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Belo Horizonte,
2017.
UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS
Belo Horizonte,
2017.
ii
AGRADECIMENTOS
Aos meus queridos pais, Mariza e Aloísio, pelo amor, apoio, incentivo e
principalmente pelas orações.
iii
RESUMO
iv
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 - LRCU gerada pela lavagem dos balões dos caminhões betoneira. .......... 10
Figura 2 - LRCU após passagem por máquina recicladora (endurecida). ................. 10
Figura 3 – Exemplo de uma instalação de reciclagem de resíduos de concreto. ...... 19
Figura 4 - Fluxograma geral de produção de concreto em uma CDC. ...................... 23
Figura 5 - Geração do resíduo de concreto gerado em Centrais de Concreto
Usinado. .................................................................................................................... 25
Figura 6 - Destinações para as LRCU's das centrais visitadas. ................................ 27
Figura 7 - Blocos de concreto produzidos. ................................................................ 27
Figura 8 - Porcentagem em volume de LRCU produzidas nas centrais visitadas. .... 29
Figura 9 - Resíduo coletado de uma CDC. ............................................................... 30
Figura 10 - Gráfico comparativo das granulometrias das LRCU's coletadas. ........... 30
Figura 11 - Gráfico comparativo das amostras de LRCU e fíler calcário coletados. . 33
v
LISTA DE TABELAS
vi
LISTA DE QUADROS
vii
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
viii
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO ........................................................................................................ 1
3. METODOLOGIA ................................................................................................... 20
4. RESULTADOS ...................................................................................................... 22
5. CONCLUSÃO ....................................................................................................... 34
ix
1. INTRODUÇÃO
Após a lavagem interna dos caminhões, a água de lavagem (AL), composta por
concreto e água, é depositada em tanques de sedimentação. A fase líquida, ou água
residual de concreto usinado (ARCU), é tratada de acordo com a destinação final
(DE PAULA, 2014), podendo ser reutilizada em atividades da própria concreteira. O
material sedimentado é chamado de lama residual de concreto usinado (LRCU) e
possui pH elevado, próximo de 11,5, além de conter materiais que podem ser
tóxicos ao meio ambiente se não forem destinado de forma adequada. Segundo
Correia (2009), a LRCU processada contém alguns agregados da mistura original e
pasta de cimento residual.
O presente trabalho tem como objetivo geral verificar quais são as características da
LRCU, a variabilidade dessas características entre as CDCs e quais as possíveis
formas de reaproveitamento desse resíduo. Para alcançar o objetivo geral, tem-se
os objetivos específicos:
Identificar na literatura as formas de reaproveitamento das LRCU e as
características já estudadas por outros autores;
Verificar a realidade atual das principais centrais de concreto usinado (CDC)
da região metropolitana de Belo Horizonte no que diz respeito ao tratamento e
destinação da ALCU;
Realizar a análise granulométrica das lamas coletadas em diferentes centrais
da região metropolitana de Belo Horizonte.
2
2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
2.1.1 Agregados
4
Quadro 2 - Características dos minerais constituintes das rochas mais comuns em MG.
Composição Peso Classe
Mineral
Química específico (Grupos)
Feldspato potássico Silicáticos KAlSi3O8 2,56 Tectossilicatos
Quartzo Silicáticos SiO2 2,65 Tectossilicatos
Plagioclásio Silicáticos (Na,Ca)(Al, Si) 2,62 – 2,76 Tectossilicatos
AlSi2O8
Hornblenda Silicáticos (NaCa)2(Mg,Fe)5 3,0 – 3,5 Inossilicatos
Si7AlO22(OH)2 (Anfibólios)
Muscovita Silicáticos K2Al4Si6Al2O2(OH)4 2,76 – 3,0 Filossilicatos (mica)
K2(Mg,Fe,Al)6
Biotita Silicáticos (Si,Al)8O20(OH)4 2,8 – 3,4 Filossilicatos (mica)
Calcita Não silicáticos CaCO3 2,71 Carbonatos
Fonte: Adaptado de ISAIA, 2010, p. 441-442.
