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Armas On­Line

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Pistola Mauser C96 (Rev. 1a)

É  um  desafio  para  qualquer  autor  escrever  sobre  essa  arma,  e  não  é  para  menos;  ela  pode  ser
considerada parte de um universo de meia dúzia de pistolas militares antigas que pertencem a um
estreito círculo de características que compreende inovação, qualidade, durabilidade, confiabilidade e
sucesso, como ocorre com a Colt 1911, a Parabellum (Luger), a Browning 1935 e a Walther P‑38.

Além disso, devido a seus inúmeros contratos firmados ao redor do mundo e às suas variações em
grande  número,  a  C96  encaixa‑se  na  categoria  de  armas  que  merecem  e  realmente  possuem  vários
livros  e  publicações,  com  muito  maior  abrangência  do  que  um  artigo  do  porte  que  pretendemos
publicar aqui, em Armas on‑Line.

DESENVOLVIMENTO

Os detalhes mecânicos, a qualidade do produto e dos materiais empregados sempre foram levados
na  mais  alta  consideração  pelos  fabricantes  desta  pistola.  Desde  o  protótipo  de  1894  até  as  últimas
unidades  produzidas  na  Waffenfabrik  Mauser  A.G.  ,  em  1939,  pequeníssimas  porções  foram
fabricadas,  principalmente  durante  a  I  Grande  Guerra,  onde  pode‑se  perceber  um  pequeno  e  leve
declínio naqueles fatores.

Um dos enganos mais comuns que existem no imaginário popular é o
de  que  foi  Peter  Paul  Mauser  o  projetista  da  pistola  C96.  Paul  Mauser
tinha, sob sua responsabilidade, a Waffenfabrik Mauser, um complexo
fabril  de  alta  tecnologia,  herdado  de  seu  pai,  de  onde  saíram  os  mais
famosos  e  bem  sucedidos  fuzís  militares  de  repetição  de  que  se  tem
notícia.  Paul  Mauser  nasceu  em  Oberndorf,  perto  do  rio  Neckar,
Alemanha, em 27 de junho de 1838 e faleceu em maio de 1914. Em 1871,
ele se seu irmão Wilhelm desenharam um dos primeiros fuzís militares
com ação de ferrolho, 0 modelo 1871, de um só tiro, em calibre 11x60R,
com uso de pólvora negra.

Logo  depois  da  produção  do  modelo  71,  Wilhelm  veio  a  falecer,
deixando a fábrica nas mãos de Paul Mauser. Posteriormente, em 1881,
esse fuzil 71 foi modificado para utilizar um carregador tubular, transformando o projeto original em
um fuzil de repetição, o modelo 1871/84 adotado em 1884 pelo Império Germânico. A história que se
segue  na  evolução  desta  arma  será  motivo  para  um  outro  artigo  nosso,  a  ser  publicado  em  breve,
sobre Os Fuzis Mauser.

Há  indícios  de  que  Paul  Mauser  (foto)  nem  tinha  conhecimento  do  desenvolvimento  da  então
Há  indícios  de  que  Paul  Mauser  (foto)  nem  tinha  conhecimento  do  desenvolvimento  da  então
chamada  “Rucklauf‑Pistole”  por  uma  equipe  de  engenheiros  participantes  de  um  grupo  muito
especial dentro da Mauser, uma espécie de “workshop” de experimentos. Fidel Feederle foi, durante
anos,  o  superintendente  deste  centro  experimental  e  manteve  essa  posição  até  1930.  Seus
colaboradores  mais  chegados  eram  seus  irmãos    Friederich  e  Josef  Feederle.  Todos  eles
permaneceram  na  Mauser  até  a  década  de  30,  onde  foram  substituídos  por  August  Weiss,  figura
lendária  intimamente  ligada  às  pistolas  Mauser  e  também  à  Parabellum,  visto,  inclusive,  ter  tido
estreito contato com George Luger na Deustche Waffen und Munitionsfabrik, a D.W.M.

August Weiss trabalhou com Georg Luger na DWM, em Berlim. Depois, em 1930, foi para Oberndorf,
onde  se  tornou  o  chefe  de  operações  da  Mauser  até  1948,  quando  colaborou  para  a  liquidação  da
empresa no período de ocupação aliada. Sob a gerência dele, de 1930 em diante, a Mauser produziu
quase um milhão de pistolas Parabellum. Weiss era conhecido como uma figura de homem discreto,
afável,  de  fala  calma  e  de  educação  esmerada,  o  que  conquistou  a  admiração  de  todos  seus
funcionários e amigos.

