Você está na página 1de 5

Quais são os elementos que caracterizam estes novos tipos de crises?

Ffrench-Davis e Ocampo propõem discutir a vulnerabilidade externa dos países


latinoamericanos e as ocorrencias de crises cambiais nestes países a partir de 1990. Segundo
os autores, existem quatro características principais para essas “novas crises”. Primeiramente,
(1) o mercado internacional tem sido o principal gerador de choques no câmbio, que não são
vistos mais como apenas resultados dos desequilíbrios internos na economia. Estes choques
são causados pela mobilidade de capital entre os países. Segundo, (2) os fluxos de capital se
caracterizam por ser de interesse privado. (3) As crises estiveram relacionadas com a
desregulamentação da oferta e da demanda, resultado dos diferentes processos de
liberalização no mundo. (4) As vítimas foram economias tidas como “críveis”.

Não obstante, os autores ainda questionam o porque destas crises não serem
evitáveis. Eles primeiramente caracterizam que houve um incremento no volume de ativos, e
assim, um aumento na sensibilidade de credores externos. Neste caso, houve diversificação
dos instrumentos de financiamentos, mas uma maior concentração em dívida de curto prazo e
líquida. As empresas passam a vender títulos de longo prazo no mercado internacional (Plano
Brady). O efeito foi de uma desestruturação do sistema financeiro doméstico, etc. Em segundo
lugar, eles também apontam para o ingresso dede capitais e a deterioração dos fundamentos
macroeconômicos. Para este caso, o dinheiro externo qe deveria estar sendo destinado ao
investimento estava sendo destinado ao consumo. Também, há uma restrição externa
dominante ao crescimento econômico, que implica que a economia cresce por algum tempo
devido ao investimento externo, mas com a falta de dólares, ela quebra. Isso acontece porque
o dinheiro estrara nestes países não para melhorar a poupança destes, mas para promover
importações. Por fim, o crédito oriundo do exterior fora utilizado para fomentar gastos dos
consumidores no curto prazo, e não investimentos industriais de longo prazo.

Gandolfo discute as gerações de modelos de crises. Todos os modelos por ele


analisado tem como característica principal a existência de um movimento de especulação
cambial. Logo, ele questiona em que consiste um ataque especulativo contra a taxa de
câmbio? Ele começa por analisar os (1) modelos de primeira geração. Estes modelos (de
política exógena) contam com o câmbio fixo, e, o ataque especulativo é resultado da
arbitragem de preços de ativos. O que acontece é que o governo tem altos gastos, o que
proporciona aumento da oferta de moeda para a população; entretanto, não há alteração na
demanda por moeda por parte da população, ocorre uma oferta excedentária de moeda, em
que uma vez que os atores não têm interesse em manter moeda em mãos, eles acabam
comprando divisas, o que promove um ataque especulativo sobre o câmbio, que não consegue
se sustentar enquanto fixo. A solução proposta para este problema é a austeridade fiscal para
prevenir o déficit fiscal.

Os (2) modelos de segunda geração são modelos (de política endógena) que não
respondem a desequilíbrios nos fundamentos macroeconômicos dos países, mas sim são
“profecias auto-realizáveis” por parte da expectativa da população. Pois, dado a expectativa na
depreciação da moeda por parte dos atores do mercado, faz com que a manutenção da
paridade se torne mais custosa. Assim, tenta-se modelar os custos que o governo assume para
cada um dos cenários de manutenção ou não da paridade; ou se fixa o câmbio ao ter uma série
de custos, ou abandona a paridade fixa, tendo outros custos. O impacto sobre a paridade se dá
dado a intesidade das expectativas.

Os (3) modelos de terceira geração são modelos que tem como ponto central que a
crise cambial não pode ser considerada separadamente de uma crise no sistema bancário, que
é chamado de “crises gêmeas”:
1) Crise cambial => crise bancária: Choque externo / expectativa de abandono da
paridade. Essa expectativa, gerada pela crise cambial, implica numa crise bancária.
2) Crise cambial <= crise bancária: Corrida de salvamento / exposição risco de crédito.
Também, há o caso do endividamento externo das empresas, que gera um ciclo de
depreciação da moeda e recessão. Para resolver este caso, é possível que seja feito o aumento
das taxas de juros, ou a depreciação da moeda.

Boyer descreve os aspectos determinantes da crise de 2008, que são a liberalização e


a desregulação – decorrente de inovações financeiras. Para o autor, as bolhas têm origem
endógena. As razões para tal são: os (1) desequilíbrios globais (global imbalances), e a (2)
desigualdade na distribuição de renda. O autor explica que os países ricos mantém taxas de
juros extremamente baixas, o que permite que os fluxos financeiros sejam facilitados. Logo,
investidores começaram a buscar realizar investimentos com maiores riscos – especulativos,
visando manter altas lucratividades nos investimentos. Para lidar com a redução nas taxas de
lucros, foram criadas as inovações financeiras, como as securatizações.
Securitização: fracionamento e distribuição => diminui o risco para os investidores.
Quais são os riscos? Default de quem hipoteca o imóvel. Descasamento de taxas.