Segundo NBR 9935 ABNT (2011, p. 3), os agregados graúdos podem ser: Pedra
britada ou brita (originado da fragmentação mecânica de rocha), pedregulho ou
cascalho (como encontrado na natureza) e pedregulho britado ou cascalho britado
(originado da fragmentação mecânica do pedregulho). Podem ser classificados
comercialmente de acordo com a dimensão dos grãos, conforme Quadro 3.
Segundo NBR 9935 ABNT (2011, p. 3), a areia é um agregado miúdo proveniente de
processos naturais, industriais ou artificiais por desintegração de rochas. Pode ser
também originada por meio de processos de reciclagem. A areia natural,
normalmente encontrada em leitos de rios, é gerada por processos de fragmentação
das rochas. É constituída principalmente de quartzo, podendo conter minerais
secundários, enquanto a areia artificial possui as propriedades herdadas da rocha-
mãe que sofreu desintegração.
Os agregados miúdos podem ser classificados por seu módulo de finura (Quadro 4),
que é determinado pela soma das porcentagens retidas acumuladas nas peneiras
da série normal dividida por 100 (RIBEIRO; PINTO; STARLING, 2011, p. 20). Conforme
NBR 7211 ABNT (2009, p. 5), o módulo de finura aceitável para areia varia de 1,55 a
3,50, sendo que a faixa ótima está entre 2,20 a 2,90.
5
Quadro 4 - Classificação das areias quanto ao módulo de finura.
Tipos Módulo de Finura (MF) Utilização
Areia Grossa MF > 3,3 Concreto e chapisco
Areia Média 2,4 < MF < 3,3 Emboço e concreto
Areia Fina MF < 2,4 Reboco
Fonte: RIBEIRO; PINTO; STARLING, 2011, p. 20.
2.1.2 Cimento
6
36). Sua reação com água é muito rápida e apresenta como produto o C3AH6 e
requer maior quantidade de água que a hidratação dos silicatos (NEVILLE;
BROOKS, 2013, p. 13).
Ferroaluminato tetracálcico (C4AF - 4CaO.Al2O3Fe2O3): Presente em pequenas
quantidades, reage com a gispsita, formando sulfoferrito de cálcio, que pode
acelerar a hidratação dos silicatos (NEVILLE; BROOKS, 2013, p. 10). É
responsável pelo endurecimento lento, resistente a sulfatos e não contribui para a
resistência. Possui cor escura (RIBEIRO; PINTO; STARLING, 2011, p. 36).
Cal Livre (C - CaO): Não pode estar presente em grandes quantidades, pois pode
ocasionar em aumento de volume e fissuração (RIBEIRO; PINTO; STARLING,
2011, p. 36).
Oxido de Magnésio (MgO), Dióxido de Titânio (TiO2), Óxido de Manganês
(Mn2O3), Oxido de Potássio (K2O) e Oxido de Sódio (Na2O): São denominados
compostos secundários devido aos baixos teores presentes no cimento. Os
óxidos de sódio e potássio são conhecidos com álcalis e podem reagir com
alguns agregados (reação álcali-agregado), causando a desintegração do
concreto (NEVILLE; BROOKS, 2013, p. 11).
Pelas normas ABNT, além do Sulfato de Cálcio, são permitidos níveis pré-
estabelecidos de algumas adições no Cimento Portland, que são a escória de alto
forno, os materiais pozolânicos e os materiais carbonáticos. A escória de alto-forno é
um produto residual produzido durante o processo de fundição do ferro. É
constituído principalmente pelos mesmos elementos presentes no clínquer Portland
(Cálcio, Magnésio, Silício, Alumínio e Oxigênio) (ISAIA, 2010, p. 779). Os materiais
pozolânicos são materiais silicosos ou silício-aluminosos que, quando moídos
finamente, em presença de água reagem com o Hidróxido de Cálcio, formando os
mesmos compostos produzidos pela hidratação do cimento (ISAIA, 2010, p. 780).
7
permeabilidade e capilaridade de concretos e argamassas (ISAIA, 2010, p. 780;
NEVILLE; BROOKS, 2013, p. 157). Segundo a NBR 5733 (ABNT 1991), materiais
carbonático são “materiais finamente divididos constituídos em sua maior parte de
carbonato de cálcio”.
