Você está na página 1de 7

DF COSIT RFB Fl.

14
   Cosit 
Fls. 1 
 
 
      

Coordenação­Geral de Tributação 
        
 

Solução de Consulta Interna  nº  19 ­ Cosit 
IA
Data  12 de setembro de 2012 
Origem  COORDENAÇÃO­GERAL DE GESTÃO DE CADASTRO (COCAD) 
P

 
Ó

Assunto: Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural ­ ITR 
C

Ementa:  ITR.  ARREMATAÇÃO  EM  HASTA  PÚBLICA. 


TRANSFERÊNCIA DAS OBRIGAÇÕES TRIBUTÁRIAS. 
Não  há  transferência  de  responsabilidade  pelo  crédito  tributário  do  ITR, 
para o adquirente de imóvel rural, constituído antes ou depois do evento de 
aquisição  por  arrematação  em  hasta  pública,  mas  desde  que  referentes  a 
fatos  geradores  anteriores  ao  evento  da  arrematação  em  hasta  pública, 
tendo em vista o seu efeito de excluir qualquer ônus obrigacional sobre o 
imóvel para o arrematante, transferindo­o livremente de qualquer encargo 
ou responsabilidade tributária. 
Se o valor arrecadado na arrematação em hasta pública não for suficiente 
para  pagar  o  valor  integral  das  dívidas  tributárias,  o  saldo  remanescente 
permanecerá exigível em relação ao antigo proprietário do imóvel. 
OBRIGAÇÃO DE APRESENTAÇÃO DAS DECLARAÇÕES DO ITR. 
Inexiste  a  obrigação  do  adquirente  de  apresentar  Declarações  do  ITR 
(DITR)  não  apresentadas  para  os  fatos  geradores  anteriores  ao  evento  da 
arrematação  em  hasta  pública,  tendo  em  vista  a  impossibilidade  de  se 
imputar  ao  adquirente  qualquer  encargo  ou  responsabilidade  tributária 
referente  a  este  bem  imóvel  porque  entre  o  arrematante  e  o  anterior 
proprietário  do  bem  não  se  estabelece  nenhuma  relação  jurídica,  não 
havendo nenhuma forma de sucessão tributária. 
PROVA  DA  OCORRÊNCIA  DA  ARREMATAÇÃO  EM  HASTA 
PÚBLICA. 
A  carta  de  arrematação  é  o  instrumento  de  prova  da  ocorrência  da 
aquisição do bem imóvel por meio de hasta pública, sendo aquela o meio 
utilizado para fins de registro do imóvel em cartório. 
EXTENSÃO  DO  PARÁGRAFO  ÚNICO  DO  ART.  130  DO  CTN  ÀS 
DEMAIS FORMAS DE EXPROPRIAÇÃO PREVISTAS NO CPC. 
Não é possível extensão da aplicabilidade das disposições legais tributárias 
referentes  à  arrematação  em  hasta  pública  aos  demais  casos  de 
expropriação previstos no CPC, como a adjudicação, a venda judicial e o 
usufruto. 
Dispositivos Legais: arts. 647, inciso III, 693, 694 e 703 da Lei nº 5.869, 
de 11 de janeiro de 1973 – Código de Processo Civil (CPC); art. 167, item 
Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001
26, da Lei nº 6.015, de 31 de dezembro de 1973 – Lei do Registro Público 
Autenticado digitalmente em 12/09/2012 por IRANI PELICIONI ISHIRUJI, Assinado digitalmente em 13/09/
2012 por MANAIA MACEDO ROMEU, Assinado digitalmente em 13/09/2012 por NEWTON RAIMUNDO BARBOSA DA SIL
  1
VA, Assinado digitalmente em 12/09/2012 por FERNANDO MOMBELLI
 

Impresso em 13/09/2012 por JORDAO MOTA GONCALVES


DF COSIT RFB Fl. 15
Solução de Consulta Interna n.º 19  Cosit 
Fls. 2 
 
 

