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Eletromagnetismo I

Aula 13
Exercícios: faça os problemas numerados 21, 23 e 25 do Capítulo 3 do livro-texto
e os problemas de 1 a 4 do Capítulo 4 do livro-texto.

A Polarização da Matéria

Utilizamos, neste curso, um modelo para a matéria em que seus constituintes


microscópicos são dipólos elétricos.
A quantidade vetorial P (r) é chamada polarização no ponto r e descreve a
densidade volumétrica dipolar. Assim, em uma região V da matéria, o momento
dipolar elétrico resultante é dado por:
ˆ
p = d3 r P (r) .
V

O campo eletrostático externo a um meio material polarizado

Se
r ∈
/ V,
então podemos calcular o potencial em r como segue:
ˆ
1 P (r0 ) · (r − r0 )
φ (r) = d3 r0 ,
4πε0 V |r − r0 |3
já que o integrando, dividido por 4πε0 , representa a contribuição de um dipólo
dado por
d3 r0 P (r0 ) ,
situado em r0 , ao potencial calculado em r. É conveniente escrever:
P (r0 ) · (r − r0 ) 0 0 1
= P (r ) · ∇ ,
|r − r0 |3 |r − r0 |
onde ∇0 atua em r0 e não em r. É fácil vermos que:
0
∇0 · P (r0 )
 
0 0 1 0  P (r ) 
P (r ) · ∇ = ∇ · − .
|r − r0 | |r − r0 | |r − r0 |
Assim,
ˆ
P (r0 ) 
 
1 3 0 0
φ (r) = dr ∇ · 
4πε0 V |r − r0 |

1
ˆ 0 0
1 3 0 ∇ · P (r )
− dr .
4πε0 V |r − r0 |
Utilizamos o teorema da divergência de Gauss e obtemos:
˛ 0 0
1 0 n̂ · P (r )
φ (r) = da
4πε0 S(V ) |r − r0 |
ˆ 0 0
1 3 0 [−∇ · P (r )]
+ dr , (1)
4πε0 V |r − r0 |
onde S (V ) é a superfície fronteira da região V . Escrevendo o potencial dessa
forma facilita interpretarmos que a matéria polarizada ocupando a região V pro-
duz um potencial externo que é equivalente a uma densidade superficial de cargas
em S (V ) dada por:
σP (r0 ∈ S) = n̂0 · P (r0 ) ,
juntamente com uma densidade volumétrica de cargas em V dada por:
ρP (r0 ) = −∇0 · P (r0 ) .

O campo eletrostático no interior de um meio material polarizado

Nesse caso,
r ∈ V.
No entanto, podemos raciocinar como na aula 4 e dividir a região V em duas,
uma das partes sendo uma esfera minúscula em torno do ponto r . Seguindo o
raciocínio da aula 4, novamente podemos concluir que o potencial é escrito como
na Eq. (1), em termos de σP e ρP . Com esse resultado, podemos agora escrever
a lei de Gauss envolvendo o campo eletrostático dentro da matéria. O divergente
do campo elétrico deve se igualar à densidade total de carga no ponto considerado
dividida por ε0 . Logo,
1
∇·E = (ρ + ρP )
ε0
1
= (ρ − ∇ · P) ,
ε0
ou seja,
∇ · (ε0 E + P) = ρ,
onde ρ é a densidade de carga livre. O vetor deslocamento elétrico é definido
como:
D = ε0 E + P.

2
O rotacional do campo eletrostático dentro da matéria continua sendo nulo, pois
o campo eletrostático é dado pelo gradiente do potencial da Eq. (1).

Dielétricos

Dielétricos são materiais não condutores ou isolantes. Há, no entanto, materiais


que, uma vez polarizados, mantêm a polarização permanentemente. Esses mate-
riais são chamados eletretos. Quando, no entanto, o material adquire polarização
apenas quando há um campo elétrico externo aplicado, o material é dito apenas
dielétricos. Há dielétricos lineares e não lineares. Os não lineares são aqueles cuja
polarização não depende linearmente do campo elétrico. Já os lineares são aque-
les materiais dielétricos cuja polarização depende linearmente do campo elétrico.
Assim, a polarização para dielétricos lineares gerais pode ser escrita como:
3
X
Pi = χij Ej ,
j=1

onde os coeficientes χij podem ou não depender da posição. Quando


χij 6= 0 para i 6= j,
ou
χij = χi δij ,
com pelo menos duas componentes χi diferentes, temos um dielétrico linear anisotrópico.
No entanto, quando
χij = χδij ,
o campo elétrico e a polarização são paralelos e o material é chamado dielétrico
linear e homogêneo. Nesse caso, se χ não depender da posição, ou seja, for
constante, o material é chamado dielétrico linear, homogêneo e isotrópico. Esse é
o tipo de dielétrico que estudaremos neste curso. Então, temos:
D = ε0 E + P
= (ε0 + χ) E
= εE.
A constante
ε = ε0 + χ
é chamada permissividade elétrica do meio e a constante χ é a susceptibilidade
elétrica do meio. A chamada permissividade estática relativa ou, simplesmente,

3
constante dielétrica do meio é definida como:
ε
K =
ε0
χ
= 1+ .
ε0

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