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A partir do início da década de 90, a

região de Balsas, no Sul do Maranháo,


despontou como grande celeiro de grzos,
tanto para o mercado interno quanto
para a exportação

Q
uem pretende percorrer os em fazendas modernas e altamente
muniupios da região Sul do produtivas, dando a impressãode que
Maranhão, em pleno cerrada çe está na verdade em lavmras das tex-
nordes o, já na fronteira com a ma&- rasmaisférteis de São Paulo, do Parmá
ga,imaginando que vai se deparar com ou do Rio Grande do Sul.
terras inóspitas e refrat;inas i agricul- Outra surpresa é o biótipo da p p u -
tura, deve se preparar para grandes laqão dos munidpios da área, princi-
e u v a s . A principal é contemplar palmente de üakais, que é a sede admi-
centenas de milhares de hectares de nistrativa da região Sul do Maranhão.
plantações verdejantes de soja, arroz, As v e m é raro encontrar na cidade o
canz5.&o que dobram oshorizontes, homem tipico do interior maranhenge,

REVISTAM AGWQNEG~CIUS
OA FGV NOVEMBRO
DE 200 1
- . ,. . .r

estados de forte
iW
. .- que entraram de mado marcanteindí- bres para a a@mItura e a pecuária. O t r a a ã o agrícola, como Goiás, com
J - genas e negros. Quem caminha pela fenômeno não é restrito a esse local. previsão dé 207 mil.toneladas, e Minas
!E.
b .
cidade cruza frequentemente com ho- Todas as regi& de cerrado eram con- Gerais, com 192 mil toneladas.
i ' mens e mulheres de alta estatura, pele sideradasinaproveitiveisou de apro-
avermelhada, cabelos louros e olhos veitamento marginal até três décadas CM~CIMEHCOESPANTOSO
claros, como se fossem alienígenas, atrás, fossem para lavouras ou para Em relação i soja, a produção do
deixando escapar um "chê" aqui, um estado está concentrada exclusiva-
pastagens.Adescoberta de que a cor-
"barbaridade" aii, u m "prenda"aco- reção do solo poderia torná-lo alta- mente na ~ g i ã o de Balsas e será este
lá, enquanto combinam o pr6ximo mente produtivo e a produção de va- mo, segundo a Conab, de 426 mil to-
churrasco, desde que - condição riedades adaptadas ao ecossistema, neiadaç. O governo do estado trabalha
i inegociável - seja temperado "sócom pela Embrapa, tiveram importância com amos números - para a Gerên-
sal grosso". Entre eles não faltam com- crucial no desenvolvimento da cia Regional de Balsas (esphcie de
plicados sobrenomes estrangeiros, agropecuária brasileira. Afinal, o cer- subgovernadoria da região), a safra de
muitos alemães, que alguns nativos rado corresponde a 25% do territdrio 1998199 já teria sido de 551 mil tone-
nem arriscam soletrar. nacional, ocupandoparte dos estados ladas (tabela).Ainda assim é baixa, se
do Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, considerada a produçãonacional, mas
Rondônia, Minas Gerais, Bahia, Piauí, excepcional se a safra for comparada
DE GRÃOS DO NORDESTE com a do início da década
I Mas nem s 6 de gaúchos passada, quando estava re-
vive o Sul do Maranhão. A começando praticamente
I região atraiu produtores, do zero, depois que as Ia-
empresas e cooperativasde viiuras foram atacadas por
todos os estados do Sul do doenças. De acordo com
pais, além de paulistas, mi- dados da Companhia Vale
I