2.1.3 Água
2.1.4 Aditivos
9
JOORAWON, 2017 ), porém houve variação na forma de geração da lama. A lama
proveniente do concreto que retorna das obras é um material que se hidrata e
endurece, devendo ser triturado para utilização. O resíduo proveniente da lavagem
dos balões dos caminhões não necessita ser triturado, pois não endurece como as
primeiras (Figura 1). Outra forma de geração encontrada foi a pasta de cimento com
um pequena quantidade de agregados miúdos, que é gerado após a passagem da
LRCU por máquina recicladora (Figura 2).
Figura 1 - LRCU gerada pela lavagem dos balões dos caminhões betoneira.
De acordo com as caracterizações já realizadas por outros autores (Tabela 2), pode-
se notar que as lamas provenientes dos tanques de decantação possuem
10
quantidade de partículas finas, menores que 150 µm, variando de 20 a 40% (AUDO;
MAHIEU; TURCRY, 2016, CORREIA et al, 2009). Quando o resíduo é tratado em
uma central de reciclagem, foram obtidas 100% das partículas abaixo dessa
granulometria (XUAN et al, 2016). O módulo de finura variou de 1,58 a 5,3 nos
estudos realizados, porém, o tratamento do resíduo influencia muito nessa
característica. Os três trabalhos que avaliaram essa propriedade peneiraram o
material em granulometrias bastante distintas. Portanto esse parâmetro deve ser
avaliado de acordo com cada substituição. No estudo de Correia et al (2009) foi
realizada a substituição à areia natural, que possui módulo de finura igual 2,2
(SÉRIFOU et al, 2013), maior que o do resíduo, 1,58, portanto a LRCU possui
partículas mais finas que a areia. O contrario do que foi encontrado por Sérifou et al.
(2013), em que o módulo de finura do resíduo foi de 3,2. No estudo de Rughooputh;
Rana; Joorawon (2017) o valor encontrado foi de 5,3, pois foi realizada também a
substituição aos agregados graúdos.
11
Tabela 2 - Principais características físicas e mineralógicas do resíduo.
Correia Kou Serifou Silva Silva Audo Xuan Rughooputh
Autor
(2009) (2012) (2013) (2013) (2013) (2016) (2016) (2017)
Após Lavagem dos Após
Lavagem dos reciclagem Concreto caminhões 1 Lavagem Lavagem dos reciclagem Lavagem dos
Geração da LRCU
balões dos devolvido mês no t. de dos balões balões dos balões
agregados decantação agregados
Endurecido
Seco Triturado Secagem
Esmagado
Tratamento Destorroado Peneirado Secagem Secagem Secagem - Peneiramento
Peneirado
Peneirado 5 e 10mm <20mm
10 e 20mm
1,58 3,2
Modulo de finura - - - - 5,3
(<2mm) (0-5mm)
Particulas <150
30,65 - - - - 20 a 40 100 -
µm (%)
Massa específica
- 1,83 - 2,49 2,64 2,10 a 2,30 2,66 2,24
(g/cm³)
37,2 13
Absorção de água (10mm) (0-5mm) 15,8
- - - - 10,6
(%) 29,35 4,3 (0-20mm)
(20mm) (5-10mm)
Área superficial 1110 a 1800
- - - 2750 2710 -
(m²/kg) (<100µm)
Quartzo, Quartzo,
Composição silicatos de Portlandita,
- - - - -
mineralógica cálcio, Calcita, Silicatos
Portlandita de calcio, Gesso
Fonte: Adaptado de CORREIA et al, 2009, KOU; ZHAN; POON, 2012, SÉRIFOU et al, 2013, SILVA, 2013, XUAN et al, 2016, AUDO; MAHIEU; TURCRY,
2016, RUGHOOPUTH; RANA; JOORAWON, 2017
12
Conforme era previsto, as caracterizações mineralógicas mostram a presença de
compostos presentes na areia (quartzo), nas adições do cimento (calcita) e na pasta
de cimento (silicatos de cálcio, portlandita e gesso), conforme ilustrado na tabela 2.
