UNIVERSIDADE AGOSTINHO NETO

FACULDADE DE DIREITO

CENTRO DE PESQUISA EM POLÍTICAS PÚBLICAS E GOVERNAÇÃO LOCAL

CURSO DE POLÍTICAS PÚBLICAS DO DESENVOLVIMENTO LOCAL

Módulo de Economia do Desenvolvimento Local

Desenvolvimento do Capital Humano

- Município de Lucala, K. Norte -

ESTUDANTE: PEDRO JOSÉ DANIEL

PROF. Dr. JOSUÉ CHILUNDULO

NOVEMBRO 2017

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 1. Enquadramento contextual

O homem é por natureza um peregrino, que não se contenta em

permanecer num único sitio; circula de território a território, país a país,
continente a continente, para dentre tantas, satisfazer as suas necessidades de
lazer, entretenimento, contacto com outros povos e culturas, para enriquecer a
sua humanidade e daqueles que encontra. É neste quadro que se enquadra o
turismo, indústria por excelência ecológica e da paz.

É uma indústria que envolve o emprego de mão-de-obra intensiva, com

importante papel no processo e no desafio de diversificar a economia
angolana1, na medida em que concorre para a criação de empregos directos e
indirectos, o aumento da riqueza das empresas, da renda das famílias e, por
conseguinte, a redução da probreza.

A sua promoção e desenvolvimento podem, de forma harmoniosa,

caminhar de mãos dadas com a preservação da cultura, do meio ambiente e da
biodiversidade. É a actividade económica que procura dar forma a tudo quanto
o “Criador” colocou à disposição da humanidade 2.

O município de Lucala é estratégico, quer pela sua localização, quer

pelas suas potencialidades humanas e naturais. Situa-se a trinta e seis
kilómetros, a nordeste da provincia do Cuanza-Norte e é cortado ao meio por
três grande realidades.

Dentro do seu perímetro restrito encontram-se os seguintes bairros

históricos: Ngola Nhinhi, Maquela, Ndundu-Ya-Mutulu 3, Ngolova, Embondeiros,
Ceteté, Usa-respeito e a Vila sede.

Fora do perímetro restrito encontram-se os sectores Pamba, Pamba-

Pedreira, Kyangombe4 e tantos bairros sonantes, como Kigya, Mawa,
Dwalumbi, Comandante-Ataque, Duas Marias, Celela, Cantoneira, etc alguns

1 Entendemos a diversificação como o pleno funciomento dos múltiplos sectores que compõem o tecido
da economia nacional, que produzam de forma tão intensa que, consigam satisfazer a procura interna,
gerar excedente para a exportação da qual resultem receitas em divisas para o país.
2 É um disperdício por exemplo, que um Rio na magnitude do Kwanza, não tenha uma marginal nos seus
“braços”.
3 Ndundu-Ya-Mutulu, quer dizer menina do olho.
4 No Kyangombe encontrámos ainda as fosforeiras, que resistem ao tempo, apesar das intempéries.

2
dos quais já extintos, por força da nossa desagradável história recente, como
por exemplo, o Ginhanga5, a Kilesa, etc.

A primeira realidade marcante é a Estrada Nacional que liga Luanda ao

Leste de Angola e a estrada Nacional que liga Luanda ao Uíge, sendo o Lucala
o ponto de interseção, com um intenso e ininterrupto movimento rodoviário,
vinte e quatro sobre vinte e quatro horas.

A segunda, o magistoso Rio Lucala, verdadeira fonte de vida e de

sustento das famílias, com quedas e corrente de água espectaculares,
auténtico cartão postal que também recorta o município ao meio, com mais de
dez ilhas6 que não ficam submersas por mais que o rio atinja elevados níveis
de enchente na época chuvosa, alguns perímetros navegáveis, propiciadores
da prática do turismo e da pesca náuticas, multiplos ecossistemas e rica
herança cultural, susceptíveis de tornar a indústria turística, hoteleira e de
restauração, numa promessa para o seu crescimento a curto prazo e
desenvolvimento a médio e longo prazos.

A terceira, os Caminhos de Ferro de Luanda, que, igualmente, passam

pelo coração do município de Lucala e com um centro logístico de gás butano e
combustíveis que abastece as províncias do Uíge e Malanje.

