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XIII Congresso Brasileiro de Parasitologia Veterinária & I Simpósio Latino-Americano de Ricketisioses, Ouro Preto, MG, 2004.

HOMEOPATIA APLICADA À PARASITOLOGIA VETERINÁRIA


Evandro Garcia Lopes

escritorio@arenales.com.br

MOSCA DE CHIFRE rola bosta”. Expontaneamente começam a surgir e a proliferar nas fezes
dos bovinos sua ação benéfica.
“A Haematobia irritans é uma importante praga em bovinos Conhecendo um pouco seus hábitos e ciclo de vida, este Co-
encontrada na maioria das regiões produtoras de carne do mundo. Po- leóptero, (rola bosta ou vira bosta), de hábito coprófago, sendo no Bra-
pulações deste parasita são comuns na Europa, África do Norte, Ásia sil, constituído por diversas espécies, se alimenta de fezes e também
Menor e nas Américas. Na América do Norte, a mosca do chifre é en- enterra no solo abaixo, como se fossem bolinhas de estrume que possu-
contrada onde quer que existam bovinos. Entretanto, ela ocorre em em a finalidade de alimentar suas larvas que vivem em ninhos localiza-
números muito maiores e por períodos mais longos no sul e sudoeste dos no solo, exatamente onde as fezes foram depositadas.
dos EUA”. Desta forma, enterrando as fezes, estas são turbilhonadas, de
A denominação “mosca do chifre” ocorreu pela observação forma a ressecá-las e expondo aos raios ultra violetas, as larvas da mos-
inicial de sua presença na base do chifre, posteriormente se observou ca do chifre. Desta forma ao invés de surgirem milhares de novas mos-
sua presença pelo corpo todo. Outra observação interessante é que elas cas do chifre, acabam surgindo um número reduzido em 30-80%. Trata-
pousam nos animais sempre agrupadas e no lado do animal que estiver se de um controle biológico.
na sombra. Se este animal se movimentar, elas se levantam todas ao Outra grande vantagem é que este processo, controla o ciclo
mesmo tempo e retornam a sua posição na sombra. Desta forma escari- de outros insetos presentes nas fezes e também de forma não despicien-
ficam no passar do dia todo o corpo do animal. Parasitam de preferên- do as verminoses intestinais. Sua presença é também fator de adubação
cia bovinos (nas fezes dos quais realizam o ciclo), no entanto com a do solo, integrando as fezes, aerando e umidificando o solo.
proliferação deste insetos observamos cães, ovinos, suínos, caprinos e A EMBRAPA iniciou um projeto de fornecimento do besou-
até o ser humano parasitado. ro “Ontafagus gazela” com a finalidade de acelerar este processo e
No Brasil a infestação pela mosca de chifre é recente, na úl- também pelo desaparecimento dos besouros nativos, mortos pelos pes-
tima década invadiu nosso rebanho e encontrou aqui tudo o que um ticidas aplicados. São originários da África e possuem um ciclo de vida
inseto necessita: um país tropical, comum, importante rebanho bovino, que determina o nascimento de 80 besouros/mês. Sua vantagem é que
altas temperaturas todo o ano e muita umidade. Esta invasão é um retra- possuem uma atividade coprofágica superior aos besouros nativos. No
to da globalização. Sua invasão iniciou pelo norte e através de seu vôo entanto são espécies alienígenas e somente conheceremos o impacto
veloz, aliado ao transporte do gado, atingiu rapidamente o Rio Grande ambiental, após a sua instalação e reprodução em quase todo território
do Sul e os países vizinhos (Uruguai e Argentina). Afinal, moscas não nacional.
conhecem fronteiras. Salientamos, aos que inseriram em sua propriedade o mane-
“As moscas do chifre tem a cor e a aparência gerais das mo- jo homeopático, este procedimento torna-se dispensável, pela ocorrên-
scas de estábulo, mas têm apenas quase metade do tamanho e são mais cia natural e sem custos do “rola bosta” nativo.
delgadas. O seu aparelho bucal perfurador-sugador, tipo baioneta, é
também semelhante na aparência e posição. As moscas do chifre são AÇÃO DO FATOR C & MC NA MOSCA DE CHIFRE
quase exclusivamente pragas de bovinos, mas também se alimentam em
cavalos, ovinos, caprinos e animais silvestres. Entretanto, elas se repro- O medicamento fornecido no sal mineral ou na ração de
duzem apenas em fezes bovinas”. forma continuada determina nas fezes a interrupção do ciclo da mosca
“As moscas do chifre adultas gastam sua vida inteira em seu de chifre e desta forma a intensidade da infestação diminui gradativa-
hospedeiro e as fêmeas deixam apenas para ovipor em fezes frescas, mente. Lembre-se o ciclo da mosca de chifre é exclusivamente efe-
onde o desenvolvimento das larvas acontece. No sul dos EUA, o ciclo tuado em fezes do gado bovino.
de vida pode ser tão pequeno quanto 7 dias, mas em climas mais frios e O FATOR C & MC não apresenta ação inseticida sobre as
nos meses mais frios de primavera e outono, o desenvolvimento pode moscas de chifre adultas, porém estas moscas morrem entre 7-30 dias.
levar 2 a 3 semanas. Em algumas áreas mais quentes (sul da Flórida e No entanto quando as fêmeas da mosca de chifre, abandonam o gado
maior parte do sul do Texas), as moscas do chifre continuam a se re- bovino e procuram as fezes (bovinas exclusivamente) para realizar a
produzir ativamente por todo o ano”. ovospostura, inicia a ação da Homeopatia. As larvas eclodem nas fezes,
“Moscas recém nascidas procurando seu hospedeiro, podem porém as formas jovens das larvas (denominadas L1 e L2), não conse-
viajar 11 a 20 Km, mas geralmente o encontram em distâncias meno- guem realizar a metamorfose em pupa. Desta forma interrompemos o
res. As populações de mosca nos bovinos podem alcançar milhares, ciclo, ressalvado a dificuldade de um controle mais eficaz é atentos a
especialmente nos touros que não tenham recebido tratamento quími- autonomia de vôo da mosca de chifre (até 20 Km em 24 horas).
co”. Após 3-6 meses de uso contínuo do FATOR C & MC, ob-
servaremos a diminuição da infestação, de forma que sempre observa-
CONTROLE HOMEOPÁTICO E BIOLÓGICO remos os animais infectados, porém mais tranqüilos. Erradicar a mos-
ca de chifre é impossível; atualmente para tanto teríamos que reali-
Na Biologia “CONTROLE” significa manter os parasitos zar este trabalho simultaneamente num raio de 20-30 Km.
em quantidades satisfatórias, de forma a não intervir na produção ani- Os animais que mais estarão infestados serão os machos (pe-
mal. lo fator hormonal) e animais escuros (pelo fator da temperatura). No
A Homeopatia não tem por tradição o controle de insetos, início do tratamento, recomendamos realizar controle com inseticidas,
porém a alguns anos esta viabilidade surgiu através do estudo dos apenas nestes animais.
nosódios (a utilização da própria doença como medicamento). Esta Convém lembrar que toda vez que o gado é manejado
combinação resultou em um medicamento que não provoca danos aos para o controle da mosca de chifre, emagrecem até 15 Kg, peso este
animais, aos consumidores dos produtos de origem animal e nem ao que é recuperado 30 dias após, ou seja, se este controle for realiza-
meio ambiente, por ser uma formulação inócua, decorrente da utiliza- do a cada 30 dias, haverá uma perda de 12 arrobas durante o ano,
ção da técnica da Farmacopéia Homeopática. retardando a terminação deste animal. Adicione a este prejuízo, o
Não determina odor ou sabor, e nem resíduos químicos custo do medicamento, a mão de obra e perdas decorrente de into-
em todos produtos de origem animal. xicações e acidentes. Não esqueça de adicionar o custo de sua saúde
O manejo homeopático decorrente da diminuição do uso de e dos empregados por se contaminarem com os produtos durante
produtos inseticidas, proporciona que a natureza interfira no controle da os banhos.
mosca do chifre ,intensificando o ciclo do então denominado “besouro Quando esta medicação é adicionada aos medicamentos in-
dicados para engorda existe uma potencialização deste objetivo por

