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Preconceito de Gênero
São Paulo
2014
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COPA DO MUNDO
Preconceito de Gênero
São Paulo
2014
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Sumário
Introdução 4
Japão 5
Itália 8
Argélia 10
Conclusão 14
Fontes Bibliográficas 15
Anexos 16
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Introdução
4
Japão
Maeko Tanaka, pseudônimo escolhido por uma jovem de 21 anos que prefere
manter-se no anonimato, passou por uma sessão de terror dentro de um
automóvel, diante de vários colegas de trabalho. Durante trinta minutos, ela foi
apalpada pelo governador da província de Osaka, Knock Yokoyama, para
quem trabalhava como estagiária. Para levar o caso aos tribunais, ela precisou
enfrentar o preconceito dentro da própria casa. Por considerar a atitude indigna
de uma mulher, seu pai deixou de falar com ela, o namorado a abandonou,
assim como a maioria dos amigos. Em dezembro do ano passado, veio a
recompensa. Yokoyama renunciou ao cargo e foi condenado a pagar 100.000
dólares a Maeko. A primeira a conseguir a façanha de condenar um homem
num tribunal foi a jornalista Mayumi Hareno, que processou por difamação o
editor da revista em que trabalhava, há dez anos. "No Japão, a mulher é
sempre culpada", disse Hareno.
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Itália
A falta de creches públicas e privadas que se ocupem das crianças até aos 2
anos de idade é apontado como um factor que ajuda a explicar as taxas de
inactividade femininas, até porque os familiares mais velhos tendem a sair cada
vez mais tarde do mercado de trabalho. Não havendo alternativa, a
responsabilidade de cuidar dos filhos é atribuída de acordo com a distribuição
dos papéis sociais segundo o género. E quase sempre a escolha recai sobre a
mulher.
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Argélia
No momento de mais forte violência na Argélia, no início dos anos 90, emerge
uma palavra-mulher, com uma incontestável autonomia. Uma expressão forte e
original, irredutível a qualquer outro discurso, impõe-se, com personagens que
se tornam emblemáticas, tais como Khalida Messaoudi (hoje Khalida Toumi,
tendo retomado seu nome de solteira), Zazi Sadou, Louisa Hanoun e Salima
Ghezali.
Que cada uma destas mulheres esteja ligada a um partido político, do qual é
membro, simpatizante ou líder, não desmerece o fato de que é, antes de tudo,
uma palavra-mulher que elas enunciam; esta última seria portadora de uma
reivindicação que pode integrar-se às dos partidos sem ser, todavia, jamais
idêntica, militando sempre por algo mais..
Por outro lado, as associações femininas existiam antes desta época e esta
palavra-mulher, à qual me refiro, é herdeira, ainda que seja observadora ou
que pretenda se separar de movimentos antigos.
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Depois da independência do país, o partido único – o FLN, Front de Libération
Nationale, impôs-se com a exclusão de qualquer outro. Um só partido, assim, o
do povo argelino, e uma única representação da Mulher Argelina, entronizada
UNFA (União Nacional das Mulheres Argelinas), cuja secretária geral é, antes
de mais nada, militante do partido único. Não se trata, neste caso também, de
negar ou desconhecer o trabalho que foi feito para resolver questões materiais
de algumas mulheres, miseráveis.
Mas a UNFA não pode sair e não sai jamais do quadro fixado pelo partido. No
dia 4 de junho de 1984, o projeto do Código da Família seria votado pela
Assembléia Nacional Popular, fazendo das mullheres argelinas, no que
concerne à família, uma cidadã de segunda categoria. Este código, com força
de lei, apoiava os maridos que desejassem repudiar suas mulheres,
expulsando-as de casa, sem necessitar de justificativas.. Enquanto grassavam
as manifestações contra este projeto, A UFNA nada fazia. No fim do mês de
maio, esta organização recebia um grupo de mulheres universitárias de Alger,
que pedia uma ação contra este projeto de lei. Foram apaziguadas,
assegurando-lhes que nunca uma organização encarregada da defesa das
mulheres permitiria que uma tal lei fosse aprovada. Mas o Código foi votado e
aprovado.