Felizmente Weiss deixou um legado de registros históricos tanto da DWM como da Mauser, o que foi
de  uma  utilidade  impressionante  para  historiadores  levantarem  seus  dados  sobre  a  pistola
Parabellum  e  a  Mauser  C96.  Foi  baseado  em  suas  informações  que  a  maioria  dos  autores  de  livros
sobre essas duas armas se alicerçaram, até mesmo com entrevistas pessoais.

August  Weiss  faleceu  em  1980  e  foi  enterrado  não  muito  longe  da  fábrica  da  Mauser,  perto  do  rio
Neckar;  viveu,  portanto,  até  poder  assistir  ao  renascimento  da  pistoila  Parabellum  em  1970.
Tristemente,  25  anos  após  sua  morte,  em  2005,  seus  restos  mortais  foram  removidos  do  local  de
origem pois não havia mais ninguém que pagasse as taxas devidas de seu túmulo. Deixo aqui com
grande prazer esse meu tributo à figura de August Weiss.

Nesta fotografia tirada em Berlim, junho de 1958, vemos o filho de Georg Luger, George Luger II, e sua filha
Nesta fotografia tirada em Berlim, junho de 1958, vemos o filho de Georg Luger, George Luger II, e sua filha
Elizabeth, ladeando Fred Datig, autor do livro The Luger Pistol. Na extrema direita, Herr  August Weiss. 

Retornando  pois  à  nossa  história,  por  volta  de  1894,  os  irmãos  Feederle  já  tinham  um  esboço  da
pistola, a qual inicialmente usaria o cartucho 7,65 mm X 25 oriundo da pistola projetada um pouco
antes por Hugo Borchardt, em 1893 e cuja evolução, quando nas mãos de Georg Luger, iria levá‑la a
se tornar a famosíssima pistola Parabellum (Luger).

Revisão de 1897 sobre um dos primeiros esboços, apresentados na documentação da primeira patente requerida
em 1894

Alguns  autores  costumam  relatar  que  ao  tomar  conhecimento  dos  primeiros  desenhos  e  do  projeto
em si, Paul Mauser havia torcido o nariz. Afinal, tratava‑se de algo inteiramente novo para ele e para
a Mauser; apesar do primeiro impacto negativo, ainda assim mandou que tocassem o projeto para a
frente. Em 11 de dezembro de 1895, depois de excelentes resultados obtidos em testes, Paul Mauser
registrou  sua  patente  na  Alemanha  sob  Nº  90430.  Em  seguida,  ampliou  os  direitos  de  patente  para
inúmeros países do mundo, inclusive no Brasil, onde registrou sob Nº 2088 em 28 de julho de 1896.
O primeiro protótipo da pistola Mauser construído, datado de 15 de março de 1895 (foto da coleção de Herr
August Weiss)

Depois  de  diversas  modificações  e  de  mais  alguns  protótipos  testados,  um  modelo  de  transição  foi
fabricado  em  dezembro  de  1895.  Em  fevereiro  de  1896,  o  grupo  desenvolvedor  convenceu  Paul
Mauser de que a arma poderia ser lançada comercialmente e entrar em linha de produção. Tanto o
mercado civil como o militar de diversos países estavam na mira do pessoal da Mauser. Com o aval
de  Mauser,  a    fábrica  começou  a  fabricar  a  pistola  em  série,  denominada  oficialmente  de  C96
(“Construktion  96”).  Neste  primeiro  instante,  decidiu‑se  pela  fabricação  de  modelos  com
carregadores  fixos  de  6,  10  e  20  cartuchos  (Obs:  todos  os  carregadores  das  C96  são  fixos  e  bifilares
(cartuchos alinhados aos pares), exceto nas últimas versões) e estabelecer uma mudança fundamental
no cartucho empregado.

Optou‑se por manter as dimensões do cartucho 7,65 X 25 da pistola
Borchardt, mas como a C96 oferecia uma maior resistência mecânica
e uma trava de culatra muito reforçada, alterou‑se a carga de pólvora
então empregada e fez‑se modificações no peso do projétil, criando‑
se assim o cartucho 7,63mm Mauser.

Ao lado, o cartucho 7,63mmMauser fabricação DWM

Essa  diferença  na  numeração  (de  7,65  para  7,63)  era  algo  de  cunho  meramente  comercial,  uma  vez
que o projétil continuava tendo o mesmo diâmetro. Porém, com as modificações como vimos acima, o
novo cartucho se tornou o mais potente e o mais veloz de sua época, só sendo suplantado na década
de 30, pelo cartucho de revólver .357 Magnum.

Para alegria do pessoal da Mauser e infelizmente para a Ludwig Loewe, a então fabricante da pistola
de  Hugo  Borchardt,  uma  espécie  de  “rival”  da  C96,  o  produto  deles  não  estava  sendo  muito  bem
aceito, nem comercialmente, nem militarmente.

