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M A I S V A R I E D A D E S

UFMS inicia projeto Festival Boca de Cena Plástica da


com mostra de artes oferece teatro de graça intimidade
Hoje será aberta a “Exposição de artes O projeto chega à segunda edição Cirurgia estética do genital
com mais opções de espetáculos, feminino tem indicações
plásticas no CCHS”, com telas do artista
encenados em vários espaços. PÁG. 5 estéticas e terapêuticas,
plástico Isac Saraiva (foto) . PÁG. 3 devolvendo a autoconfiança e
saúde à mulher. PÁG. 8

caderno B
Inclui: Saúde
Segunda-feira,
22 de março de 2010

Impacto social
Há cinco anos, projeto que une palestras motivacionais a esportes radicais promove a cidadania e a autoestima entre alunos
FOTOS WALBER
THIAGO ANDRADE um garoto que tinha o sonho de
pilotar grandes aeronaves. “É a
Como motivar crianças da história de uma criança comum,
periferia de Campo Grande e que teve uma infância sem gran-
evitar que elas se aproximem des confortos e sempre estudou
da violência que assola locais em escolas públicas, algo com o
isolados da Capital? Este ques- que todos os ouvintes se identi-
tionamento levou o empresá- ficam. O garoto tinha o sonho
rio Fernando Campos a criar o de se tornar piloto e conseguiu”,
Projeto Impacto Aventuras, com conta o capitão, que ao final
o qual visita escolas públicas releva ser ele a criança sobre a
mensalmente, levando pales- qual falava.
tras motivacionais e esportes Embora esteja há pouco tem-
radicais, como tirolesa, rapel po no grupo, cerca de um ano e
e arvorismo. O grupo, que tem meio, Marco Antônio acredita
apoio dos escoteiros Atalaia do no potencial da ideia. “O apoio
Pantanal, conta com cerca de 30 que damos às crianças, com cer-
integrantes, todos voluntários. teza, faz toda a diferença. Acre-
Na última sexta-feira, duran- dito que isso será algo que leva-
te a manhã e a tarde, o grupo rão para toda a vida”, defende.
realizou suas atividades na Es- Fernando, o idealizador do
cola Estadual João Carlos Flores, projeto, afirma que já perdeu
com crianças e adolescentes que a conta do número de escolas
estudam no estabelecimento, que receberam o Impacto Aven-
além de moradores dos bairros turas desde que este foi criado,
Jardim Morumbi e Rita Vieira. em 2005, na época chamado
“É um prazer enorme oferecer a Impacto Radical. “Apesar de ter
todas essas crianças uma tarde sofrido muitas modificações, o
divertida como essa. Acredito projeto ainda mantém o mesmo
que isso contribua para que objetivo: fazer com que as crian-
elas se tornem conscientes de ças acreditem em seu potencial”.
seu papel enquanto cidadãos, Ele justifica que muitos ali po-
além de mostrar que é possível dem viver em lares destruídos,
chegar aonde quiserem”, come- onde os pais dificilmente dizem
mora a diretora da escola, Cícera palavras que encorajam e trans-
Barbosa dos Santos. O aluno Basílio de Souza Ferreiro, de 8 anos, foi o primeiro a se aventurar na tirolesa e, para chegar até ela, mitam amor. “Estamos aqui pa-
No trabalho apresentado aos segurou-se em cordas sob orientação do instrutor e olhos atentos dos colegas ra dizer que, apesar de tudo, elas
alunos das escolas, os voluntá- podem ir além”, frisa.
rios abordam temas como os
sonhos e aqueles que tentam  n ú m e ro s 
roubá-los, a violência doméstica, partes: na primeira, apresenta- sários praticam esportes seme- escotismo do Estado. “Fazemos Bombeiros e presidente do Ata-
os vícios como bebidas e drogas, das pequenas palestras e, em lhantes para ganhar coragem isso para que eles se mantenham laia do Pantanal. O grupo leva o trabalho gra-
obediência, divórcio, coragem e seguida, as crianças praticam em lidar com o mundo dos próximos de algo que lhes fará tuitamente a escolas públi-
perseverança. “Queria encontrar os esportes, durante os quais negócios. Disso surgiu a ideia bem. Aconselhamos que procu- Cultivando sonhos cas. Para entrar em contato
uma forma de falar às crianças, lidamos com questões como a em se trabalhar com crianças e rem o grupo mais próximo para Vestindo farda, boina e ócu- com o grupo: 9907-2384 ou
mas também fazê-las viver aqui- coragem e a força de vontade”, adolescentes. Nas visitas, a trupe dar continuidade a essas ativi- los escuros, o capitão do Exérci- impactoaventuras@hotmail.
lo que apresentamos. Para isso, esclarece Fernando. do Impacto Aventuras também dades”, aponta Juber de Jesus to, Marco Antônio Pires, conta com.
as visitas são divididas em duas Segundo ele, muitos empre- procura divulgar os grupos de Severino, sargento do Corpo de aos alunos uma história sobre

É hora de aventurar-se
Após palestras, orações, brincadeiras e apresentações musicais, che-
ga o momento esperado com grande ansiedade pelas crianças, a hora
de praticar esportes radicais como tirolesa, arvorismo e rapel. “Vamos
fazer como combinamos, vocês levam as cadeiras para as salas de aula
e esperam os professores trazerem cada turma em fila indiana, está
bem?”, explica Fernando. Logo as crianças desaparecem, deixando o
pátio da Escola Estadual João Carlos Flores vazio.
Minutos depois, os 10 voluntários se dirigem à área onde foi monta-
da – no dia anterior – toda a estrutura para as crianças se aventurarem.
“Quando uma escola entra em contato conosco, fazemos a primeira
visita para verificar se existem condições de nos receber e, no dia
anterior à realização do projeto, montamos a estrutura e checamos
toda a segurança. Isto é essencial”, detalha Juber de Jesus Severino,
sargento do Corpo de Bombeiros e presidente do grupo de escoteiros
Atalaia do Pantanal.
Os alunos da escola dividem-se em duas turmas e esperam a palavra Seja nas alturas, seguindo o
de ordem para o início da brincadeira. O primeiro a descer na tirolesa caminho da tirolesa, ou iniciando
é Basílio de Souza Ferreiro, de 8 anos. “Nunca imaginei que fosse tão o aquecimento, junto ao instrutor
legal, não tive medo”, alega o aluno. Em outro ponto da escola, numa voluntário Aldezir Mota Soares,
árvore com cerca de sete metros, as crianças subiam por meio de uma as crianças aprenderam que é
rede e desciam auxiliadas por cordas em uma mescla de arvorismo e preciso disciplina, coragem e
rapel. parceria para praticar esportes É assustador mas legal
Barcelos Leandro de Araújo, de 12 anos, foi o primeiro a subir. No
alto, ele se soltou e, corajoso, ficou de ponta cabeça. “É assustador mas
ao mesmo tempo. Nunca
legal ao mesmo tempo. Nunca fiz nada assim aqui na escola”, frisa o fiz nada assim aqui na
adolescente. As brincadeiras seguiram tarde adentro e a equipe do
Projeto Impacto Aventuras só não realizou atividades noturnas por escola”
falta de iluminação especial. Todos os equipamentos utilizados são
fruto de doações. (TA)

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