(LRP);  arts.  97,  inciso  I,  111,  inciso  I,  e  130,  parágrafo  único,  da  Lei  nº 
5.172, de 25 de outubro de 1966 – Código Tributário Nacional (CTN). 
(Protocolo E­Processo nº 10166.724794/2012­11) 

IA  

Relatório 
P

A  Coordenação­Geral  de  Gestão  de  Cadastro  (Cocad)  encaminhou  a  esta 


Ó

Coordenação­Geral  de  Tributação  (Cosit)  a  Consulta  Interna  Cocad  sem  número,  de  1º  de 
junho de 2012, solicitando o posicionamento desta Coordenação­Geral a respeito do tratamento 
C

a  ser  dado  aos  imóveis  rurais  adquiridos  por  arrematação  em  hasta  pública  no  Cadastro  de 
Imóveis Rurais (Cafir), bem como a definição a respeito das obrigações tributárias principal e 
acessória que são atribuídas ao arrematante quanto ao Imposto sobre a Propriedade Territorial 
Rural (ITR). 

2.    Após  examinar  a  legislação  sobre  o  assunto,  a  Cocad  apresentou  os 


seguintes questionamentos: 
1.  Qual  o  tratamento  a  ser  dado  quanto  aos  créditos  tributários  de  ITR 
constituídos  antes  ou  depois  do  evento  de  aquisição  por  arrematação  em 
hasta pública, mas desde que referentes a exercícios anteriores ao evento? 

2.  Existe  ou  não  a  obrigação  do  adquirente  de  apresentar  Declarações  do 
ITR  (DITR)  que  não  foram  apresentadas  para  os  exercícios  anteriores  ao 
evento de aquisição? 

3. Quais as formas de se provar que a aquisição de imóvel decorreu de uma 
arrematação em hasta pública? 

4. As disposições a respeito da arrematação em hasta pública são aplicáveis 
aos  demais  casos  de  expropriação  previstos  no  Código  de  Processo  Civil, 
que são a adjudicação, a venda judicial e o usufruto? 

3.    Por  fim,  a  Cocad  apresenta  o  seguinte  posicionamento  para  a  solução  da 
consulta em referência: 
1.  Não  há  transferência  de  responsabilidade  pelo  crédito  tributário  para  o 
adquirente de imóvel rural sob a modalidade de alienação em hasta pública, 
em  razão  da  arrematação  em  leilão,  praça  ou  outro  meio  previsto  em  lei, 
independentemente do crédito tributário estar ou não constituído quando da 
efetiva alienação; 

2. O adquirente do imóvel rural em razão de arrematação em hasta pública 
não  está  obrigado  e,  além  disso,  não  deve  apresentar  declarações  do  ITR 
para fatos geradores anteriores ao exercício em que se verificou a aquisição 
da propriedade ou a imissão na posse; 

3.  A  prova  da  aquisição  da  propriedade  ou  da  imissão  de  posse  em 
decorrência  de  arrematação  em  hasta  pública  dar­se­á  mediante  a 
apresentação  da  carta  de  arrematação  acompanhada  de  documento  que 
comprove o registro da arrematação no CRI ou a imissão do arrematante na 
Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001
Autenticado digitalmente em 12/09/2012 por IRANI PELICIONI ISHIRUJI, Assinado digitalmente em 13/09/
2012 por MANAIA MACEDO ROMEU, Assinado digitalmente em 13/09/2012 por NEWTON RAIMUNDO BARBOSA DA SIL
  2
VA, Assinado digitalmente em 12/09/2012 por FERNANDO MOMBELLI
 

Impresso em 13/09/2012 por JORDAO MOTA GONCALVES


DF COSIT RFB Fl. 16
Solução de Consulta Interna n.º 19  Cosit 
Fls. 3 
 
 

posse do imóvel. A carta de arrematação pode ser substituída por declaração 
do CRI atestando o seu registro; 