O  custo  da  arma  era  muito  alto,  e  seu  desenho,  apesar  de  revolucionário,  com  qualidade  e  uso  de
materiais  de  primeira  linha,  não  agradava  muito  por  ser  exageradamente  grande  e  desequilibrada.
Esse fato, para a Mauser, foi mais do que benvindo pois, com o fracasso da rival, a C96 teria muito
mais chances de alavancar o mercado e a fama. Hugo Borchardt se recusava a alterar o projeto, o qual
julgava  ser  perfeito.  Essa  postura  decretou  o  fim  da  pistola  mas,  por  outro  lado,  acabou  dando  ao
julgava  ser  perfeito.  Essa  postura  decretou  o  fim  da  pistola  mas,  por  outro  lado,  acabou  dando  ao
mundo  a  famosa  Parabellum,  obra  do  alemão  Georg  Luger,  na  época  trabalhando  na  D.W.M.,  que
modificou  o  projeto  original  de  Borchardt.  A  Deutsche  Waffen  und  Munitionfabrik  havia,  nesta
ocasião, incorporado as instalações da Ludwig Loewe.

A pistola Borchardt C93, no seu estojo original contendo carregadores adicionais, ferramentas de limpeza e
coronha de madeira com coldre de couro. Essas armas, desde que em estado totalmente original, nos estojos, são
comercializadas a preços altíssimos, como essa da foto, arrematada em recente leilão, nos USA, por US$
48.000,00.

A EVOLUÇÃO E DESCRIÇÃO DOS MODELOS BÁSICOS

Devido  à  grande  variedade  de  versões  feitas  especificamente  para  cumprir  contratos  com  diversos
países,  inclusive  modificações  solicitadas  pelos  clientes,  fica  inviável  expor  todas  as  variações  aqui,
em detalhes. Nossa intenção neste artigo é fornecer um panorama geral dos principais modelos mais
importantes, fornecendo ao leitor subsídios para uma identificação correta de uma peça que venha,
porventura, a avaliar.

O detalhe que mais chama a atenção nas C96, e que caracteriza melhor  os tres “modelos” básicos, é o
cão, ou martelo da arma, que podem ser separados em tres tipos distintos: “cone‑hammer”, “large‑
ring hammer” e “small‑hammer”.
Mauser C96 “cone‑hammer” com carregador para seis cartuchos – nota‑se bem, nesta arma, as marcas de
usinagem (fresa) feitas nas áreas do rebaixo do painel lateral

Excetuando‑se os protótipos, como exibido logo no início, cujo tipo de martelo se denomina de “spur‑
hammer” (algo como “cão em formato de espora”), todos os modelos de produção em série da C96
utilizavam um dos tres tipos listados acima.

O  primeiro  modelo  de  martelo  a  ser  usado  na  produção  em


série foi em formato de  duplo cone, levemente protuberantes e
com  círculos  concêntricos,  um  de  cada  lado.  As  pistolas  C96
“cone‑hammer”  são,  hoje  em  dia,  as  mais  raras  e
consequentemente,  as  mais  valiosas,  sempre  levando‑se  em
conta o estado geral e original da arma.

As  “cone‑hammers”  foram  produzidas  aproximadamente  até  o


ano de 1899 a 1900, com o número de série atingindo 14.999. O
que  sempre  tem  que  ser  levado  em  conta  é  que,  devido  a  estoques  remanescentes  dos  modelos
anteriores,  muitas  das  pistolas,  na  época  dessas  transições  de  modelos,  acabavam  apresentando
características mistas de um modelo anterior com o modelo novo.

O segundo modelo se trata de um martelo com formato de um grande anel vazado e recartilhado na
sua  parte  superior.  Esse  cão  encobre  parcialmente  a  alça  de  mira,  quando  a  mesma  se  encontra
regulada  para  a  distância  mínima.  As  “large‑ring”  foram  fabricadas  entre  1900  e  1908,
aproximadamente. O sistema de trava de segurança é o mesmo empregado nas “cone‑hammer”, com
um  curto movimento  da  alavanca,  situada  ao  lado  do  cão,  travando  para baixo e destravando para
cima, ficando na posição horizontal, como se vê na foto acima e na da esquerda, abaixo.
    

