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M INISTÉRIO P ÚBLICO DO E STADO DO P ARANÁ

Promotoria de Justiça de Proteção à Saúde Pública de


Curitiba-PR

Excelentíssimo(a) Senhor(a) Doutor(a) Juiz(a) de Direito da 3ª Vara de Fazenda Pública


do Foro Central da Comarca da Região Metropolitana de Curitiba-PR.

Autos nº **************************, de Ação de conhecimento condenatória,


com pedido de antecipação de tutela
Autor: Ministério Público do Estado do Paraná
Réu: Estado do Paraná
Interessado: ************

O MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO PARANÁ, por


intermédio da Promotora de Justiça que abaixo assina, designada para atuar perante esta
Promotoria de Justiça de Proteção à Saúde Pública de Curitiba, comparece
respeitosamente perante Vossa Excelência para apresentar resposta ao agravo retido
apresentado pelo Estado do Paraná.

I. O objeto do presente agravo retido

Em 05.06.2014, o d. Juízo apreciou a preliminar de incompetência


absoluta do Juízo formulada pelo Estado do Paraná (sequencial 29.1).

Na ocasião, a preliminar foi rejeitada, pois o pedido de


fornecimento de medicamentos pode ser formulado em face de qualquer dos entes
federados. E, assim, a participação da União no presente feito não é obrigatória
(sequencial 29.1).

Em face dessa decisão, o Estado do Paraná interpôs agravo.

Em linhas gerais, argumenta que, se a obrigação de fornecimento


de medicamentos é solidária, poderia chamar ao processo os demais “devedores”, com
fundamento no art. 77 do CPC. Esclarece que, se assim não for, o Estado do Paraná
teria intensa dificuldade de cobrar os valores da União, pois teria de ajuizar pedido
específico para cada uma das demandas de medicamento que fossem contra si ajuizadas.

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Com todo o respeito que é devido, os argumentos do Estado do


Paraná não merecem prosperar.

II. A desnecessidade de citação da União

Como já indicado na impugnação à contestação, o argumento do


Estado do Paraná não deve ser acolhido.
De início, deve-se destacar que o argumento levantado pelo
Estado – possibilidade de chamar ao processo a União, nos termos do art. 77 do CPC,
em demandas que visam ao fornecimento de medicamentos – foi examinada pelo
Superior Tribunal de Justiça em sede de repercussão geral.
Na ocasião, a C. Corte afastou a referida tese, conforme se vê
adiante:
PROCESSUAL CIVIL. MATÉRIA REPETITIVA. ART. 543-C DO CPC E
RESOLUÇÃO STJ 8/2008. RECURSO REPRESENTATIVO DE
CONTROVÉRSIA. SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE. FORNECIMENTO DE
MEDICAMENTOS. AÇÃO MOVIDA CONTRA O ESTADO.CHAMAMENTO
DA UNIÃO AO PROCESSO. ART. 77, III, DO CPC. DESNECESSIDADE.
Controvérsia submetida ao rito do art. 543-C do CPC
1. O chamamento ao processo da União com base no art. 77, III, do CPC, nas
demandas propostas contra os demais entes federativos responsáveis para o
fornecimento de medicamentos ou prestação de serviços de saúde, não é
impositivo, mostrando-se inadequado opor obstáculo inútil à garantia
fundamental do cidadão à saúde. Precedentes do STJ.
2. A Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal entende que "o recebimento de
medicamentos pelo Estado é direito fundamental, podendo o requerente pleiteá-los
de qualquer um dos entes federativos, desde que demonstrada sua necessidade e a
impossibilidade de custeá-los com recursos próprios", e "o ente federativo deve se
pautar no espírito de solidariedade para conferir efetividade ao direito garantido pela
Constituição, e não criar entraves jurídicos para postergar a devida prestação
jurisdicional", razão por que "o chamamento ao processo da União pelo Estado de
Santa Catarina revela-se medida meramente protelatória que não traz nenhuma
utilidade ao processo, além de atrasar a resolução do feito, revelando-se meio
inconstitucional para evitar o acesso aos remédios necessários para o
restabelecimento da saúde da recorrida" (RE 607.381 AgR, Relator Ministro Luiz
Fux, Primeira Turma, DJ 17.6.2011).
Caso concreto
3. Na hipótese dos autos, o acórdão recorrido negou o chamamento ao processo da
União, o que está em sintonia com o entendimento aqui fixado.
4. Recurso Especial não provido. Acórdão submetido ao regime do art. 543-C do
CPC e da Resolução STJ 8/2008.
(REsp 1203244/SC, Rel. Ministro HERMAN BENJAMIN, PRIMEIRA SEÇÃO,
julgado em 09/04/2014, DJe 17/06/2014)

