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Traduzido do original Einftihrung in das Alte Testament, 4. ed, ampliada. © Walter de Gruyter & Co., Berlim, Republica Federal da Alemanha. Os direitos para lingua portuguesa pertencem a Editora Sinodal Rua Amadeo Rossi, 467 93030-220 _ Sao Leopoldo _ RS Tel.: (51) 590-2366 Fax.: (51) 590-2664 Homepage: www.editorasinodal.com.br ‘Tradugio: Annemarie Hohn Revisio da traduga : Nelson Kilpp Renatus Porath Revisio das provas: Claudio Molz Luis M. Sander Coordenagao editorial: Luis M. Sander Paginagao e arte-finalizagao: Editora Sinodal Série: Estudos Biblico-Teolégicos AT-7 Publicado sob a coordenagéo do Fundo de Publicagées Teolégicas Anstituto Ecuménico de Pés-Graduagao da Escola Superior de Teo- logia da Igreja Evangélica de Confissdo Luterana no Brasil. Dados Internacionais de Catalogagao na Publicagao (CIP) (Camara Brasileira do Livro, SP, Brasil) Schmidt, Wemer H. Introdugo ao Antigo Testamento / Weer H. Schmidt ; I tradugdo Annemarie Héhn |, -- Sao Leopoldo, RS : Sinodal, 1994. Bibliografia. ISBN 85-233-0218-9 1. Biblia. A.T. - Introdugdo 2. Biblia. A.T. - Leitura I. Titulo. 94-1896 CDD-221.6 Indices para catalogo sistematico: 1. Antigo Testamento : Introdugo 221.6 2. Antigo Testamento : Leitura 221.6 §3 ELEMENTOS DA HISTORIA DA SOCIEDADE Para compreender tradig6es veterotestamentdrias 4s vezes é importante ter certas nogdes basicas de seu pano de fundo social: como sera que era a vida dos patriarcas, ou de que situagao partiam os profetas em suas criticas sociais? ‘Todavia, as afirmagGes biblicas pressupdem mais a respectiva situagao social do que a apresentam, pois nao tém interesse imediato nela, Interessa-Ihes antes a histéria de Deus com Israel. Uma situago que é conhecida por todos nio precisa ser mencionada ou anotada explicitamente. Assim a estrutura social deve ser deduzida, em geral penosamente, de informagoes indiretas as mais variadas e aqui e acold, de poss{veis compara- ges. Neste sentido os resultados nao raramente sao incertos e, mesmo no caso de questées basicas, bastante diferenciados. O apanhado geral que se segue, ordenado conforme as épocas da historia de Israel, s6 pretende esbogar alguns aspectos. a) Os clas némades Os antepassados de Israel viviam em tendas ou num acampamento co- mum e migravam de um lugar para outro (Gn 13.3; 18.1ss.; 31.25,33s.; cf. 32.2 e outras). ‘‘Armar’’ a tenda (12.8; 26.15; 33.19) significa permanecer num lugar; ao contrdrio, ‘‘arrancar”’ as estacas da tenda tem o significado de ‘‘par- tir’, “‘prosseguir viagem”’ (12.9; 33.12 e passim). Ainda séculos depois da sedentarizacao sobrevive o chamado “‘(Israel), as suas tendas’’, significando o regresso para casa (Jz 7.8; 1 Sm 4.10; 2 Sm 20.1, 22; 1 Rs 12.16 e outras). 1. Os antepassados de Israel criavam gado, embora, diferentemente dos beduinos drabes até a atualidade, nao fossem pastores de camelos. S6 os midianitas, que faziam incursdes para saquear em Israel, € que guerreavam montados em camelos (Jz 6.5; 7.12; cf. Gn 37.25; também 1 Sm 30.17 a respeito dos amalequitas). Como seminémades os antepassados viviam com e de seus rebanhos de ovelhas e cabras (so’n = gado pequeno; cf. Gn 30.3Iss.), de cujas peles também fabricavam suas tendas marrom-escuras (Ct 1.5). Animal de carga (Gn 22.3,5; 42.26s.; 45.23; Ex 23.5 ¢ outras) e de montaria (Ex 4.20; Nm 22.22ss.; ainda Zc 9.9) era 0 jumento — em casos muito raros, 0 camelo 35 (Gn 31.17,34; 24.10ss.), que ainda no era criado em rebanhos. A criagdo de gado bovino, pelo menos em escala maior, apenas foi possivel apés a sedentarizago. A criagdo de gado exigia um estilo de vida especial (menos beligerante). Ao contrario dos camelos, as ovelhas e cabras nao podem vencer distancias tao longas e necessitam regularmente de locais de descanso, com suprimento sufi- ciente de 4gua e pasto. Os rebanhos vivem apenas A beira do deserto e na estepe, onde cai mais chuva. O que o AT chama de “‘deserto, estepe”’ (midbar) é uma regio desprovida de Agua (Ex 15.22), embora esta nao falte por completo, isto é, ha fontes, cistemas (Gn 16.7; 36.24; 37.22) e, as vezes, também chuvas esparsas, de modo que aqui e acolé pode crescer um arbusto ou uma drvore (1 Rs 19.4) e vez por outra também ha pastagem para ovelhas e cabras (Ex 3.1; 1 Sm 17.28). Os poucos mananciais de Agua eram objeto de freqiientes conflitos (Gn 26.20s.; 21.25; 13.7; Ex 2.17ss.), mas também um lugar de encontro (Gn 24.11ss.; 29.2ss.; Bx 2.15ss.). Nos ofsis até havia julgamentos (Gn 14,7; of. Ex 18). Ademais, a vida dos seminémades parece ter sido determinada pela troca periédica das pastagens, mais ou menos de meio em meio ano, entre a estepe e a terra cultivada, a assim chamada ‘‘transumancia’’. Durante o periodo de chuvas no invemo permaneciam na estepe; no vero, depois que a estepe estorricava, migravam para os campos colhidos da terra cultivada, a que entio tinham acesso. Por estarem em constante migragdo entre a beira da terra cultivada e a terra cultivada em si e vice-versa, os semindmades mantinham também contato intenso com a populagio local; podia haver comércio e casamentos entre eles (cf. Gn 34; 38). Sim, os antepassados de Israel, ao que parece, jA se encontra- vam em transig¢éo gradual de uma vida seminémade para uma vida sedentéria, baseada na agricultura e criagéo de gado bovino (26.12; 33.19; 23 P). Dificil- mente € mera coincidéncia o fato de que a maioria dos relatos sobre os patriarcas tm como cenério a terra cultivada e de que a promessa de posse de terras representa um trago que caracteriza todas as hist6rias dos patriarcas (12.7; 28.13 e outras). 2. Dificilmente alguém consegue sobreviver sozinho nas condigdes adver- sas da estepe ou do deserto. Assim o ser humano vive em grupos que, por um. lado, t8m que ser grandes o suficiente para que possam garantir 0 seu sustento sua protegao, mas, por outro lado, nao devem tornar-se tao grandes que nao encontrem mais 4gua suficiente. De fato, as comunidades némades variam bastante no seu tamanho. Se quisermos uniformizar a terminologia de forma alguma ja fixa no AT, podemos reconhecer uma estruturagio que regulou o convivio destes grupos até muito tempo depois da sedentarizagao (Js 7.14; 1 Sm 10.19ss.; 9.21): 36

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