A  terceira  variação  de  modelos  de  martelo,    que  é  a  mais  comum  e  mais  fabricada,  é  a  que  se
denomina “small‑hammer”, foto acima à direita. A produção deste tipo de cão começou a partir de
1908  e  juntamente  com  essa  mudança  efetuaram‑se  alterações  na  trava  de  segurança;  nos  modelos
anteriores, a alavanca na horizontal significava a arma destravada e movendo‑se para baixo, posição
travada; na nova versão houve uma inversão: para se travar a arma, a alavanca é levantada, e num
curto  bem  mais  longo.  Esse  movimento,  quando  a  arma  se  encontra  desegatilhada,    faz  com  que  o
martelo  se  afaste  um  pouco  de  sua  posição  de  descanso,  encostado  ao  ferrolho,  o  que,  juntamente
com  o  uso  de  um  percussor  inercial,  aumentava  a  segurança  contra  disparos,  principalmente  em
quedas. Em todas as C96, a trava de segurança pode ser acionada tanto com a arma engatilhada ou
não.

   

As tres posições possíveis da trava de segurança a partir dos modelos “small‑hammer” – arma destravada, arma
travada com o cão baixado (note o pequeno recuo do martelo) e a posição travada com o cão armado

A trava de segurança, nos modelos a partir do uso do “small‑hammer”, quando acionada, também
impede  que  o  ferrolho  seja  aberto,  o  que  não  acontece  nos  modelos  anteriores.    Em  1912,  com  os
números  seriais  arbitrariamente  ajustados  para  200.000  e  que  continuou  até  cerca  de  700.000,  a
Mauser  criou  uma  pequena  modificação  na  trava  usada  desde  1908,  a  qual  denominou  de  “Neue
Sicherung”, que significa “nova segurança”. Para diferenciar da trava anterior, carimbou‑se as letras
NS intercaladas, na parte de trás do martelo. Antes dessa mudança, se a alavanca da trava não fosse
levada totalmente à sua posição máxima para cima, a arma poderia ser acidentalmente destravada,
sem que se percebesse.

À esquerda, a alça de mira até 500 metros, seguida pela mais antiga, graduada até 1000 metros
As miras utilizadas nas C96 eram, em muitos aspectos, bem similares às que a fábrica usava em seus
As miras utilizadas nas C96 eram, em muitos aspectos, bem similares às que a fábrica usava em seus
fuzís de repetição; uma alça graduada em forma de gangorra, envolvida por uma corrediça munida
de um botão que trava nas escalas de distância, em metros. Nos modelos iniciais, até a comercial de
1930, a alça geralmente é graduada até 1000 metros, algo muito otimista e sem sentido, uma vez que,
mesmo em fuzís, chega a ser inútil, pois mal se consegue visualizar qualquer alvo a essa distância.
Nos modelos de fim de produção, a partir de 1930, as graduações caem para 500 metros, o que ainda
não deixa de ser uma pretensão. Diversos modelos, inclusive as do tipo “Bolo” eram fornecidas sem a
alça de mira graduada. No lugar da mesma era simplesmente usinado um ressalto, com um V fixo
centralizado, posicionada na parte traseira da armação.

Adicionalmente ao detalhe dos formatos do martelo, há mais alguns outros que podem caracterizar
melhor os modelos da C96, como o formato do extrator, o tipo de montagem do gatilho e os painéis
usinados lateralmente na armação.

Acima, os dois tipos de extrator: o modelo longo, à esquerda, encontrado nas pistolas “cone‑hammer” e nas
“large‑ring hammer”; à direita, o extrator curto, fixado com duas abas laterais, utilizado nas pistolas com
“small‑hammer” até o final da produção da arma.

Os  painéis  laterais  nas  Mauser  C96  merecem  também  um  comentário  detalhado.  Acredita‑se  que,
devido à grande área livre existente na armação dessas armas, optou‑se por criar esses painéis, que
são  áreas  rebaixadas  em  formatos  retangulares  ou  quadradas  e  acompanhando  a  curvatura  do
guarda‑mato, com a finalidade de aliviar  peso.

Uma raríssima e interessante “Cone Hammer” cortada, a fim de exibir parte do mecanismo interno
Magnífico exemplar de uma C96 “large‑ring hammer” e armação sem as usinagens dos rebaixos, tipo “Slab‑
Side”

Particularmente o autor acredita mais na hipótese de razão puramente estética. Alguns estudiosos já
avaliaram quanto se reduzia no peso da arma com esses rebaixos e chegou‑se a valores tão ínfimos
que não justificariam operações de usinagem tão intensas. A figura abaixo demonstra resumidamente
os diversos padrões de usinagem que eram executados, e que foram mudando através dos anos.
Algumas variantes da pistola foram feitas com as laterais da armação planas, sem rebaixos,
denominadas de “Slab Side”.

