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Direito Humanos Sociais – Maurício Brito

Aula 1 | Direitos Sociais

SUMÁRIO

1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS ........................................................................................ 2


2. DELIMITAÇÃO DOS DIREITOS SOCIAIS ................................................................ 2
2.1. DIMENSÕES DOS DIREITOS HUMANOS .............................................................. 2
2.2. DEVERES DE PROTEÇÃO DO ESTADO ................................................................ 3
2.3. DIREITOS SOCIAIS ..................................................................................................... 4
2.3.1. IGUALDADE FORMAL X IGUALDADE MATERIAL ....................................... 4
2.4. TERMINOLOGIA ......................................................................................................... 6
3. DIREITOS SOCIAIS NA AFIRMAÇÃO HISTÓRICA DOS DIREITOS
HUMANOS ............................................................................................................................ 6
3.1. ENCÍCLICA RERUM NOVARUM (1891) ................................................................. 6
3.2. CONSTITUIÇÃO MEXICANA DE 1917 ................................................................... 7
3.3. CONSTITUIÇÃO DE WEIMAR DE 1919 ................................................................. 7
3.4. CRIAÇÃO DA ORGANIZAÇÃO INTERNACIONAL DO TRABALHO (1919) .. 7
3.5. DECLARAÇÃO DE FILADÉLFIA (1944) ................................................................. 8
4. DIREITOS SOCIAIS NO SISTEMA GLOBAL DE PROTEÇÃO DOS DIREITOS
HUMANOS ............................................................................................................................ 8
4.1. DECLARAÇÃO UNIVERSAL DOS DIREITOS HUMANOS (DUDH) DE 1948 .. 9

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1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS
O professor Maurício Brito inicia, na presente aula, o estudo dos Direitos Humanos
Sociais. Ao longo desse curso, estudaremos os Direitos Sociais dentro da matéria de Direitos
Humanos. Em síntese, analisaremos as seguintes temáticas:
• Direitos sociais: delimitação
• Direitos Sociais na afirmação histórica dos Direitos Humanos1
• Direitos Sociais no Sistema Global de Proteção (ONU)
• Direitos Sociais no Sistema Interamericano
• Direitos Sociais na Constituição Federal de 1988: visão geral
• Implementação e Justiciabilidade dos Direitos Sociais2
O professor chama a atenção dos alunos para a temática de Direitos Humanos, pois,
muitas vezes, ela acaba sendo preterida pelos concurseiros por não trazer muitas questões nas
provas objetiva, subjetiva, de sentença e oral. Por outro lado, Direitos Humanos é aquela
matéria que se o candidato não tiver um bom conhecimento sobre ela e não conseguir enquadrá-
la em suas respostas, tanto subjetivas quanto orais, dificilmente logrará êxito.
O conhecimento dessa temática, a formação humanística de direitos humanos, é
fundamental para o profissional da Magistratura do Trabalho e para o profissional do Ministério
Público do Trabalho3. No decorrer do nosso estudo, o professor sugerirá algumas referências
bibliográficas e, ao final, indicará uma bibliografia completa.

2. DELIMITAÇÃO DOS DIREITOS SOCIAIS


2.1. DIMENSÕES DOS DIREITOS HUMANOS
A Teoria das Gerações foi desenvolvida por Karel Vasak e difundida por Norberto
Bobbio. Acerca dessa temática, o principal aspecto que o professor almeja ressaltar diz respeito
à relação dos direitos humanos com os caracteres dos direitos humanos fundamentais.

 ATENÇÃO! Preliminarmente, o professor já registra que não há uma hierarquia,


prevalência ou exclusão entre as dimensões dos direitos humanos.

1 Período anterior à Declaração Universal dos Direitos do Homem e do Cidadão. De antemão, para aqueles que

quiserem aprofundar mais sobre esse assunto, o professor indica a obra “A Afirmação Histórica dos Direitos Humanos”, do
professor Fábio Konder Comparato.
2 Trata-se de um dos grandes nós, um dos grandes gargalos do nosso tema e, também, de toda a parte do Direito do

Trabalho que diz respeito a direitos sociais.


3 O professor ressalta que os alunos que pretendem seguir carreira no Ministério Público do Trabalho, pincipalmente,

precisam se aprofundar muito nessa disciplina de Direitos Humanos.