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deixar os animais muito calmos e por maximizar o aproveitamento dos “Cada uma das cinco espécies de Boophilus tem um ciclo de
nutrientes encontrados nos alimentos fornecidos. Este processo é neces- vida de um hospedeiro, que pode ser completado de 3 a 4 semanas
sário em microclimas específicos, pois as condições climáticas são numa pesada carga de carrapatos. Sob estas condições, a resistência aos
especialmente favoráveis ao desenvolvimento da mosca de chifre. acaricidas torna-se um importante problema nos esforços de controle. O
A interrupção da ovopostura nas fezes do gado bovino é gado zebu, o qual tem servido por séculos como hospedeiro de B. mi-
comprometida por fatores climáticos, porém não altera o tratamento, croplus na região indiana, desenvolveu resistência por ser parasitado
pois a eficácia é o seguimento ao programa de homeopatizar o gado. por grande número de Boophilus e são usados, puro de origem ou mes-
No Brasil, durante os meses de janeiro à março, existe uma safra da tiço com outras raças, em programas de controle integrados”.
mosca de chifre. Ocorre no território nacional uma proliferação “O Boophilus microplus, o mais importante carrapato parasi-
descontrolada da mosca de chifre e decorrente da possibilidade de ta de animais de produção do mundo, foi introduzido a partir de flores-
voarem até 20 Km em um único dia, os rebanhos são facilmente tas habitadas por bovídeos ou cervídeos da região indiana, muitas áreas
atingidos. Ocorre também uma alta na temperatura que faz o ciclo da Ásia tropical e subtropical, nordeste da Austrália, Madagascar, terras
desta mosca ser mais curto, aliado ao aumento da umidade, o que baixas costeiras do sudeste da África à linha do Equador, e maior parte
viabiliza quase todos os ovos depositados nas fezes. da América do Sul, Central e México”. Trata-se de outra conseqüência
Importante salientar que em regiões montanhosas, a mosca de chi- da globalização.
fre apresenta uma dificuldade para se propagar, pois ao possuir “O Boophilus microplus e o B. annulatus, os quais promove-
uma autonomia de até 20 quilômetros em 24 horas, a mosca de ram estragos na indústria bovina dos EUA no final do século XIX e
chifre não consegue fazê-lo em altura que permita ultrapassar as começo de século XX, foram erradicados após um longo e dispendioso
montanhas. Em regiões planas (mesmo no interior, em grandes programa de controle. A vigilância constante é mantida para prevenir a
altitudes) consegue uma disseminação mais celere. sua reintrodução”.
Por tradição os coxos nos campos não são cobertos, o que faz o sal ser “O Boophilus annulatus do sul da antiga URSS, Oriente
perdido pelas chuvas. Desta forma o gado não entra em contato diário próximo e Médio e da área mediterrânea foi introduzido por animais de
com o medicamento homeopático, diminuindo a eficácia do tratamento. produção dos primeiros colonos espanhóis no nordeste do México,
Se possível cubra os coxos, o investimento será resgatado em breve. porém não se espalhando para a América Central. Na África, ao sul do
Não sendo exeqüível, inicie o tratamento, pois na realidade o criador Saara e norte da linha do Equador, os movimentos bovinos provavel-
estará correndo atrás de um prejuízo já existente em sua criação e o mente são importantes para as muitas populações de B. annulatus. O
quanto antes iniciar, tanto melhor será para se atingir o objetivo alme- Boophilus decoloratus, que se distribui do sul da África até o Saara está
jado: ver o gado calmo, apesar de apresentar uma infestação moderada sendo substituído na parte sudeste desta área pelo B. microplus. Nas
ou média. Muitos criadores realizam um trabalho de esclarecimento zonas mais úmidas da África Ocidental, o B. annulatus mistura-se ou é
com os vizinhos, de forma a atingir um raio maior de tratamento e totalmente substituído pelo B. geigyi. Populações dispersas do B. geigyi
conseqüentemente uma eficácia superior. ocorrem no extremo leste e no sul e centro do Sudão. No Sri Lanka,
Importante salientar que muitos criadores que já realizam este programa uma espécie não denominada infesta bovinos e búfalos domésticos e
a alguns meses, optaram por não banhar o gado face os prejuízos pro- também veados selvagens. O único Boophilus restrito aos ovinos e