I
neiros e mato-grossenseq
que transformaram com-
pletamente a paisagem lo-
cal. O cerrado do Maranháo
é formado por chapadas
I
1 I
do Rio Doce - que trans-
porta, através da Estrada
de Ferro Carajás, 85% da
soja da macrorregião que
engloba o Sul do Maranhão
I praticamente planas, de e também parte da Sul do
declividade menor do que Piauí e de Tocantins -,em
de terras agricultáveis do 1492 foram conduzidas por
estado de Çáo Paulo, admi- 1 seus vagões 26,8 miI tonela-
tindo máquinas maiores e
mais produtivas. Algumas
chapadas, que muitos &a-
mam de tábuas de mesa,
--
1 das. Este ano, a previsão da
empresa é de que sejam
hwportadas 820miltone-
ladas (tabela), o que signi-
onde estão as fazendas dos sulistas, Maranhãoe, em sua totalidade, Geiás fica um respeitável crescimento, em
chegam a atingir dezenas de milhares e Tocantins. apenas nove anos, de 2.215%.
de hectares de extensão. Essas áreas A produção agrícola do Sul do Não existem números preasos, mas
são circundadas e delimitadas pelos Maranhão está contribuindo forte- produtores estabelecidos na área cai-
chamados baixões, espécie de mini- mente para que o estado seja hoje o se- d a m que a região de Balsas, que en-
canions, no fundo das quais correm os gundo maior produtor de grãos do globa 13 municípios, ainda tem de 800
rios e onde as sertanejos seguem plan- Nordeste, perdendo apenas para a mil a 1milhão de hectaresdisponíveis
tando macaxeira (chamada também estado da Bahia.Em relação ao arroz, para a agricultura. Ali&, a região de
de mandioca ou aipim, dependendo o estado 4 hoje o quarto maior produ- BaIsas, apenas u m a das 18 em que se
da região), milho, criando suas cabras, tor brasileiro,c o m previsão de 661 mil divide o Maranhão, tem uma área de
&, desenvolvendo uma cuitura de toneladas para este ano, segundo a 66 mil quil6metros quadrados, o que
subsistência. Conab - Companhia Nacional de sigrufica que é 50%maior que o esta-
Os maranhenses nunca se interes- Abastecimento, do Ministérioda Agi- do do Rio de Janeiro. Francisco José
saram pelas partes altas - 500 a 600111 cultura. O volume supera em muito a Honaiser, tamblém gaiicho e gerente