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DIREITOS HUMANOS
Teoria das Gerações
ideais da Revolução Francesa

1ª Dimensão 2ª Dimensão 3ª Dimensão

Fraternidade
Liberdade Igualdade
(Solidariedade)

Acompanhando os ideais da Revolução Francesa, de acordo com a Teoria das Gerações,


a primeira dimensão dos direitos humanos está atrelada aos conceitos de liberdade, enquanto a
segunda dimensão está relacionada aos conceitos de igualdade. Já a terceira dimensão dos
direitos humanos, está associada aos direitos de fraternidade e solidariedade.
Outra relação interessante feita, principalmente por Norberto Bobbio, correlaciona os
direitos civis e políticos com a liberdade; os direitos sociais, econômicos e culturais com a
igualdade; e, por fim, os direitos difusos e coletivos (transindividuais) com a solidariedade.

2.2. DEVERES DE PROTEÇÃO DO ESTADO

DEVERES DE
PROTEÇÃO DO
ESTADO

Respeito Proteção Promoção

dever de
dever de não dever de impedir
propiciar pleno
violação dos a violação dos
direitos humanos
exercício dos
direitos humanos
direitos humanos

Os direitos humanos, independentemente de sua dimensão4, requerem deveres de


respeito, proteção e promoção.

4 Todos os direitos humanos, sejam eles relacionados à liberdade, à igualdade ou à fraternidade, vão requerer respeito,

proteção e promoção.

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 Como vamos fazer para efetivar cada um deles?


O Estado deve respeitar os direitos humanos não os violando, assim como deve protegê-
los impedindo sua violação. Além disso, o Estado também precisa proporcionar o pleno
exercício dos direitos humanos.
OBSERVAÇÃO: Existem muitas polêmicas em torno desses deveres do Estado,
notadamente o de promoção dos direitos sociais. Essa discussão ganhou destaque em nosso país
principalmente após a ADF nº 45. Mais a frente abordaremos melhor esse debate.

2.3. DIREITOS SOCIAIS


Os direitos sociais têm por finalidade garantir as condições materiais mínimas5 para
uma existência digna, melhorando a qualidade de vida da população. Em outras palavras, o
padrão social que se quer resguardar com os direitos sociais são as condições materiais
mínimas.
As condições materiais mínimas variam a depender do Estado, do diploma normativo, da
época, mas, ainda assim, alguns valores têm um caráter universal. A título exemplificativo,
podemos citar o direito de não ser escravizado e a vedação ao trabalho infantil como valores
com caráter universal6.

 ATENÇÃO! Sempre que escutarmos a palavra “dignidade” devemos ter em mente o


respeito à condição de ser humano, ou seja, é a não coisificação do ser humano. Mais adiante,
estudaremos na Declaração da Filadélfia e no surgimento da Organização Internacional do
Trabalho (OIT) que o trabalho não é uma mercadoria.
Os direitos sociais exigem do Estado (tido como o principal indutor e promotor dos
direitos sociais) a promoção e a efetivação da isonomia material por meio, principalmente, de
uma atuação positiva (obrigações de fazer). Isto é, o Estado tem obrigações de fazer no que
diz respeito à concretização dos direitos sociais. A saúde e a previdência social são dois
exemplos que podem ser citados, saindo um pouco do enfoque trabalhista.

2.3.1. IGUALDADE FORMAL X IGUALDADE MATERIAL7


O professor recomenda a leitura da obra “O Conteúdo Jurídico do Princípio da
Igualdade”, de Celso Antônio Bandeira de Mello.

5 Os direitos sociais, portanto, não têm por finalidade garantir o máximo existencial, mas, sim, garantir as condições

materiais mínimas para uma existência digna.


6 O direito de não ser escravizado é um valor quase unânime dentro dos direitos humanos, estando relacionado a nossa

temática de trabalho. No tocante à proibição do trabalho infantil, é outro valor que possui uma grande carga universalizante em
dadas circunstâncias, apesar de existir algumas discussões quanto à idade e ao tipo de trabalho.
7 Igualdade material como condição para o exercício da plena liberdade.