Os principais componentes químicos encontrados estão resumidos da Tabela 3.
Tabela 3 - Características químicas dos resíduos.
Xuan Audo
(2016) (2016)
MgO 1,07 a 1,88 -
Al2O3 7,95 a 9,18 1,5 a 2,39
SiO2 31,24 a 35,2 45,76 a 60,5
SO3 2,43 a 3,67 0,58 a 0,98
K2O 1,53 a 1,93 -
CaO 32,38 a 37,53 28,94 a 40,85
TiO2 0,5 a 0,56 -
Fe2O3 5,96 a 6,89 1,27 a 1,89
LOI 7,96 a 12,15 -
Fonte: Adaptado de XUAN et al, 2016, AUDO; MAHIEU; TURCRY, 2016.
Em todos os estudos (CORREIA et al, 2009, KOU; ZHAN; POON, 2012, SÉRIFOU
et al, 2013, SILVA, 2016, RUGHOOPUTH; RANA; JOORAWON, 2017) o aumento
dos teores de lama ocasionou na redução de 10 a 200% do Slump dos concretos
produzidos (KOU; ZHAN; POON, 2012, CORREIA et al 2009, SILVA, 2016) ou no
aumento da adição de água de 6 a 56% para se atingir um Slump pré-determinado
(SERIFOU et al, 2013 e SILVA, 2016). Isso pode ser justificado pela maior
porosidade, finura e irregularidade do resíduo em relação aos agregados utilizados,
possuindo, consequentemente, maior área superficial, sendo necessária maior
13
quantidade de água para molhagem da superfície, o que compete com a água
necessária para lubrificação das partículas.
As propriedades que influenciam na durabilidade foram afetadas negativamente com
a incorporação do resíduo no concreto. A absorção de água dos concretos no
estado endurecido também foi afetada pela adição da LRCU, apresentou valores de
0,6 a 37% maiores que os concretos de referência, dependendo dos teores de
substituição e das composições das misturas realizadas (KOU; ZHAN; POON, 2012,
CORREIA et al, 2009, RUGHOOPUTH; RANA; JOORAWON, 2017). Houve redução
na velocidade do pulso ultrassônico (KOU; ZHAN; POON, 2012) e aumento na
retração, de 38 a 250% (KOU; ZHAN; POON, 2012, RUGHOOPUTH; RANA;
JOORAWON, 2017) e na vulnerabilidade do concreto ao ataque por íons cloreto
(KOU; ZHAN; POON, 2012).
14
possível notar que a maior substituição, de 100%, não foi a que mais influenciou na
resistência à compressão do concreto. As maiores perdas nas propriedades
mecânicas (módulo de elasticidade, resistência à compressão e à tração) foram
verificadas no estudo que substituiu apenas os agregados graúdos.
A densidade dos blocos no estudo de Kou; Zhan; Poon (2012) foi reduzida com a
incorporação da lama, concordando com o resultado encontrado por Rughooputh;
Rana; Joorawon (2017) para produção de concreto. O aumento nos teores de
substituição aumentou também a absorção de água nos blocos produzidos, assim
como encontrado por Correia et al, (2009), Kou; Zhan e Poon (2012) e Rughooputh;
Rana; Joorawon (2017) em concretos produzidos com o mesmo resíduo.
15
Outra propriedade que foi influenciada negativamente pela incorporação da LRCU
em blocos de concreto no estudo de Kou; Zhan e Poon (2012), foi a retração, que
aumentou de 83 a 200% sendo maior no maior teor de substituição. Este resultado
também foi encontrado por Rughooputh; Rana; Joorawon (2017) para incorporação
do resíduo em concretos.
17
2.2.5 Utilização de aditivo estabilizador de hidratação (AEH)
A utilização do aditivo pode ser feita diretamente em concretos que retornam das
obras sem ser utilizados ou nas águas de lavagem interna dos balões dos
caminhões betoneira. (SOUZA, 2007, p. 5).
Tabela 7 - Resumo dos resultados encontrados para aproveitamento de LRCU de concreto com AEH.
Souza
(2007)
METODOLOGIA ADOTADA
% de AEH 0,8; 1,1; 2,2; 5,6; 11,2% m.c.