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I

geral da Lavronorte, empresa de pro- para o BrasiI em 1949 sem falar nem pragas e quase dizimada. No início da
dutos para lavoura, chegou h regi50 "bom dia" em portuguGs e s m ter dtrcada de 90, a Embrapa começou a
em 1976,quando não havia estradas, sequer um centavo no bolso. Em Bal- disponibilizar variedades não apenas
televis2o ou telefone. Para fazer uma sas, financiou mil hectares de terras, compatíveis com a região, mas tam-
I simples ligação, tinha que percorrer na época com 12 anos de prazo, mais bém resistentes a doenças. A Vale do
4 0 O h de estradas, a maior parte de quatro de carência e juros de I%ao Rio Doce criou uma estnitura para o
terra batida, atd a cidade de Impera- mês.Juntoua família, mais seis empre- transporte de grãos e começou a finan-
triz. gados, muita disposiçã~para vencer, ciar as pesquisas, interessada em vo-
No Rio Grande do Sul, Honaiser deixou a gaúcha Náo-Me-Toque e par- lume de produção, criando outras
trabalhava na revenda de autom6veis, tiu para a aventura maranheme. opções para a Estrada de Ferro
mas decidiu arriscar a vida como pro- Todos os que chegaram na mesma Carajás, além do transporte de miné-
5.''
dutor rural em Balsas.Como na região època pagaram o preço do pionei- rios.
-nãohavia coma comprar um simples rismo. Philipsen cornepu plantando 0 s produtores lembram que o pa-
parafuso, ele trabalhava com um esto- soja e arroz, sem contar ainda com pel do governo estadual também foi
que razaáveI de materiais e por isso variedades adaptadas para a região e importante ao asfaltar vârias rodovias,
estava sempre emprestando aos cole- sem ter como escaar a produção. De- entre as quais um trecho de 4Okm da
gas agricultores. Depois de algum pois de & anos estava praticamente rodovia federal BR-230,entre Balsas e
tempo emprestando sem lucrar nada, quebrado, mãs não desistiu. A situa- Floriam, já na divisa com o Piaui, e o
sentindo que havia mercado, decidiu qio comecou a melhorar depois que trecho de 245km da rodovia estadual
voltar a sex negociante e montou u m a liderou os produtores no trabalho de MA-006, de Baisas a Alto Parnaíba, no
empresa para vender implementos conseguir ajuda da Embrapa, unidade extremo sul do estado. Com isso, qua-
agicolas e adubas, ramo em que per-
manece at4 hoje.
Ele conta que a imigração começou
circunstancialmente em 1974, dois
anos antes de sua chegada i região. Os
pioneiros, oriundos do pequeno muni-
cípio gaúcho de Não-Me-Toque, não
tinham compradoterras no Maranhão
e sim em Minas Gerais, perto do Dis-
trito Federal; mas no momento da le-
galização descobriram que tinham
sido vitimas de um golpe. Para tentar de Londrina, para as pesqdsas de se toda a região ficou conectada por
contornar o problema, a imobiliária novas variedades, de sensibilizar a rodovias, no smtido do Leste com a
ihes teria oferecida terras que possuía Companhia Vale da Rio Doce a fazer mercado nordestino e, no do Oeste,
na região de Balsas, na época u m au- o transporte do produto até o porto, com a malha ferroviária que vai dar no
têntico fim de mundo. em São Luis, e de ajudar a criar a porto da VaieIem SBo Luís.Além dís-
Fapcen -Fundacão de Apoio i Pesqui- so, dizem os produtores, o governo
O PR- W PIONEIRISHO sa do Corredor de Exportação Norte. Roseana Sarney influenciou na deci-
Entre os gaúchos pioneiros, e que Essa entidade foi criada para ser o elo são do governo federal de construir
viria a desempenh importante papel. entre os pesquisadores da Embrapa e linhões, levando para a região a ener-
de liderança entre as produtores os produtores, tendo c m o uma das gia da Usina de Tu&. Outra inicia-
oriundos do Sul, estava Leonardus principais funçõescoordenar o traba- tiva que impulsiwnau a produção, se-
Josephus Philipsen, u m holandês lho de multiplicaçãodas sementes das gunda os agricultores, fui o governo
"mais tinhoso que mato do cerrado", variedades seiecionadas. estadual ter estipulado a reniuicia fi*
como ele próprio se define. Balsas, que At4 o final da década de 80,a pro- cal do I W S em 50% para a soja desti-
hoje tem mais de 60 miIhabitantes, na dução vinha crescendo, mas com va- nada 3 exportação, já em 199& dois .
época não passava de uma vila que riedades ainda não consolidadas em m s antes da Lei Kandir.
nem constava dos mapas, com muitas termos de resisthcia e produtividade.
casas de palha e onde não havia se- A produção agrícola patinava em ni- DE m m
PRODUTOUES OS CANTOS
quer mpadaria. Mas miilipsen pa- veis pouco estimulantes e, em 1989,a A medida que foram sendo elimi-
recia gostar de desafios, já que imigrou lavoura de soja ainda foi atacada por nados os gargalos, a imigraqão e a p m