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IGUALDADE FORMAL IGUALDADE MATERIAL


Todos devem ser tratados de forma igual Observância das semelhanças e diferenças
perante a lei. quando da elaboração da norma. Tratar
desigualmente os desiguais na medida das
suas desigualdades.
As ações afirmativas são uma forma de se concretizar a igualdade substancial8, na
medida em que se busca, através de atos discriminatórios (discriminação positiva), a almejada
igualdade. Um nítido exemplo é a educação.
Exemplo: além da educação, outro exemplo bastante claro e muito cobrado em provas
de concurso é a inserção da pessoa com deficiência no mercado de trabalho. Além da reserva
de vagas para pessoas com deficiência em concursos públicos, a lei da previdência social
brasileira também traz uma reserva de vagas para pessoas com deficiência e/ou reabilitadas da
previdência social. Isso nada mais é do que a concretização da igualdade material, substancial
dentro do campo das relações de trabalho9.
Embora os Direitos Econômicos, Sociais e Culturais (DESC) demandem, via de regra,
uma prestação positiva, é muito salutar a observação feita pela professora Flávia Piovesan10:
“No entanto, cabe realçar que tanto os direitos sociais, como os direitos civis e políticos demandam do
Estado prestações positivas e negativas, sendo equivocada e simplista a visão de que os direitos sociais só
demandariam prestações positivas, enquanto que os direitos civis e políticos demandariam prestações
negativas, ou a mera abstenção estatal.”
A linha argumentativa de que os direitos civis e políticos só demandariam abstenção
estatal, enquanto os direitos sociais não demandariam essa abstenção, só serve para dividir a
disciplina, fragilizando a própria tônica dos Direitos Humanos. Não há que se falar em
promoção e preservação apenas para determinados tipos de direitos humanos.
Exemplo1: além de promover a saúde, o Estado precisa atuar na prevenção desse direito.
Exemplo2: além de preservar as liberdades civis, o Estado tem que garantir meios, precisa
promover a liberdade das pessoas.
Em suma, todo direito – independentemente de sua classificação como direito civil,
político, econômico, social ou cultural – requer tanto abstenção quanto ação Estatal, e não há
praticamente direito algum que não demande recursos para ser implementado e protegido.

8 As ações afirmativas estão inseridas na igualdade material.


9 Algumas Convenções da OIT trazem a figura da igualdade material.
10 A professora Flavia Piovesan (PUC de São Paulo) e o professor André de Carvalho Ramos (USP) formam a dupla
paulista que vem capitaneando a doutrina de Direitos Humanos. Não podemos deixar de mencionar o professor Silvio
Beltramelli (PUC de Campinas) que também possui uma excelente obra, sendo bastante indicada, inclusive, para aqueles que
pretendem prestar concursos para a Magistratura e para o Ministério Público do Trabalho por abarcar todo o edital da matéria.

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2.4. TERMINOLOGIA

TERMINOLOGIA

Internacional Nacional

Direitos
Econômicos,
Direitos Sociais
Sociais e
Culturais

No âmbito internacional prevalece a denominação Direitos Econômicos, Sociais e


Culturais (DESC). Na seara nacional, agruparam-se as três categorias na denominação
simplificada de Direitos Sociais. Sendo assim, o que a doutrina nacional denomina de Direitos
Sociais corresponde ao conceito internacional de Direitos Econômicos, Sociais e Culturais11.

3. DIREITOS SOCIAIS NA AFIRMAÇÃO HISTÓRICA DOS DIREITOS


HUMANOS
Ultrapassada a visão geral sobre a disciplina, passaremos a aprofundar um pouco e
analisaremos a afirmação histórica dos Direitos Sociais.

3.1. ENCÍCLICA RERUM NOVARUM (1891)


A Encíclica Rerum Novarum de 1891 teve como objeto a condição dos operários. Apesar
de trazer a ideia de direitos humanos sociais trabalhistas, era contrária ao movimento grevista
(item 22).
Impedir as greves
22. O trabalho muito prolongado e pesado e uma retribuição mesquinha dão, não poucas vezes, aos
operários ocasião de greves. E preciso que o Estado ponha cobro a esta desordem grave e frequente,
porque estas greves causam dano não só aos patrões e aos mesmos operários, mas também ao comércio e
aos interesses comuns; e em razão das violências e tumultos, a que de ordinário dão ocasião, põem muitas
vezes em risco a tranquilidade pública. O remédio, portanto, nesta parte, mais eficaz e salutar é prevenir
o mal com a autoridade das leis, e impedir a explosão, removendo a tempo as causas de que se prevê que
hão--de nascer os conflitos entre os operários e os patrões.

