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EXCELENTÍSSIMO SENHOR JUIZ DE DIREITO DA ___ VARA DE FAMÍLIA DA

COMARCA DE BELÉM, PA.

CARLOS ALBERTO NASCIMENTO VIANA, viúvo, brasileiro,


desempregado, portador do RG n° 1471942 SSP/PA, 3° via e CPF n° 087.960.092-68,
residente e domiciliado na Avenida Senador Lemos, Conjunto Jardim Primavera,
Alameda São Mateus, n°42, bairro Sacramenta, CEP 66120-000, Belém/PA, neste ato
representado por sua procuradora CINTHIA DANTAS VALENTE, devidamente inscrita
nos quadros da OAB/PA sob n° 21.095, com procuração anexa, (doc.1), vem à
presença de Vossa Excelência, com fundamento no art. 1.768 do CC, combinado o art.
1.177 e seguintes do CPC, propor a presente

AÇÃO DE CURATELA INTERDIÇÃO,


COM PEDIDO DE ANTECIPAÇÃO DE TUTELA

Em face de seu filho CARLOS ANDRÉ PINHEIRO VIANA, solteiro, brasileiro, portador
do RG n°8020392 SSP/PA, residente e domiciliado na Avenida Senador Lemos,
Conjunto Jardim Primavera, Alameda São Mateus, n°42, bairro Sacramenta, CEP
66120-000, Belém/PA, pelos fatos e fundamentos a seguir expostos:

Av. Senador Lemos n°4300, bairro: Sacramenta, CEP 66.120-000- Belém/PA


PREMILINARMENTE DA JUSTIÇA GRATUITA
O autor não possui condições de pagar as custas e despesas do
processo sem prejuízo próprio ou de sua família, conforme consta da declaração de
pobreza em anexo. Ademais, nos termos doartigo 5.º, LXXIV da Constituição Federal e
§ 1º do art. 4º da Lei 1.060, de 5.2.1950, milita em seu favor a presunção de veracidade
da declaração de pobreza por ela firmada. Desse modo, a autora faz jus à concessão
da gratuidade de Justiça. Insta ressaltar que entender de outra forma seria impedir os
mais humildes de ter acesso à Justiça, garantia maior dos cidadãos no Estado
Democrático de Direito.

I. DOS FATOS:

O requerente é pai do interditando e solicita a curatela do filho, pois


segundo o laudo médico ele apresenta Paralisia Espática e Atraso no Desenvolvimento
Neuropsicomotor, Musculatura de MMIISS Atrofiadas, em decorrência de uma Icterícia
Neonatal (Kernicterus), CID- P57.0680.0, conforme cópia do laudo médico em anexo.
O interditando não possui o necessário discernimento para a prática
dos atos da vida civil, sendo incapaz de reger sua pessoa e dependente totalmente de
autocuidados.
O requerente é pai do interditando, conforme observa-se em
documentos acostados nos autos, de modo ser legítima a interpor esta demanda.
Diante todo o exposto, verifica-se que os problemas de saúde que o
impossibilita de reger sua vida cível.

II. DO DIREITO:

DA LEGITIMIDADE DO REQUERENTE

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O Código Civil, em seu art. 1.768, traz o rol dos legitimados ativamente
para promover a interdição dos absoluta ou relativamente (quando for o caso) capazes.
Vejamos a literalidade do dispositivo:

Art. 1.768 – A interdição deve ser promovida:


I – pelos pais ou tutores;
II – pelo cônjuge, ou por qualquer parente;
III – pelo Ministério Público.

Como demonstrado no relato fático da presente, o Promovente é


genitor do Interditando e é a pessoa que, desde que ficou viúvo, provê sua subsistência
e todos os cuidados com sua saúde física e mental.

DA INCAPACIDADE ABSOLUTA DO INTERDITANDO

Pois bem, a doença de que é portador o Interditando tornou-o


completamente incapaz de gerir por si só os atos de sua vida civil, enquadrando-se na
moldura legal do art. 3º, II, do Código Civil que preceitua, in verbis:

Art. 3º – São absolutamente incapazes para exercer pessoalmente


os atos da vida civil:
I – (...)
II – os que, por enfermidade ou deficiência mental, não tiverem o
necessário discernimento para a prática desses atos;

Assim sendo, a manifesta incapacidade do Interditando para atuar na


vida civil reclama a incidência do instituto da curatela, que visa em última análise, a
proteção das pessoas em condições especialmente previstas pelo legislador, bem
como de seus bens, conforme preceitua o artigo 1.767 do Código Civil:

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Art. 1.767 – Estão sujeitos a curatela:
I – aqueles que, por enfermidade ou deficiência mental, não
tiverem o necessário discernimento para os atos da vida civil;

A interdição, outrossim, é essencial para que o Requerente postule


benefício previdenciário ao Interditando junto ao INSS, o que virá a garantir-lhe a
sobrevivência, bem como fará frente às despesas envolvidas no tratamento da doença
de que é portador o incapaz.
Em suma, não tendo o Interditando o necessário discernimento para a
prática dos atos da vida civil (trabalhar, casar, viajar etc), em virtude de deficiência
mental, deve ser-lhe decretada a interdição, aplicando-lhe o instituto da curatela.
Posto isso, depreende-se que o interditando faz jus à proteção, a qual
será assegurada ante a sua interdição e a nomeação do autor como seu curador, a fim
de que este possa representá-lo ou assisti-lo no exercício dos atos da vida civil, de
acordo com os limites da curatela prudentemente fixados na sentença de interdição.

