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Diário da Manhã WWW.DM.COM.

BR GOIÂNIA, SEGUNDA-FEIRA, 3 DE SETEMBRO DE 2018 1

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Ecos da Terra Ronca


Batista
WALDEMIR BARRETO /AGÊNCIA SENADO JOTA EURÍPEDES / ARQUIVO DM

Custódio
Editor-geral do

O
uço com atenção as reclama-
ções nas conversas e leio com
preocupação as cobranças
nos artigos das pessoas na fa-
mília do povo goiano, questionando-me,
desafiosas, a ausência súbita dos meus
editoriais frequentes e contínuos ao longo
dos 59 anos de jornalismo claro no idealis-
mo, sem baixar a voz às tocaias do jagun-
cismo político, nem calar-me nos cárceres
da ditadura, ou agachar-me ao chão das
lutas nos cantos da liberdade e às rosnas
da corrupção, como quando um governa-
dor fechou o Cinco de Março nas fechadu-
ras do golpe fardado-paisano, em 1964, e
outro governador fechou o Diário da Ma-
nhã na reabertura democrática, em 1984.
O que a vida trouxer, a gente tem que
receber. É-me impossível voltar de olhos
secos à clausura dos desencantos moe-
dores do meu sentimento na sensação
de que tudo estava acabado agora. Era Ronaldo Caiado (DEM) Iris Rezende (MDB) e Marconi Perillo (PSDB)
a laje dos sonhos onde amigos fogem, e
parentes raleiam, sob o manto do misté- Não entro nas águas sagem dos cerrados goianos. Agora ima- do Caiado no eleitorado, com arcos de
rio quase falando nos silêncios, e eu se- da maldade humana. ginem uma dessas tempestades brabas outros. E se esquecem de que as flechas
guia na vala dos sozinhos na desolação, Onde houver ódio, que ocorrem nas mudanças de tempo. têm suas digitais, bastante conhecidas.
lembrançoso. não estarei. Ele envenena as mentes. E contemplem o cenário das ventanias Por isso, quanto mais a equipe de jorna-
Como se ouvisse gritos de feridas cala- Onde existir vindita; na imagem dos outeiros. Árvores balan- listas do Palácio escreverem artigos, para
das no coração. não irei. Ela sacia-se na dor das vítimas. çando as copas. Galhos quebrados cam- outros assinarem, atacando o Ronaldo,
Segurasse na cabeça voos de ideias no Onde houve cobiça, balhotam no ar, jogam ninhos ao chão. tanto mais ele crescerá no eleitorado.
pensamento. não estarei. Ela não tem Tocos rolam deitados, dão pinotes de pé Ronaldo Caiado tem na firmeza da
Arrastasse no peito afagos carinhosos freios na ambição. e se despedaçam nas pedras. Folhas se- coerência política a retidão do caráter.
de mãos sujas da ingratidão. Onde estiver a hipocrisia, cas são espalhadas sem rumo e vão cain- Não rouba. Não mente. Não trai. Nem
E sentisse na face a friagem do beijo de irei embora. Ela mente a verdade. do onde os ventos levam-nas. Bichos rea- é líder de passarela. Nem é de correr do
Judas vindo de bocas que deixam, onde Onde souber de delatores, gem assustados, uns ficam quietos detrás medo. Nem é de desfraldar bandeiras
passam, o hálito das mordidas na traição. não fico. Eles venderam Cristo. dos troncos grossos, outros correm zigue- de encomendo em seu mastro. É justo.
A corrupção na vida pública é particu- Onde estão ingratos, zagueando espavoridos, muitos saem de Se Ronaldo Caiado fosse governador de
lar no mundo dos políticos. A mazela que evito ir. Eles matam amigos no coração. tocas para ver o rebuliço e são devorados Goiás, a estátua de Pedro Ludovico não
um vê em outro, espelha os dois na mol- Onde sei de traidores, pelas aves de rapina que não perdem a estaria escondida debaixo daquelas ár-
dura das falcatruas, amostra neles e à vista saio. Eles têm inveja de heróis e oportunidade de atacar nessas ocasiões. vores e, sim, no Centro da Praça Cívica
nos tetos do povo. Por isso, os tufos dos in- queimaram Joana D’Arc viva. E tudo se desarruma e se mantêm desar- Pedro Ludovico Teixeira, em Goiânia,
vólucros sociais arrostam-se enfurecidos Onde está quem vê rumado nas desarrumações, enquanto construída por ele, o grande adversário
nas ofensas, como se afligidos sob a tor- erros demais nos outros, durar o regaço do temporal. político do grande Totó Caiado.
tura de ódios açougueiros de honras aos não escuto. Esses enxergam Assim está e se manterá o quadro polí- O Marconi e o Iris não merecem a
vômitos das coincidências, expelindo das muito pouco dentro de si. tico no vai-volta dos líderes de partidos na rasteira que estão levando do eleito-
congestões no denuncismo golfadas de A vida nos observa. Tantos foram vul- correria das candidaturas nessas eleições. rado goiano. Mas não há como se ma-
gomas da impunidade empanzinada nos tos insignes do irismo e do marconismo, Os chefes políticos de Goiás são leito- quiar, com as mudanças da aparência,
intestinos da República Brasil. Os joios e estão vulgos desluzidos. Cometeram res de dogmas ideológicos e teológicos, o semblante da tendência eleitoral. O
com casca de trigo e os trigos com cas- malvadezas perseguidoras, em provei- por isso não admitem que estão sendo povo votará, contra o Iris e o Marconi,
ca de joio estão sendo debulhados. Dis- to próprio. Iris decepcionou-se com vá- varridos pelo furacão do Fim dos Tem- no Ronaldo.
