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Luta na Rússia

Fracasso alemão no Cáucaso

Ataque no Cáucaso
Luta no Setor Central

Enquanto em Stalingrado as forças russas desbaratavam os esforços do Exército alemão e continham o seu
avanço, no Sul, paralelamente, as unidades da Wehrmacht fracassavam no seu intento de apoderar-se das
jazidas petrolíferas no Cáucaso. A operação alemã tivera origem na Diretiva n° 45, emitida por Hitler a 23 de
julho de 1942. Nesse dia, as forças do Grupo de Exércitos A, sob as ordens do Marechal von List, haviam
conseguido apoderar-se da cidade de Rostov. Hitler, animado por esta vitória que lhe abria as portas do
Cáucaso, decidiu que a Wehrmacht dividisse suas forças e atacasse, simultaneamente, Stalingrado e o
Cáucaso. Essa manobra acarretaria conseqüências fatais para o Exército alemão. Essas conseqüências,
imediatas e mediatas, pesariam irremediavelmente sobre todo o curso da guerra.

A resolução do Fuhrer obrigava o Grupo de Exércitos A a percorrer até seu objetivo final em Baku, às
margens do Mar Cáspio, uma distância em linha reta de mais de 1.200 km. Esse avanço teria que ser
efetuado com escassos meios mecanizados e insuficiente quantidade de combustível. A região, além disso,
era constituída por uma imensa e desolada estepe, com poucas e péssimas estradas que, nessa época do ano,
convertiam-se em verdadeiros oceanos de poeira. Por outro lado, uma vez transposta a estepe, os alemães se
veriam obrigados a enfrentar um outro obstáculo: a barreira montanhosa do Cáucaso, quase inacessível,
contando com poucas passagens praticáveis, as quais, por sua vez, seriam facilmente bloqueadas pelas forças
russas em retirada. Portanto, o essencial seria aniquilar o grosso das tropas russas mediante uma rápida
penetração dos elementos mecanizados nas estepes que se estendiam ao norte da barreira montanhosa.

As forças de von List eram integradas por dois grandes exércitos: o 17 o, sob o comando do General Ruoff,
cuja missão seria cercar todas as forças russas localizadas na estepe, ao norte das montanhas do Cáucaso,
empurrando-as para as costas do Mar Negro, e o 1 o Exército Panzer, do General von Kleist, que devia atacar
diretamente rumo ao sul, em direção ao Cáucaso central, e ocupar, em primeiro lugar, as jazidas petrolíferas
de Grozny e, em seguida, as mais importantes, de Baku, às margens do Mar Cáspio. As forças soviéticas, por
sua vez, sob o comando do General Petrov, assumiu a defesa do setor ocidental.

Os russos, recorrendo à tática de retirar-se em profundidade, evitaram o choque com as forças alemães,
obrigando estas últimas a alongar suas linhas e internar-se profundamente na estepe. Simultaneamente,
mobilizaram milhares de civis e fortificaram as passagens do Cáucaso e as jazidas de Grozny e Baku.
Trabalhando dia e noite, até quase o esgotamento, velhos, mulheres e crianças armaram uma gigantesca rede
de fortificações. Eram constituídas, no total, por mais de 70.000 casamatas e redutos, quase 1.000 km de
fossos antitanques, 2.000 km de trincheiras e incontáveis pontos fortificados, além de obstáculos de toda
espécie.

Inicia-se o avanço alemão

Com o objetivo de impedir os russos de fortificarem a margem sul do Don, o Marechal von List ordenou que
suas forças cruzassem imediatamente esse rio. A operação, contudo, encontrou sérias dificuldades. Tropas de
assalto do 17o Exército prepararam-se para cruzar o rio através de um aterro de estrada de ferro. Com a
finalidade de apoiar o seu avanço, foram dispostas mais de 40 baterias leves e pesadas, que concentraram o
seu fogo sobre as posições russas, situadas na margem oposta do rio. Os russos, no entanto, ofereceram
encarniçada resistência, vendo-se favorecidos pela constituição pantanosa do terreno. Surpreendidos por essa
inesperada resistência, os alemães montaram durante a noite várias pontes com pontões, através das quais
novos efetivos alemães se lançaram ao assalto das posições russas. As esquadrilhas de Stukas, por sua vez,
apoiaram o avanço dos efetivos terrestres, bombardeando intensamente os soviéticos. Finalmente, a 26 de
julho, uma profunda cabeça-de-ponte foi firmemente estabelecida; isso permitiu aos sapadores alemães
estender novas pontes sobre o Don. Dois dias depois, a tarefa estava praticamente terminada, e os tanques e
elementos mecanizados iniciaram seu avanço através do rio. A ordem era romper para o sul com a máxima
velocidade possível.

Atrás das unidades blindadas alemães, avançaram, em marcha forçada, as unidades de infantaria. A uns 180
km a leste de Rostov, o 1 o Exército Panzer cruzava, por sua vez, o Don, incorporando-se ao ataque. Essa
unidade contava com três divisões blindadas, totalizando quase 300 tanques.