Durante a I Grande Guerra, de 1914 a 1918, devido à maior demanda, o tempo de produção era mais
curto e o acabamento ficou um pouco comprometido, o que se pode verificar pelas marcas de fresa
bem aparentes no interior dos rebaixos. Mesmo em outras áreas da arma feita nesta época, estão
presentes marcas de ferramental pois deixava‑se detalhes de acabamento em segundo plano,
principalmente o polimento das peças.
No esquema acima, temos tres exemplos principais de padrões de painéis. De cima para baixo, Mauser “cone‑
hammer”, Mausers “large‑ring hammer” e finalmente as “small‑hammer”

Com relação à capacidade do carregador, a C96 foi oferecida em versões de 6, 10 e 20 cartuchos, todas
as  opções  utilizando‑se  carregadores  fixos,  municiados  por  cima  do  ferrolho,  através  de  um  clipe
metálico similar ao utilizado nos fuzis Mauser, com a capacidade de 6 ou 10 cartuchos. Nas pistolas
de 20 cartuchos, utilizava‑se dois clipes consecutivos de 10 cartuchos.

Acima, caixa com 50 cartuchos, datada de 1918, da empresa alemã RWS. Abaixo, o clipe carregador da Mauser
Acima, caixa com 50 cartuchos, datada de 1918, da empresa alemã RWS. Abaixo, o clipe carregador da Mauser
C96 com 10 cartuchos calibre 7,63mm, fabricação da DWM

Uma versão da pistola que se sobressaía em relação às demais era a carabina, que foi produzida em
bem menor quantidade do que as pistolas e que já trazia a coronha de madeira com a empunhadura
integrada, embora ela pudesse ser destacada da armação para facilitar o armazenamento. A coronha
das  carabinas,  ao  contrário  das  que  acompanhavam  as  pistolas,  não  servia  como  alojamento  para
guardar a arma.

Os canos eram fornecidos com 30 cm ou com 37 cm de comprimento, e foram fabricadas desde 1899
até 1920. O alcance efetivo dessas carabinas era muito maior do que o das pistolas, abrangendo cerca
de 100 a 200 metros.

Uma das versões da carabina, do modelo “small‑ring hammer”, devidamente decorada. As carabinas foram
feitas em poucas quantidades e são consideradas valiosas peças de coleção.

Uma pistola C96 do modelo “cone‑hammer”, com a sua coronha instalada
Outra variante interessante são as pistolas denominadas de “Bolo” Mausers. O Tratado de Versalhes,
Outra variante interessante são as pistolas denominadas de “Bolo” Mausers. O Tratado de Versalhes,
assinado  em  1919  pelos  países  vencedores  logo  após  a  I  Guerra,  impôs  à  Alemanha  uma  série  de
restrições,  várias  delas  referentes  ao  fabrico  de  armas  de  fogo.  Para  se  adequar  à  essas  regras,  a
Mauser  desenvolveu  um  modelo  menor  da  C96,  com  cano  mais  curto,  algo  em  torno  de  4″  e,
aproveitando a mudança, desenhou também uma empunhadura mais achatada. O Tratado limitava,
entre  outras  coisas,  o  comprimento  do  cano  de  armas  curtas.  Coincidentemente,  o  recém  instalado
governo  da  União  Soviética  pós  revolução  de  1917,  encomendou  várias  dessas  pistolas.  Apesar  de
não  aceita  por  alguns  autores,  acredita‑se  que  a  alcunha  de  “Bolo”  origina‑se  da  palavra
“bolchevique”.

Diversas pistolas pré Tratado de Versalhes foram transformadas para se adequarem às novas regras
impostas.  As  armas  novas,  entretanto,  receberam  a  denominação  de  1920  e  grande  parte  delas
possuía  essa  data  gravada  na  arma.  As  transformadas  tiveram  seus  canos  reduzidos  para  4″  de
comprimento e a alça de mira eliminada em lugar de uma mira fixa. Predominantemente, a produção
neste período se absteve às comerciais e as do tipo Bolo. Nesta época dos números seriais atingiam a
casa de 500.000.

Acima, uma Mauser 9mm Parabellum datada de 1920, com cano reduzido para 4″ de comprimento e supressão
da alça de mira graduada – exigências do Tratado de Versalhes
Pistola C96 “Bolo” com cano de 4″, 10 cartuchos, modelo pré‑comercial de 1930

Uma C96, fabricação de 1911, com alguns cartuchos 7,63mm – ao fundo, o famoso Mauser “banner” (foto do
autor)
Acima, uma pistola C96 do tipo “small‑hammer”, fabricação de 1912 (foto do autor, coleção particular)

O PROBLEMA DOS NÚMEROS SERIAIS

Apenas  como  explicação  adicional,  convém  abrirmos  um  parêntese  aqui  para  falarmos  um  pouco
sobre  a  numeração  serial  das  C96.  Ao  contrário  do  que  se  imagina,  devido  à  tradicional  rigidez
germânica normalmente empregada nos controles de manufatura, na Mauser C96, a numeração serial
sofreu  uma  série  de  alterações,  de  forma  a  se  tornar  uma  referência  extremamente  confusa,  que
dificulta um pouco a identificação correta das datas de fabricação.
A Mauser C96 parcialmente inserida dentro de sua caixa‑coronha (foto do autor)

