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Adaptar é preciso
As características e equipamentos disponíveis nas actuais
superfícies comerciais foram pensados, decididos e
aplicados há anos. E talvez seja necessário proceder
a algumas mudanças, de forma a ir de encontro às
necessidades dos consumidores de amanhã: idosos,
emigrantes e pessoas que vivem sozinhas.
S
e há coisa que não falta no mundo do dade, com o ressurgimento de actores cada vez actualmente, quando este consumidor for a
marketing são os proclamados “gurus”. mais velhos nos principais papéis, como o caso maioria? Provavelmente acaba.
Aparentemente são pessoas que nada de um Indiana Jones com mais de 60 anos. Os espaços de compra actualmente existentes
têm a ver com a religiosidade associada à Porque esse é o target que se quer atingir, uma não são, segundo José Luís Nueno, adaptados
palavra, mas é essa a denominação encontrada vez que, como referiu José Luís Nueno, «são as aos consumidores mais velhos. E isso começa
para classificar determinado especialista ou pessoas que vão às salas de cinema. Os mais logo nas embalagens de produtos, que são «fei-
entendido numa área. Seguimos a apresenta- jovens fazem o download de graça». tas por pessoas muito inteligentes que têm 25 a
ção de um desses especialistas no Congresso Observando a população presente nas superfí- 30 anos, para pessoas que têm mais de 65 anos
Internacional de Marketing, organizado pela cies comerciais chega-se à conclusão que, de e perderam a visão». Assim, as letras pequenas,
Associação Portuguesa dos Profissionais de manhã, são os mais velhos que vão às com- por exemplo, podem ser um factor que dificul-
Marketing. Nada mais que José Luís Nueno, pras, e não adquirem produtos por impulso ta a aquisição. É que se pessoas com visão nor-
conhecido consultor e professor do departa- estando, também, mais limitados a nível fi- mal identificam a marca que querem a 40 cm,
mento de Marketing do IESE, em Barcelona, nanceiro. Uma curiosidade está no facto des- enquanto os mais idosos só o fazem a 20 cm ou
que discursou no painel “Bechmarketing 4 ses clientes utilizarem bastante as listas de 10 cm.
Trade”. compras. Isto permite que só comprem o es- A configura-
José Luís Nueno começou por traçar um qua- sencial, e que não se esqueçam daquilo que ção deste ti-
dro “pré-crise”, onde o panorama era caracteri- querem comprar. É que aos «65 anos lembra- po de loja
zado pela existência duma numerosa classe mé- mo-nos de três marcas de determi- dura já há
dia, que era “atingida” por um marketing massi- nada categoria de produto, aos
ficado. Os consumidores ocidentais tinha acesso 70 lembramo-nos de duas,
facilitado ao dinheiro, com menos de 20% da e aos 75 uma ou nenhu-
população mundial a consumir mais de 80% ma. O futuro será as pes-
dos recursos disponíveis e o mercado estava bas- soas lembrarem‑se de
tante estagnado em termos da oferta de produ- apenas um produ-
tos. Isto tudo acabou. to». O que vai
Bem-vindos à realidade em que a classe média acontecer com a
esvazia a cada dia que passa e em que as gran- sociedade de varie-
des decisões a nível mundial estão a ser toma- dade que existe
das por outros players do mercado. Os países
emergentes, como a China, Índia ou Brasil,
estão, cada vez mais, a tornar-se o centro de
tomada de decisões. Mas o mundo não mu-
dou só neste campo.
RicaRdo MaRtins