11 Para a doutrina nacional, a parte de Direitos Humanos correspondente aos Direitos Econômicos, Sociais e Culturais

é chamada de Direitos Sociais. O professor poderia dizer, portanto, que está lecionando Direitos Econômicos, Sociais e
Culturais, e não apenas Direitos Sociais. A parte geral de Direitos Humanos, em contrapartida, é estudada em outro momento
do curso.

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OBSERVAÇÃO: Essa encíclica já foi cobrada em provas de concurso, sendo


fundamental que o candidato tenha conhecimento sobre o seu objeto (condição dos operários).
Ademais, é extremamente interessante saber que ela era contrária ao movimento grevista, não
obstante trouxesse a ideia de direitos humanos sociais trabalhistas.
O estudo do direito de greve demandaria uma aula inteira, sendo um dos direitos mais
discutidos atualmente no mundo. No que tange ao ordenamento jurídico brasileiro, o direito de
greve vem sofrendo inúmeras modificações pela jurisprudência, notadamente a do Supremo
Tribunal Federal (STF) e a do Tribunal Superior do Trabalho (TST). Assim sendo, faz-se
necessário realizar uma amplíssima revisão no nosso estudo para concurso, pois, com certeza,
as provas para ingresso na Magistratura e no MPT cobrarão questões importantes.

3.2. CONSTITUIÇÃO MEXICANA DE 1917


A Constituição Mexicana de 1917 foi a primeira Constituição a atribuir a qualidade de
direitos fundamentais aos direitos trabalhistas, sendo a primeira a estabelecer a ideia de
desmercantilização do trabalho.

 ATENÇÃO! O professor acha essencial, nessa afirmação histórica, que os alunos


tenham noção das datas e da cronologia.

3.3. CONSTITUIÇÃO DE WEIMAR DE 1919


A Constituição de Weimar de 1919 traçou, de forma mais contundente e sistematizada,
os direitos sociais que já tinham sido desenhados pela Constituição do México em 1917.

3.4. CRIAÇÃO DA ORGANIZAÇÃO INTERNACIONAL DO TRABALHO (1919)


Em 1919, foi criada a Organização Internacional do Trabalho (OIT), como parte do
Tratado de Versalhes, sob a convicção de que a paz universal e permanente somente pode estar
baseada na Justiça Social. Ela é responsável pelas questões trabalhistas e condições de
trabalho. Direitos sociais trabalhistas.
A OIT surgiu no contexto de encerramento da Primeira Guerra Mundial12. Então, há quase
100 anos, já se tinha a ideia lógica de que a paz somente seria alcançada quando houvesse a
Justiça Social. Nos dias de hoje, todavia, há uma enorme tendência no mundo todo (e não apenas
no Brasil) de fragilização dos direitos sociais, precipuamente os trabalhistas e previdenciários.
Antes da Reforma Trabalhista brasileira, já havia tido uma grande reforma trabalhista na
Europa, após a crise de 2008. Cada vez mais as alternativas de vida digna e de bem-estar social
estão mais difíceis para a sociedade. Com isso, não haverá paz social. Em algum momento, a
própria população se volta contra o sistema.

12 Essa contextualização é muito importante. Muitos alunos acabam esquecendo que a OIT foi criada como parte do

Tratado de Versalhes que, por sua vez, pôs fim a Primeira Guerra Mundial.

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Os alunos não podem esquecer desse contexto de criação e surgimento da Organização


Internacional do Trabalho. A OIT busca trazer balizas de condições do trabalho e assegurar um
mínimo ético irredutível no mundo do trabalho, por meio de suas convenções e recomendações
a todas as pessoas.

