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UNIVERSIDADE FEDERAL DA INTEGRAÇÃO LATINO AMERICANA - UNILA

INSTITUTO DE TECNOLOGIA, INFRAESTRUTURA E TERRITÓRIO


ENGENHARIA DE ENERGIA

ANÁLISE FINANCEIRA DO SISTEMA TARIFÁRIO ENERGÉTICO BRASILEIRO


MERCADO CATIVO X MERCADO LIVRE

Camila Bonatto de Melo

FOZ DO IGUAÇU
2017
UNIVERSIDADE FEDERAL DA INTEGRAÇÃO LATINO AMERICANA - UNILA
INSTITUTO DE TECNOLOGIA, INFRAESTRUTURA E TERRITÓRIO
ENGENHARIA DE ENERGIA

ANÁLISE FINANCEIRA DO SISTEMA TARIFÁRIO ENERGÉTICO BRASILEIRO


MERCADO CATIVO X MERCADO LIVRE

Trabalho entregue para a disciplina de Engenharia


Econômica do curso de Engenharia de Energia,
como requisito final para avaliação do semestre.
Professor: Dr. Walber Braga.

FOZ DO IGUAÇU
2017
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO................................................................................................................................1
2. INDÚSTRIA DE ENERGIA ELÉTRICA........................................................................................2
3. MERCADO LIVRE (ACL) x MERCADO CATIVO (ACR)..........................................................3
4. MERCADO CATIVO......................................................................................................................4
4.1 Sistemas de leilões.....................................................................................................................4
5. ESTRUTURA DA TARIFA FINAL DE ENERGIA ELÉTRICA....................................................5
6. CONCLUSÃO..................................................................................................................................7
7.REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS..............................................................................................8
1. INTRODUÇÃO

O Brasil é um país com quase 207,8 milhões de habitantes, segundo estimativas do


Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), e se destaca como a quinta nação
mais populosa do mundo. Segundo dados divulgados pela Agência Nacional de Energia
Elétrica (Aneel), o país conta com mais de 72,7 milhões de unidades consumidoras de
energia elétrica em 99% dos municípios brasileiros, onde destas cerca de 85% é
residencial.
As hidrelétricas respondem por aproximadamente 80% da eletricidade gerada. Isso
significa que, por um lado o país conta com uma fonte mais barata para produção de
eletricidade em larga escala, a geografia dos rios determina a localização dessas plantas,
não necessariamente próximas aos centros de consumo. Por isso, o país precisa contar
com um amplo sistema de transmissão, a chamada rede básica. A transmissão (ou
transporte de energia) é feita em alta-tensão, necessária para reduzir o nível da perda de
energia no processo. As alterações nos níveis de tensão são feitas nas subestações. A
entrega da energia para a maioria dos consumidores se dá em baixa tensão, por meio das
redes distribuidoras.
Ao chegar na residência existem dois tipos de consumidores para esta energia elétrica,
que podem ser cativos ou livres. Os primeiros contratam a energia da distribuidora da
região em que se encontra. Já os consumidores livres podem adquiri-la diretamente dos
geradores, via comercializadoras.

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2. INDÚSTRIA DE ENERGIA ELÉTRICA

A partir da década de 1990, buscando eficiência e autonomia econômica, o setor elétrico


mundial começa a passar por reformas estruturais em sua forma de operação, sofrendo
influência da doutrina do estado mínimo no pensamento econômico. Como resultado
destas reformas, que também ocorreram no Brasil, os segmentos de geração, transporte
e comercialização de energia passam a ser separados, sendo administrados e operados
por agentes distintos.
A ideia predominante foi a de que a livre concorrência deveria prevalecer onde fosse
possível, relegando ao estado o papel da regulação onde necessário. Neste contexto, os
segmentos de geração e comercialização foram caracterizados como segmentos
competitivos, dada a existência de muitos agentes e também pelo fato do produto, a
energia elétrica, ser homogêneo, como uma commodity.

Por sua vez, os setores de transporte da energia – a transmissão e a distribuição – são


considerados monopólios naturais, pois sua estrutura física torna economicamente
inviável a competição entre dois agentes em uma mesma área de concessão. Nestes dois
segmentos, predomina o modelo de regulação de preços ou regulação por incentivos.