REVISTADE AGRONEG&IOS
DA FGV M w ~ n a ~DEo 200 I
dugo foram d ~ l h d oCamenEa- .
se na-região que, aproveitando os
baixíssimas prqos das terras, os gaú-
chos vendiam Nha no Rio Grande do
%de compravam 3 mil na região de
üaI$as. E vinham produtores de todos
os cantos, como os paulista%que ca-
mepram a chegar na década de 90.
Em 1994, os produtom do interior de
São Paulo Ivan Aidar e Roberto
bdrigues, presidente da Abag - As-
sociação Brasileira de Agtibusiness -,
200 1 620.001) 10,6
se desfizeram de propriedades no TR-
Fonte: Cornpenhia Vaie do Rio D-.
&guio Mineiro e adquirirama Eazm- 4 Compenhia calcula que mnspom 85% da d a prodrirkla na r-.
da &a Vermelha, de 5.400ha. hmemdo whme n;inspor&do de 1992 para 2 q 1 ; 2.2 15%
%$urtdo Fábio Aidar, filho de Ivan,
e que é e administradar da fazen-
da, uma das razões que os levaram a fica na Oeste, os produtos dariam uma Sul do Mararhão ji tinham a grande
escolher o Sul do M a r d o foi encon- volta sipficativa. Por isso, a fazenda vantagem da proximidade, com a dk-
trar terras muito mais baratas e que e uma das poucas cuja pmdu$ão d parada do d61ar essa vantagem se
proporcionavam o mesmo nível de transportada direto para o Norte, por ampliou si@cativamente.
produ-. "g verdade -ressaiva -que
o cerrado bruto não tem nada. Aqui 6
preciso construir fertilidade". NQS
seus dds,para cada real pago pela
terra, d preciso gastar maish& ou qua-
tro reais no preparo, que ínclui a h-
peza pelo sistema do carrentãa (dois
tratares ligados por uma grande cor-
rente se deslocam paralelamente, fa-
zendo u m a varredura nas terras para
I
arrancar as irvores), a retirada do
material Ienhmo, a adubaçáu e a cor- rodovia, até o porto, exn São Luis. Mudando completamente o modo
reg50 do solo, principalmente pela Outsa vantagem da região de Bal- de produç5u tradicional da área, as
1 s d i ~ á ode fosfato e caleário (7t por sas, que influenciou na decisão dos propriedades dos sulistas dispõem de
hectare). produtores pautistas de investir na máquinas moderníssimas, como as
Na primeira safra, a de 1994195, os região, diz Fa%io Aidar, foi sua pasiçSo caiheitadeiras, que custam nada nie-
novos donos plantaram 2 mil hectares estratégica. Os produtos alcançam nos que R$25Qmil cada urna. As má-
de soja, colhendo72 mil sacas, e 1,l mil preços maiores pia proximidade do quinas geralmente utilizam O apareIho
hectare de arroz, colhendo 32 mil sa- porto e por ser uma saida muito mais conhecida pela sigla GPS, que 6 um
cas. Na ultima safra, tinham aumenta- prbxha das mercados cansumidares sistema de m o n i t o r ~ t por o satéli-
do a numem de produtos, a &a, a dos Estados Unidos e da Europa, e tes. O aparelho emite sinais que são
produgão e a produtividade. Foram mesmo dos asiáticos, atrav4s do Canal refletidos pelos satglites, fornecendo
plantados 4,l mil hectares de soja que da Fanamd. A q a é exportada e o ar- ao operador a itinerdrio exato que
praduzireirn 201 mil sacas; 83Qhade roz e o milho encontram um mercado deve fazer com a maquina de modo a
arroz sequeiro, com a coiheita de 38 consumidor importante no Nordeste, otimizar o trabalho, evitando entrar
miI e 43Oha de milh~,com a p m onde é muita mais vantajoso comprar m áreas já trabalhadas ou deixar ia-
du@ode 49mil sacas. A Serra Verme- do Sul do Maranhão do que do Sul do
Iha fica nos municípios de Loreto e pais. O milho, comprado pelos nordes-
SambaEba, no Leste da região de Bd- tinas principalmente para abastecer as Um dm maiares empreendimentos
sas, o que s i p h c a que para utilizar o granjas, era quase totalmente imporlei- da regiao da Balsas é a empresa
iTanspork f e r m v i e , cujo terminal do da Argentina. Se os produtoms do Agroserra, em a j a propriedade foram