3.5. DECLARAÇÃO DE FILADÉLFIA (1944)13


A Declaração de Filadélfia de 1944 é um anexo à Constituição da OIT, servindo de
modelo para a Carta das Nações Unidas e Declaração Universal de Direitos Humanos. É a
Declaração referente aos fins e objetivos da OIT.
A seguir, destacam-se os princípios fundamentais da Declaração de Filadélfia:
• O trabalho não é mercadoria14;
• A liberdade de expressão e associação é uma condição indispensável a um progresso
ininterrupto;
• A penúria, seja onde for, constitui um perigo para a prosperidade geral;
• A luta contra a carência, em qualquer nação, deve ser conduzida com infatigável
energia e por um esforço internacional contínuo e conjugado.

4. DIREITOS SOCIAIS NO SISTEMA GLOBAL DE PROTEÇÃO DOS


DIREITOS HUMANOS
Ao estudarmos o Sistema Global de Proteção dos Direitos Humanos, examinaremos
alguns diplomas internacionais. Em cada um dos diplomas internacionais que serão abordados,
vamos analisar três tópicos importantes15:
i) Quais são as declarações de direitos?
ii) Quais são os mecanismos de proteção?
iii) Qual é a previsão de limitação de direitos?

Abaixo, elencaremos os diplomas internacionais que serão devidamente abordados nesse


curso:
• Declaração Universal dos Direitos Humanos (DUDH) de 1948
A Declaração Universal dos Direitos Humanos talvez seja o diploma mais consagrado. Ela
não possui uma carga normativa vinculante, mas, por outro lado, influencia e inspira o sistema

13 O professor sugere a leitura da obra “O Espírito de Filadélfia – A Justiça Social diante do Mercado Total”, de Alain

Supiot. Trata-se de uma grande referência mundial na doutrina do Direito do Trabalho, sendo uma obra fundamental para todos
os concurseiros trabalhistas. É uma obra curta, cuja leitura é fácil, agradável e extremamente interessante.
14 É o princípio mais conhecido e consagrado.
15 Com essa análise, o professor pretende que os alunos consigam responder praticamente todas as questões objetivas
e saibam desenvolver bem uma questão subjetiva sobre direitos humanos sociais. Esses tópicos serão de suma importância para
o estudo dos candidatos.

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internacional e nacional para elaboração de normas de Direitos Humanos. Isto é, ela traz uma
grande carga de indução para formação da legislação de diversos países no mundo e das
organizações internacionais

• Pacto Internacional dos Direitos Econômicos, Sociais e Culturais (PIDESC) de


1966 e seu Protocolo Adicional de 2008
o Observações Gerais do Comitê de Direitos Econômicos, Sociais e Culturais
(CDESC)
o Princípios de Limburgo (1987) e Diretrizes de Maastricht (1997)16

• Convenção do Trabalhador Migrante


A Convenção do Trabalhador Migrante não foi ratificada pelo Brasil. Na verdade, o Brasil não
ratificou algumas das principais Convenções envolvendo migração.

• Convenção de Viena de 1993


A marca da Convenção de Viena de 1993 é o universalismo, a indivisibilidade e a
interdependência dos direitos humanos.

• Declaração do Milênio – Nações Unidas (2000)17

4.1. DECLARAÇÃO UNIVERSAL DOS DIREITOS HUMANOS (DUDH) DE 1948


A natureza jurídica da Declaração Universal dos Direitos Humanos de 1948, até hoje, é
de resolução18. Salienta-se, contudo, que os direitos sociais, econômicos e culturais previstos
nessa declaração ganharam a juridicização, o seu caráter normativo, com o PIDESC (1966).
A Declaração Universal dos Direitos Humanos também introduziu a concepção
contemporânea de direitos humanos, caracterizada pela universalidade e indivisibilidade destes
direitos. Enquanto a universalidade significa a extensão desses direitos a todas as pessoas19, a
indivisibilidade significa a ausência de hierarquia entre as categorias de direitos (há uma
proteção igual) 20.
Além dos direitos civis e políticos, a Declaração Universal dos Direitos Humanos faz
menção aos direitos econômicos, sociais e culturais nos artigos 22 ao 27:

16 São argumentos, declarações, normas fundamentais que devem ser citadas pelos alunos para conseguirem se

diferenciar em uma prova dissertativa, visto que os demais candidatos mencionam apenas a DUDH. Os Princípios de Limburgo
e as Diretrizes de Maastricht são um aprofundamento que podem fazer muita diferença em uma prova e, consequentemente, na
avaliação do candidato.
17 A Declaração do Milênio das Nações Unidas de 2000 é um ponto na prova da Magistratura e é um ponto especial no
edital do conteúdo para o Ministério Público do Trabalho.
18 A natureza jurídica pode ser cobrada tanto em uma prova objetiva quanto em uma prova oral.
19 Há extensão desses direitos a todas as pessoas, sejam elas legais ou ilegais em um território, independentemente da

sua cor de pele, do sexo, orientação sexual e etc.