movidos na engorda e produção de leite. Após abril, a infestação tende caprinos (e ocasionalmente infesta eqüinos) é o B. kohlsi da Síria, Ira-
a ser muito branda. que, Israel, Jordânia, oeste da Arábia Saudita e Iêmen. O Boophilus
Durante a safra da mosca de chifre, a infestação dos animais tratados microplus e o B. annulatus são importantes vetores da Babesia Bigemi-
com o FATOR C & MC é menor, se comparada com os rebanhos vizi- na, B. bovis e Anaplasma marginale. O Boophilus decoloratus é um
nhos, como resultado da transformação das larvas nas fezes serem pre- vetor menos eficiente da Babesia bigemina e não transmite a B. bovis”.
judicadas (L1 e L2 em pupa).
Interessante também é que após o controle efetivo da mosca de chifre, a O CONTROLE HOMEOPÁTICO DO CARRAPATO
infestação sofre alterações significativas a cada dia; em um dia há pou-
cas moscas e em outro a infestação está mais intensa. Possivelmente O FATOR C & MC deve ser prontamente fornecido aos a-
infestação vicinal. nimais, pois desta forma estaremos iniciando o objetivo deste progra-
Em algumas vezes a infestação retorna a ser importante, porém em 3-5 ma: Interromper o ciclo do carrapato e deste forma reduzir a contami-
dias o episódio é superado e ocorre uma diminuição da infestação. O nação da pastagem, que representa milhares de larvas para cada carra-
mecanismo desta diminuição da infestação é decorrente da impossibili- pato presente no animal parasitado. (Lembre-se, cada fêmea engurgi-
dade de ocorrer o ciclo deste inseto nas fezes dos bovinos. tada deposita no solo até 15 000 ovos viáveis, dependendo da espé-
Aproveito para salientar que na natureza todos os animais são parasita- cie).
dos de forma a não interferir na produção, ciclo de vida e qualidade de Outro importante conceito a ser infundido com a finalidade
vida destes animais, portanto avalie sempre o grau de conforto que os de promover o controle dos carrapatos é a influência do combate quí-
animais apresentam, apesar da infestação da mosca de chifre. mico no solo. O uso contínuo e cada vez mais intenso de carrapaticidas
Reitero: A natureza também lança recursos para tratar ou amenizar esta promovem no solo a eliminação de diversos seres vivos que são na
infestação. Existem nas pastagens besouros (Coleopteros), denomina- realidade predadores da larva do carrapato. Desta forma os 3.000 ovos
dos vulgarmente de “Rola-Bosta”. São insetos coprofagos que realizam viáveis que são depositados na pastagem por cada partenogena, não
seus ninhos abaixo do bolo fecal e introduzem nas crateras cavadas encontram absolutamente nenhum predador, ou seja, todo o ambiente é
abaixo o esterco bovino; remexendo portanto e impossibilitando a este- propício a continuidade do ciclo de vida.
rilização pelos raios ultra violetas. O uso sistemático da Homeopatia, aliado a minimização
Com o uso sistemático dos inseticidas, eles desaparecem das contínua e gradativa dos carrapaticidas promovem na propriedade di-
pastagens por serem sensíveis aos produtos utilizados. Com a diminui- versas alterações: no solo surgem diversos predadores como: cochoni-
ção da contaminação química no solo, os coleópteros surgem no- lhas (Isepoda); aranhas (Toutona triangulosa, Tegenaria domestica e
vamente. O FATOR C & MC é inócuo a estes besouros. Desta for- Lycosa sp); insetos hemípteros (família Reduvviidae, Phonorgatos
ma o controle da mosca de chifre se intensifica. bicolor e Reduvius personatus); coleópteros (família Carabidao, Histe-
Por oportuno, a ação do “Rola-Bosta” é tão importante, que ridas e Dermestidas); mariposas (Tinoola bisolliola); Formigas carní-
existem órgãos oficiais distribuindo estes Coleópteros, nas regiões voras (Pheidole megacephala, vulgarmente denominada lava-pé); ves-
carentes do besouro. pas (ordem Hymenoptera, família Encyrtidae, Ixodiophagus caucurtei,
Outra observação importante é que nas pastagens altas, a I.texanus e I.theilerae).
mosca do chifre tem mais dificuldade de realizar o seu ciclo. Estes insetos e aracnídeos reintegrando-se ao solo promo-
vem um aumento de mortalidade nas larvas: é a integração da Homeo-
CARRAPATOS patia com a natureza, respeitando suas leis e promovendo vida ao solo.
Nas propriedades homeopatizadas, observamos também um
Boophilus spp aumento substancial no número de aves habituais na região. Os mora-
dores do lugar por observação, alegam que o número destas aves de-