4.  A  disposição  prevista  no  parágrafo único  do art. 130  do  CTN  aplica­se, 


exclusivamente, à forma de expropriação prevista no inciso III do art. 647 do 
CPC,  denominada  alienação  em  hasta  pública.  Às  demais  formas  de 
IA expropriação previstas no art. 647 do CPC, que são adjudicação, alienação 
por  iniciativa  privada  e  usufruto,  bem  como  a  qualquer  outro  tipo  de 
transferência de propriedade, domínio útil ou posse, aplica­se a regra geral 
P
prevista no caput do art. 130 do CTN; 
Ó

Fundamentos 
C

4.    Primeiramente,  ressalta­se  que  o  art.  97,  inciso  I,  da  Lei  nº  5.172,  de  25  de 
outubro  de  1966  –  Código  Tributário  Nacional  (CTN),  dispõe  que  somente  a  lei  pode 
estabelecer sobre a extinção de tributos.  

5.    Nesse  sentido,  o  art.  130  do  CTN  traz  a  regra  de  subrrogação  na  pessoa  dos 
respectivos  adquirentes  em  relação  aos  impostos  cujo  fato  gerador  seja  a  propriedade,  o 
domínio útil ou a posse de bens imóveis, salvo quando conste do título a prova de sua quitação. 

5.1.    No  entanto,  o  próprio  dispositivo  trouxe,  no  parágrafo  único,  uma  exceção  à 
regra para os casos de arrematação em hasta pública, em que, neste caso, a subrrogação ocorre 
apenas sobre o respectivo preço. 
5.2.    Verifica­se  que  a  arrematação  de  bem  em  hasta  pública  é  considerada  como 
aquisição  originária,  inexistindo  relação  jurídica  entre o  arrematante e  o  anterior  proprietário 
do bem, pois os créditos relativos a impostos cujo fato gerador seja a propriedade subrrogam­se 
sobre  o  respectivo  preço  quando  arrematados  em  hasta  pública,  não  sendo  o  adquirente 
responsável pelos tributos que oneraram o bem até a data da realização deste evento. 
6.    Desta  maneira,  no  caso  da  hasta  pública,  o  arrematante  recebe  o  bem  livre  do 
ônus relativo ao crédito tributário, pois não há dúvidas de que a arrematação em hasta pública é 
forma de aquisição originária da propriedade pelo arrematante, conforme inciso III do art. 647 
da Lei nº 5.869, de 11 de janeiro de 1973 – Código de Processo Civil (CPC). 
6.1.    Segundo  o  senhor  Ministro  Cordeiro  Guerra,  do  Supremo  Tribunal  Federal 
(STF): "não é certo, nem legítimo, pracear o Estado um bem, receber o preço da arrematação, e 
exigir do arrematante que responda, também, sobre os débitos do executado. O arrematante não 
está obrigado a pagar os tributos incidentes sobre o imóvel arrematado, para obter a expedição 
da  Carta  de  Arrematação,  uma  vez  que  o  preço  depositado  responde  pelos  impostos  e  taxas 
devidos". 
7.    Portanto, para o adquirente de imóvel rural, entende­se que não há transferência 
de responsabilidade pelo crédito tributário do ITR, constituído antes ou depois da aquisição por 
arrematação em hasta pública, mas desde que referentes a fatos geradores anteriores ao evento 
da  arrematação  em  hasta  pública,  tendo  em  vista  o  seu  efeito  de  excluir  qualquer  ônus 
obrigacional sobre o imóvel para o arrematante, transferindo­o livremente de qualquer encargo 
ou responsabilidade tributária. 

7.1.    Cabe  ressaltar  que,  remanescendo  dívidas  tributárias,  não  quitadas  à  época  da 
arrematação, estas dívidas permanecerão exigíveis em relação ao antigo proprietário do imóvel, 
Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001
Autenticado digitalmente em 12/09/2012 por IRANI PELICIONI ISHIRUJI, Assinado digitalmente em 13/09/
2012 por MANAIA MACEDO ROMEU, Assinado digitalmente em 13/09/2012 por NEWTON RAIMUNDO BARBOSA DA SIL
  3
VA, Assinado digitalmente em 12/09/2012 por FERNANDO MOMBELLI
 

Impresso em 13/09/2012 por JORDAO MOTA GONCALVES


DF COSIT RFB Fl. 17
Solução de Consulta Interna n.º 19  Cosit 
Fls. 4 
 
 

ou seja, se o valor arrecadado na arrematação em hasta pública não for suficiente para pagar o 
valor integral das dívidas tributárias, o saldo remanescente permanecerá exigível em relação ao 
antigo proprietário do imóvel. 