As forças alemães lançaram-se em perseguição das unidades russas, que se retiravam apressadamente para o
Sul. Seguindo as imperativas ordens do Alto-Comando alemão, as forças alemães avançaram com um ritmo
incomum, o que ocasionou um grande desgaste de material e levou as forças da infantaria ao esgotamento.
Avançando através das imensas estepes, envoltas em nuvens de poeira, e sob uma temperatura de 40 o C à
sombra e 50o ao sol, as tropas de infantaria padeciam de sede e de extenuante cansaço. O avanço da
infantaria, seguindo o ritmo imposto pelas unidades mecanizadas, chegou a totalizar numa jornada marchas
de 50 km. Os ataques das tropas russas dispersas, as quais, longe de fugir ao avanço alemão, o enfrentavam,
incorporavam-se às penúrias já citadas. Contínuos e sangrentos choques produziam-se noite e dia. Grupos de
cavalaria russa atacavam os flancos das unidades alemães, para, imediatamente, desaparecer. Esse tipo de
guerra, em que os russos eram mestres consumados, lhes permitia operar com pequenos grupos de soldados,
que atacavam unidades numericamente mais importantes. O conhecimento do terreno os favorecia e lhes
criava condições claramente superiores às dos alemães.

A conquista de Maikop

As tropas do 17o Exército do General Ruoff, avançando nessas difíceis condições, conseguiram, apesar de
tudo, apoderar-se dos territórios situados na costa do mar de Azov. Em seguida, convergiram sobre as
margens do rio Kuban, que corre ao longo do sopé do Cáucaso. Por sua vez, no flanco oriental, o 1 o Exército
Panzer abriu passagem através das unidades da retaguarda russa.

No dia 5 de agosto, unidades de assalto da divisão motorizada SS “Viking”, apoiadas por um violento fogo
de artilharia, conseguiram, depois de sustentar rudes combates, estabelecer uma cabeça-de-ponte ao sul de
Kuban. Dois dias depois, o grosso da divisão completou a travessia do rio e se lançou sobre Kropotkin,
ocupando a cidade depois de sangrenta luta. Em seguida, prosseguiu o avanço rumo ao sul, em perseguição
às unidades russas que se retiravam em direção às montanhas. Mais para o leste as colunas de tanques do 1 o
Exército Panzer romperam a frente em torno da cidade de Armavir. Parte de duas das suas divisões (a 13 a e a
16a) giraram para o oeste, a fim de apoiar a penetração da divisão “Viking” sobre as importantes jazidas
petrolíferas situadas ao sul da localidade de Maikop. Ali teria lugar uma encarniçada batalha.

No dia 9, Maikop foi ocupada pelas unidades Panzer e as forças russas que a defendiam retiraram-se
desordenadamente para o sudoeste, onde depararam com os efetivos da divisão “Viking” e sofreram terríveis
perdas. Assim, ficaria aberto o caminho para os poços petrolíferos. As unidades mecanizadas alemães
alcançaram, a 12 de agosto, o centro mais importante, situado ao sul de Maikop, na localidade de
Chadyshenskaia. No entanto, quando os primeiros tanques penetraram no campo, depararam com um
espetáculo desolador: os poços se achavam tapados, as maquinarias destruídas, os edifícios arrasados; uma
densa nuvem de fumaça negra cobria toda a zona e se elevava a considerável altura. De muitos quilômetros
de distância era visível o incêndio e a 40 km distinguiam-se as línguas de fogo. Os poços, cimentados,
haviam sido praticamente inutilizados. As brigadas especiais alemães, integradas por peritos, não
conseguiram, apesar de seus esforços, limpar e colocar em condições de funcionamento nenhum poço. As
tropas alemães, além disso, viram-se a partir desse momento submetidas ao assédio constante de soldados
russos dispersos, e dos operários das refinarias que passaram a integrar as unidades de guerrilheiros da zona.
As montanhas, com bosques cerrados, converteram-se em verdadeiras armadilhas de morte para os homens
da Wehrmacht. As patrulhas freqüentemente desapareciam. Seus integrantes eram encontrados tempos
depois, nos bosques, crivados de balas.

Luta na montanha

Enquanto ocorriam esses acontecimentos, a massa do 17 o Exército estava ainda empenhada em duras lutas ao
norte do rio Kuban. Os russos, ante o risco de cerco iminente, ofereciam uma encarniçada resistência. Hitler,
entretanto, insistia sempre na necessidade de acelerar o ritmo das operações, sem tomar conhecimento das
tremendas dificuldades que as tropas de von List enfrentavam. Já a 9 de agosto havia enviado ordens a este
general no sentido de que, uma vez conquistada a zona petrolífera de Maikop e assegurada a travessia do
Kuban pela totalidade das forças alemães, ambos os exércitos (17 o e 1o Panzer) tratassem, sem tardar, de
atingir os objetivos fixados, sobre as costas do mar negro e do Cáspio.

O Fuhrer, uma vez mais, traçava seus planos absolutamente divorciado da realidade. As tropas do Grupo de
Exércitos A, disseminadas numa frente de quase 1.000 km de extensão, se veriam obrigadas a empenhar-se
numa sangrenta luta de desgaste, sem abrir uma brecha decisiva. As possibilidades que se ofereciam ao
exército Panzer de abrir caminho rapidamente pelo leste, rumo a Baku, foram frustradas, por ter que
empenhar grande parte de suas unidades nas operações que culminaram com a conquista de Maikop. Além
disso, um fator que agravava a situação das forças alemães era a considerável extensão de suas linhas. Com
isso os abastecimentos eram dificultados e lentos, o que ocasionou uma verdadeira crise nas linhas alemães.