Dispõe ainda de vários rios de pequena dimensão, alguns dos quais

afluentes do rio Lucala7. A sua terra é bastante fértil, onde tudo é praticamente
cultivável.

Apesar dessas potencialidades, o sector turístico continua estagnado,

sem se vislumbrar iniciativas que o alavanquem. Daí que, urge adoptar
instrumentos de políticas públicas municipais que o retirem do actual estado
de letargia.

5 Termo Kimbundu, que significa cegonhas.

6 Ilha do AGUIAR, exímio nadador cuja missão era a de salvar vidas de quem estivesse na iminência de
se afogar ou de recuperar os cadáveres de quem já estivesse morto por afogamento. Ilha do Kamazalala,
Ilha do Ndundu-Ya-Mutulu, Ilhas das beiras de Baixo e de Cima, etc.
7 Um desses é o Rio Karyombwa, altamente violento e turvo na época chuvosa e possui uma cascata,
muitas vezes utilizado para a irrigação na época do Cacimbo, em que se cultivam o milho, o feijão e
ginguba.

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 1. Finalidades

Transformar a indústria turística, hoteleira e de restauração num dos

principais vetores do crescimento e desenvolvimento económico social e
cultural do município de Lucala.

2. Objectivos

Catalogar no prazo de seis meses, as áreas propícias ao exercício da

actividade económica turística, à montante e à jusante das margens do Rio
Lucala, mas não só;

Formar, no âmbito das políticas do MINHOTUR8, capital humano capaz

de assegurar o funcionamento do sector ao nível do município;

Concessionar espaços naturais e artificiais 9 a empreendedores e

empresários interessados a investir no sector turístico municipal;

Conceder facilidades aos investidores, no que respetia a concessão de

espaços para exploração turística e de lazer para que no período de de um a
dois anos se alargue a base turística municipal;

Promover e realizar o FESTI-LUCALA10, em alusão à comemoração do

seu aniversário;

Aumentar para um milhão, o número de visitantes nacionais e

estrangeiros anuais ao município, no período de dois a três anos;

Estabelecer parecerias estratégicas com bancos nacionais e

estrangeiros com pacotes de investimentos turísticos ao nível local;

3. Instrumentos

8 Ministério da Hotelaria e Turismo

9 Por exemplo, o edifício do antigo cine Lucala encontra-se voltado ao abandono. O Estado poderia
alienar ou conceder a particulares durante certo prazo para o reabilitar e aproveitar para outros fins
úteis ao progresso do município.
10 Que se torne uma data do calendário festivo municipal e com a realização obrigatória de eventos
culturais, em que participem artistas e especialistas das várias esferas do saber, como forma de atrair
investidores e recursos financeiros para o município.

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 Concessão de licenças de exploração turística de seis ilhas do Lucala;

Concessão de terrenos para edificação de infraestruturas de

hospedagem, como pequenos hoteis, residenciais e hospedarias;

Loteamento de terrenos para o exercício do turismo comercial na orla

“marginal11” do rio Lucala;

Realização de passeios e pescas náuticas nos perímetros navegáveis

do Rio Lucala;

Promoção do turismo campestre, piscatório e de caça, fotográfico,

histórico, cultural e religioso;

Realização de passeios turísticos destinados a promover o

conhecimento e a divulgação do município do Lucala e da província do
Cuanza-Norte, exaltando o seu contributo no desenvolvimento de todo o
território nacional;

4. Limites

Inexistência de uma marginal infraestruturada às margens do Rio Lucala;

Insuficiência de recursos humanos e financeiros para financiar e

potenciar o crescimento e o desenvolvimento do sector;

Casco urbano da vila do Lucala completamente degradado, sem asfalto,

com escombros, como se o conflito armado tivesse terminado ontem;

Condicionamento da concessão dos espaços e licenças para a

edificação de imóveis e o exercício da actividade turística no município com
base em considerações de ídole polítco-partidária, o que, por si só já constitui
um entrave ao progresso do sector;

Autoridades locais que exigem ser sócios dos investidores, mesmo sem
contribuição de capital, como condição para a viabilização dos investimentos;

11 O município possui um desenho natural que propicia a construção de uma ou duas marginais e o
consequente nascimento de uma cidade ribeirinha moderna, da Angola Independente.

5
 Existência de uma única Hospedaria, pertencente ao grupo GEMAC no
município e fraco marketing;

Pedro José Daniel

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22/11/2017