8.    Constata­se  o  mesmo  entendimento  na  jurisprudência  do  Superior  Tribunal  de 
Justiça (STJ), conforme ementas colacionadas abaixo: 
IA
PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO. EXECUÇÃO FISCAL. IPTU SOBRE 
IMÓVEL  ARREMATADO  EM  HASTA  PÚBLICA.  EXCEÇÃO  DE  PRÉ­
P
EXECUTIVIDADE. ILEGITIMIDADE PASSIVA.  DÉBITOS  TRIBUTÁRIOS. 
Ó

SUB­ROGAÇÃO QUE OCORRE SOBRE O PREÇO. PARÁGRAFO ÚNICO, 
DO  ART.  130,  DO  CTN.  IMPOSSIBILIDADE  DE  IMPUTAR­SE  AO 
ARREMATANTE  ENCARGO  OU  RESPONSABILIDADE  TRIBUTÁRIA. 
C

OBRIGAÇÃO  TRIBUTÁRIA  PENDENTE,  QUE  PERSISTE  PERANTE  O 


FISCO, DO ANTERIOR PROPRIETÁRIO. 

1.  O  crédito  fiscal  perquirido  pelo  fisco  deve  ser  abatido  do  pagamento, 
quando do leilão, por isso que, finda a arrematação, não se pode imputar ao 
adquirente  qualquer  encargo  ou  responsabilidade  tributária.  Precedentes: 
(Resp  716438/PR,  Rel.  Ministro  TEORI  ALBINO  ZAVASCKI,  PRIMEIRA 
TURMA,  julgado  em  09/12/2008,  DJe  17/12/2008;  REsp  707.605  ­  SP, 
Relatora  Ministra  ELIANA  CALMON,  Segunda  Turma,  DJ  de  22 de  março 
de  2006;  REsp  283.251  ­  AC,  Relator  Ministro  HUMBERTO  GOMES  DE 
BARROS, Primeira Turma, DJ de 05 de novembro de 2001; REsp 166.975 ­ 
SP, Relator Ministro SÁLVIO DE FIGUEIREDO TEIXEIRA, Quarta Turma, 
DJ de 04 de outubro der 1.999). 

2. Os débitos tributários pendentes sobre o imóvel arrematado, na dicção do 
art. 130, parágrafo único, do CTN, fazem persistir a obrigação do executado 
perante  o  Fisco,  posto  impossível  a  transferência  do  encargo  para  o 
arrematante,  ante  a  inexistência  de  vínculo  jurídico  com  os  fatos  jurídicos 
tributários  específicos,  ou  com  o  sujeito  tributário.  Nesse  sentido:  “Se  o 
preço  alcançado  na  arrematação  em  hasta  pública  não  for  suficiente  para 
cobrir o débito tributário, nem por isso o arrematante fica responsável pelo 
eventual  saldo.”  (BERNARDO  RIBEIRO  DE  MORAES,  Compêndio  de 
Direito Tributário, 2º vol., Rio de Janeiro: Forense, 1995, p. 513). 

3.  A  regência  normativa  em  tela é  a  do  CTN,  parágrafo único  do  art.  130, 
dispositivo  especial  quanto  ao  caput,  posto  ser  este  aplicado  nas  relações 
obrigacionais  de  transferência  de  domínio  ou  posse  de  imóvel.  In  casu,  a 
situação  é  especialíssima  e  adversa,  não  havendo  que  se  falar  em 
transferência de domínio por fins de aquisição dentro relações obrigacionais 
civis, seja de compra e venda, cessão, doação etc.  