No campo soviético, pelo contrário, a chegada de reforços era intensificada, dia a dia. Uma ininterrupta
corrente de homens e material bélico chegava aos portos do Mar Cáspio e era transladada, através das
montanhas, até as costas do Mar Negro.

Desta forma, gradualmente, o avanço alemão começou a demonstrar sinais, cada vez mais evidentes, de
paralisação.

Toda a fase inicial da campanha podia considerar-se fracassada. Não apenas não se havia conseguido
aniquilar os exércitos russos na estepe, como tampouco se havia conseguido irromper a tempos através das
passagens do Cáucaso, antes que as forças russas consolidassem sua situação.

As unidades do 17o Exército operavam agora numa frente que se abria em leque ao longo de 470 km, sobre a
costa do Mar Negro. Sua missão, na emergência, era abrir passagem até a costa, para aniquilar as poderosas
forças russas ali sediadas. O General Ruoff concentrou suas forças em três grupamentos: o ocidental,
constituído por duas divisões de infantaria alemães e algumas divisões romenas, devia apoderar-se, no
extremo norte, do porto fortificado de Novorossiski; o passo seguinte seria abrir caminho para o sul, ao
longo da costa; o central, constituído por duas divisões de infantaria alemães apoiadas por algumas unidades
tchecas, a divisão motorizada SS “Viking” e duas divisões de caçadores, cujo objetivo seria avançar através
das passagens do Cáucaso até o porto de Tuapse; e o grupamento oriental, formado por duas divisões
alemães de montanha e duas romenas, que deviam operar através dos picos glaciais e das altas passagens da
região do monte Elbruz, para fechar, pelo sul, as forças russas. Este último grupamento seria reforçado,
posteriormente, por um corpo integrado por três divisões alpinas italianas; esta idéia não chegou a
concretizar-se, porque estas forças foram destinadas à frente de Stalingrado.

No norte, o ataque contra Novorossiski culminou a 10 de setembro, depois de dura luta, com a ocupação da
praça por parte das unidades alemães. No entanto, quando estas pretenderam abrir caminho para o sul, ao
longo da estrada costeira, foram contidas por forças russas. A zona apta para a movimentação das unidades
alemães, entre a costa do Mar Negro e as montanhas, oscilava, na largura, entre 100 metros e 2 km. Essa
determinante geográfica facilitou os movimentos de contenção levados a cabo pelas tropas russas.

No centro, o ataque sobre Tuapse também encontrou uma irremovível resistência russa. O terreno, além
disso, formado por espessos montes, era totalmente inapto para o movimento de grandes massas de tropas. O
avanço somente era possível através de um estreito vale de 300 a 800 metros de largura, ladeado por
escarpadas ladeiras rochosas. Em que pese o terrível esforço realizado pelos alemães, cujo avanço foi
marcado por incontáveis baixas, foi impossível o rompimento.

No sul, as unidades de alta montanha alemães e romenas combateram duramente para conquistar os elevados
picos que atravessam o Cáucaso. A 22 de agosto, um grupo de alpinos alemães escalou e alcançou o cume do
monte Elbruz e ali desfraldou a bandeira da cruz gamada. Esse episódio marcou o momento culminante da
expansão alemã no território russo. Coincidentemente, também na África, as forças do Marechal Rommel,
vitoriosas, se aproximavam do Canal de Suez. Tudo parecia indicar que os planos de dominação de Hitler se
cumpririam.

Paralisa-se a ofensiva

Os êxitos alemães, contudo, repousavam sobre uma base completamente falsa. As unidades da Wehrmacht,
separadas por milhares de quilômetros de suas bases de abastecimento, desprovidas de meios de transporte
suficientes, haviam atingido já o limite máximo de sua capacidade combativa. Os russos, pelo contrário,
aumentavam dia a dia seu poderio bélico, alimentado por uma incessante corrente de homens e materiais. Em
Stalingrado, o exército alemão consumia suas últimas reservas, numa terrível batalha de desgaste. A
catástrofe, portanto, estava próxima. No flanco oriental do Cáucaso, o 1 o Exército Panzer tentou retomar seu
avanço sobre as jazidas petrolíferas de Grozny. A 30 de agosto, as unidades mecanizadas cruzaram o rio
Terek, em ambos os lados da localidade de Mosdok, porém foram contidas pela encarniçada resistência
russa. A luta, nesse setor, adquiriu extrema violência, sem que os alemães conseguissem aprofundar o seu
avanço.

Enquanto isso, as divisões de montanha realizavam um último esforço, lutando denodadamente a fim de abrir
caminho para a costa do Mar Negro. Porém ali o ataque malogrou. Algumas unidades avançadas alemães
conseguiram chegar até cerca de 20 km da costa. Os russos, no entanto, combatendo com todo vigor,
conseguiram evitar o rompimento da frente.