Portanto, a decisão recorrida está em consonância com a


orientação do Superior Tribunal de Justiça, o que, por si, impõe o desprovimento do

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agravo (aplicando-se, por simetria, o contido no art. 543-C, §7º, I, do CPC).


Com efeito, o entendimento do Superior Tribunal de Justiça
não poderia ser diferente.
Primeiro, a tese do Estado do Paraná não tem aplicação diante
do contido no artigo 23, II, da Constituição Federal, que estabelece:
“É de competência comum da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos
Municípios:

(...)

II – cuidar da saúde e assistência pública, da proteção e garantia das pessoas


portadoras de deficiência;” (original sem grifos)”

Portanto, por força constitucional, as três esferas


governamentais têm responsabilidades plenas em saúde pública.
São, portanto, corresponsáveis solidárias, cabendo ao sujeito
ativo da ação escolher aquele que melhor tem a possibilidade de solver a obrigação,
incluindo-o no polo passivo da demanda.
Neste sentido:
“SAÚDE – AQUISIÇÃO E FORNECIMENTO DE MEDICAMENTOS –
DOENÇA RARA. Incumbe ao Estado (gênero) proporcionar meios visando a
alcançar a saúde, especialmente quando envolvida criança e adolescente. O Sistema
Único de Saúde torna a responsabilidade linear alcançando a União, os Estados, o
Distrito Federal e os Municípios.” (STF, RE nº 195.192-3/RS, Min. Marco Aurélio,
g.n.)

Especificamente no Estado do Paraná, esse ente público assumiu


a responsabilidade pela assistência farmacêutica, nos termos do artigo 2º, XXII, da Lei
Estadual 14.254, de 4 de dezembro de 2003:
“Artigo 2º. São direitos dos usuários dos serviços de saúde no Estado do Paraná:

XXII – receber medicamentos básicos e também medicamentos e equipamentos de


alto custo e de qualidade, que mantenham a vida e a saúde.”

Sob outro prisma, a disposição do artigo 47, caput, do Código


de Processo Civil estabelece:
“Art. 47. Há litisconsórcio passivo necessário, quando por disposição de lei ou pela
natureza da relação jurídica, o juiz tiver que decidir a lide de modo uniforme para
todas as partes; caso em que a eficácia da sentença dependerá da citação de todos os

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litisconsortes no processo”.