Tempo de armazenamento Uma noite e um final de semana
ALTERAÇÕES NAS PROPRIEDADES DOS CONCRETOS
Slump ↓ 47% a ↑ 7%
Teor de ar incorporado ↓ 77% a ↑ 15%
Início de Pega ↓ 51 min a ↑ 43 min
Temperatura início e fim de pega ↑ 2% a 11%
R. Compressão ↓ 4% a ↑ 6%
Fonte: SOUZA, 2007.
18
2.2.6 Máquinas recicladoras
As máquinas recicladoras (Figura 3) são utilizadas nas CDC’s para a separação dos
agregados da pasta de cimento. Com sua utilização é possível reduzir o descarte de
LRCU em aterros, pois os agregados são reutilizados na própria central. O resíduo
gerado após a passagem por uma instalação de reciclagem (pasta de cimento) foi
utilizado por Kou; Zhan e Poon (2012) substituindo o agregado miúdo para produção
de blocos de concretos e obteve ganhos em relação às propriedades mecânicas.
19
3. METODOLOGIA
20
3.2 Caracterização dos resíduos coletados
Foram coletadas amostras dos resíduos que estavam armazenados nas baias das
CDC’s visitadas. Para comparação, foi coletada também uma amostra do fíler
calcário utilizado por uma das centrais para produção de concreto auto adensável.
21
4. RESULTADOS
Os materiais são pesados e liberados nos pontos de carga juntamente com a água,
que é dosada em menor quantidade do que a estipulada no traço e posteriormente é
redosada manualmente no caminhão betoneira. De uma central para outra pode
haver variação no nível de automação, nos tipos de materiais utilizados, nos traços
produzidos etc. O processo básico de produção está de acordo com o que foi
demonstrado por Silva (2016) e está ilustrado forma esquemática na Figura 4.
22
Figura 4 - Fluxograma geral de produção de concreto em uma CDC.
23
Quadro 6 - Materiais utilizados para produção dos traços nas CDC's visitadas.
CDC Produção Graudo Miudo Cimento Adições Aditivos
• Concretos • Brita 0 e 1
1 • Natural • CP II E 40 Variadas • Polifuncional
20 Mpa Gnaisse
• Concretos
20 a 30 MPa
• Brita 1 • Artif.
2 • • CPV Ari RS Não • Plastificante
Gnaisse Gnaisse
Argamassas
variadas
• Concretos • Brita 0 e 1 • CPV Ari
3 • Natural Não • Plastificante
20 e 25 Mpa Calcária • CPIII 40 RS
• Natural • Plastificante
• Concretos • Brita 0 e 1 Fibra de
4 • Artif. • CPV Ari RS • Mid Range
20 Mpa Calcária polipropileno
Calcária • Impermeabilizante
• Natural
• Concretos • Brita 0 e 1 • Polifuncional
5 • Artif. • CPV Ari Não
20 a 30 Mpa Calcária • Superplastificante
Calcária
• Concretos • Pó calcário
• Natural
20 a 30 MPa • Brita 0 e 1 • CPV Ari RS • Outras de
6 • Artif. • Polifuncional
• Argamassa Calcária • CPIII 32 acordo com o
Calcária
contrapiso cliente
• Concretos
acima de • Pó calcário
• Brita 0 e 1 • Natural
25MPa • CPV Ari RS • Outras de
7 Gnaisse e • Artif. Variados
• • Outros acordo com o
Calcária Gnaisse
Argamassas cliente
variadas*
• Concreto 15
• Natural
a 30MPa • Britas 0 e 1 • Polifuncional
8 • Artif. • CPV Ari RS • Pó calcário
• Argamassa Gnaisse • Superplastificante
Gnaisse
contrapiso
• Concreto 20
• Britas 0 e 1
a 30MPa • Artif. • Plastificante
9 e pedrisco • CPV Ari RS • Fíler calcário
• Argamassa Gnaisse • Superplastificante
Gnaisse
contrapiso
* o resíduo de argamassas gerado na central 7 possui destinação separada e não entra na
composição da LRCU
Fonte: AUTORA.