Ante o fracasso de seus planos, Hitler, irritado, destituiu a 10 de setembro o Marechal List e assumiu
pessoalmente o comando das forças que combatiam no Cáucaso. Sua colérica reação não parou aí. Dias
depois, a 24 de setembro, destituiu o General Halder, chefe do Estado-Maior-Geral, substituindo-o pelo
General Zeitzler. Em seguida, o Fuhrer, apesar da precária situação dos seus exércitos, instou-os a persistir na
ofensiva.

O 1o Exército Panzer, cumprindo essas determinações, prosseguiu seus inúteis ataques contra as posições
russas, ao norte de Grozny. A 25 de outubro deslocou o grosso de suas unidades sobre o flanco direito e, com
o apoio de várias esquadrilhas da Luftwaffe, conseguiu penetrar através das linhas soviéticas. Este foi,
contudo, o último avanço. Com efeito, contra-atacando violentamente, os russos os detiveram, causando
grandes perdas às unidades alemães. Chegou então o período da lama e da neve. As operações, em
conseqüência, ficaram paralisadas. Era o momento que o Comando soviético aguardava para lançar-se à
contra-ofensiva.

A 19 de novembro, os russos se lançaram ao ataque na frente de Stalingrado. Em poucos dias, as unidades


russas conseguiram cercar o 6 o Exército alemão e penetrar profundamente em direção ao rio Don, até sua
desembocadura. Dessa forma, as forças alemães que chegavam até o Cáucaso viram-se diante da mortal
ameaça de serem cercadas pela retaguarda.

Os alemães se retiram do Cáucaso

Hitler, aferrando-se à sua posição completamente afastado da realidade, reiterou aos exércitos em luta sua
anterior determinação de não ceder um só passo. Os acontecimentos, no entanto, demonstraram a
irracionalidade de seus planos. Seus generais, desesperados, procuraram demonstrar o perigo mortal que
ameaçava os exércitos alemães situados no Cáucaso. O avassalador rompimento dos russos até o Don, visava
criar ali uma nova Stalingrado, em grande escala.

Era necessário retirar-se, sem perda de tempo, do Cáucaso, e fortificar uma nova frente, a oeste do Don.
Finalmente, na noite de 27 de dezembro, e ante a gravidade da situação, o General Zeitzler conseguiu que
Hitler autorizasse o início da retirada do Grupo de Exércitos A do Cáucaso. O Fuhrer, no entanto, só permitiu
que as tropas se retirassem gradualmente, até ocupar uma linha situada à metade do caminho entre as
montanhas do Cáucaso e as margens do Don.

Hitler, sem aceitar a derrota, acreditava ainda ser possível conservar em suas mãos as jazidas petrolíferas de
Maikop, e uma extensa cabeça-de-praia, na península de Kuban, na qual se propunha reorganizar as suas
forças e lançar, posteriormente, uma nova ofensiva para o sul. Os russos, mais uma vez, impediram seus
alienados planos.

A 12 de janeiro de 1943, os soviéticos descarregaram, no norte, um novo golpe contra as cambaleantes linhas
alemães. Em poucos dias conseguiram aniquilar o 2 o Exército húngaro e parte do 8o italiano e penetraram
profundamente por uma brecha de mais de 300 km de largura, rumo ao sul. Simultaneamente, unidades
blindadas russas irromperam até a desembocadura do Don. Toda a frente alemã ameaçava, a essa altura dos
acontecimentos, desmoronar-se estrepitosamente. Hitler, porém, prosseguiu aferrado à sua decisão de não
retroceder um metro além do estritamente necessário.
Desdenhando os conselhos de seus assessores militares, o Fuhrer alemão permitiu que somente quatro
divisões do Grupo de Exércitos A se retirasse para o norte, para Rostov, através do estreito corredor que
ainda restava. Em seguida, ordenou, a 27 de janeiro, que a massa das forças alemães do Cáucaso, integradas
por cerca de 400.000 soldados, se entrincheirassem na cabeça-de-ponte de Kuban. Ali, ficaram imobilizadas,
longe do principal teatro das operações, sem prestar ajuda alguma às forças da Wehrmacht, que lutavam
desesperadamente no Don, numa suprema tentativa de conter as penetrações russas. Assim terminou, com
esta última catástrofe, a tentativa alemã de alcançar as vitais fontes de petróleo do Cáucaso. A partir desse
momento, a Alemanha se precipitou, inexoravelmente, pelo caminho da derrota total. A inabalável resistência
russa em Stalingrado e no Cáucaso havia decidido o destino da guerra.

A luta no setor central

Paralelamente às decisivas ações que se operavam no Cáucaso e Stalingrado, o exército alemão teve que
enfrentar uma grave ameaça, no setor central, frente a Moscou. Ali, os alemães, depois de sua fracassada
ofensiva contra a capital russa, de outubro a dezembro de 1941, haviam conseguido manter um posto
avançado, cujas linhas de vanguarda estavam situadas a quase 200 km de Moscou.