Ou seja, o litisconsórcio passivo necessário pressupõe que a


decisão a ser proferida acarrete obrigação direta para o litisconsorte, o que não ocorre na
espécie. A situação apresentada não impõe qualquer obrigação à União, mas tão
somente ao Estado do Paraná, ente federado ao qual compete o fornecimento do
fármaco pretendido.
Não se cuida, portanto, de litisconsórcio passivo necessário,
posto que ao autor faculta-se escolher qual ente público irá demandar, pois se está
diante de obrigação solidária.
Também é necessário destacar que, salvo alguns programas
especiais, a União sequer tem competência executória em matéria de saúde pública.
A atuação da União resume-se ao repasse de verbas e ao
estabelecimento de normas gerais, que deverão ser adaptadas às condições locais. Tal se
dá, justamente, porque o SUS foi concebido sob a ótica da territorialização do
atendimento, o que se emana para a legislação e serviços.
Sobre a questão, o Tribunal de Justiça do Estado do Paraná
já se posicionou e afastou a tese defendida pelo Estado do Paraná:
“APELAÇÃO CÍVEL Nº 0296573-3, DO FORO CENTRAL DA COMARCA DA
REGIÃO METROPOLITANA DE CURITIBA - 4ª VARA DA FAZENDA
PÚBLICA.
Contestante: ESTADO DO PARANÁ
Apelado: JOSÉ ARAÚJO SILVA
Relator: DES. NILSON MIZUTA
MEDICAMENTOS NECESSÁRIOS À SAÚDE. HEPATITE C. DOENÇA
CRÔNICA. "INTERFERON PEGUILADO". RESTRIÇÃO. PORTARIA/MS Nº
863/02. PRESCRIÇÃO MÉDICA QUE DEMONSTRA A NECESSIDADE DA
SUBSTITUIÇÃO. MAIOR EFICÁCIA NO TRATAMENTO. DIREITO À
SAÚDE. GARANTIA CONSTITUCIONAL. CHAMAMENTO AO PROCESSO.
COMPETÊNCIA CONCORRENTE.
1. É descabido o chamamento da União para integrar o pólo passivo da ação, em
face da inexistência de vínculo entre os entes públicos, porque o Estado é também
responsável pela prestação de serviço saúde à população.
2. O Estado não poderá interferir determinando qual o medicamento fornecer ao
argumento do que dispõe a Portaria nº 863/2002, pois a finalidade no fornecimento
do medicamento é garantir maior eficácia no tratamento do paciente, atestado pelo
profissional habilitado.
3. É dever do Estado, por meio de políticas sociais e econômicas, propiciar aos
necessitados não "qualquer tratamento", mas o mais adequado e eficaz.
APELAÇÃO NÃO PROVIDA.” (g.n.).

"APELAÇÃO CÍVEL E REEXAME NECESSÁRIO EM MANDADO DE


SEGURANÇA. FORNECIMENTO DE MEDICAMENTO PELO ESTADO.
PRELIMINAR DE COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA FEDERAL PARA
APRECIAÇÃO DA MATÉRIA. INOCORRÊNCIA. AUTORIDADE COATORA
ESTADUAL. MÉRITO. APELO ESTATAL OBJETIVANDO SE DESONERAR

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DA OBRIGAÇÃO DE FORNECIMENTO DE MEDICAMENTO DE ALTO


CUSTO. IMPOSSIBILIDADE. DIREITO A SAÚDE CONSAGRADO
CONSTITUCIONALMENTE (ART. 196, CF), ASSEGURADO AO
JURISDICIONADO DE OBTER OS MEIOS NECESSÁRIOS PARA A FRUIÇÃO
DESSE DIREITO DE FORMA PLENA, INCLUSIVE GRATUITA. PEDIDO QUE
TAMBÉM SE APÓIA NO ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE
(LEI N. 8.069/90). SENTENÇA MANTIDA EM GRAU DE REEXAME. APELO
DESPROVIDO". (TJPR - Acórdão nº 24635 - 4a. CÂMARA CÍVEL - Rel. Des.
SERGIO ARENHART - Julg: 01/06/2005).

No caso em comento, vê-se um paciente, usuário do SUS, que


teve medicamento prescrito por médico especialista e habilitado para atendimentos pelo
SUS.
O fornecimento do medicamento foi recusado pelo Estado do
Paraná, gestor estadual do SUS e responsável pelo fornecimento, segundo a
normatização do próprio SUS.
Assim sendo, não há argumento que exima o contestante de
cumprir a função que assumiu como gestor estadual do SUS, tampouco que permita
distorcer a normatização do sistema, interpretando-a parcialmente, a fim de furtar-se ao
cumprimento de suas obrigações.
Indo adiante, e quanto ao ônus financeiro do fornecimento, nada
impede que o Estado do Paraná se valha do estatuído no art. 35, inciso VII, da Lei nº
8080/90, que prevê a possibilidade de “ressarcimento do atendimento a serviços
prestados para outras esferas de governo” caso, ao final, demonstre não ser sua a
atribuição para o fornecimento do fármaco (ad argumentandum).
Veja-se que se há entraves burocráticos para a aplicação desse
dispositivo (como afirma o Estado do Paraná), a solução para eles não pode ser a de
transferir a demanda para a Justiça Federal em situação em que isso não é cabível (tal
como ocorre neste caso) e impor esses mesmos percalços ao paciente (que depende do
medicamento e sofre o risco de sérios agravamentos de sua doença).
Tratar-se-ia, aí, da utilização de uma técnica processual para
inviabilizar a satisfação, por meio da jurisdição, do direito constitucional à saúde.
O que, com o devido respeito, não pode ser admitido.
Afinal, nada mais contrário à lógica do direito de ação no Estado
Constitucional.
Com efeito, o que a doutrina1 atual sustenta, a lume do direito
constitucional à efetividade do processo (art. 5º, LXXVIII) 2, é que as técnicas