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crescem a medida em que se ampliam os banhos carrapaticidas. Alegam Este período apresenta uma durabilidade variável de acordo
também o desaparecimento do gavião - ave de rapina que representa o com o tipo de solo, tipo de vegetação (capim alto o processo é mais
topo da cadeia alimentar. demorado), manejo de pastagens, rotação dos animais, grau de infesta-
As aves, de forma geral, se alimentam de vegetais e sua die- ção do solo, raça dos animais (bovinos com pelagem longa são mais
ta inclui uma porção de proteína animal, proveniente de invertebrados. susceptíveis aos carrapatos), aptidão do rebanho (os bovinos de raça
Imediatamente ao início do manejo homeopático, ocorre um leiteira são mais afetados pelo carrapato), estado nutricional, estado
grande assédio de garças carrapateiras ou vaqueiras (Ardeola ibis) ao fisiológico (as fêmeas gestantes e em lactação estarão mais vulneráveis
redor do gado. Estas aves possuem um apetite voraz e ingerem os car- ao ciclo do carrapato).
rapatos na sua fase adulta. Quando a propriedade, apresenta uma queda Durante o 1o ano de tratamento para não ocorrer uma
na população dos carrapatos adultos, coincide com o desaparecimento interferência na produção, orientamos para continuar os banhos
desta ave da propriedade. carrapaticidas, porém ampliando o tempo do combate, utilizando
Outras aves são relatadas como caçadoras de carrapatos: de preferência produtos derivados de piretróides ou amitraz. Estes
Quiscalus crassirostris, Crotophagaani sp, Buphagus africanus, produtos químicos pouco interferem na ação dos medicamentos
B.erythrorhynclus, Cyanopica cyana, Dives atroviolaceus, entre outros. homeopáticos. Jamais utilizar produtos injetáveis ou pour-on.
Todos estes organismos vivos, aves, insetos, besouros, ma- Houveram rebanhos leiteiros intensamente infestados que os
riposas, vespas, formigas, entre outros, contribuem para minimizar a banhos foram sendo gradativamente espaçados (cada banho foi sendo
população de carrapatos. adiado entre 5-10 dias), até que em 3 anos os banhos foram eliminados.
Outros fatores são determinantes para ocorrer recidiva das
AÇÃO DO FATOR C & MC NO CARRAPATO infestações de carrapato, inclusive necessitando a intervenção com
banhos químicos.
Quando o gado recebe o FATOR C & MC pelo sal ou ração, Importante é sempre ter presente que a Homeopatia elimina
o medicamento homeopático é absorvido na mucosa oral e torna-se o carrapato presente nas pastagens através dos animais parasitados,
sistêmico. Desta forma o carrapato ao sugar o sangue, recebe sangue paulatinamente, sem maior sacrifício da higidez.
impregnado do medicamento homeopático. Os rebanhos tratados há 10 anos não apresentam resistência
Após 7-10 dias da absorção deste sangue,os carrapatos e observa-se nos animais algumas larvas de carrapatos. Esta presença é
apresentam dificuldade para se alimentarem e começam a mur- importante para servir como uma “vacina” contra a babesiose e ana-
char, até adquirirem um aspecto absolutamente em processo de plasmose.
mumificação. O sangue das fêmeas engurgitadas estará negro e coagu- Não observamos resistência pois o FATOR C & MC esta em
lado. contato com o carrapato por um período de 3 a 4 semanas. Após este
Algumas fêmeas engurgitadas, caem nas pastagens. Os tes- período, outros carrapatos que parasitam os animais futuramente, fazem
tes de ovopostura destas fêmeas, determinaram uma massa amorfa, sem parte de outra geração. Não existe informação genética do medicamento
larvas viáveis. Na realidade, os animais parasitados representam uma homeopático.
armadilha para os carrapatos. Sistematicamente o FATOR C & MC No início do tratamento, em muitas regiões do Brasil, ocorre
estará castrando e mumificando os carrapatos das pastagens, impedindo naturalmente um aumento da presença de garças. Estas aves se alimen-
a ovopostura. tam de carrapatos, e possuindo um apetite voraz, percebem que a oferta
Na prática, com regularidade temos observados, que no gado de carrapato no gado esta mais abundante. Estas aves representam uma
de corte parasitado, entre 4 - 6 meses de tratamento, a infestação é re- ajuda importante no tratamento, pelo auxílio em limpar a massa destes
duzida drasticamente. No gado leiteiro (que é mais susceptível ao car- parasitos adultos. Em algumas localidades, as galinhas cumprem esta
rapato), a limpeza da pastagem é satisfatória entre 12 - 24 meses de função (já foi observados cães realizando um pastejo de carrapatos
tratamento. adultos, interessante que após o tratamento homeopático; estes animais
“A cobertura vegetal pode ser um fator determinante na e- procuravam carrapatos e não mais o encontravam).
xistência de populações de carrapatos. As espécies de pastagens e plan-
tas presentes, sua estrutura e densidade, são importantes pois determi- ASSOCIAÇÃO DOS BANHOS AO TRATAMENTO HOMEO-
nam condições favoráveis que protegem a fase exógena”. PÁTICO
As partenógenas tem seu movimento limitado, portanto são
presas fáceis dos predadores e das adversidade climáticas, já que de- Quando as pastagens estão intensamente infestadas, os ani-
pendem para sobreviver da existência de uma cobertura vegetal favorá- mais são banhados até menos de 1 (uma) vez na semana. Esta situação
vel. ocorre no gado de leite e caracteriza a resistência do carrapato aos car-
Nestas mesmas condições se encontram os estádios imaturos rapaticidas. Deveriam estar banhando a cada 21 dias, ou seja, o tempo
durante o processo de muda, e larvas e ovos, devem ter proteção vege- em tese do carrapato realizar seu ciclo de vida. A recomendação é nos
tal. Desta forma a cobertura vegetal representa uma expressão indireta meses iniciais do tratamento associar os banhos ao FATOR C & MC,
de outros fatores ambientais como o tipo e PH do solo, temperatura e reiterando que os princípios ativos utilizados podem intervir no sucesso
umidade, precipitações, pressão barométrica e incidência dos raios do manejo homeopático. Não utilizar pour-on ou produtos injetáveis, e
solares. Esta cobertura vegetal é proteção determinante contra a ação sim banhos a base de piretróides e amitraz.
direta do sol e até contra a atividade dos predadores. Este artifício é necessário para manter a produção do leite e
Quando chegam ao solo, os carrapatos sempre buscam um impedir o desfalque do gado, pela anaplasmose, babesiose ou outras
abrigo adequado; embaixo de uma pedra, uma fissura do solo, embaixo patologias.
de folhas ou nas raízes da vegetação. Então haverá o ovopostura e pos- Recomendamos espaçar os banhos, sistematicamente, de a-
teriormente as larvas e ninfas trocarão seus invólutros. Estas estarão cordo com a necessidade do rebanho. Selecione o gado a ser banhado,
agrupadas por uma substância cimentante e buscam posteriormente seus ou seja: os animais que apresentarem uma pequena carga parasitá-
hospedeiros a quem irão parasitar. ria ou estiverem limpos, devem ser excluídos do banho.
Estes processos são influenciados por fatores climáticos, Importante selecionar o gado, pois quanto menos carrapati-
como temperatura, umidade, pressão atmosférica, chuvas entre outros. cida aplicado, tão mais rápido conseguiremos atingir os resultados
Conhecendo as influências que o combate químico provoca e as interfe- propostos pela Homeopatia. Durante o banho, muitos carrapatos se
rências clímaticas, torna-se fácil o entendimento que o processo de desprendem e realizam a ovopostura, reinfestando desta forma as pas-
homeopatização necessita ser acompanhado durante um período de tagens.
transição. A característica deste período é a utilização dos combates Quanto maior o tempo de aplicação do FATOR C &
químicos, aliados ao manejo homeopático. MC, tanto mais rápida se realiza a limpeza da pastagens.
Em propriedades com aptidão orgânica, indicamos combate No gado de corte, como os banhos são mais espaçados, em
com fitoterápicos, detergentes e soro lácteo e mesmo métodos de com- muitas propriedades após a introdução da Homeopatia, os banhos são
bate mecânico (raspagem). suspensos automaticamente. No gado de leite o controle nas vacas
“solteiras” é mais eficiente. Importante compreender que as vacas em