No curso do verão de 1942, quando a Wehrmacht, por ordem de Hitler, levava a cabo com o grosso de seus
efetivos o arrasador ataque contra Stalingrado e o Cáucaso, os russos, apesar de sua situação crítica no setor
meridional, realizaram repetidos e encarniçados assaltos contra as posições alemães em frente à Moscou. O
objetivo dessas ações era forçar os alemães a reter o maior número possível de tropas no setor central,
impedindo-os de reforçar as unidades que avançavam sobre Stalingrado.

Durante todos esses meses decisivos, de junho a novembro de 1942, os russos tentaram várias vezes romper
as linhas alemães. A luta alcançou uma intensidade implacável. Homens de um lado e de outro combatiam
sem dar nem pedir trégua e o número de prisioneiros se reduziu a uma quantidade baixíssima, que dá uma
idéia da encarniçada luta.

Ao aproximar-se o inverno, no QG de Hitler, analisou-se, com temor, a situação das unidades do Grupo de
Exércitos Centro, comandado por von Kluge, que dirigia as operações da frente de Moscou. Acreditava-se,
nesse momento, princípio de novembro de 1942, que os russos, para aliviar a pressão que suas forças sofriam
em Stalingrado e no Cáucaso, reativaram seus velhos planos, que haviam tentado realizar, anteriormente,
sem êxito. Esses planos consistiam em envolver, mediante uma dupla manobra de pinças, o posto avançado
alemão, para avançar de forma convergente sobre a cidade de Smolensk.

Assim, de acordo com essa manobra, o grosso do Exército alemão ficaria cortado. Essas unidades somavam,
no total, umas 70 divisões. Contra elas, os russos estavam em condições de lançar, segundo os cálculos do
Serviço de Informações alemão, umas 114 grandes unidades, entre divisões e unidades menores.

O setor mais fraco da frente alemã era a ala esquerda, em redor da localidade de Veliki Luki, ponto de união
com o Grupo de Exércitos Norte.

Tratou-se de reforçar essa zona com unidades do 11 o Exército, que atuava até esse momento na zona de
Leningrado. Porém, ao se produzir, em 19 de novembro de 1942, a grande ofensiva no sul, frente a
Stalingrado, todas as unidades de reserva disponíveis foram aceleradamente enviadas a essa zona. Assim, o
Grupo de Exércitos Centro se viu obrigado a enfrentar o iminente ataque com seus recursos exclusivos. Ao
caírem as primeiras nevadas, a 24 de novembro, iniciou-se o ataque soviético. O principal impacto se voltou
contra o setor da frente defendido pelo 9o Exército alemão, no flanco norte do posto avançado, ao lado do
reduto de Veliki Luki. A crise prevista, então concretizou-se.

Três exércitos russos, o 20o, o 41o e o 22o, conseguiram realizar profundas penetrações nas linhas alemães.
Enquanto isso, no extremo norte do posto avançado, dominado pela localidade de Rshev, outro exército
russo, o 19o, tentou romper as posições alemães, mas foi rechaçado com grandes baixas. Recorrendo a
unidades improvisadas e a todas as reservas, o 9 o Exército alemão conseguiu finalmente, em meados de
dezembro, refazer suas linhas e repelir as investidas soviéticas ao longo de toda a frente.

Em Veliki Luki, contudo, a situação se desenrolou desfavoravelmente para os alemães. Um corpo de


exército, apoiado por diversos grupamentos, entre os quais se encontravam duas divisões da Luftwaffe,
unidades que acabavam de chegar à frente e careciam de qualquer experiência de combate, foram atacadas
pelas tropas do 3o Exército de choque soviético. As unidades desse exército, integradas por mais de 15
divisões, romperam a frente, abrindo uma brecha de cerca de 30 km de extensão, e cercaram completamente
a guarnição de Veliki Luki. As forças alemães se retiraram, acossadas pelo embate avassalador, deixando
para trás, cercados, milhares de companheiros. Combatendo furiosamente, os alemães conseguiram
finalmente frear o avanço dos russos, no mês de dezembro. Montou-se então um contra-ataque para libertar
os homens sitiados em Veliki Luki, aos quais Hitler havia ordenado terminantemente que não capitulassem.
As tropas de resgate conseguiram, depois de dura luta, aproximar-se até poucos quilômetros da praça visada.
Seu esforço, contudo, foi inútil. A 15 de janeiro de 1943, os russos eliminaram os últimos focos de
resistência e entraram na cidade.

Estas operações puseram fim aos ataques russos no âmbito do Grupo de Exércitos Centro. Apesar de haver
resistido ao embate dos soviéticos, as forças alemães haviam debilitado o seu poderio, de forma alarmante.