1
Ver, por todos, Luiz Guilherme Marinoni, Curso de Processo Civil, Teoria Geral do Processo, v. 1, 2a.
ed., São Paulo, Ed. Revista dos Tribunais, 2007.
2
Art. 5º, LXXVIII. A todos, no âmbito judicial e administrativo, são assegurados a razoável duração do
processo e os meios que garantam a celeridade de sua tramitação.

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processuais devem se adequar à tutela prometida pelo direito material, devendo ser
capazes de propiciar a sua efetiva prestação.
Ou seja, o processo deve se estruturar de maneira tecnicamente
capaz de permitir a tutela de uma posição juridicamente protegida pelo direito material.
E o que é tecnicamente capaz de permitir a satisfação integral do
direito à saúde, reiteradamente prometido pela Constituição e pelo legislador ordinário?
Relativamente ao direito à saúde, a jurisprudência tem
contribuído na construção dessa técnica processual (sustentando posicionamento oposto
ao defendido pelo Estado do Paraná):
AGRAVO INTERNO. DECISÃO MONOCRÁTICA QUE NEGOU
PROVIMENTO AO RECURSO DE APELAÇÃO. QUESTÃO PACIFICADA NO
SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA. SAÚDE. ENTREGA DE REMÉDIOS.
SOLIDARIEDADE. CHAMAMENTO AO PROCESSO. DILAÇÃO
PROBATÓRIA. DESNESSECIDADE. 1. O Art. 557 do Código de Processo Civil
confere ao Relator a faculdade de proferir decisão monocrática quando pacificada a
matéria nos Tribunais Superiores. 2. A solidariedade dos entes públicos no
fornecimento da saúde não induz ao litisconsórcio passivo necessário, assim
como, pelo fato de inviabilizar a obtenção do direito, não recomenda a
utilização de intervenção de terceiros (chamamento ao processo). 3. Não há
necessidade de dilação probatória para reconhecer-se o direito ao recebimento de
medicamentos, quando encartada nos autos receita médica comprobatória da
patologia, assim como da medicação para a tratá-la. 4. Decisão ampla e
exaustivamente fundamentada. 5. Agravo Interno desprovido." (Grifo nosso). (TJPR
- 5ª C.Cível - A 0427878-0/01 - Telêmaco Borba - Rel.: Des. Rosene Arão de Cristo
Pereira - Unanime - J. 04.12.2007, g.n.)

“A melhor interpretação do art. 77, inc. III, do CPC indica que no caso de diretos e
garantia fundamental não é possível entender a relação como de direito privado,
direito obrigacional puro. A relação de direito subjacente é de direito público. No
plano institucional há que se ter em conta a melhor opção em favor do carente e que
demanda seja resguardado direito fundamental. O chamamento, aqui, não pode ser
entendido como cogente, sob pena de fazer prejudicar o direito do impetrante a
pronto atendimento médico. O chamamento em tal hipótese não cabe em favor do
devedor que possui obrigação autônoma aos demais obrigados. No que diz respeito
ainda ao art. 77, inc. III, do CPC, cabe anotar que a solidariedade de dívida
constante no referido dispositivo não se aplica ao caso em mesa, pois a solidariedade
de manutenção dos serviços de saúde é de natureza institucional e não contratual,
não se confunde com a noção de dívida que implique em enriquecimento de um dos
devedores em desfavor do outro a justificar a figuração de todos no pólo passivo.”
(Agravo de instrumento n. º 0702233-1, Decisão Monocrática, 5ª Câmara Cível, Rel.
Fabio André Santos Muniz, 17/08/2010

