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TRIBUNAL MARÍTIMO

PROCESSO Nº 29.064/14
VOTO VENCIDO

Tratam os autos de um acidente com um piloto de moto aquática, ocorrido


em 08 de setembro de 2013, por volta das 17h39min, na localidade de Paula Pereira, em
Canoinhas, SC, que resultou em ferimentos de natureza leve no condutor da embarcação.
A acusação afirma que o primeiro representado, Sr. Gustavo de Lima Rocha, seria
causador do acidente pois não era habilitado e, por essa razão, teria sido imperito. Afirma
a PEM, ademais, que o segundo representado, Sr. Delcio Rocha, seria imprudente, pois
teria dado a embarcação para ser conduzida por pessoa sem habilitação, assumindo o
risco de causar um acidente.
Entendi que o a falta de habilitação do primeiro como causa do acidente não
se confirmou pela prova dos autos. O que causou o acidente não foi a falta da habilitação,
mas a falta de habilidade do primeiro representado ao conduzir a embarcação do segundo
representado. Conduzir embarcação sem habilitação ou entregar a embarcação para que
seja conduzida por pessoa não habilitada é infração administrativa prevista no art. 11, do
Decreto nº 2.596/98 e prevê pena de multa, independentemente de haver qualquer
consequência e essa penalidade, a meu ver, deve ser aplicada pela Autoridade Marítima,
na forma do art. 33, parágrafo único, da Lei nº 9.537/97.
O relato do incidente feito pelo primeiro representado é confirmado pelas
testemunhas que estavam com ele nas outras duas moto aquáticas. Segundo disseram, o
primeiro representado teria cruzado pelas outras duas moto aquáticas e ao tentar fazer a
volta pode ter escorregado ou a moto aquática pode ter sido desligada automaticamente, o
que fez com que ela perdesse velocidade bruscamente, causando seu desequilíbrio.
Segundo ele mesmo, estava a oitenta quilómetros por hora quando fez essa manobra.
Essa ação imprudente causou o acidente, tendo o primeiro representado sofrido no
próprio corpo as consequências de seu ato.
Por essa razão decidi que o fato da navegação nesses autos se caracterizou
pela ação imprudente do primeiro representado, ao cruzar sua moto aquática em
velocidade excessiva com outras duas moto aquáticas e com isso provocou o choque de
seu corpo contra o painel de sua moto aquática, causando ferimentos em si e avarias na
embarcação. Nesse sentido decidi também que a causa determinante do fato da
navegação teria sido o erro de navegação e também o erro de manobra do primeiro
representado.
Por tal razão, entendendo que o acidente se deu unicamente por culpa do
primeiro representado, conforme acima fundamentei, julguei parcialmente procedente a
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(Continuação do Voto Vencido referente ao Processo nº 29.064/2014...........................)
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representação para responsabilizar somente o primeiro representado pelo fato da
navegação e exculpar o segundo representado.
No entanto, uma vez que vislumbrei algumas infrações administrativas
cometidas pelo proprietário da moto aquática, Sr. Delcio Rocha, segundo representado,
que não guardavam relação direta com o fato da navegação em julgamento, entendi que a
Delegacia da Capitania dos Portos em São Francisco do Sul, representante local da
Autoridade Marítima deveria ser notificada nos termos do art. 33, parágrafo único, da Lei
nº 9.537/97 (LESTA), para que pudesse aplicar as penalidades previstas no Decreto nº
2.596/98 (RLESTA) por não ter providenciado a transferência da propriedade da
embarcação no prazo previsto na NORMAM e também por tê-la entregue a tripulante não
habilitado, sendo essa última falta administrativa aplicável também ao piloto da moto
aquática e primeiro representado, Sr. Gustavo de Lima Rocha, por ter conduzido a
embarcação sem ser habilitado.
Esse é a fundamentação do meu voto vencido.

NELSON CAVALCANTE E SILVA FILHO


Juiz do Tribunal Marítimo

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2018.09.04 10:44:29 -03'00'

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