Durante a fase de produção dos traços, são gerados diferentes tipos de resíduos,
provenientes dos processos listados abaixo e estão resumidos na figura 5:
lavagem interna dos balões dos caminhões betoneira;
Devolução do traço excedente ou que ultrapassou o prazo limite para
utilização;
escoamento de parte da água dosagem no ponto de carga;
escoamento da água de redosagem;
lavagem do pátio;
24
Corpos de prova rompidos;
Lavagem externa dos caminhões betoneira.
Tanques de decantação
Reaproveitamento em
atividades da concreteira Aterro
(dosagem do concreto, ou
limpeza interna dos balões, Reaproveitamento
limpeza do pátio, etc.)
Fonte: AUTORA.
Os resíduos contaminados por óleo devem ser separados dos resíduos de concreto,
tratados e destinados da forma correta. O resíduo de concreto, que é depositado nos
tanques de decantação é variável, geralmente provenientes dos cinco primeiros
itens ou de parte deles. O objeto de estudo deste trabalho é o resíduo sedimentado
nos tanques de decantação sendo chamado de lama residual de concreto usinado
(LRCU).
A produção mensal das CDC’s visitadas variou de 2.500 a mais de 10.000 m³ e para
atender a essas demandas possuem de 7 a 45 caminhões betoneira, cuja lavagem
interna dos balões é realizada ao final do dia ou, em dias de menor produção, a
lavagem é feita sempre que o caminhão ficará parado por mais tempo. Observou-se
que os resíduos coletados nas baias possuíam diferentes formas de geração,
podendo ser provenientes da lavagem dos caminhões, do pátio de operações, do
concreto que retorna das obras e da dosagem do concreto. Houve variação também
25
na frequência de coleta do resíduo para envio às baias de armazenamento,
conforme demonstrado no quadro 7.
26
A reutilização como bica corrida e sub-base para pavimentação é realizada por
empresas terceirizadas que recolhem o resíduo das centrais sem custo. É uma
alternativa benéfica para as CDC’s, uma vez que eliminam o gasto com o transporte
e descarte da LRCU.
38,5%
7,7% 7,7%
Fonte: AUTORA.
O concreto que retorna das obras sem ser utilizado é aproveitado nas centrais 1, 2,
4, 5 e 8 na produção de blocos (Figura 7) que são utilizados na própria central,
como, por exemplo, na construção de baias para armazenamento de materiais ou
que são vendidos para diversas finalidades não estruturais.
Fonte: AUTORA.
Foi questionado às CDC’s qual o motivo da não utilização do AEH, uma vez que
pesquisas demonstraram bons resultados, portanto uma opção para a não geração
27
do resíduo. Algumas centrais utilizaram e interromperam o uso, pois para a sua
utilização seria necessário um controle muito rigoroso dos teores incorporados para
não retardar a pega dos concretos no dia posterior. As CDC’s que fazem uso do
aditivo ainda geram resíduo, pois não utilizam dependendo dos primeiros traços do
dia que serão produzidos, como, por exemplo, em concretos para paredes de
concreto e em grandes concretagens. Esta realidade não condiz com o estudo de
Souza (2007), que afirma que a utilização do AEH é uma pratica crescente entre as
concreteiras e que a sua utilização proporciona benefícios financeiros às centrais
produtoras de concreto.
A máquina recicladora era utilizada apenas em uma das centrais visitadas, porém,
no dia da visita estava estragada. Observou-se que ainda não foi adotada por
grande parte das concreteiras devido à alta frequência de manutenções, que são
onerosas, ao gasto excessivo de energia, ao alto custo do investimento e ao espaço
necessário no pátio, muitas vezes indisponível. Foram realizadas inúmeras
tentativas de visita em outra CDC da região que utiliza a máquina recicladora, porém
estava em manutenção e quando voltou a funcionar iniciou o período chuvoso.
Segundo o responsável pela central, não é possível utilizar o equipamento com o
resíduo com alto teor de umidade.