Mas o debate sobre o lugar e o futuro das mulheres fora relançado e ganhava
as ruas. As antigas moudjahidates (antigas combatentes da guerra de
libertação) encabeçavam as marchas de protesto, eram presas e retidas por
algumas horas, participavam de todos os meetings..
Abassi Madani, fortalecido pela legitimidade que lhe era concedida, reitera sua
conformidade com a palavra divina e se coloca como sua referência. Todos os
outros se distribuem a sua. Uma só voz a ele se opõe , recusa as referências
nas quais este antigo membro da Frente de Libertação Nacional (FLN), agora
líder do FIS, encarcera seus interlocutores. Trata-se de Khalida Messaoudi.
Ela se opõe e coloca a questão de outra maneira: vocês dizem que sou filha de
Joana d´Arc, mas quem são vocês para decidir isto? Recusa-se a debater em
um terreno discursivo religioso. A rejeição deste discurso religioso, que
funciona como uma armadilha e não deixa nenhuma escapatória, aparece no
espaço visível da cidade, por ocasião da celebração do dia 8 de março de
1994. Sabe-se que este dia tornou-se “o dia das mulheres”. As argelinas
haviam, progressivamente, tomado este dia como o mote para ocuparem as
ruas em grupo: restaurantes, cabeleireiro, beleza visível, mas igualmente
marchas e reivindicações. Todas que viveram este período lembram-se da
gentileza das pessoas na rua, da amabilidade dos homens que lhes ofereciam
flores.
A reação porém, foi rápida. Uma Fatwa, uma decisão fundada na religião, é
declarada por um dos emires, que permite o assassinato destas mulheres. As
mulheres, porém, já viviam neste clima de violência. Em primeiro lugar,
consideradas presas de guerra, são vítimas de violência. Seus corpos, já
amarrados em uma trama de leis e de interdições, se tornam o lugar em que se
escreve e se inscreve o que está em jogo na sociedade, tomada da vertigem
da morte infligida e procurada.
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As mulheres serão também atrizes ativas na violência. Elas resistem com
armas na mão contra grupos armados, ou neles atuarão, tomando parte na
violência contra outras mulheres, contra crianças.
Seria necessário refletir este encadeamento que leva à morte, em uma paródia
de lei dada por deus, morte dada e também buscada.
No fim dos anos 90, a questão do direito ao aborto após um estupro foi
levantada pela ministra da Solidariedade e da Família, tomando a bandeira das
associações femininas. Os homens políticos, mesmo abrigando-se sob o
discurso religioso e utilizando como artifício/escudo o discurso médico – como
foi o caso do HCI, o Alto Conselho Islâmico – foram obrigados a responder-
lhe. Sua recusa em tomar uma decisão é uma clara resposta; porém, ela não
desencorajará, de forma alguma, as mulheres que colocaram este problema .
Elas o retomarão.
Sem pretender, como querem alguns, que a solução virá das próprias
mulheres, é certo que elas fizeram emergir uma palavra-mulher que trabalha o
político e estabelece seu lugar. A sociedade argelina conheceu importantes
acontecimentos políticos, sem verdadeiramente integrar as transformações que
poderiam ter se implantado. A organização tribal, que não concede muito
espaço para as mulheres no campo das decisões, se vestia, até aquele
momento, com os véus da tradição para negar qualquer movimento. Hoje, toma
de empréstimo seu léxico e sua retórica aos religiosos para tentar, mais uma
vez, congelar a dinâmica da mudança. Nesta ótica, as forças perturbadoras,
que são as mulheres e as/os jovens, sofrem a violenta reação desta recusa.
Até quando?
[1] A Argélia foi uma colônia francesa e sua libertação foi obtida pela guerra,
nos anos 1950.
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Conclusão
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Fontes Bibliográficas
(observatorio-das-desigualdades.cies.iscte.pt/index.jsp?page=
publications&id=33)
(http://veja.abril.com.br/010801/p_059.html)
(http://www.tanianavarroswain.com.br/labrys/labrys3/web/bras/zineb1.htm#_ftnr
ef1)
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Anexos
Anexo 1:
Anexo 2:
16
Anexo 3:
17