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BRASIL
Ves劶dos para vencer: como o visual afeta as eleições
Especialistas afirmam que a comunicação visual,que define desde a cor das roupas até a maquiagem, é imprescindível para um bom desempenho
na campanha
Por Bárbara Ferreira Santos
2 out 2016, 06h00
João Doria faz uma parada na Padaria Iracema, em Santa Cecília, dia 05/09/2016 (Divulgação)
São Paulo — Por trás de cada candidato das eleições há diversos especialistas que ajudam desde a elaborar os discursos a até separar as
roupas mais apropriadas para a campanha.
Normalmente a atenção do público se volta para a comunicação verbal dos concorrentes: o que os candidatos falam, o que escrevem e quais são
suas histórias de vida. No entanto, especialistas afirmam que a comunicação visual, aquela feita apenas pelas imagens e que define desde a cor
das roupas até a maquiagem, é imprescindível para um bom desempenho na campanha.
Os candidatos à prefeitura de São Paulo passaram por uma repaginada no visual e mudaram os elementos visuais das peças publicitárias desde
que começaram a disputar a administração da maior cidade do país. Segundo especialistas em marketing político, em uma corrida eleitoral tão
acirrada como a da capital paulistana, cada detalhe pode aproximar ainda mais os candidatos dos eleitores e, eventualmente, render mais votos.
Segundo o professor de Marketing Político da ESPM, Emanuel Publio Dias, a imagem do candidato passa a ter credibilidade quando está
diretamente alinhada ao discurso. “A imagem deve estar equiparada com o que o público-alvo desse candidato está buscando. E uma roupa
alinhada com o conteúdo é o mínimo que precisa ser feito”, afirma Dias.
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De acordo com o especialista, candidatos com vida pública já conhecida tendem a sair na frente no começo das campanhas. “Faz diferença no
porque o público que responde às primeiras pesquisas lembra desses candidatos do passado”, diz.
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Para Roberto Gondo Macedo, professor de marketing político do Mackenzie, os novos “players” ou novos “competidores” na prefeitura de São
Paulo mudam a dinâmica dos resultados durante a corrida eleitoral e têm mais oportunidades de moldar a imagem que querem passar para o
público por serem desconhecidos. “Novos candidatos conseguem a lacuna dos eleitores que não querem votar nos mesmos”, diz o professor.
Vale lembrar que a corrida eleitoral começou com Celso Russomanno (PRB), Marta Suplicy (PMDB) e Fernando Haddad (PT), os candidatos mais
conhecidos na capital, na liderança das pesquisas. Nas últimas semanas, o concorrente novato, o candidato do PSDB, João Doria, que antes
estava empatado com Haddad no terceiro lugar, passou para o topo das pesquisas.
O candidato do PSDB ao cargo de prefeito abandonou os ternos de grife e sapatos caros com os quais era frequentemente visto antes das
eleições. O empresário multimilionário passou a usar roupas mais casuais e até um tênis esporte fino. Associado a essa nova imagem, passou a
fazer frequentes caminhadas na periferia, público que menos o conhecia. Tentou popularizar sua imagem, definindo-se em suas campanhas
como o “João, trabalhador”, um “empresário que não é político”.
Segundo o professor Roberto Macedo, João Doria foi o candidato que mais “aceitou ser trabalhado midiaticamente” para mudar a sua imagem.
“Ele aparece como o ‘João trabalhador’, que é o mesmo mote que Getúlio Vargas usou quando se dizia como o ‘Getúlio do Povo’”, explica.
Para Macedo, o maior tempo de exposição na televisão (no total, 12 minutos e 45 segundos) e a maior verba de campanha (cerca de R$ 6
milhões) permitiram que a imagem de Doria fosse melhor moldada para os propósitos da campanha do que seus rivais
Para o professor Emanuel Publio Dias, no entanto, João Doria ainda não conseguiu fixar a imagem popular que tenta vender. “As pessoas
continuam vendo um executivo, mas de férias e trabalhando em campanha eleitoral”, afirmou. “Ele mudou para o casual porque antes o ambiente
dele era muito executivo, mas está sempre bem apresentado, pois as pessoas gostam de ver alguém bem vestido”, afirma o especialista.
(Reprodução/Facebook/João Doria)
O candidato do PRB foi o que menos teve alterações na imagem nessa campanha eleitoral. Ele segue a mesma linha das últimas eleições
municipais, realizadas em 2012. Mas, desta vez, passou a usar menos o terno e gravata e a usar mais roupas casuais.
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Segundo Dias, não apenas Russomanno, mas todos os demais candidatos neste ano apostaram em roupas mais confortáveis para enfrentar as
caminhadas pela cidade nesta corrida eleitoral. “Eles andam das 6 horas à meia noite em alguns dias”, diz.
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(Divulgação/Facebook)
Para os dois especialistas ouvidos por EXAME.com, a candidata do PMDB, Marta Suplicy, é a que tem a maior dificuldade para alinhar o discurso
com a imagem. Isso porque ela ainda mantém, segundo eles, uma “postura de elite”, embora tenha aparecido nas suas campanhas pedindo
desculpas pelos erros políticos do passado e com a “cara limpa”, usando pouquíssima maquiagem.
“Ela tem um discurso altamente popular, mas uma linguagem e um sotaque elitistas. Tentou usar roupas diferentes daquelas que vestia como
senadora e ministra, mais informais. No entanto, por mais que ela lidere nas periferias nas pesquisas, dificilmente consegue se desvincular de
uma imagem de elite”, afirma Dias.
Reprodução Facebook
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( (Divulgação/Facebook) )
O atual prefeito de São Paulo e candidato à reeleição pelo PT, Fernando Haddad, teve uma mudança de imagem mais significativa no logo da
campanha do que em suas roupas: o símbolo do partido, que nas eleições de 2012 estampava todas as peças publicitárias, apareceu bem
pequeno neste ano.
Além disso, a cor vermelha, predominante em sua campanha anterior, apareceu menos no pleito atual. Segundo os professores de marketing
político, essas mudanças são um reflexo direto da crise política que assola o partido no âmbito federal, então os candidatos tentam diminuir a
associação à legenda.
Segundo Dias, esse fenômeno não aconteceu apenas no caso de Haddad, mas em todas as outras campanhas petistas nas capitais do país. “Em
2012, quando Lula e Dilma estavam no auge, todos os candidatos do PT usavam vermelho e a estrela do PT. Agora está diferente”, diz.
Já Macedo acrescenta que outros partidos que integram a base da sigla também passaram a usar menos o vermelho, em uma tentativa de se
desvincularem dos petistas. “O PCdoB também fez isso, por exemplo. Quem está se candidatando com a legenda 65 passou a usar cores
diferentes e não só o vermelho”, afirma.
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A candidata do PSOL tem apostado no discurso de que a maturidade política e o fato de ser idosa são uma vantagem para comandar a cidade.
Em conformidade a esse discurso, Erundina passou a usar roupas mais serenas e delicadas, com tons de cores mais claros. “A Erundina se
apresenta como uma vovó efetiva, experiente”, explica Macedo.
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