pam-se da corrupção, todos. O Armage- rios. Marconi se decepcionará com di- pos, profetizado por João Evangelista O Palácio das Esmeraldas não é a Casa
dom começou a separar o joio do trigo. versos. Como o irismo e marconismo predito-lhe por Jesus. Grande dos tempos do primitivismo co-
As autoridades, as eleitas e as nomea- emendam-se nos primos Olvanir An- Cumpre-se, também, o determinismo lonialista. Temos três candidatos a gover-
das, que estão antigas nos três poderes drade, irista, e Jayme Rincon, marconis- histórico do fim dos ciclos políticos no nador nesses dias do futuro amanhe-
do Estado, agem como donatárias da ta, eles poderiam formar o elo da paz no poder. E esse é o fim do ciclo do irismo cendo-se em todos os povos. O Caiado.
vida e concessionárias do destino do antídoto ao veneno no ódio intrigueiro e do marconismo. Os iristas e os marco- O Caído. O Daniel na jaula dos oligarcas
povo goiano. Estão deuses nelas. E fazem que argola o Iris e o Marconi aos prejuí- nistas não percebem essa fase terminal do continuísmo feudatário.
o Milagre da Multiplicação no dinheiro. zos políticos para Goiás. no populismo, porque na feitura da li- Basta de comerciantes e de parentes
São hipnóticos no carisma contagioso na O convívio com as malquerenças pes- derança deles faltou a leitura de livros enrolando o sonho do povo nas praças
irradiação do ilusório. soais, constrangem-me e, as políticas, dos sábios e das biografias dos estadis- públicas e desenrolando heranças em
O ambiente político fica inabitável no distanciam-me. A odiosidade no am- tas que a História guardou como monu- seus quintais. Existem candidatos nes-
limpo das lutas ao sol arredor das som- biente, está repugnante, com o agravan- mentos de seus tempos. Um é o Antônio sas eleições que, avaliados pelos seus
bras onde se engordam morcegos dos te de que o Iris Rezende e o Marconi Pe- Ramos Caiado, o Totó, leitor assíduo de perjuros nas promessas vadiosas, a vida
bandos que revoam sobre as veias aber- rillo são os imolados no prestígio de líder Homero, Virgílio, poeta, advogado com se arrepende deles.
tas do Brasil. Os escândalos são neces- e na popularidade eleitoral. Culpa deles, um curso de ciências jurídicas e 16 de O governador José Eliton, que já no iní-
sários. Mas não sou daqueles que se fa- por ouvirem os que estão pertinho dos ciências sociais. Outro é o Pedro Ludo- cio do mandato manteve aquela melan-
zem de instrumento deles. As pessoas se dois, mais dos consanguíneos sem vo- vico, médico, lia em alemão e, Gustave colia de fim de governo, deve ir se prepa-
espatifavam nas línguas. As indecências tos, nada dos eleitores. Flaubert, em francês. Sobretudo, o Al- rando para os aplausos em duas posses.
estavam à solta nas incúrias públicas e Pelejei para convencê-los a se unirem fredo Nasser, pensador, filósofo, huma- Os aplausos a Ronaldo Caiado em sua
estuporadas nos alaridos individuais. A pelo amor. Venceram os que cuidaram nista, incomparável na soma de conhe- posse no Palácio das Esmeraldas. Os
zoeira era ensurdecedora, ora contra a de uni-los pela dor. E isolei-me da fre- cimento, ministro da Justiça e Negócios aplausos à sua volta, do Zé, para Posse,
cafua dos corruptos, ora contra o cada- quência com suas rodas no poder. Interiores e é o único goiano que gover- ouvindo o jingle tocado na sua propagan-
falso da Lava Jato. Mas não foi esse o motivo preponde- nou o Brasil, como primeiro-ministro no da eleitoral nos programas do TRE:
O pandemônio das vozes evocava a rante da interrupção brusca de meus regime Parlamentarista.
estridência das acusações de matilhas de artigos na semana final de dezembro de O Iris Rezende e Marconi Perillo tam- “Pois é,
cães vira-lata em fundo de quintal, latindo 2016. A causa foi maioral. O fato determi- bém são dois monumentos que estarão pois é,
o ressoo de barulhos no escuro das ruas. nante está revelado no artigo LUZ QUE- imortalizados na áurea de suas épo- é a vez do povo,
O cenário não era o dos cantos da liber- BRADA, que será publicado na edição cas. O erro dos dois é o mesmo. Deixa- é a vez do Zé”... éééééééé é o ressoo dos
dade ao verdadeiro no meu palco asso- de 17 de setembro do Diário da Manhã. ram que os amigos que os receberam à ecos da Terra Ronca se repetindo nos
lhado de lutas. A leitura será um alerta das almas. A mi- sombra do poder, isolasse-os dos ami- cafundós do Vale do Paranã.
Fiz-me, então, um exílio na ilha do nha vida inteira escrevi escutando as ma- gos que vieram com eles ao sol das lu-
ideal, no meio do mar com cardumes nifestações na intuição e lendo as men- tas nas estradas. Mas os sombreios estão
de tubarões nos nados da devoração dos
mais fracos pelos mais fortes nas espécies
sagens de espíritos redentores.
Meditem e olhem o panorama políti-
a seus lados, todos nas moitas do irismo
e nas touceiras do marconismo. E usam
BATISTA
deles: os políticos corruptos. co do Estado e mentalizem nele uma pai- cipós nas fugas para flecharem o Ronal- CUSTÓDIO

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