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lactação são mais susceptíveis a infestação do carrapato por dois moti-


Os carrapatos desenvolvem em sua vida livre (fase exógena)
vos: pelo ciclo estral presente associado a produção do leite.
uma certa mobilidade na busca desesperada de hospedeiro e pela umi-
Importante salientar, que em qualquer rebanho, 1-5% (um a
dade. O mecanismo é o seguinte: as larvas sobem pela pastagens ou
cinco por cento) do gado não lambe o sal. Nunca em um rebanho todos
arbustos buscando o hospedeiro para iniciar a fase parasitária; caso isto
os animais consomem sal. Entre os que o fazem, sempre é de uma for-
não ocorra, seu acesso as partes altas e ensolaradas das pastagens pro-
ma diferenciada, alguns com mais avidez, portanto consomem mais e
vocam uma desidratação. Quando esta perda chega a uma fase crítica, a
outros menos famélicos, ingerem menor quantidade. O fato de haver
necessidade de recuperar umidade se torna vital; por isso desce nova-
variações no consumo, não impede o controle dos parasitos, pois nos
mente as partes inferiores dos vegetais e retorna para o solo, onde natu-
banhos os animais mais dóceis são banhados eficazmente e animais
ralmente existe mais umidade.
rebeldes recebem um banho mais rápido.
Ao recuperar a umidade, inicia-se o processo novamente, ou
No controle de carrapato, quando é possível, selecionar no
seja, retorna as partes altas dos vegetais, na tentativa de conseguir hos-
rebanho o gado que não lambe sal, realizando banhos periodicamente,
pedeiro. Se o abrigo lhe fornecer umidade suficiente, o carrapato per-
pois além de existir o perigo da anaplasmose e babesiose, estes animais
manece imóvel por um tempo e desta forma habita nas pastagens por
representam um depositório de carrapatos e permitem a reinfestação das
muitos meses. Este tropismo pela umidade e hospedeiro, provoca nos
pastagens.
carrapatos um desgaste energético, desta forma ele busca permanecer
Controlar os carrapatos é mais simples e eficaz do que as
imóvel, minimizando o desgaste energético, para novamente recomeçar
moscas de chifre, por terem uma mobilidade pequena. Cada proprieda-
sua tentativa de parasitismo, em uma época mais proprícia.
de é responsável pelos seus carrapatos, pois carrapato não voa e pouco
Observa-se também nas pastagens que as larvas e ninfas cos-
se locomove.
tumam se agrupar em colonias de centenas de exemplares, o que facilita
Bovinos e carrapatos não são nativos do Brasil, pertencem
dois objetivos: a manutenção da umidade e a viabilidade da fase parasi-
ao processo de globalização, porém pelas nossas características climáti-
tária.
cas estes ácaros alienígenas encontram totais condições de se desenvol-
verem.
4) A intensidade dos raios solares, é outro fator que determina a inter-
rupção do ciclo de vida do carrapato. A ação dos raios solares pro-
FATORES QUE CONTRIBUEM PARA REINCIDÊNCIA DO
move uma desidratação nas larvas e ninfas, por isso os pastos de ve-
CARRAPATO EM PROPRIEDADES COM MANEJO HOMEO-
getações baixas e livres de arbustos; ou mesmo em confinamentos,
PÁTICO
os carrapatos tem uma população mais baixa.
Os seres invertebrados possuem um sistema reprodutivo
Os raios solares desidratam as larvas e ninfas, assim como
muito intenso e uma adaptabilidade as intempéries de forma rápida e
os ovos recém depositados pelas partenogenas. Este processo também é
eficiente, além de passarem informações genética com rapidez, as futu-
valido para carrapatos que despreendem do corpo dos bovinos e procu-
ras gerações. Interessante notar que a massa de parasitos, generalizando
ram retornar a vida parasitária.
no planeta Terra, tem aumentado substancialmente nos últimos anos.
Como os carrapatos são escuros, absorvem a luz solar, desi-
Há 10 anos atrás, o carrapato não significava tanto prejuízo
dratando-se rapidamente, pois a própria temperatura diminui rapida-
como significa atualmente. As moscas de chifre nem representavam
mente a umidade.
uma ameaça, a verminose determinava muito menos prejuízos e em sua
Por esta razão, recomenda Cordovés, que nos terrenos que se
casa, as formigas doceiras não causavam danos em seus eletrodomésti-
desejem manter livres de carrapatos, sejam rodeados de uma faixa de
cos.
terreno arado e limpo de vegetação como prevenção à introdução de
Com o uso contínuo do combate químico, a natureza lança
infestações oriundas de áreas limítrofes.
recursos para sobreviver e estes insetos e ácaros reproduzem rapida-
Obs.: No ciclo de vida dos bovinos, é muito importante, in-
mente, na tentativa de manter a espécie. Atenção: mesmo a espécie
dependente de sua raça, coloração ou aptidão de produção (carne ou
humana, quando ameaçada pela fome, promove uma superpopulação.
leite), o sombreamento das pastagens com arvores.
Como prova disto, a taxa de natalidade é imensa no Nordeste do Brasil,
Este sombreamento somente coopera na produção bovina,
África e China. Conforme estas comunidades se desenvolvem, este
sendo que as sombras mantém a umidade do solo, mas não proporcio-
índice diminiu sensivelmente.
nam acesso a vida parasitária.
Os profissionais do campo, não se preocupavam com o pre-
A ação conjunta dos fatores citados acima determina uma
juízo causado pelo carrapato há cerca de 5- 10 anos atrás. Naturalmente
distribuição desuniforme dos carrapatos, mesmo em propriedades com
que a proliferação do cruzamento industrial, aliado aos tipos de pasta-