Inversamente  ao  sucesso  que  ocorreu  com  os  fuzis  Mauser,  as  pistolas  C96,  guardadas  certas
proporções,  não  foi  uma  arma  muito  popular.  A  fábrica  possuía  capacidade  ociosa  na  linha  das
pistolas e assim, podia produzir muito mais armas do que poderia vender; portanto havia um certo
“encalhe”, inclusive oriundo de contratos não finalizados. A Mauser, na sua linha de fuzis, sempre
teve  como  norma  criar  numeração  serial  exclusiva  para  seus  grandes  contratos,  sequenciais  e
inciando‑se no número 1.
Conjunto completo de uma C96 com coronha de madeira e coldre de couro com acessório de limpesa

Dependendo  dos  contratos  das  armas  enviadas  aos  representantes  que  a  Mauser  mantinha  fora  da
Alemanha,  os  números  de  série  poderiam  ser  interrompidos  e  reiniciados  mais  tarde,  ocasionando
“buracos”  na  sequencia.    Na  época  do  Contrato  Italiano  em  1899,  por  exemplo,  ao  que  se
antecedeu um similar com a Turquia, foram saltados 10.000 números que nunca mais foram repostos.
Por estas razões, não é muito fácil estabelecer datas exatas de fabricação de um detrminado modelo a
partir de seu número de série.

Como  o  tempo  de  produção  das  C96  atingiu  a  marca


de  pouco  mais  de  30  anos,  e  existem  tres  tipos  distintos,
pode‑se  assumir  que  as  “cone‑hammers”  foram
fabricadas  entre  1897  a  1900,  as  “large‑ring  hammer”  de
1900 a 1908, as “small‑ring” de 1908 a 1912, e finalmente
as  “small‑ring”  com  travas  NS  “Neue  Sicherung”  e  com
seriais acima de 280.000, fabricadas a partir de 1912.

De acordo com uma informação do leitor Erich Tamberg,
o  autor  britânico  Frederick  Mya剑�  afirma  que  as  C‑96
produzidas  até  1912  tinham  canos  com  4  raias,  número
alterado  para  6  raias  a  partir  daquele  ano,  detalhe  que  pode  ajudar  na  avaliação  da  data  de
produção..

Durante a vigência do Tratado de Versalhes, principalmente na década de 20, a produção das “Bolo”
foi em maior quantidade, pois elas se enquadravam nas restrições do Tratado, com seus canos de 4″
de  comprimento  e  calibre  limitado  em  7,63mm.  As  Bolo  a  partir  do  serial  650.000  começaram  a  ser
oferecidas  com  acabamento  oxidado  brilhante,  feito  pelo  sistema  de  imersão  à  quente,  em
contrapartida à oxidação “a boneca”, bem mais dispendiosa e artesanal.

Uma  das  últimas  séries,  fabricadas  a  partir  de  1929,  logo  após  a  mudança  da  razão  social  da
Uma  das  últimas  séries,  fabricadas  a  partir  de  1929,  logo  após  a  mudança  da  razão  social  da
Waffenfabrik  Mauser  A.G.  para  Mauser  Werke  A.G.,    traziam  o  conhecido  Mauser  “banner”
estampado do lado esquerdo e uma nova trava de segurança novamente redesenhada, onde haviam
gravadas a letras S (Safe) e (F (Fire) para melhor identificação da posição (foto ao lado). Esta trava foi
denominada  de  “Universal  Safety”  e  permitia  o  desarme  do  martelo  em  perfeita  segurança,  sem  o
mínimo risco de disparo acidental devido a um efetivo bloqueio mecânico de seu curso, em direção
ao percussor.

Detalhe da gravação das letras NS entrelaçadas indicando a utilização do novo sistema de trava de segurança
“Neue Sicherung” (foto do autor)
Pistola Mauser C96 de 1912 com seu carregador em posição

OS CONTRATOS MILITARES E REPRESENTANTES
COMERCIAIS

O primeiro grande contrato fechado com um país estrangeiro foi com a Turquia em 1897, que já havia
anteriormente fechado uma aquisição de grande lote de fuzis 71/84. O destino dessas armas, cerca de
1.000 unidades, seria para equipar o Regimento da Guarda do Real Palácio de Constantinopla.
Mauser C96 da variação “cone‑hammer” pertencente ao Contrato Turco de 1897 (coleção particular)