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3. MERCADO LIVRE (ACL) x MERCADO CATIVO (ACR)

O mercado de energia no Brasil está divido em ACR( Ambiente de Contratação


Regulada), onde estão os consumidores cativos, e ACL (Ambiente de Contratação Livre),
formado pelos consumidores livres.
Os consumidores cativos são aqueles que compram a energia das concessionarias de
distribuição às quais estão ligados. Cada unidade consumidora paga apenas uma fatura
de energia por mês, incluído o serviço de distribuição e a geração de energia, e as tarifas
são reguladas pelo Governo.
Os consumidores livres compram energia diretamente dos geradores ou
comercializadores, através de contratos bilaterais com condições livremente negociadas,
como preço, volume, etc. Cada unidade consumidora paga uma fatura refente ao serviço
de distribuição para a concessionaria local (tarifa regulada) e uma ou mais faturas
referentes à compra da energia (preço negociado de contrato).
A principal vantagem nesse ambiente é a possibilidade de o consumidor escolher, entre
os diversos tipos de contratos, aquele que melhor atenda às suas expectativas de custo e
benefício.

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4. MERCADO CATIVO

A opção tradicional dos consumidores é adquirir a energia no Ambiente de Contratação


Regulada (ACR). Trata-se da contratação compulsória via a distribuidora da região em
que estão. As tarifas pelo consumo da energia são fixadas pela Agência Nacional de
Energia Elétrica (Aneel) e não podem ser negociadas. Todos os consumidores
residenciais estão nesse mercado, assim como algumas empresas comerciais, industriais
e consumidores rurais.

4.1 Sistemas de leilões


Do Ambiente de Contratação Regulada (ACR) participam, na parte comprada, apenas as
distribuidoras, para as quais essa passou a ser a única forma de contratar grande volume
de suprimento para o longo prazo. As vendedoras da energia elétrica são as geradoras. O
início da entrega é previsto para ocorrer um, três ou cinco anos após a data de realização
do leilão.
O MME determina a data dos leilões, que são realizados pela Aneel e pela CCEE. Por
meio de portaria, fixa o preço teto para o MWh a ser ofertado, de acordo com a fonte da
energia: térmica ou hídrica. Como as geradoras entram em “pool” (ou seja, a oferta não é
individualizada), a propriedade é dada ao vendedor que prática o menos preço. Os
valores máximos devem ser iguais ou inferiores ao preço teto.
Os leilões dividem-se em duas modalidades principais: energia existe e energia nova. A
primeira corresponde a produção das usinas já em operação e os volumes contratados
são entregues em prazo menor. A segunda, à produção de empreendimento em processo
de leilão das concessões e de usinas que já foram outorgadas pela Aneel e estão em fase
de planejamento ou construção. Neste caso, o prazo de entrega geralmente é de três ou
cinco anos. Além deles, há os leilões de ajuste e os leilões de reserva. Nos primeiros, as
distribuidoras completam o volume necessário ao atendimento do mercado, desde que ele
não superem 1% do volume total. Nos leilões de reserva, o objeto de contratação é a
produção de usinas que entrarão em operações apenas em caso de escassez da
produção das usinas convencionais.

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5. ESTRUTURA DA TARIFA FINAL DE ENERGIA ELÉTRICA

A tarifa de energia elétrica do consumidor final no Brasil é regulada pela Agência Nacional
de Energia Elétrica (Aneel). Trata-se de um serviço publico com um dos maiores índices
de cobertura da população brasileira, além de insumo básico para diversos ramos
econômicos ligados à indústria, agricultura e aos serviços. De acordo com os dados da
Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (Pnad-IBGE), em 2013, 99,6% da população
brasileira tinha acesso ao serviço de energia elétrica.
Para definir a tarifa de energia ao consumidor final de cada concessionária distribuidora, a
Aneel divide a estrutura de custos das empresas em duas partes:
1) custos não gerenciáveis, ou parcela A;
2) custos gerenciáveis, ou parcela B;

O quadro 1 mostra a composição das duas partes – a soma delas é a tarifa cobrada do
consumidor final. Importante mencionar que, na tarifa final, há ainda significativa
incidência de tributos. A estimativa da Aneel para a participação média de cada um
desses itens na tarifa de 2013 foi a seguinte: 35% de geração; 21% de distribuição
(Parcela B); 4% de encargos; 3% de transmissão e 37% de tributos (ICMS e PIS/Confins).