uma relativa uniformidade em pastagens, raças e idades dos animais.
gens e ao combate químico, também contribuíram para esta prolifera-
O depositório de larvas e ninfas viáveis podem se manter
ção.
nos terrenos mais baixos e perto das fontes e água, obviamente pela
A proposta da Homeopatia é de reverter o quadro, minimi-
maior umidade.
zando gradativamente as reinfestações, através da diminuição das larvas
dos carrapatos nas pastagens.
5) Mobilidade dos carrapatos: Em sua vida livre, a mobilidade dos
Seguem abaixo percalços do ciclo deste ácaro que contribu-
carrapatos é pequena, cerca de menos de 5 metros de onde realizou
em para a observação de reinfestações, atrasando a eliminação do con-
sua muda ou foi depositado, porém sempre esta movimentação é rea-
trole químico, sem entretanto inviabilizar o tratamento homeopático na
lizada em grupo de centenas de ninfas e larvas viáveis. Por isso que
erradicação deste parasita.
observamos sempre a fase parasitária ser em grande quantidade.
1) O tipo de pastagem é de grande importância nas reinfestações, pois
os pastos altos proporcionam proteção e durante a fase exógena (li- Em um pequeno espaço de pastagens, desta forma, apresenta
vre nas pastagens), contribuindo com umidade e abrigo do sol, facili- milhares de formas viáveis.
tando o início da vida parasitária. A migração dos carrapatos é facilitada também pela ação da
2) A temperatura acelera ou retarda a atividade fisiológica dos carrapa- chuva, o vento e animais selvagens ou cães. Também proporcionam
tos, por serem pecilotermicos e dependentes da temperatura ambien- condições de migração para o carrapatos maquinários, veículos, cavalos
tal. As temperaturas extremas são limitantes. A postura e o desen- e seres humanos que transitarem entre as pastagens ou propriedades.
volvimento embrionário aceleram com o aumento da temperatura, As fêmeas engurgitadas sobrevivem até 2 dias submersas em
porém o peso médio dos ovos, diminuem em temperaturas acima de água, ovos sobrevivem até 5-10 dias, conforme o tempo que tem após a
36ºC. Também o aumento da temperatura os torna mais ativos. postura. Desta forma, a água não interfere no ciclo de vida dos carrapa-
3) A umidade comparece como outro fator de vital importância. Via de tos, facilitando em pastagens inclinadas a dispersão com seguridade.
regra os carrapatos necessitam da água contida no ar, logo o clima O vento não provoca dano aos carrapatos, mas facilita a sua
úmido contribui para facilitar o seu desenvolvimento. Observamos distribuição pela vizinhança. Em pastagens altas, as larvas podem se-
no campo que as chuvas, após as secas, proporcionam um importante rem disseminadas até 80 metros e em pastagens baixas até 25 metros.
incremento de reinfestação.
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Cordovés cita que os hospedeiros acidentais resultam em Estudos recentes preconizam que uma fêmea fértil pode de-
importantes agentes de dispersão, pois se encontrou cavalos transpor- positar no solo 1.000 à 15.000 ovos, dependendo da espécie de carrapa-
tando por 247 metros; ratos por 30 metros; gralhas por 183 metros e to. Segundo Furlong, o carrapato em um determinado momento encon-
pombas por 805 metros. tra-se distribuido da seguinte maneira: aproximadamente 95% na pasta-
Desta forma no processo de controle de carrapatos com o gem,na fase de vida livre (nas formas de teleóginas em postura,ovos em
Manejo Homeopático, é muito importante participar aos vizinhos estas incubação e larvas esperando hospedeiro) e 5% parasitando os bovinos
peculiaridades do ciclo de vida do carrapatos. (larvas, ninfas e adultos).
Após atravessar a cerca, novamente estes carrapatos irão pa- 9) Deve-se considerar também que o controle do B. microplus constitui
rasitar o gado homeopatizado, até que seu ciclo de vida seja interrom- um paradoxo ao produtor.Se por um lado é desejável ter animais li-
pido pela ação do medicamento homeopático. vres de carrapatos, não se pode deixar de levar em conta o papel do
carrapato como transmissor dos agentes da Tristeza Parasitária Bovi-
6) Dormência: O carrapato apresenta um fenômeno de hibernação, ou na e, portanto, a necessidade da presença do carrapato em baixos ní-
seja, reduzir sua capacidade metabólica de forma a preservar sua in- veis de insfestação nos campos para a manutenção da imunidade
tegridade na conclusão de seu ciclo de vida. contra esses parasitas.Segundo dados australianos, 20 a 30 teleógi-
nas,parasitando taurinos (Bos taurus), e cerca de 40 , parasitando ga-
Segundo Cordovés, foi comprovado a dormência nos gêne- do zebuino (Bos indicus) diariamente são suficientes para que se
ros Dermacenter, Ixodes, Hyalomma e Haemaphysalis. Nestas espécies mantenha essa imunidade no animal.(Ma-Honey&Ross,
de carrapato o mecanismo que desencadeia a dormência corresponde 1972)(Mahoney,1979).
aos estímulos da duração do dia, ou seja, horas de luz seguida de horas BERNES
de escuridão.
A hipodermose dos bovinos no Hemisfério Norte é causada
A dormência pode ser classificada em 5 categorias: pelos estágios larvais das moscas do gênero Hypoderma (ordem Dipte-
ra, família Oestridae). Na América Central e do Sul, larvas da Derma-
a. suspensão da alimentação; tobia hominis são importantes parasitas do gado. Oedemagena tarandi,
também semelhantes à Hypoderma spp são parasitas naturais de cerví-
b. interrupção da ingurgitação; deos e renas nas regiões Árticas.