Em 1899 a Mauser fechou um acordo com o Governo Italiano, para equipar a Marinha daquele país.
Nesta  oportunidade  ocorreu  uma  das  mudanças  mais  notadas  nesta  série,  que  é  a  produção  dos
painéis  lisos,  as  chamadas  C96  “Slab  Sides”.  As  pistolas  deste  contrato  já  usavam  o  martelo  tipo
“large‑ring” e foram produzidas em modelos de 6 e 10 cartuchos de capacidade. Durante esse ano, a
Mauser enviou 5.039 pistolas à Itália. Após a finalização desse contrato, algumas peças remanescentes
foram  vendidas  comercialmente,  estimadas  em  cerca  de  250  a  300  peças.  Em  1910  foi  fechado  um
contrato com a Pérsia de cerca de 1.000 pistolas, bem como para equipar a Polícia Francesa, em 1920,
também em número de 1.000 peças. Áustria e Finlândia também tiveram uma participação, embora
pequena,  nos  contratos  fechados  pela  Mauser.  A  Noruega  adquiriu,  mas  em  1930,  algumas
comerciais para uso naquele país, bem como a Indonésia, nesta mesma época.
Detalhe de uma C96 “Large‑ring hammer” em calibre 7,63mm, capacidade de 6 cartuchos. (Foto de coleção
particular)

Detalhe da base do carregador da C96 “Bolo” com carregador de 6 cartuchos. (Foto de coleção particular)

Além  desses  contratos  militares,  a  Mauser  estabeleceu  negócios  principalmente  na  Inglaterra  e  nos
Além  desses  contratos  militares,  a  Mauser  estabeleceu  negócios  principalmente  na  Inglaterra  e  nos
Estados Unidos.  Em 1897, fecharam um negócio com a importadora inglesa Westley Richards & Co,
Ltd.  um  acordo  de  representação  no  país.  Essa  “joint‑venture”  foi  uma  das  mais  bem  sucedidas
obtida pela Mauser, e a Westley Richards se tornou uma grande parceira na Europa. De 1897 a 1905
os  registros  da  Mauser  apontam  7.901  pistolas  vendidas.  Além  dessa  parceria,  outras  empresas
inglesas como Thomas Bland, Army and Navy Stores, James Braddell e Lang & Hussey adquiriram
boa quantidade de C96 para revenda no país. Quase todas essas revendas solicitavam à Mauser para
enviarem as armas com suas marcas estampadas na lateral direita do painel da armação.

Uma estupenda “large‑ring” Bolo de 1899, calibre 7,63mm, carregador de 6 cartuchos e sua respectiva
coronha (Foto de coleção particular)

Nos  Estados  Unidos,  o  representante  principal  era  a  Von  Lengerke  &  Detmold,  estabelecida  na  5ª
Avenida, em Nova York. Até 1905, cerca de 1.900 armas foram enviadas à eles, devidamente gravadas
com o nome do representante. Apesar de que outras companhias como a Pacific Harware and Sales,
Hermann  Tauscher  e  Abercrombie  &  Fitch  também  revendessem  as  pistolas  Mauser  nos  USA,
nenhuma das armas comercializadas por elas foi encontrada contendo a gravação personalizada da
empresa.

Os  modelos  mais  comuns  enviados  aos  Estados  Unidos  eram  os  das  Mausers  “Bolo”,  várias  delas
enviadas  também  à  União  Soviética.  Como  já  explicado,  são  variantes  com  0  cano  mais  curto  e  a
empunhadura em um formato menos arredondado, com base mais achatada. Aliás, o formato padrão
arredondado  da  empunhadura  das  Mausers,  devido  à  sua  remota  similaridade  a  um  cabo  de
vassoura, foi o que acabou “presenteando” a pistola com o pejorativo apelido de “Broom‑Handle”.
Uma Mauser “Bolo” modelo “large‑ring hammer”, enviada à Von Lengerke & Detmold, com capacidade de 6
cartuchos, sem a alça de mira regulável – note as talas e coronha ricamente ornamentadas.

Detalhe da gravação da empresa importadora, na mesma arma mostrada acima. 
Outro modelo “Bolo” da C96, enviada à V.L. & D dos Estados Unidos, tipo “small‑hammer”, com carregador
para 10 cartuchos, alça de mira ajustável e placas de empunhadura engravadas

AS MAUSERS EM CAL. 9 MM EXPORT E 9MM PARABELLUM

No  decorrer  de  sua  existência,  a  Mauser  C96  utilizou  tres  calibres,  dentre  outros  de  menor
importância:  o  original  7,63X25  (7,63mm  Mauser),  o  9mm  Mauser  Export  e  o  9mm  Parabellum.  O
cartucho 9mm Export, também denominado de 9mm Mauser (9×25) foi lançado pela Mauser em 1908
como  alternativa  ao  7,63,  devido  a  uma  tendência  no  cenário  mundial,  tanto  civil  como  militar,
de adotar calibres mais altos e com maior poder de parada. O próprio Exército Alemão estava, nesta
época,  adotando  oficialmente  a  pistola  Parabellum  como  arma  regulamentar,  em  detrimento  da
própria Mauser, mas em calibre 9mm Parabellum.