III. DA CURATELA PROVISÓRIA EM ANTECIPAÇÃO DE TUTELA


A prova inequívoca do déficit intelectual permanente defluiu dos
elementos de convicção em anexo e dos fatos já aduzidos, os quais demonstram a
incapacidade do interditando para reger a sua pessoa.
Desse modo, consubstanciada está à verossimilhança da alegação, a
plausibilidade do direito invocado (fumus boni juris), ante a proteção exigida pelo
ordenamento jurídico pátrio aos interesses do incapaz.
Todavia, como o interditando não detém o elementar discernimento
para a prática dos atos da vida civil, torna-se temerária e incerta a adequada gestão
dos recursos fundamentais à sua manutenção.
Assim, demonstrado está o fundado receio de dano de difícil reparação
(periculum in mora) a vida do interditando, no que pese ao segundo requisito, restou por
demais demonstrado a sua presença, já que o Requerente necessita ser nomeado

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curador do Interditando para pleitear qualquer benefício junto ao INSS. Tal benefício é
almejado para manter o doente, vislumbrando-se, assim, o seu caráter alimentar. Dessa
forma, como o INSS estabeleceu a necessidade de curador para o Requerente
perceber o benefício, torna-se imprescindível o deferimento do pedido de tutela
antecipada, a fim de evitar que o Postulante e o Interditando passem por extremas
dificuldades, já que aludido benefício tem nítido CARÁTER ALIMENTAR.
Destarte, imprescindível a concessão de medida liminar de antecipação
de tutela, consoante o art. 273 do Código de Processo Civil, de modo a nomear o autor
como curador provisório ao interditando.

IV. DO PEDIDO

Diante do acima exposto, requer:


1) A concessão dos benefícios da gratuidade de Justiça, haja vista que a autor é pobre
no sentido jurídico do termo;

2) A concessão de liminar de antecipação dos efeitos da tutela, com a nomeação do


autor como curador provisóriodo interditando, a fim de que aquele possa representá-lo
nos atos da vida civil.

3) Seja intimado o Ministério Público para intervir no feito até o seu final;

4) Seja citado o interditando, no endereço fornecido no cabeçalho desta petição, com o


prosseguimento do feito nos moldes do art. 1180 e seguintes do CPC, caso queira no
seu prazo legal;

5) Decorrido o prazo estipulado pelo artigo 1.182, caput, do CPC, nomear perito para a
realização de exame médico-pericial no Interditando e elaboração do respectivo laudo;

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5) No mérito, por meio de sentença constitutiva, decretar a interdição do Interditando e
nomear como seu curador a pessoa do Requerente; bem como, em seguida,
determinar a intimação desse prestar o compromisso de estilo no prazo legal;
determinar o registro da sentença de interdição junto ao Cartório de Registro Civil
competente; e, por fim, determinar a sua publicação pela imprensa local e pelo Órgão
Oficial por 03 (três) vezes, com intervalo de 10 (dez) dias, devendo constar no edital os
nomes do Interdito e do Curador, além da causa da interdição.

Protesta provar o alegado por todos os meios de prova admitidos em direito, que ficam
desde já requeridos, ainda que não especificados.

Atribui-se à causa o valor de R$ 788,00, para meros fins de alçada.

Nestes Termos,
Pede Deferimento.

Belém, 17 de março de 2015.

____________________________
Cinthia Dantas Valente
OAB/PA 21.095

RELAÇÃO DE QUESITOS A SEREM QUESTIONADOS EM EXAME PERICIAL:

1. O interditando é portador de alguma enfermidade ou debilidade física e mental?

2. Caso a resposta do item 1 seja positiva, a patologia apresentada é capaz de impedir


que o interditando possua o necessário discernimento para os atos da vida civil? O
impedimento é total ou parcial? Se parcial, para quais atos?

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3. Outrossim, a incapacidade apresentada possui caráter transitório ou permanente?
Relação de documentos:

RELAÇÃO DE DOCUMENTOS:

1. PROCURAÇÃO
2. DOCUMENTOS PESSOAIS
3. LAUDO MÉDICO
4. DECLARAÇÃO DE POBREZA

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