c. interrupção da metamorfose de larvas e ninfas; Dermatobia hominis

d. interrupção da ovopostura; A mosca tropical é um dos parasitas mais importantes de


bovinos na América Latina. Pertence a família Oestridae, ordem Dipte-
e. manutenção dos ovos em sua condição. ra, e está distribuída entre o sul do México e o norte da Argentina. Os
estágios larvais são encontrados em muitos hospedeiros: bovinos, ovi-
Este processo permite ao carrapato sobreviver aos rigores nos, caprinos, suínos, bubalinos, cães, gatos, coelhos e no homem. Os
dos climas temperados, ou mesmo ao inverno de países tropicais (como bovinos e os cães são as espécies mais comumente infestadas.
o nosso inverno).
Na Região Sul do Brasil, observamos uma facilidade em CARACTERÍSTICAS GERAIS
controlar a infestação do solo, pela ocorrência de inverno mais rigoro-
so, porém não inviabiliza o Manejo Homeopático em regiões tropicais Causa no homem e animais miíases dermais, oftalmomiía-
típicas ou na Região do Equador. ses, miíases palpebrais, rinomiíases e miíases cerebrais. Ataca bovinos,
suínos, felinos, caninos, coelhos, macacos, etc. Os eqüinos não são
7) Resistência sem se alimentar: Observamos na prática, que os carra- muito susceptíveis ao ataque. Freqüentemente, as lesões podem ser
patos minimizam seu gasto de energia na falta do hospedeiro. Esta complicadas devido ao ataque de larvas de outras espécies de moscas,
adaptação é vital na conclusão de seu ciclo de vida, afinal, quem vem especialmente Cochliomyia hominivorax (bicheira). Animais jovens
para ser parasitado é o hospedeiro. muito infestados podem perecer.
A produção de leite e carne no gado doméstico é substanci-
Observamos então que a natureza criou uma porção de arti- almente reduzida pelo ataque de Dermatobia hominis . A indústria do
fícios, prolongando e protegendo os carrapatos em seu ciclo de vida. couro é prejudicada também, pois o couro dos animais infestados não
Locomove-se pouco, porém apresenta resistências as intem- resiste ao tratamento industrial do curtume devido às perfurações cau-
péries, permitindo ao carrapato desenvolver e manter seu ciclo, con- sadas pelo inseto.
forme é molestado pelo combate químico.
A rotação de pastagens é importante para interferir no ciclo AÇÃO DO FATOR C & MC NO BERNE
de vida do carrapato, no entanto a possibilidade de realizar a dormência
torna-o resistente ao manejo rotativo. Observamos na prática, que O controle deste parasito é realizada em dois seguimentos:
quando os animais que estão livres de carrapatos, e são colocados em no corpo do animal e no controle das moscas que funcionam como
um pasto vazio, passam a ser parasitados intensamente. Tenha presente vetoras.
o manejo homeopático interrrompe o ciclo de vida dos carrapatos, Após a ingestão do FATOR C & MC, o medicamento torna-
mesmo nessas condições. se sistêmico e desta forma atinge as larvas dos bernes encravadas no
Atente também para as raças de pelos longos (exemplo: si- couro dos animais. Os cistos contendo formas larvais jovens (L1-L2)
mental), pois estes viabilizam, que todas as larvas tenham acesso a fase não conseguem efetuar o ciclo e morrem. Porém não determinam
de encontro no hospedeiro. prejuízos no couro ou abcesso, por serem muito pequenas. As formas
mais evoluídas do cisto; as formas anteriores a pupa, que se passa fora
8) Vacas leiteiras e principalmente, os animais considerados anérgicos, do corpo animal, seguem seu ciclo. No entanto o ciclo é interrompido
ou sejam, que não respondem, realizando uma alergia contra o antí- na próxima fase parasita do berne, ao introduzir-se no couro do animal.
geno anticoagulante que o carrapato produz e desta forma pouco se Outra forma eficiente de interromper o ciclo do berne, é
lambem, na tentativa de eliminá-los, representam na propriedade as quando interrompemos o ciclo das moscas domésticas, moscas de está-
denominadas “vacas carrapateiras” e constituem um reservatório do bulos e moscas de chifre e de outras moscas que atuam como vetores,
carrapato. ou seja, permitem a ovopostura em pleno vôo e posteriormente deposi-
tam os ovos do berne no corpo dos animais parasitados. A mosca (adul-
Cerca de 1-2 vacas anérgicas ou carrapateiras, correspondem ta) do berne apresenta uma autonomia de vôo de cerca de 100 metros.
num rebanho de 100 animais, com 25% do ciclo viável do carrapato. No entanto esta autonomia de vôo é ampliada quando deposita seus
ovos em moscas que apresentam uma autonomia mais ampla.