Novmiao w 2001 R N I ~DE A G R O N E G ~ DA


C I ~FGV
ras na região de Balsas, e desde então
o empreendimentovem crescendo até
chegar aos dias de hoje com 106 mil
hectares, dos quis 26 mil produzindo
a todo vapor. O projeto de viabilidade
que elaborou sugeria um crescimento
i998/99 204.000 '22,9 550.800 31.7 2.700
gradual, compatível com a região e
Fome: Gerência de Emdo & DsmvoMrnemo k o n a l de Bakas. com bsge em mtf3ti- da I
com a chegada da infra-estrutura. O
projeto estratégico de longo prazo era
voltado para a produção de soja.
plantados na última safra 13 mil hec- chuva regdar, bem distribuída, Em Balsas já havia algumas facili-
tares de soja, 12 mil hectares de cana e calcário, crédito oficial e privado; e dades coma telefone e Banco do Bra-
mil hectares de outras culturas. Resul- que atendesse t a m b h às exigências sil. Mas, por falta de empresas com-
tado: 30 mil toneladas de soja e 610 mil de logistica, que são as facilidades pradoras de soja, o empreendimento
toneladas de cana. Quem pilota o em- para internar insumos, exportar e ven- ficou centrado na produção de arroz.
Só com a chegada da Ceva1 (atual
Bunge) e depois da Cargll, os investi-
mentos foram redirecionados para a
Mudando completamente o moda de produçiio tradicional da sojae depois também para a cana, cul-
u e a , as propriedades dos sulistas dispóem de mhquinas tura que vinha se mostrando compa-
mdernissimas, como as colheitadeiras, que custurn nada tive1 com o cerrado. Em 1992, a A p
menos que R$Z 50 mil c d a uma. serra adquiriu uma usina de açúcar e
ilcool que estava desativada no Cea-
rá e que pertencia ao Banco do Brasil.
Hoje, com as 610 miltoneladas de cana
preendirnento é Pedro Augusto der no mercado interno. O Norte foi colhidas, a empresa estd produzindo
Ticianel, um paranaense de Bandei- logo descartadopor questões ecol6gi- 53 miIh6es de litros de álcool carbu-
rantes,defensor apaixonado da região cas e excesso de chuvas. A decisão foi rante, D que corresponde a 70% da
e de suas potencialidades. Mo início da pelo cerrado nordestino e dentro des- demanda de álcool da Maranhão.
década de 80 sua família tinha inves- te a escolha recaiu sobre o Sul d o A Agroserra está também desenvol-
timentos em Mato Grosso, mas queria Maranhão por causa da topografia, vendo pesquisas para investir em ou-
mudar de regZo, porque na época não existência de calcá rio, clima, com pre- tras culturas, entre as quais a de café,
havia transpartes e o custo era muito cipitação pluviomdtrica semelhante a de uva, bambu (para papel-moeda)e
alto para internar insumos, que chega- do Centro-Oeste, região práxima A reflorestamento com lenhosas (para a
vam pelos portos de Santos ou Estrada de Ferro Carajás e condicão celdose). No total, o projeto está em-
Paranaguá,e também para exportar, portuária favorável. Outro aspecto pregando 1.500 pessoas. Mas o prinu-
por u m desses mesmos portos. que fortaleceu a decisao foi a proximi- pal responsável por essa prosperida-
Ticianel, que é engenheiroflorestai, dade dos mercados do Norte e Nor- de não está satisfeito. Pedro Tiaanel
foi o escoihido para encontrar a irea deste, na época, de 55 milhões de ha- diz que o empresário não pode abrir
e m que fosse mais viável produzir tan- bitantes, quase a metade da população mão de sua responsabilidade social:
to para o mercado externo quanto para brasileira. "nãoadianta crescer sozinho,cercado
o interno. Ele se fixou nas regiões Nor- por pessoas vivendo em dificulda-
te e Nordeste e procurou ireas que CULTURAS DMIISIFICIIDAS des". E esclarece que não se trata de
atendessem às exigências de produ- Em 1984, Ticianel comprou em distribuir sopáo e sim de integrar a
ção, que ção clima, solo, terreno plano, nome do grupo 10 mil hectares de ter- comunidade local ao mesmo sistema
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Um ddes consiste em Iwar20 a 30 fa-
d a s & pequerios agrieuito~es(com
atk 30gha de terras) de cada vez para o
eíripmimemte, cedendo alajm*
tas, alimmhçãa, transferindo o h#
h da produ@omoderna de diversas
lavouras,incluindo cafg e ma. Depois
dese trabalho, o o p d o p i m d e
Ewar os a* h m m i m s e mostrar