Depois, não é razoável aceitar a intervenção da União quando o


próprio Tribunal Regional Federal da 4º Região e o Superior Tribunal de Justiça já
consolidaram entendimento em sentido contrário:
ADMINISTRATIVO E CONSTITUCIONAL. FORNECIMENTO DE
MEDICAMENTOS. ENTES POLÍTICOS - RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA.
INEXISTÊNCIA DE LITISCONSÓRCIO NECESSÁRIO. DIREITO AO

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RECEBIMENTO DE MEDICAMENTOS - REQUISITOS. CRITÉRIOS PARA


PONDERAÇÃO. ANÁLISE DE CASO CONCRETO. HONORÁRIOS
ADVOCATÍCIOS - REFORMATIO IN PEJUS. 1. A União, Estados-Membros e
Municípios têm legitimidade passiva e responsabilidade solidária nas causas que
versam sobre fornecimento de medicamentos. 2. A jurisprudência da Turma é firme
no sentido de que, em se tratando de fornecimento de medicamentos, existe
solidariedade entre os entes da Federação, mas não litisconsórcio necessário.
Escolhendo a parte, contudo, litigar somente contra um dos entes, não há como
obrigar ao chamamento ao processo. 3. Necessária a imposição aos entes políticos
para provisão direta de medicamento para tratamento de câncer quando comprovada
sua necessidade e não houver meios para que os CACONs os forneça. 4. Em
consonância com o disposto no art. 20, §§ 3º e 4º do CPC, bem como em
observância à jurisprudência desta Turma em demandas dessa natureza, entendo que
os honorários advocatícios devem ser fixados em 10% sobre o valor da condenação.
(TRF4, APELREEX 0002515-78.2009.404.7005, Terceira Turma, Relator
Guilherme Beltrami, D.E. 06/10/2010)

PROCESSUAL CIVIL. MEDICAMENTOS. LEGITIMIDADE.


SOLIDARIEDADE. LITISCONSÓRCIO PASSIVO FACULTATIVO. Havendo
solidariedade passiva entre os entes federados no que se refere ao fornecimento de
medicamentos, não há falar em litisconsórcio passivo necessário. Tratando-se da
hipótese de litisconsórcio facultativo e excluído o ente que justificava a tramitação
do feito da Justiça Federal, correta a decisão que determina a devolução dos autos à
Justiça Estadual. (TRF4, AG 0004517-50.2010.404.0000, Quarta Turma, Relatora
Marga Inge Barth Tessler, D.E. 24/05/2010)

PROCESSUAL CIVIL E ADMINISTRATIVO. FORNECIMENTO DE


MEDICAMENTO. AÇÃO MOVIDA CONTRA ESTADO. CHAMAMENTO DA
UNIÃO AO PROCESSO. CPC, ART. 77, III. INVIABILIDADE.
1. A hipótese de chamamento ao processo prevista no art. 77, III do CPC é típica de
obrigações solidárias de pagar quantia. Tratando-se de hipótese excepcional de
formação de litisconsórcio passivo facultativo, promovida pelo demandado, não
comporta interpretação extensiva para alcançar prestação de entrega de coisa certa,
cuja satisfação efetiva não comporta divisão.
2. Recurso Especial improvido.
(REsp 1125537/SC, Rel. Ministro TEORI ALBINO ZAVASCKI, PRIMEIRA
TURMA, julgado em 16/03/2010, DJe 24/03/2010)

Sob esse ponto de vista, que explicita e afirma a necessidade da


proteção do direito à saúde por meio de técnicas processuais adequadas, é necessário
afastar a pretensão do agravante, afirmando, assim, a competência do juízo estadual
para julgar a demanda.

III. Conclusão

Por todo o exposto, o Ministério Público manifesta-se pelo


conhecimento e desprovimento do recurso de agravo, mantendo-se integralmente a decisão
agravada (sequencial 29.1).

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Curitiba, 3 de setembro de 2014.

(assinado digitalmente)
Andreia Cristina Bagatin
Promotora de Justiça

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