Anexo
A destituição de Halder
A 24 de setembro de 1942, Hitler, depois de uma violenta discussão, destituiu o General Halder, que desde 1938 exercia
o cargo de chefe do Estado-Maior-Geral do Exército. A razão: o veterano chefe havia ousado anunciar-lhe que a
ofensiva contra Stalingrado e o Cáucaso estava inexoravelmente, condenada ao fracasso. Eis as anotações de Halder:
“Hitler se obstinava em acreditar que os russos estavam liquidados. Reprovou o Estado-Maior com palavras acres,
acrescentando que carecia de audácia, e até que, debaixo da máscara da objetividade, escondia sua covardia. E
ridicularizava os informes que lhe eram apresentados, quase diariamente, procedente da frente de combate e do serviço
de escuta do rádio, comunicando a constante entrada em ação de novas unidades; argumentava que só teóricos cairiam
na armadilha dos truques de Stalin.
“Apresentou-se a Hitler um estudo baseado em dados irrefutáveis, segundo o qual, em 1942, a Rússia poderia dispor, na
zona do norte de Stalingrado e oeste do Volga, de uma massa de um milhão e meio de homens e ao norte do Cáucaso de
outro meio milhão pelo menos; e finalmente lhe foi exibida a prova de que a produção russa estava em condições de
prover, mensalmente, a frente de combate com, pelo menos, 1.200 tanques. Então, Hitler com boca espumante e os
punhos fechados, proibiu o informante de continuar com “tão estúpida charlatanices”.
“Não era necessário possuir o dom da profecia para adivinhar o que ocorreria se Stalin colocasse em movimento para
Stalingrado e o Don o milhão e meio de combatentes que havia reunido. Isto eu o disse a Hitler com toda clareza. O
resultado foi a destituição do chefe do Estado-Maior do Exército. É característica a breve conferência que teve Hitler
com ele depois deste último informe oficial. Hitler queixou-se amargamente dos constantes desacordos, e enumerou
com exatidão de datas, todos os dias em que estes desacordos se haviam transformado em cenas dramáticas que o
haviam magoado profundamente. Essa luta constante, disse, lhe custara a metade de sua energia nervosa. O assunto não
valia a pena. Para o que ainda restava ao Exército por fazer, não faziam falta “conhecimentos profissionais, mas ardente
fé nacional-socialista”, que não se poderia encontrar num oficial da velha escola.

Grupo de Exércitos “A”


Comandante-chefe: Marechal von List
17o Exército (General Ruoff)
5o Corpo de Exército: duas divisões de infantaria alemães e duas de apoio romenas
58o Corpo de Exército: duas divisões de infantaria alemães, uma tcheca, e a divisão motorizada SS Viking
44o Corpo de Exército: duas divisões de caçadores alemães
40o Corpo de Exército: duas divisões de montanha alemães
Efetivos: cerca de 100.000 soldados
1o Exército Panzer (General von Kleist)
3o Corpo Panzer: duas divisões Panzer e uma motorizada
40o Corpo Panzer: uma divisão Panzer, uma motorizada alemã e outra romena, uma divisão de caçadores
42o Corpo de Exército: duas divisões de infantaria
Efetivos: 150.000 soldados e cerca de 300 tanques
4o Corpo Aéreo
Dois grupos de caças, dois grupos de Stukas, dois de caça-bombardeiros e uma esquadrilha de exploração

Guerrilheiros
Os caminhões da coluna alemã puseram-se em marcha lentamente. No primeiro, estudando minuciosamente os mapas
da região, três oficiais da Wehrmacht discutiam em voz baixa. A zona, afastada da frente de operações, era perigosa. E
eles o sabiam. O Serviço de Inteligência havia informado, repetidas vezes, acerca da presença de grupos de
guerrilheiros nos arredores. Os comandos locais, várias vezes também, insistiram na necessidade de “filtrar” a zona,
limpando-a de combatentes irregulares. Porém essa tarefa parecia impossível. Com efeito, os guerrilheiros, sob as
ordens de oficiais do Exército Vermelho, superavam os alemães quanto ao conhecimento geográfico da região.
Conheciam muito bem os habitantes, seus costumes, seus recursos e sua ideologia. Em resumo: conheciam o terreno
que pisavam sob todos os pontos de vista.
Um grupo guerrilheiro estava, geralmente, muito bem informado a respeito dos movimentos das unidades alemães, sua
quantidade de efetivos, seu armamento e, muitas vezes, suas intenções. Os alemães ao contrário, ignoravam tudo, ou
quase tudo. Somente informações dispersas, fragmentadas, muitas vezes falsas, orientavam os movimentos alemães. Por
isso a extrema precaução da Wehrmacht. E por isso, também, as emboscadas freqüentes.
Os caminhões da coluna motorizada alemã avançavam em marcha reduzida. Em cada um deles, carregados com todo o
seu equipamento, 20 soldados viajavam sentados no chão do veículo. Observando atentamente a beira do caminho,
viam-se dois soldados em cada veículo. À frente da coluna, 100 metros à frente do primeiro caminhão, uma motocicleta
com sidecar transportava dois homens. Eram os observadores.
De repente, escutou-se um disparo isolado. Em seguida, como respondendo a uma ordem, uma descarga cerrada cobriu
os gritos de alarma dos soldados. Os oficiais, saltando do primeiro caminhão, deram a ordem de abandonar os veículos
e de entrincheirar-se de ambos os lados da estrada. Um após outro, os homens correram, agachados, até os fossos que
margeavam o caminho. Rapidamente, carregando suas armas, abriram fogo às cegas, disparando sem interrupção,
contra um inimigo que permanecia invisível.
O combate durou no máximo cinco minutos. Inesperadamente, como iniciara, o fogo dos guerrilheiros cessou. Um
profundo silêncio se estendeu pelas linhas dos atacantes. Os alemães, diminuindo a intensidade de seus disparos,
começaram a erguer as cabeças. Um dos oficiais levantou o braço. O fogo parou. Rapidamente, organizou-se uma
patrulha. Um suboficial e quatro soldados saltaram do fosso, e, arrastando-se, aproximaram-se das linhas inimigas.
Vinte minutos depois regressaram. Os russos haviam desaparecido com o mesmo sigilo com que chegaram. Alguns
rastros de sangue indicavam que os feridos haviam sido levados na retirada.
Um instante depois, reorganizada a coluna, a marcha foi retomada. Atrás deles ficavam, sepultados à beira do caminho,
os homens que haviam tombado. Outros, feridos, viajavam dentro dos caminhões.
Essa forma de combate astuta, inesperada, conduzia a dois objetivos: provocar baixas no inimigo e minar a sua moral.
De fato, nada mais destruidor para a estabilidade emocional de um soldado que a certeza do próximo ataque, com
absoluto desconhecimento de lugar, dia e hora, com total ignorância da posição do inimigo, de suas forças e de suas
intenções.
Muitas vítimas causaram à Wehrmacht o ataque dos guerrilheiros. As baixas chegaram a centenas de milhares. E o que
era mais grave para o Alto-Comando alemão, obrigaram a deslocar da frente de combate grande número de unidades.

