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ÉTICA II – Módulo 01 1

Ética x Moral Ética Normativa


(Teorias éticas)
Ética – Reflexão filosófica sobre a realidade
Moral – Conjunto de regras ou costumes
Buscam estabelecer um padrão a partir de princípios e
valores, virtudes para distinguir entre certo e errado, justo
Ex. Dentro de um contexto religioso, podemos considerar
e injusto.
a bíblia como um conjunto de regras.

Principais modelos de teorias normativas:


Três dimensões da ética  Deontológicos

(Divisão clássica)  Teleológicos


 Teoria das Virtudes

1. Metaética
2. Ética Normativa Éticas Teleológicas
3. Ética Aplicada (Prática)
Postulam um fim e as ações são ditas boas ou más na
Universo normativo – é o universo do dever (obrigação medida em que promovem ou não esse fim.
que há em toda teoria que se disponha normativa.

Ética Aplicada
(Aplicação da ética)

Trata das opções que temos para nossas ações morais.

O aborto e a eutanásia são exemplos de problemas


Modelos Utilitaristas como o de John Stuart MILL
abordados em questões bioéticas. São questões práticas
O que está em jogo é a consequência da ação.
que necessitam de respostas.

Exemplos de ética prática (Deve > devemos):


Éticas Deontológicas
1. Quais são nossas responsabilidades para com os
pobres? Afirmam que o correto e obrigatório são as categorias

2. Devemos salvar as vidas dos tigres siberianos? E mais importantes da ética.

despender dinheiro para isso?


3. Por que a fome é um problema moral mundial?
Por que devo me preocupar com a fome e a
pobreza dos outros?
4. Devo condenar meu vizinho que praticou aborto
ou eutanásia?
5. Pesquisa com embriões é moralmente aceitável?

Modelo Kantiano como o de Immanuel Kant

Algumas características importantes:


 O dever é uma noção central, sendo mais forte que
qualquer consequência, ainda que boa.
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 Não olhar para o fim (teleológica), mas sim para a Questões de ética normativa
regra (dever) a qual a ação está sendo subjugada.
 Visões imperativas da ética. 1. É normalmente permissível comer carne?
2. Será que os fins justificam os meios?
Ex. Não se deve mentir em razão de existir uma regra 3. Por que não devo mentir para salvar o meu amigo?
que determina que mentir é errado (dever) e não 4. Será que realmente devemos agir segundo uma
pelas consequências que decorrem de mentir máxima que necessariamente precise ser universal?
(teleológico). 5. Por que comer carne e o aborto podem ser
considerados problemas condenáveis?
Dilema ético
Seu amigo está escondido em sua casa. A polícia bate Teorias normativas x Ética aplicada
na porta à procura de seu amigo. Frente a tal situação, A conexão entre teorias normativas e ética aplicada se
há duas opções: dá em uma relação muito forte. Ocorre uma separação
1. Deontológica (Não mentir) – Deve revelar que apenas para identificar problemas distintos. O modelo
seu amigo está escondido, pois mentir é errado e normativo tende a ser mais abstrato. Ex. O modelo
há um dever com a verdade. utilitarista se aplica a vários problemas de ética prática.
2. Teleológica (Mentir) – Mentir que seu amigo não
está, pois o ato de mentir irá poupar o mesmo da
prisão, que por sua vez, é uma consequência Metaética
ruim.

Ocupa-se com as discussões mais abstratas.


Obs. Tem-se discutido a inviabilidade de aplicação
prática de modelos teleológicos.
Segundo alguns pensadores, não há distinção entre as
éticas, mas sim diferentes níveis de abstração que levam
Ética das Virtudes a problemas distintos.

No modelo de Ética das Virtudes não há preocupação Definição


em determinar o certo ou errado, mas sim, se o agente É uma investigação que tem a tarefa básica de elucidar
que realiza a ação é virtuoso ou vicioso. a linguagem da moral, fazendo uma análise lógico –
conceitual das linguagens das teorias normativas, bem
como das teorias de ética prática.

Problema da metaética
O problema da metaética não está em avaliar ou discutir
sobre o que é bom (se é certo ou errado em
determinadas circunstâncias), mas sim fazer uma análise
da própria linguagem moral que nos tendemos a utilizar
de uma forma extremamente descuidada
A Ética das Virtudes remonta a tradição de Aristóteles.