Pelo gráfico ilustrado na figura 8 percebe-se que o volume de LRCU gerada variou
de 0,2 a 7,5% em volume. Essa variação se deve ao fato de algumas centrais
reutilizarem parte do resíduo antes de enviar para as baias utilizando AEH,
maquinas recicladoras ou aproveitando o concreto devolvido. Esses percentuais
ultrapassam os limites de perda, de 1 a 4%, estimados para a Europa e estão de
acordo com a estimativa para o Brasil, de até 9% (CORREIA et al., 2009, p. 1).
Quando se faz o uso de instalações de reciclagem, esse valor é estimado em 0,8%
(XUAN et al., 2016, p. 1).
28
Figura 8 - Porcentagem em volume de LRCU produzidas nas centrais visitadas.
7,5%
7,2%
6,3%
5,8%
3,7%
2,2%
0,2%
Fonte: AUTORA.
(a) Úmido coletado na central. (b) Após secagem em estufa. (c) Após destorroamento
Fonte: AUTORA.
100
Amostra 1
% Passante acumulada
80 Amostra 2
Amostra 3
60 Amostra 4
Amostra 5
40 Amostra 7
Amostra 6
20 Amostra 8
Amostra 9
0
0,1 1,0 10,0 100,0
Diâmetro (mm)
Fonte: AUTORA.
Analisando a tabela 8 é possível perceber que nenhuma das lamas atende à NBR
7211 em relação à porcentagem de partículas menores que 150 µm e apenas as
30
lamas 1 e 9 atende aos limites estabelecidos para dimensão máxima característica
de agregados miúdos, porém a amostra 9 não atende os limites do módulo de finura,
sendo mais fina do que o permitido.
Tabela 8 - Dados da análise granulométrica das partículas > 150 µm e dos limites estabelecidos na
NBR 7211 para agregados miúdos.
Dimensão Máxima Módulo Partículas
Amostra
Característica (mm) de Finura (MF) <150 µm
1 2,4 * 1,8 ** 30,8%
2 6,3 1,6 ** 51,0%
3 16,0 3,8 15,4%
4 6,3 2,3 * 35,8%
5 6,3 2,5 * 30,0%
6 6,3 2,6 * 25,9%
7 6,3 2,3 * 28,8%
8 16,0 3,3 *** 17,5%
9 2,4 * 1,5 46,5%
z. ótima * 2,4 a 4,8 2,2 a 2,9
3 a 5%
z. utilizável inferior ** 1,2 1,55 a 2,2
(<75 µm)
z. utilizável superior *** 4,75 2,9 a 3,5
Fonte: AUTORA.
Quando comparadas aos limites das zonas ótima e utilizável para agregado miúdo
na produção de concreto de acordo com a NBR 7211 (ABNT, 2009), analisando a
distribuição das partículas acima de 150 µm, nenhuma das lamas poderia ser usada
completamente em seu estado natural como agregado miúdo.
31
Mahieu; Turcry (2016, p. 794), que realizou a mesma comparação com as 4
amostras coletadas.
32
Figura 11 - Gráfico comparativo das amostras de LRCU e fíler calcário coletados.
100
90
% Passante acumulada
80
Amostra 1
70 Amostra 2
60 Amostra 3
Amostra 4
50
Amostra 5
40 Amostra 6
30 Amostra 7
Amostra 8
20
Amostra 9
10 Filer Calcário
0
0,1 1,0 10,0 100,0
Diâmetro (µm)
Fonte: AUTORA.
33
5. CONCLUSÃO
Conclui-se, portanto, que ainda são necessários estudos para se encontrar uma
forma de aproveitamento adequada para a LRCU e que seja viável na prática afim
de minimizar ou acabar com a sua destinação para aterros. Analisando a distribuição
granulométrica dos resíduos coletados, percebeu-se a possibilidade de sua
utilização como substituição aos agregados miúdos e ao fíler calcário, porém para
34
essa hipótese ser confirmada são necessários mais ensaios de caracterização física
e química, além do desenvolvimento das misturas ideais para que a incorporação da
LRCU não afete negativamente as propriedades mecânicas e de durabilidade dos
materiais produzidos e que sejam viáveis economicamente.
35
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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1991.
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(Mestrado em Recursos Minerais e Meio Ambiente) - Instituto de Geociências,
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Kong, 2016.
38