4.  Deveras,  revela­se  inadequado  imprimir  à  questão  contornos 


obrigacionais, sendo impróprio aduzir­se a alienante e adquirente, mas sim 
em  executado  e  arrematante,  respectivamente,  diante  da  inexistência  de 
vínculo  jurídico  com  os  fatos  jurídicos  tributários  específicos,  ou  com  o 
sujeito  tributário.  O  executado,  antigo  proprietário,  tem  relação  jurídico­
tributária com o Fisco, e o arrematante tem relação jurídica com o Estado­
juiz.  

5.  Assim,  é  que  a  arrematação  em  hasta  pública  tem  o  efeito  de  expurgar 
qualquer ônus obrigacional sobre o imóvel para o arrematante, transferindo­
o livremente de qualquer encargo ou responsabilidade tributária. 
Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001
Autenticado digitalmente em 12/09/2012 por IRANI PELICIONI ISHIRUJI, Assinado digitalmente em 13/09/
2012 por MANAIA MACEDO ROMEU, Assinado digitalmente em 13/09/2012 por NEWTON RAIMUNDO BARBOSA DA SIL
  4
VA, Assinado digitalmente em 12/09/2012 por FERNANDO MOMBELLI
 

Impresso em 13/09/2012 por JORDAO MOTA GONCALVES


DF COSIT RFB Fl. 18
Solução de Consulta Interna n.º 19  Cosit 
Fls. 5 
 
 

6.  Recurso  especial  desprovido.  (REsp  1.059.102/RS,  Rel. Min.  LUIZ  FUX, 


Primeira Turma, DJe 7/10/09) 

(Grifou­se) 
IA TRIBUTÁRIO.  IMÓVEL  ADQUIRIDO  EM  HASTA  PÚBLICA.  SUB­
ROGAÇÃO  QUE  OCORRE  SOBRE  O  PREÇO.  PARÁGRAFO  ÚNICO  DO 
ART.  130,  DO  CTN.  IMPOSSIBILIDADE  DE  IMPUTAR­SE  AO 
ADQUIRENTE ENCARGO OU RESPONSABILIDADE TRIBUTÁRIA. 
P
1.  A  sub­rogação  do  crédito  tributário  deve  ser  realizada  sobre  o  preço 
Ó

pago, oportunidade em que adquirido o imóvel em hasta pública.  

2.  O  crédito  fiscal  perquirido  pelo  fisco  deve  ser  abatido  do  pagamento, 
C

quando do leilão, por isso que, finda a arrematação, não se pode imputar ao 
adquirente  qualquer  encargo  ou  responsabilidade  tributária.  Precedentes: 
Resp  707.605  ­  SP,  Relatora  Ministra  ELIANA  CALMON,  Segunda  Turma, 
DJ  de  22  de  março  de  2006;  REsp  283.251  ­  AC,  Relator  Ministro 
HUMBERTO GOMES DE BARROS, Primeira Turma, DJ de 05 de novembro 
de 2001; (REsp 166.975 ­ SP, Relator Ministro SÁLVIO DE FIGUEIREDO 
TEIXEIRA, Quarta Turma, DJ de 04 de outubro der 1.999). 

2.  Recurso  especial  desprovido.  (REsp  819.808/SP,  Rel.  Min.  FRANCISCO 


FALCÃO, Rel. p/ acórdão Min. LUIZ FUX, Primeira Turma, DJ 25/9/06). 

(Grifou­se) 

9.    Diante  das  ementas  colacionadas  acima,  pode­se  afirmar,  também,  que,  em 
relação  ao  questionamento  nº  2,  não  existe  a  obrigação  do  adquirente  de  apresentar 
Declarações do ITR (DITR) não apresentadas para os fatos geradores anteriores ao evento da 
arrematação  em  hasta  pública,  tendo  em  vista  a  impossibilidade  de  se  imputar  ao  adquirente 
qualquer  encargo  ou  responsabilidade  tributária  referente  a  este  bem  imóvel  porque  entre  o 
arrematante e o anterior proprietário do bem não se estabelece nenhuma relação jurídica, não 
havendo nenhuma forma de sucessão tributária. 