20 Ante o caráter da indivisibilidade, não se pode falar em uma hierarquia entre as categorias de direitos, inclusive

direitos civis e políticos ou sociais e econômicos. Quando uma dimensão de direitos humanos é violada, a outra também é.

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• Direito à segurança (artigo 22);


• Direito ao trabalho, à liberdade de escolha de emprego, a condições justas, à proteção
contra o desemprego, à isonomia salarial, à remuneração justa e satisfatória e à
liberdade para organizar sindicatos (artigo 23);
• Direito ao repouso e lazer, à limitação razoável das horas de trabalho e a férias
remuneradas periódicas (artigo 24);
• Direito a um nível de vida suficiente para assegurar a saúde e bem-estar, proteção à
maternidade e infância, com isonomia protetiva das crianças nascidas dentro ou fora
do matrimônio (artigo 25);
• Direito à educação (artigo 26);
• Direito à participação na vida cultural e proteção dos interesses morais e materiais
decorrentes de produção científica literária ou artística (artigo 27).
OBSERVAÇÃO: O professor recomenda a leitura desses artigos supramencionados.
Artigo 22
Todo ser humano, como membro da sociedade, tem direito à segurança social, à realização pelo esforço
nacional, pela cooperação internacional e de acordo com a organização e recursos de cada Estado, dos
direitos econômicos, sociais e culturais indispensáveis à sua dignidade e ao livre desenvolvimento da sua
personalidade.

Artigo 23
1. Todo ser humano tem direito ao trabalho, à livre escolha de emprego, a condições justas e favoráveis
de trabalho e à proteção contra o desemprego.
2. Todo ser humano, sem qualquer distinção, tem direito a igual remuneração por igual trabalho.
3. Todo ser humano que trabalha tem direito a uma remuneração justa e satisfatória que lhe assegure,
assim como à sua família, uma existência compatível com a dignidade humana e a que se acrescentarão,
se necessário, outros meios de proteção social.
4. Todo ser humano tem direito a organizar sindicatos e a neles ingressar para proteção de seus interesses.

Artigo 24
Todo ser humano tem direito a repouso e lazer, inclusive a limitação razoável das horas de trabalho e a
férias remuneradas periódicas.

Artigo 25
1. Todo ser humano tem direito a um padrão de vida capaz de assegurar a si e à sua família saúde, bem-
estar, inclusive alimentação, vestuário, habitação, cuidados médicos e os serviços sociais indispensáveis
e direito à segurança em caso de desemprego, doença invalidez, viuvez, velhice ou outros casos de perda
dos meios de subsistência em circunstâncias fora de seu controle.
2. A maternidade e a infância têm direito a cuidados e assistência especiais. Todas as crianças, nascidas
dentro ou fora do matrimônio, gozarão da mesma proteção social.

Artigo 26
1. Todo ser humano tem direito à instrução. A instrução será gratuita, pelo menos nos graus elementares
e fundamentais. A instrução elementar será obrigatória. A instrução técnico-profissional será acessível a
todos, bem como a instrução superior, esta baseada no mérito.
2. A instrução será orientada no sentido do pleno desenvolvimento da personalidade humana e do
fortalecimento do respeito pelos direitos do ser humano e pelas liberdades fundamentais. A instrução
promoverá a compreensão, a tolerância e a amizade entre todas as nações e grupos raciais ou religiosos
e coadjuvará as atividades das Nações Unidas em prol da manutenção da paz.
3. Os pais têm prioridade de direito na escolha do gênero de instrução que será ministrada a seus filhos.

Artigo 27

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1. Todo ser humano tem o direito de participar livremente da vida cultural da comunidade, de fruir as artes
e de participar do progresso científico e de seus benefícios.
2. Todo ser humano tem direito à proteção dos interesses morais e materiais decorrentes de qualquer
produção científica literária ou artística da qual seja autor.

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