Por não serem gerenciáveis, os custos com a Parcela A (compra de energia, transmissão
e encargos setoriais) são integralmente repassados ao consumidor. Esses custos são
calculados a partir de projeções de mercado referentes à disponibilidade e à demanda de
energia. Eventuais distorções entre as projeções das concessionárias e os custos efetivos
dessas empresas são ajustadas por meio de correções nas tarifas autorizadas pela Aneel.
A Aneel possui três modalidades de correção das tarifas:

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– O Reajuste Tarifário Anual (RTA): que te como objetivo reestabelecer o poder de
compra da receita obtida por meio das tarifas praticadas pela concessionária. Os
reajustes são autorizados ao longo do ano, de acordo com um calendário estabelecido
pela Aneel.
– A Revisão Tarifaria Periódica (RTP): que é um processo que ocorre em todas as
concessionárias distribuidoras, em média, a cada quatro anos, com o objetivo de redefinir
o nível das tarifas para preservar o equilíbrio econômico-financeiro da concessão e, ao
mesmo tempo, transferir aos consumidores eventuais ganhos de eficiência, observados
durante o período de revisão.
– A Revisão Tarifaria Extraordinária (RTE): que pode ser realizada a qualquer tempo, a
pedido da distribuidora, diante de algum evento adverso que provoque significativo
desequilíbrio econômico-financeiro para a concessão.

Apesar de o modelo regulatório atuar principalmente sobre os custos da Parcela B (custos


gerenciáveis pelas distribuidoras), a maior proporção da tarifa paga pelo consumidor se
encontra na Parcela A. As variações nas tarifas de energia nos últimos três anos
decorreram de mudanças nos custos dessa Parcela (compra de energia, transmissão e
encargos setoriais).

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6. CONCLUSÃO

A partir dos dados recolhidos pode-se definir que o mercado cativo de energia elétrica
abrange a maior parte da comercialização brasileira. O consumidor cativo tem como
distribuidor o fornecedor compulsório, com as tarifas reguladas e esta a merce de
incertezas, erros e acertos do planejamento centralizado de governo e da distribuidora.
Participa do rateio dos custos das diferenças entre gerações programadas e realizada, ou
seja, está exposto a riscos e não tem como gerenciá-los.

Já para o consumidor livre, que não está popularizado no país, a energia elétrica é
livremente negociada. O consumidor tem a obrigação de comprovar 100% de contratação,
após a medição do montante consumido. O valor de sua energia é resultante de sua
opção individual de compra, que poderá incluir contratos de diferentes prazos e maior ou
menor exposição ao preço de curto prazo. No mercado livre o consumidor é responsável
por gerir incertezas e por seus erros e acertos na decisão de contratação. Assim, o
consumidor livre toma para si a tarefa de gerir suas compras de energia e os riscos
associados.

A decisão de migrar para o mercado livre é individual de cada consumidor. Alguns fatores
devem ser levados em conta na tomada de decisões: a importância de energia para seu
processo produtivo, o valor da energia quando comparado com os custos de seus
insumos e com rentabilidade de seu negócio, além de fatores específicos como a
compatibilidade do perfil de consumo com tarifas do cativo, elasticidade do consumo,
capacidade de reduzir ou ampliar consumo, de implementar projetos de eficiência, de
consumir outro energético, de deslocar produção no tempo ou espaço entre outros. Além
disso, deve atender a critérios estabelecidos em lei para ter o direito de escolher.

Neste contexto a recomeçadão é que o consumidor interessado na migração busque


ajuda especializada para avaliar adequadamente suas opções.

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7.REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) – disponível em www.aneel.gov.br. Acesso


em Julho de 2017.

Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE) – disponível em


www.ccee.org.br. Acesso em Julho de 2017.

Empresa de Pesquisa Energética (EPE) – disponível em www.epe.gov.br. Acesso em


Julho de 2017.

Ministério de Minas e Energia (MME) – disponível em www.mme.gov.br. Acesso em Julho


de 2017.
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) – disponível em www.ibge.gov.br.
Acesso Julho de 2017.

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