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Transplantes de órgãos

Daniel Ilias
Débora Murakami
Eduardo Cunha
Resolução do Conselho Federal de Medicina
nº1480/97
Os critérios para diagnóstico de Morte Encefálica (ME) incluem:

Causa do coma;
Causas de coma que devem ser excluídas durante o exame
(hipotermia, drogas depressoras do SNC);

Elementos do exame neurológico (coma aperceptivo,


pupilas fixas e arreativas, ausência de reflexo oculocefálico,
ausência de reflexo de tosse e apnéia);

Obrigatória a realização de um exame complementar que


vai caracterizar de forma inequívoca :
1 - ausência de fluxo vascular cerebral;
Glasgow 3 + critérios clínicos de ME = Obrigatório por lei
que todos os estabelecimentos de saúde notifiquem as
centrais de Notificação, Captação e Distribuição de Órgãos
da Unidade Federal do ocorrido, a suspeita de ME, feito
em pacientes por eles atendidos.

Nesse momento as OPOs (Organizações de Procura de


Órgãos) assumem um papel fundamental, que consiste na
viabilização do possível doador para o Sistema Estadual de
Trasplante.

Há 10 OPOs no estado de SP (USP, Santa Casa, Dante


Pazzanese, Escola Paulista de Medicina, Sorocaba, Marília,
Ribeirão Preto, Botucatu, Campinas e São José do Rio Preto)
Em 1997, ao ser sancionada a lei n. 9434, foram criadas
condições legais para a realização dos transplantes,
anteriormente caracterizados pela desigualdade de acesso,
nas diferentes classes econômicas.

Decreto n.2268 (jun/97): Sistema Nacional de Transplantes


(responsável pela infraestrutura da notificação de casos de
morte encefálica, captação e distribuição de órgãos e tecidos
que é denominada fila-única).

Previa a doação presumida (todos os indivíduos são


doadores, salvo aqueles que se declararem não doadores na
carteira nacional de habilitação ou de identidade – declaração
que podia ser reformulada a qualquer momento).
Durante pelo menos 1 ano (97-98), tivemos
doação presumida, aprovada por lei, como o
tipo de doação escolhida pelo Brasil.

Após discussões e análises sobre o tema,


alguns estudiosos relatam que a presunção da
doação de órgãos interfere na autonomia das
pessoas sobre seu próprio corpo.

Desde de 98, esse tipo de doação tem sido


alterado e em 2001, retornamos ao que valia
antes de 97, que é a doação consentida.
Lei n. 10.211 (03/2001): a retirada de
tecidos, órgãos e partes do corpo de
pessoas falecidas para transplante ou
outra finalidade terapêutica, dependerá
da autorização do cônjuge ou parente
maior de idade, obedecida a linha
sucessória, reta ou colateral, até o
segundo grau. Inclusive firmada em
documento subscrito por duas
testemunhas.
O grande entrave no processo de disponibilização de
órgãos e tecidos para transplante é representado pelo
alto índice de não efetivação dos potenciais doadores.

Isso deve-se em parte à própria estrutura do sistema


de saúde brasileiro, que muitas vezes mantém
potenciais doadores de órgãos e tecidos sob
tratamento inadequado e ineficaz para a situação do
doente.

Espanha: índice de doadores efetivos em ME ->


31,5 doadores/milhão de habitantes.
Brasil -> não chega a 4 doadores/milhão de hab..
São Paulo -> 9,2 doadores por milhão de hab..
Motivos de não-doação: recusa familiar e a
parada cardíaca (demora na notificação do
potencial doador, má manutenção do mesmo,
entre outros) representam o grande obstáculo
na efetivação de potenciais doadores.

É preciso melhorar a notificação e a


manutenção dos potenciais doadores, pois de
cada dez potenciais doadores, somente um é
notificado.
1 - É correto obter sangue
para realizar exames
sorológicos em pacientes
que apresentam apenas o
primeiro teste clínico
compatível com morte
encefálica?
Parecer n°. 15086/09 do CREMESP:

Considerando-se que o objetivo maior para coleta de


amostras de sangue é a realização de exames sorológicos
diversos para doação de órgãos ou tecidos, esta coleta
deveria ser realizada somente após a confirmação indubitável
do quadro de ME. A coleta de amostras de sangue para
exames sorológicos antes da confirmação definitiva de ME só
poderá ser realizada mediante autorização expressa do(s)
responsável(eis) legal(ais), desde que claramente informado
(s) sobre a finalidade de se antecipar a realização dos
mesmos. Apesar de não caracterizar ilegalidade, a coleta de
amostras após o primeiro exame que indica morte encefálica,
constituirá infração ética se não for precedida do
consentimento devidamente informado e esclarecido do(s)
responsável(eis) legal(ais).
2 - O médico intensivista pode se
negar a interromper os meios
artificiais de sustentação das
funções vegetativas, após
comprovação da morte cerebral a
pedido da família?
Não pode. Quando um paciente for
considerado em "Morte Encefálica",
portanto, considerando em óbito, o médico
responsável pelo paciente deve comunicar o
fato à família e, com a concordância dos
responsáveis legais pelo paciente, ele deve
suspender imediatamente os meios
artificiais de sustentação das funções
vegetativas.
3 - Seria correto manter a gestação
de uma paciente com ME até que
fosse viável o nascimento do feto?
Ótima pergunta.
4 - Você concorda que a doação
presumida interfere na autonomia
do paciente sobre seu próprio
corpo?
5 – Você doaria seus órgãos?
Tem certeza?
E os de seus familiares?
Doe esperança!

Fim.

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