Final inevitável
Os oficiais alemães examinaram a planície que se estendia diante deles, minuciosamente, focalizando-a com seus
binóculos. À simples vista o espetáculo era estranho. Através de suas lentes de aumento, entretanto, adquiria uma
dramática clareza. O terreno, à frente, descia suavemente e se perdia ao longe. Da altura em que os oficiais estavam,
podia-se ver, na distância, os inúmeros veículos de várias colunas de abastecimento do inimigo. Os russos, ante o
surpreendente avanço dos alemães, procuravam, desesperadamente, levar para longe dali aquela centena de caminhões.
Os oficiais alemães, no entanto, compreenderam logo que aquela formação russa estava condenada.
Assim era, porque sua posição não podia ser mais desfavorável e, além disso, careciam de elementos blindados ou de
artilharia que pudessem oferecer proteção adequada aos veículos. Por isso procuravam, febrilmente, fugir dali.
Os oficiais alemães baixaram seus binóculos e se afastaram, sem pressa. Algumas ordens foram dadas, e várias baterias
começaram a tomar posição. Os tanques, por sua vez, se aproximaram do local. Dois minutos depois uma sucessão de
disparos ribombou nas linhas alemães. Os projéteis, em penca, começaram a cair sobre a concentração de caminhões
russos. Um carro-tanque foi o primeiro a receber os impactos. Explodiu com uma violência inaudita erguendo uma
língua de fogo e uma espessa nuvem de fumaça negra. Depois dele outro e mais outro. Os russos, desesperadamente,
tratavam de afastar os caminhões carregados de combustível. Arrastando-os, empurrando-os, tirando-os dali de mil
maneiras, procuravam salvá-los daquele bombardeio que, mais que um combate formal, parecia um exercício de tiro de
artilharia.
Meia hora depois tudo estava terminado. Uma sucessão de massas negras, indefinidas, marcava o local onde o comboio
havia sido surpreendido. Corpos dispersos, a maioria calcinados, estavam atirados aqui e acolá, sobre os caminhões e
debaixo deles. Nada restava com vida. A pontaria precisa da artilharia alemã, disparando sobre aquele alvo estático,
impossibilitado de movimento algum, havia apagado até o último vestígio de vida.