10.    Ao se tratar do questionamento nº 3, cabe transcrever os arts. 693, 694 e 703 do 
CPC: 
Art. 693. A arrematação constará de auto que será lavrado de imediato, nele 
mencionadas  as  condições  pelas  quais  foi  alienado  o  bem.  (Redação  dada 
pela Lei nº 11.382, de 2006). 

Parágrafo  único.  A  ordem  de  entrega  do  bem  móvel  ou  a  carta  de 
arrematação do bem imóvel será expedida depois de efetuado o depósito ou 
prestadas  as  garantias  pelo  arrematante.  (Incluído  pela  Lei  nº  11.382,  de 
2006). 

Art. 694. Assinado o auto pelo juiz, pelo arrematante e pelo serventuário da 
justiça  ou  leiloeiro,  a  arrematação  considerar­se­á  perfeita,  acabada  e 
irretratável,  ainda  que  venham  a  ser  julgados  procedentes  os  embargos  do 
executado. (Redação dada pela Lei nº 11.382, de 2006). 

(...) 

Art. 703. A carta de arrematação conterá: (Redação dada pela Lei nº 5.925, 
Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001
de 1º.10.1973) 
Autenticado digitalmente em 12/09/2012 por IRANI PELICIONI ISHIRUJI, Assinado digitalmente em 13/09/
2012 por MANAIA MACEDO ROMEU, Assinado digitalmente em 13/09/2012 por NEWTON RAIMUNDO BARBOSA DA SIL
  5
VA, Assinado digitalmente em 12/09/2012 por FERNANDO MOMBELLI
 

Impresso em 13/09/2012 por JORDAO MOTA GONCALVES


DF COSIT RFB Fl. 19
Solução de Consulta Interna n.º 19  Cosit 
Fls. 6 
 
 

I  ­  a  descrição  do  imóvel,  com  remissão  à  sua  matrícula  e  registros; 


(Redação dada pela Lei nº 11.382, de 2006). 

II ­ a cópia do auto de arrematação; e (Redação dada pela Lei nº 11.382, de 
2006). 
IA III ­ a prova de quitação do imposto de transmissão. (Redação dada pela Lei 
nº 11.382, de 2006). 

(...) Grifou­se. 
P
Ó

11.    Isto posto, constata­se que a carta de arrematação é o instrumento de prova da 
ocorrência  da  aquisição  do  bem  imóvel  por  meio  de  hasta  pública,  sendo  aquela  o  meio 
C

utilizado para fins de registro do imóvel em cartório. 

12.    Nesse sentido, o art. 167, item 26, da Lei nº 6.015, de 31 de dezembro de 1973 – 
Lei  do  Registro  Público  (LRP),dispõe  que  serão  feito  os  registros  da  arrematação  em  hasta 
pública no registro de imóveis. 

13.    No  que  diz  respeito  ao  questionamento  nº  4,  referente  à  aplicabilidade  das 
disposições  legais  tributárias  da  arrematação  em  hasta  pública  aos  demais  casos  de 
expropriação  previstos  no  CPC,  verifica­se  que  não  há  como  se  falar  em  extensão  desta 
exceção,  pois  se  o  CTN  quisesse  dar  o  mesmo  tratamento  da  hasta  pública  para  as  demais 
formas, como a adjudicação, traria a lei esta exceção de forma literal, tendo em vista o disposto 
no  inciso  I  do  art.  111  do  CTN,  o  qual  determina  que  a  exclusão  do  crédito  tributário 
interpreta­se literalmente. 

Conclusão 

15.    Diante do exposto, conclui­se que: 

    ­ Não há transferência de responsabilidade pelo crédito tributário do ITR, para o 
adquirente de imóvel rural, constituído antes ou depois da aquisição por arrematação em hasta 
pública,  mas  desde  que  referentes  a  fatos  geradores  anteriores  ao  evento  da  arrematação  em 
hasta pública, tendo em vista o seu efeito de excluir qualquer ônus obrigacional sobre o imóvel 
para  o  arrematante,  transferindo­o  livremente  de  qualquer  encargo  ou  responsabilidade 
tributária. 