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Importante para o total desempenho do Manejo Homeopáti- de transmitir doenças para as pessoas, a mosca doméstica é um impor-
co no controle da mosca do berne, é a continuidade do tratamento, que tante vetor da mastite, pois através de suas patas veicula agilmente as
tem por finalidade controlar o depósito da mosca do berne em seu habi- bactérias causadoras desta enfermidade.
tat natural, ou seja as matas brasileiras, onde são nativas.São necessá- Promove perdas incomensuráveis. A questão não é estética
rios 2 –3 ciclos completos para efetuarmos este controle. ou de saúde pública, é econômica principalmente.
No entanto é importante que o gado não esteja em contato
com outras propriedades que não participam do Manejo Homeopáti- AÇÃO DO FATOR C & MC NAS MOSCAS DOMÉSTICAS
co.Para otimizar este controle, convide o seu vizinho para participar
deste programa. A mosca doméstica ou quaisquer outra mosca que realizar o
ciclo nas fezes dos animais são passíveis de terem o ciclo interrompido.
PARASITOS INTERNOS: OS VERMES Em contato com o estrume, o inseto recebe o FATOR C &
MC. Desta forma quando a mosca adulta deposita seus ovos no estru-
Segue abaixo os principais parasitos que fazem o ciclo no me, este contato impede que as larvas (L1-L2) se transformem em pupa,
gado bovino (e nos ovinos): impedindo portanto o criatório da mosca adulta.
NEMATÓDEOS GASTRINTESTINAIS: O FATOR C & MC não promove a morte de nenhuma
mosca adulta, porém ao impedir o seu ciclo nas fezes, a população
Bunostomum spp destas moscas em 2-3 (dois à três) meses estará debelada.
Chabertia ovina Nas propriedades onde existe a presença da mastite, reco-
Cooperia mendamos a utilização sistemática do FATOR M & P (Controle de
Haemonchus placei e contortus Mastite e Incremento da Produção de Leite).
Nematodirus spp
Oesophagostomum venulosum CONCLUSÃO
Oesophagostomum radiatum
Ostertagia ostertagi No planeta Terra existe hoje um grande apelo de preserva-
Strongyloides papillosus ção ambiental, aliado a uma consciência crescente da população sobre
Trichostrongylus axei os malefícios que uma alimentação com resíduos tóxicos ocasiona em
Trichostrongylus columbriformis sua saúde.
Trichuris spp O Mercado Comum Europeu e o Japão são duas potên-
cias econômicas ávidas por consumir carne e leite sem resíduos de
AÇÃO DO FATOR C & MC NOS VERMES agrotóxicos e ou antibióticos.
O país necessita preparação para o desideratum de exportar
A verminose é uma das grandes causas de baixa de produção sanidade, o que vem sendo pretendido por outros países, conforme
de carne e leite, e debilita os animais jovens, tornando-os susceptíveis a informes recentes.
enfermidades por patologias infecciosas e ou nutricionais. A Homeopatia é a única medicina capaz de produzir o BOI
Ao receber o FATOR C & MC pela mucosa oral, torna-se ECOLÓGICO. O grande impecílio sempre foi decorrente da falta do
sistêmico dentro do organismo, atingindo todo o trato digestivo e respi- controle de insetos com medicamentos dinamizados.
ratório. Hoje apenas no Brasil este controle é viável, através do
Desta forma os parasitos que estiverem dentro do organismo FATOR C & MC. Este produto abrange os principais ecto e endoparasitos
receberão o FATOR C & MC. A conseqüência deste contato com o que afligem a pecuária, pois este projeto tem a ambição de além de ser mais
organismo medicado é que a ovopostura destes parasitos é inter- eficiente que o modelo tradicional, não promover resíduos tóxicos e ter um
rompida. custo menor. Esta formulação aliada aos medicamentos para bovinocul-
Numa seqüência posterior, com a interrupção da ovopostura, tura de corte e leite, encerram o ciclo da pecuária hígida.
a partir de 4 (quatro) meses do uso contínuo da homeopatização do O pecuarista brasileiro deve com extrema urgência ade-
rebanho, as formas larvais viáveis no solo retornam ao hospedeiro e não quar-se, pois o Brasil possui o maior rebanho comercial do mundo.
realizam a ovopostura.
Portanto realize a vermifugação convencional do rebanho BIBLIOGRAFIA
após realizar exame de fezes. Se a contagem de ovos por grama de
fezes (OPG) não for efetuada, o produtor estará malbaratando dinheiro 1.Agricultura Ecológica – Edmilson Ambrosano,Livraria e Ed. Agrope-
e mão de obra. cuária,1999.
Os animais jovens, devem ser vermifugados durante os pri- 2.Carrapato,Controle ou Erradicação- Carlos O. Cordovés - Livraria e
meiros 12 (doze) meses deste trabalho, pois as pastagens podem estar Editora Agropecuária,1997
contaminadas. Para não vermifugar os animais jovens, realize exame de 3. Manual Merk de Veterinária - Editora Roca Ltda. - 1991
fezes previamente. 4. Revista Manchete Rural - no 127 - janeiro de 1998
O FATOR C & MC, promove nos animais aspectos ex- 5. Revista Balde Branco - no 402 - abril de 1998
ternos que sugerem estarem livres da verminose: sem tosse, pela- 6. Informativo COOLVAP - Órgão informativo da Cooperativa de
gem brilhante e fezes com consistência, aspecto e odor característi- Laticínios Vale do Paranapanema Ltda. - Edição abril/98
co de cada espécie.

MOSCAS DOMÉSTICAS

AS MOSCAS DOMÉSTICAS E OUTRAS MOSCAS QUE


PROCRIAM EM CRIAÇÕES
DE ANIMAIS: A VISÃO HOMEOPÁTICA

Toda criação animal é sempre um local propício para a proli-


feração de moscas, via de regra a mosca doméstica.
A mosca doméstica realiza o seu ciclo em fezes animais e
ataca quaisquer matéria orgânica. Desta forma vamos encontrar a orde-
nha, os animais, os alimentos (animais e humanos) e as pessoas, seria-
mente molestadas por elas.
É deveras necessário o pecuarista ficar consciente que, além

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