Heroísmo
Os soldados alemães movimentavam-se lentamente ao longo das ruas do povoado. Uma coluna de caminhões e alguns
veículos blindados já haviam cruzado por ali e estavam estacionados na praça principal. Tratava-se, sem dúvida alguma,
do local mais bem protegido da cidadezinha, por estar rodeado de edifícios que impediam a visão direta das trincheiras
russas. Horas depois, distribuídas as sentinelas, grande parte dos homens receberam permissão para um rápido
descanso. Os alemães, sem esperar repetição da ordem, dispersaram-se pelos lugares protegidas e caíram, em poucos
minutos, no mais profundo sono.
Duas horas se passaram. Algumas sentinelas passeavam lentamente pelas ruas desertas. Outras vigiavam do alto dos
tetos das casas. O silêncio era total. De súbito um silvo fez com que os homens se lançassem rapidamente ao solo. Foi
apenas um instante. Ouviu-se em seguida a explosão atroadora no silêncio reinante. Depois da primeira, produziu-se
outra e mais outra.
Os alemães compreenderam. A artilharia russa havia começado a bombardear o lugarejo. Os oficiais logo distribuíram
suas ordens. Pequenos grupos de soldados correram pelas ruas e tomaram posições.
Um cinturão de homens e metralhadoras rodeou os caminhões e tanques estacionados na praça central. Porém o assalto
esperado não se produziu. Em troca, um certeiro fogo de artilharia começou a martelar os arredores da praça,
aproximando-se mais e mais dos caminhões e tanques. Minutos depois, o tiro da artilharia russa, evidentemente dirigido
por um observador, atingiu os veículos e a zona circundante. Às pressas, tanques e caminhões foram removidos para
outro local. Os projéteis, enquanto isso, continuavam caindo sem interrupção no lugar onde os veículos haviam estado
parados. Pouco depois, seguindo as evidentes instruções do observador, os disparos começaram a cair na nova
localização dos veículos.
Duas horas depois o bombardeio estava terminado. Vários tanques destruídos eram testemunhas da orientação precisa
proporcionada aos artilheiros russos pelo observador desconhecido.
Sem perda de tempo, os oficiais alemães estudaram minuciosamente a situação. Seguindo a trajetória dos disparos, foi
possível determinar a posição das baterias russas que haviam bombardeado a região. Posteriormente, marcando sobre
um mapa as duas posições que os veículos haviam ocupado dentro da cidade, localizou-se um pequeno setor que sem
dúvida, devia estar os informantes. Várias patrulhas foram logo enviadas. E a rápida operação foi coroada de êxito.
Diante deles erguia-se a torre de uma antiga igreja. Aquele era o único lugar de onde se divisaria o movimento dos
tanques alemães. Um oficial aproximou-se da torre, e munido de um megafone, em russo, intimou à rendição os seus
prováveis ocupantes. Depois de alguns instantes de silêncio, uma cabeça assomou no alto, por uma janela. E o homem
falou de dentro da torre, identificando-se como um oficial russo. Sem a menor alteração na voz, respondeu às ordens do
oficial alemão, lamentando ter que negar-se a se entregar.
Surpreendido com aquela demonstração de coragem, o oficial alemão renovou o pedido de rendição, dizendo, ao
mesmo tempo, que não podia ordenar que um homem corajoso fosse morto naquelas condições, sem a menor
possibilidade de salvar a vida. Um ou dois segundos passaram, e novamente a mesma cabeça assomou no alto da janela.
Com uma linguagem semelhante à da primeira oportunidade, o oficial russo respondeu, cortêsmente, que não se
entregava.
Depois de um instante de vacilação, lamentando-se intimamente, o oficial alemão deu uma ordem. Uma granada cruzou
o ar em direção à torre. Um segundo depois uma tremenda explosão encheu a praça de logo um montão fumegante de
escombros era rodeado pelos soldados alemães. Entre as ruínas, os corpos de dois oficiais soviéticos se destacavam. A
uma ordem do oficial alemão que comandava o grupo, os soldados alemães apresentaram armas, rendendo homenagem
à coragem dos que morreram.

O desfile da morte
Ssagopschin. Duas companhias de tanques, depois de dura luta, acabam de conquistar o povoado. A infantaria, enquanto
isso, aproximando-se da zona de luta, trata de consolidar a posição.
As intenções dos atacantes, contudo, vêem-se dificultadas por dois elementos vitais: a extraordinária quantidade de
forças russas que estão distribuídas pela zona e a configuração do terreno. Os russos, em verdade, dispõem de grande
quantidade de material de artilharia, especialmente peças de 12 e 18 cm e também de 7.62 que são disparadas, sem
interrupção, sobre os alemães. O terreno, semeado de colinas e quebradas, é uma obra de fortificações natural
praticamente inexpugnável.
Durante as horas do dia, os tanques das duas companhias alemães resistiram ao fogo das baterias russas. Ao chegar a
noite, entretanto, a posição estava impossível de defender. Com efeito, sem o apoio da infantaria, qualquer tentativa de
permanecer no povoado podia converter-se num verdadeiro desastre.
Decide-se então retirar os carros blindados da cidadezinha. E assim se procede, à espera de condições favoráveis para o
avanço posterior da infantaria.
Quando a marcha desta fica decidida, os comandantes das unidades deparam com um gravíssimo problema: seus
homens deverão avançar através de um terreno de uns 6 km, desprovidos de acidentes naturais, plano, descoberto em
toda a extensão. O fogo das armas russas, além disso, cobrindo o setor, transformará aquela passagem numa verdadeira
armadilha de morte. Porém, o ataque é decidido. E somente para se ter uma idéia da manobra, basta saber que os
homens deviam avançar correndo, sem poder se abaixar, e sem se deter nunca.
Ao se iniciar o ataque, tal como se havia previsto, os homens se viram diante de um terrível e arrasador fogo das
baterias russas. Expostos ao aniquilamento, os soldados tiveram que deter sua marcha e, febrilmente, tratar de defender
a vida. Cada homem, então, teve que improvisar seu próprio refúgio, escavando o solo numa desesperada tentativa de
escapar à morte. Centenas de pequenos buracos foram abertos. No interior, apertando-se contra o fundo, soldados,
suboficiais e oficiais, permaneceram debaixo de um dilúvio de fogo, ouvindo o silvo das granadas e as explosões, os
gritos de dor dos feridos e as ordens que se gritavam de grupo a grupo, de homem a homem. Os russos, sem descanso,
descarregavam todas as suas armas sobre o vale. Milhares de projéteis semearam a terra, metro a metro. Era a mesma
terra em que centenas de homens, colados ao chão, tratavam de afundar um centímetro mais, na desesperada tentativa
de sair com via daquele inferno.
O “desfile da morte” foi, para centenas, o instante mais terrível, o derradeiro instante.

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