Lerda:
Globalização => desterritorialização. (cada vez mais a localização geográfica é
incomporada como uma variável de escolha para as empresas transnacionais). Para as relações
econômicas internacionais, o que se vincula é as atividades econômicas e o espaço. Este é o
aspecto central. Se dá após a década de 70.
-Multinacionais.
-Como, o que e aonde fazer.
Autonomia => território.
-Política fiscal.

-Preços de transferência. [Eu] Dado o comércio internacional, as taxas entre os países,


os preços cobrados entre as empresas, os países não têm controle sobre todas as variáveis
destas transações. Entretanto, neste caso, as empresas multinacionais realizam transações
entre si.

Chesnais discute sobre elos estratégicos na cadeia produtiva, em que a distribuição de


lucros não é simétrica. Ele aponta para uma reconfiguração qualitativa no processo capitalista.
As empresas multinacionais se destacam das demais empresas pela capacidade de montar
operações complexas e fazer progredir a posição em vista a concorrência mundial. As
multinacionais partem de uma lógica de investimento, com objetivo de crescer edurar
temporalmente. A sua busca por lucro nao se restringe a produção, mas sim a lucros
especulativos. Os três aspectos principais são (1) a grande empresa diversificada; (2) a origem /
base nacional; (3) a organização do grupo – holding. Para estas grandes empresas, o seu know-
how é financeiro: investir para lucrar. Os seus investimentos são diversificados em empresas
de setores variados. Com isso, há a formação de oligopólios mundiais. As suas estratégias
diferem da firma clássica. Elas atuam enquanto empresas-rede, que predomina a interação da
informação, a comunicação descentralizada e o relacionamento colaborativo. Uma teia
imaginária permite a relação entre todos os membros da empresa, internos e até externos,
como fornecedores e consumidores, que cada vez mais interagem e participam dos processos
de uma empresa moderna. Estas novas multinacionais passam pelo processo de internalização,
mas também de externalização. Então, há uma reconfiguração da estrutura oligopólica
mundial, ou, uma reconfiguração dos padrões de concorrência: as empresas focam em
observar a competição, e não focar em questões de produção ou eficiência – padrão de
concorrência globalizado.
Em relação a estratégia tecno-financeira, Chesnais capta de Michelet que ela é “uma
forma de internacionalização baseada nos ativos intangíveis da companhia, no seu capital
humano”. Esta estratégia lida não apenas com a produção de produtos e serviços, mas ambos
ao mesmo tempo,e dependem da relação da empresa com outras empresas. E, para garantir o
seu sucesso na competição comercial, a empresa se baseia no desenvolvimento do seu know-
how e P&D. Não obstante, a empresa busca valorizar essa vantagem, e aplicá-la em tantos
outros setores quanto for possível aplicar, tendo em vista a espansão e diversificação das
atividades da empresa. Para o universo dos investimentos, diversificação é tanto sinônimo de
redução de risco, quanto maximização de lucro - chamadas “operações complexas”.

O que são as cadeias globais de valor?


Em relação as cadeias globais de valor, Chesnais analisa as relações hierarquicas entre
os diferentes tipos de relações econômicas. Ele analisa as cadeias globais de valor, e o
processo de fragmentação produtiva. Este processo é coordenado, e o autor propõe cinco
formas de governança para analisar as relações entre os atores sociais, que atuam de forma
mais ou menos autonoma.
Mercado (independência) => preço. Existência de mecanismos de coordenação
concretos entre os atores que dominam cada ramo da economia (produção).
Modulares => produção dos insumos de forma autônoma. Mais autonomia no
fornecimento. Cada um vende o seu produto de forma mais competitiva e independente.
Relacionais => o grau do comprometimento de cada uma das partes entre si é mais
mediano. A autonomia é relativa.
Cativas =>
Hierarquia =>
Também, Chesnais aponta para os tres aspectos determinantes. Primeiramente, o
conhecimento destes cinco elementos conseguem ser codificados => capacidade de
codificação. Pois, quanto mais padronizada a comunicação, maior a efetividade.
Complexidade de transações (intensidade): coordenar processos produtivos diferentes, por
atores diferentes, em locais diferentes, e tudo ocorrendo de forma sincronica.
Capacidade/aprendizado dos fornecedores: quanto maior é o processo de produção de
conhecimento destes atores...

Você também pode gostar