro lado, parecem ter pressionado
os Nupês e os Yagbás, levando seu território para longe deles em alguns lugares, mas
também perdido território para eles em outros lugares. Transtornos maiores, os conflitos e
guerras, bem como epidemia, causaram grandes e antigas dispersões (migrações) como a
diáspora Obá, documentada na história oral, poesia e canções em louvor a vários clãs
igbominas.
Com a dispersão das pessoas de Obá-Ilê, do antigo Reino de Obá dos Yorubas
Igbominas, para outras áreas da Nigéria, surgiram várias cidades com o nome de Obá,
todas fundadas por remanescentes do antigo Reino de Obá, como Obá-Ile (em Osun
State), Obá-Oke (em Osun State), Obá-Ile (em Akure/ Ondo State), Obá-Akoko (em
Owo/Ondo State) e Obá Igbomina (em Kwara State). É interessante ressaltar que os
Igbominas são oriundos de três grupos distintos que migraram também em tempos
diferentes para a formação de seu antigo Reino. Eles vieram das cidades de Ile-Ife, de Oyo
e de Ketu, na atual República do Benin.

Religião dos Igbominas[editar | editar código-fonte]


As principais religiões são o Islamismo, o Cristianismo e as Religiões tradicionis
africanas (Animismo).
Dentre os yorubas, os igbominas foram os primeiros a se converterem ao islamismo[6], por
causa da posição geográfica em que estão fixados na Nigéria, ou seja, Kwara (estado) faz
fronteira às áreas muçulmanas de onde se iniciaram as invasões islâmicas às terras
yorubas. Por isso, a maioria dos Igbominas de Kwara são muçulmanos. Nesta região eles
viviam e vivem em contato com os Nupês (Tapás). É importante citar que o muçulmano
yoruba não abandonou suas tradições caseiras ligadas à religião tradicional.

Igbominas no Brasi
Para o Brasil vieram muitos africanos da diáspora do antigo Reino Igbomina. Um exemplo
disso são os africanos oriundos da cidade Ketu (Benim). No entanto, por conta da diáspora
igbomina e da criação de novas cidades (estados), muitos povos desconhecem sua
origem.
Na Bahia, muitos dos africanos islamizados que participaram da Revolta dos Malês eram
igbominas, embora fossem classificados como de outras etnias, pois havia dificuldade em
classificá-los. Como não eram um povo (etnia) "cordeiro", muitos foram dizimados como
os hauçás, fulanis etc. Após essa revolta, o termo alufá[7], no Bahia, não pode ser utilizado
abertamente, pois denotava líder (negro revoltoso) "perigoso à sociedade colonizadora".
Muitas tradições e histórias envolvem o antigo Reino de Obá, porém, diante da destruição
do Reino em tão longínquo século em relação à vinda de yorubas para o Brasil, conclui-se
que a tradição oral de algumas confrarias religiosas afro-brasileiras (Axés) está ligada à
diáspora dos Igbominas. Em solo brasileiro, ainda há esses templos religiosos que
procuram manter (e recuperar) os ensinamentos da tradição afro-brasileira igbomina (ou
que se reconhecem igbominas). Existentes desde os tempos da escravidão, eles mantêm,
em sua linhagem sucessiva, os princípios da tradição oral religiosa trazida por yorubas
oriundos das cidades da antiga terra Igbomina (diápora Igbomina). Exemplos: Sociedade
de Culto Afro-Brasileiro Terreiro Filhos de Obá, que foi fundada em 1909, em
Laranjeiras (Sergipe)[8], e Axé Obá Igbô[9], em Duque de Caxias (Rio de Janeiro)[10].

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