peqLlenos agwd- "puerom&*


que .cada h m i h - diz Ti&meI - pode
tirãrde~2a3dporm&emsuas
temas". Para o diretor presidente da
se a projeto for bem-sucedi-
do pode se transformar em um mode-
lã para a =tada, er que seria sua forma
de ríetnbuir~ç e h u hda governoao PESEHVBLYIME~ ACEUIBRDO mente na região de Balsas. Um deles
apneg&, que se deram psindpd- Vários fatores contribuirarn para foj+ a h d e de =P-
mentie com o pvimento da W r a e m p m e n t o s mmo a saa compmdmas na cidade, como a
tnilura mess&. serta se de~rtvoIvesiemacelerada- (abhmte ~w *enw)
' I . I
. L
L .

I
I

N ~ R BDEW2001 R ~ W AM ~ R Q N E G & C I ~IM


S. FGV 16
São 218 rnil hectares plantados na Sul
da Mãranhão, 60 mil no Sd da Piaui
e 50 mil no estado de Tocantins. A
Bunge compra atualmente 60% da $a-
ba. O gerente de Originação,daunida-
de de Balsas, José Carlaç Gãbriel, diz
que a empresa só está esperando ha-
ver um maior volume de produção
I
para implantar uma fábrica esmaga-
dora em São Luís.
Mas há produtores insatisfeitos
com as compradoras.Eles dizem que,
se no começo representaram u m e&-
muIo, hoje têm todos os produtores
nas m k s , não só contrdando os pre-
1l os, mas também financiando a pro-
i dução. Como a região usa mmo parâ-
mebo para os p ~ p asBolsa d e ~ i i -
cago, as compradoras usariam cáicu-
'
10s exageradas de fretes pala reduzir
o prep final e lucrar com a diferença.
e a Cargiii. Ainda corno Ceval, a em- e ainda houve quebra das safras em Representantes das compradoras atn-
presa chegau a Balsas em 1989 e ficou furrçiio de pragas. A safra 1991192 já buem a responsabilidade à Compa-
praticamente dois anos fechada por- foi de 26 mil toneladas e seguiu a=- nhia Vale do Rio Doce, que estaria re-
que a pmduçãs de soja era inapiente cendo a t i chegar a mais de 700 rnil. ajustando os fretes de acordo com a

I da regi20 de Balsas \

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variacão do dólar. A companhia, por ihdutor do desenvolvimento, de a consertar a estrada na kpoca da co-
h . sua vezJdiz que não pode &r ao &e
I
estimulador da pmdufio, pela via da Iheita. Todm mnconlammque era fal-
,
I
- é estabelecido pela agência reguladw crPdito, evitando que fi4uemos ii mer-
ra e me quem está lucrando realmen- d de internes estranhos. Mas nem
*
hde espidto de coopera@o, nin&uh
pensou g m responsabilizar os gvver-
I te são as compradoras, devolvendo todos concordam com essa hipótese. nos munidpal, estadual ou federal.
deesa forma as acusa@es. Para outros produtom, a Única moti-
Q gerente geral da Lavronorte, vação das compradoras 6 ganhar di- D i w c s ~ or a m m u ws prmwmila~s
Francisco JoseHonaiser, diz que de riheifa, apveitmdbse da situaçãoj a Em 1996, um grupo de empresários

!
1994 para cri o sistema de &dito p s - e nib c o w d e s w mas acaba franceses, compradores de fardo de
sou do Banco do Brasil para as empre- uzindo a competitividade d~ a$ri- soja, visitou iceas da Fazenda Serra
sas compradoras. "A produç3o - diz ultor local. Muitus itendem que a V m l h a que ainda eram cenado bru-
ele - etd nas &os das empresas es- esGo 6vai s a =solvida mn a &e- t ~Eles
. v o n~ano~seguinte
~ e fo-
trangeiras. Se eIes quiwrem reduzir &da de mais compradoras 5 região, a ram lwadasa-visitara mesma b a , j4
I
nossa grodqãa, 6 sd trancar o &- que vai fmp a rmpeti@o, acabado então totalmente tomada pela soja. E
to". O financiamento se dá na I d o adtaramno queviram:

"1
h a de compra antecipada da "Essa era aqueIa área feia de
pdu@o, sisistema que é chama- cenado, que parecia nZn dar
do de soja verde. A começáo nadii?Realmente, as fazendet-
segue a d a ~ ã cambial
o mais mmopeus e americ;u~ost&n
12 a 15%ao ano. Em certas &pe que morrer de medo de
tas do ano, as u n i d d e dessas votes." E contaram que na
compradoras parecem institui- Rança os fazendeiros são ido-
ções bancárias, tal o m o v i m e sos, m a i s acomodados, e que
to de produto- buscando fi- i
31mcimRfQ.

MAIS c o i i ~ m *
d wus íilhosI ao cmkdria da que
acontece no BrasiI, preferem
abandonar o campo e abraçar

.=
atividades urbana.
Um prod~ttor,que prefere '
não se identificar, diz que o
Banco do Brasil jamais podefia I
, - I O espanta dos franceses
procede. Várias cenas mnfu-
mam o dinamismo e a ousadia
abrir mão de atuar numa área mtraté- or favorecer os agricultores. desses produtores. Em um wtauran-
gimI que C o financiamento. E levanta Os problemas não t&mimpedido te de Balsas, o rep6rter ouve dois jo-
a hipótese de que as empresas com- a regiãa siga com 6tirntl ritmo de vens produtom discutindosobre qual
pradoxas, todas estrangeiras, pode-

estão subsidiando fortemente seus


pmdubres.desoja. O governo ameri-
cana garante o pxeqo mínimo de
U S 2 6 por bsr$l(271eg), cobrindo a
C scinrento (tabelas) e @mas das teria sido n momento certo para ven-
riaai estar seguindo a i n t m de seus azões para m e desempenho sÃU cer- der a soja da Ultima safra. E elogiam
p h s , difidtrpndo nossa produ@o. mente o dbmdmo c a ousadia dos um termim, de 35 anos, que teve pa-
Par exemplo, diz ele, preocupados
com a eampeti@o, os Estados Unidm
rnpre~21noS..estabeIecidosna área. O cihcia, acreditou que os presos na
e explica e m cara&'sticas talvez b l s a de Chicago reagiriam, aguardou
'a a faixa de idade da maioria deles, mais um tempo e acabou lucrando na
o 30 a 45 anos. Fábio Aidar, que a t i i operação nada menos que R$400 mil
32 anos, conta que veio para Bd- a mais que os outros. Mo iubby de um
que todosos governou es- hotel da cidade, um pradutor, de seus
diferençaquando o p q o do mercado uma fase de dificd- 30 anos, w encontra com o represen-
fica abaixo O governo brasileiro d- e preparado para investir em tante de umaempresarevendedora de
+ que o pwjuizo causada aos nes- o que fosse necessário para viabi- GPS, que lhe oferece o aparelho, O
swpmdutores C de US$l bilhão anu- produção. Uma das iniciativas produtor perguntou a preço, que era
inclusive estudando entra um .trator e um caminhão de USE!mil, quis saber se ele tinha o
c& uma q ã o contra os &dos Uni- ara hzer a manutenção da estrada equipamento & estoque e, ao ouvir a
.dos na OMC - Organiza* Mundial utilizava, E esse wnpcrrtamenh, resposta dimativa, fechou o negócio
h do Comércio. Para gse pmdutor, a l h Em u m bar de Balsas, na hora, solicitando que a entrega £os-
da a ç ã ~o, governo brasileiro deveria brn outro produtor redanava muito se feita no dia seguinte. Nem pediu
ref ornar seu papel inttamferfvelde das seusvizinhas, que não o ajudaram abatimento.
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