­ Se o valor arrecadado na arrematação em hasta pública não for suficiente para 
pagar  o  valor  integral  das  dívidas  tributárias,  o  saldo  remanescente  permanecerá  exigível  em 
relação ao antigo proprietário do imóvel; 

    ­ Inexiste a obrigação do adquirente de apresentar Declarações do ITR (DITR) 
não apresentadas para os fatos geradores anteriores ao evento da arrematação em hasta pública, 
tendo em vista a impossibilidade de  se imputar ao adquirente qualquer encargo ou responsabilidade 
tributária referente a este bem imóvel porque entre o arrematante e o anterior proprietário do bem 
não  se  estabelece  nenhuma  relação  jurídica,  não  havendo  nenhuma  forma  de  sucessão 
tributária; 

Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001


Autenticado digitalmente em 12/09/2012 por IRANI PELICIONI ISHIRUJI, Assinado digitalmente em 13/09/
2012 por MANAIA MACEDO ROMEU, Assinado digitalmente em 13/09/2012 por NEWTON RAIMUNDO BARBOSA DA SIL
  6
VA, Assinado digitalmente em 12/09/2012 por FERNANDO MOMBELLI
 

Impresso em 13/09/2012 por JORDAO MOTA GONCALVES


DF COSIT RFB Fl. 20
Solução de Consulta Interna n.º 19  Cosit 
Fls. 7 
 
 

    ­ A carta de arrematação é o instrumento de prova da ocorrência da aquisição do 
bem imóvel por meio de hasta pública, sendo aquela o meio utilizado para fins de registro do 
imóvel em cartório; 

    ­ Não é possível a extensão da aplicabilidade das disposições legais tributárias 
referentes à arrematação em hasta pública aos demais casos de expropriação previstos no CPC, 
IA
como a adjudicação, a venda judicial e o usufruto. 
P
À consideração superior. 
Ó

 
C

                                  (assinado digitalmente) 
MANAIÁ MACEDO ROMEU 
Auditora­Fiscal da Receita Federal do Brasil (RFB) 
 

De acordo. À consideração do Coordenador­Geral de Tributação. 

                                  (assinado digitalmente) 
NEWTON RAIMUNDO BARBOSA DA SILVA 
Auditor­Fiscal da RFB ­ Chefe da Divisão de Impostos sobre a Renda de Pessoa Física 
e a Propriedade Rural (Dirpf) 
 
 
Despacho de aprovação Cosit nº 22 
Data: 12 de setembro de 2012 
 
Aprovo a Solução de Consulta Interna.  
Encaminhe­se à Coordenação­Geral de Gestão de Cadastro (Cocad) para ciência 
e  demais  providências  que  se  fizerem  necessárias.  Dê­se  ciência,  ainda,  mediante  correio 
eletrônico,  às  Divisões  de  Tributação  (Disit),  às  Superintendências  Regionais  da  Receita 
Federal do Brasil (SRRF), às Delegacias da Receita Federal do Brasil de Julgamento (DRJ), à 
Coordenação­Geral de Fiscalização (Cofis) e à Coordenação­Geral de Arrecadação e Cobrança 
(Codac), bem como se providencie a divulgação na Internet da RFB. 
 
 
                                   (assinado digitalmente) 
FERNANDO MOMBELLI 
Auditor­Fiscal da RFB – Coordenador­Geral da Cosit 

Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001


Autenticado digitalmente em 12/09/2012 por IRANI PELICIONI ISHIRUJI, Assinado digitalmente em 13/09/
2012 por MANAIA MACEDO ROMEU, Assinado digitalmente em 13/09/2012 por NEWTON RAIMUNDO BARBOSA DA SIL
  7
VA, Assinado digitalmente em 12/09/2012 por FERNANDO MOMBELLI
 

Impresso em 13/09/2012 por JORDAO MOTA GONCALVES

Você também pode gostar