Usamos um vocabulário moral, porém não questionamos


 O foco das discussões é o agente;
o que ele significa.
 Visões atrativas da ética.
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G.E. MOORE – Princípia Ethica (1903) Corte vertical e horizontal da ética

 O que é bom?
Metaética > Semântica moral > Ontologia moral >
Utilizamos este tema a todo instante quando aplicamos Epistemologia moral > Filosofia da Mente
em nossas ações. Ética normativa > Teleológicas > Deontológicas >
Ex. Pedro é bom porque cuida dos pais. Teoria das virtudes
Ética prática > Problemas que envolvem o universo
Distinção entre bom e correto social (Ética animal, comer carne, fumar em
Dentro das teorias normativas não significam a mesma ambiente fechado, aborto, eutanásia)
coisa. Geralmente utilizam-se tais termos de forma
indiscriminada. Sugestão de problema para discussão:
Limitação de natalidade
 A ação é boa quando preocupa-se com a
consequência.
Imagine duas pessoas – Ducan e Helen – estão discutindo
 A ação é correta quando preocupa-se com o
algo que já ouviram falar sobre, como a política de um
dever.
país limitar severamente o número de crianças que
qualquer família pode ter. Imaginemos também que,
Ex. Pedro cuida de seus pais.
embora ambos reconheçam que há boas razões para
 É boa porque remete ao fim.
defender esta política – preocupações com a
 É correta porque remete a um dever de cuidar
superpopulação e a sustentabilidade ambiental sendo
dos pais.
óbvias – ambos pensam que é, no final, moralmente
errado. Ducan e Helen concordam que as famílias
Pedro é bom porque cuida de seus pais.
devem ter alguma liberdade do Estado para decidir
(virtuoso)
quantos filhos eles podem ter, pelo menos, dentro do
razoável. No entanto, em seguida a discussão toma um
Por isso que o papel da metaética é elucidar a
rumo interessante, revelando alguma discordância.
linguagem da moral.
Ducan pensa que este tipo de política é sempre errada,
não importa qual é o país e a estrutura governamental.
Problemas para discussão dentro da metaética
Ele pode estar preparado para ceder em sua visão se a
situação ambiental piorar muito.
1. Problema de ontologia moral
 Precisamos responder se existem ou não fatos ou
Mas, do modo como a situação está a esse respeito, ele
propriedades morais
pensa que qualquer governo que tivesse essa visão
 O cenário se desenvolve entre realistas e anti-
estaria errado. Fundamentalmente, ele pensa que seria
realistas.
errado independente do governo e, de fato, os seus
cidadãos devem decidir.
2. Existe conhecimento moral? (epistemologia moral)
 Cognitivistas e não-cognitivistas
Helen tem uma visão diferente. Ela reitera que ela acha
 Perguntas como: ética é um tipo de ciência? O que
que a política está errada. Mas ela também considera
é ter uma raciocínio correto do ponto de vista
que é intrigante afirmar que esta política está errada,
normativo?
não importa o que as pessoas em um governo diferente
decidiram. Seu foco é o pensamento de que, enquanto
ela e Ducan podem achar essa política errada, o seu
julgamento pode ser desta forma causado por vários
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fatores locais, tais como a forma como foram criados, e Vamos observar o problema sob a ótica de um Problema
os valores e ideias atualmente considerados aceitados de segunda ordem: Qual é o tipo de posição metaética
na sociedade. que Duncan e Helen estão defendendo?

Enquanto eles poderiam privilegiar a importância moral Subjetivismo moral x Relativismo moral
da liberdade da família e indivíduos, por exemplo, entre São diferentes. Para o relativista moral existem princípios
pessoas em diferentes localidades podem preferir contextuais que não podem ser comparados com outros
privilegiar a força do Estado e da importância moral da princípios contextuais.
unidade comum a nível de país, por exemplo.
Realismo moral
Em suma, Helen pode dizer que, embora ela acredite É a possibilidade metaética da existência de valores
que a política está errada, ela reconhece que algumas morais que não são valores dados, pura e simplesmente,
outras pessoas podem pensar que a política é correta. E – pelo juízo de determinada pessoa.
aqui é o desacordo de Duncan – ela acha que nenhum
desses pontos de vista sobre a política tem autoridade
para além do país, tribo ou grupo. O que as pessoas
neste outro país pensam que é moralmente correto é
Anotações
bom e “direito-para-eles”, ela pensa, e seu julgamento
que a política é errada não tem autoridade universal:
que ela e Duncan não podem justificadamente critica a
visão de que a política é ideal, apenas notar que eles
não concordam com ela.

Duncan, por sua vez, parece pensar que existe tal coisa
como uma autoridade universal. Na medida em que
Duncan está envolvido, há, como poderíamos
coloquialmente colocar, respostas corretas e incorretas e
nada mais. Só porque você, ou seu grupo, ou seu país
pensam que algo é certo, ou generoso, ou cruel, isto não
o torna absoluto. E para Duncan, ao que parece, isso se
aplica mesmo quando você está decidindo o que deve
fazer com seu próprio país. Há algo além dos julgamentos
das pessoas que faz com que a situação em que os seus
juízos estão corretos ou incorretos, verdadeiros ou falsos, e
estas classificações se aplicam não importa o que as
próprias pessoas pensam de seus pontos vista e sua
sociedade.

Algumas observações

Podemos observar um debate entre um universalista


moral (deontologia kantiana) e uma particularista
(relativismo moral).

Este exemplo levanta uma questão de primeira ordem (o


que é correto ou incorreto em determinadas situações?)

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