O  9mm  Mauser  ou  Export  foi,  durante  muito  tempo,  o  mais


potente  cartucho  deste  calibre,  suplantando  os  rivais  9mm
Parabellum,  o  espanhol  9mm  Largo,  o  9mm  Steyr,  o  9mm
Browning Long e o 9mm Bergman‑Bayard. Porém, como muitos
outros  dos  seus  rivais,  acabou  sendo  ofuscado  caindo  na
obscuridade  pelo  sucesso  do  9mm  Parabellum,  principalmente
devido  à  sua  dotação  pelo  Exército  Alemão  e  diversos  outros
países  que  fizeram  contrato  com  a  D.W.M.  para  fornecimento
das pistolas Parabellum (Luger).

À  esquerda  vemos  o  7,63mm  Mauser  (7,63×25)  9mm  Mauser  Export


(9×25) e o 9mm Parabellum (9×19).

Apesar  do  pouco  sucesso,  a  Mauser  fechou  um  contrato  com  a


Pérsia  para  fornecimento  de  pistolas  neste  calibre.  Por  outro
lado,  também  foi  uma  boa  idéia  decidirem  lançar  a  C96  no
calibre 9mm Parabellum, pois era impossível não visualizar o futuro promissor do cartucho.
Sendo  assim,  a  partir  de  1916  a  Mauser  começou  a  fabricar  a  C96  neste  calibre,  ainda  mais  que
Sendo  assim,  a  partir  de  1916  a  Mauser  começou  a  fabricar  a  C96  neste  calibre,  ainda  mais  que
algumas  alas  do  Governo  Alemão  sinalizavam  um  certo  interesse  na  arma,  como  alternativa  às
pistolas  Parabellum.  Praticamente  não  havia  nenhuma  diferença  física  notável  entre  as  pistolas  no
calibre 7,63mm e no 9mm, a não ser um leve aumento no diâmetro da boca do cano. Por contrato com
o  governo  alemão,  produziram‑se  136.000  pistolas  em  calibre  9  mm  Parabellum.  Poucas  diferenças
foram necessárias em relação às tradicionais 7,63mm.

Como  os  cartuchos  9mm  poderiam,  até  de  certa  forma,  serem  carregados  inadvertidamente  nas
7,63mm e vice‑versa, uma vez que não havia nenhuma mudança no carregador, a Mauser resolveu
identificar    as  pistolas  em  9mm  com  um  grande  número  9  gravado  à  fogo  nas  placas  da
empunhadura,  e  na  maioria  dos  casos,  pintado  com  tinta  vermelha.  Essas  armas  receberam
posteriormente,  no  mercado  americano  de  colecionadores,  a  alcunha  de  “Red‑Nine”.  Além  disso  a
alça  de  mira  é  graduada  até  500  metros  e  não  1.000  metros.  Cada  arma  era  acompanhada  de  uma
coronha  de  madeira  com  um  suportes  feitos  em  couro,  uma  ferramenta  de  limpesa  e  uma  mola  de
carregador  sobressalente.  Algumas  dessas  “red‑nine”  são  encontradas  com  a  marca  da  Águia
Prussiana gravada na frente do carregador.

Acima uma C96 “Red Nine” com seu clipe em posição de recarregamento, com 10 cartuchos 9mm Parabellum

Já as C96 produzidas em calibre 9mm Mauser Export estão geralmente situadas entre os números de
série  80.000  a  90.000  e  após  a  serial  170.000.  Vários  modelos  dessa  versão  foram  fornecidos  com  as
talas  confeccionadas  em  material  plástico,  similar  ao  ebonite,  em  cor  preta  e  com  entalhes

recartilhados, com o monograma em alto relevo da Mauser Waffenfabrik. Logo após o término da I
recartilhados, com o monograma em alto relevo da Mauser Waffenfabrik. Logo após o término da I
Guerra, e devido às restrições impostas pelo Tratado de Versalhes, terminou a produção de Mausers
neste calibre.

A M1930, M712 E A SCHNELLFEUER

Como já dito acima, a partir de 1930 a Mauser redesenhou alguns ítens sobre seu modelo anterior de
1912, principalmente na trava de segurança e um pequeno degrau no cano, localizado logo à frente
da câmara. Essas pistolas são conhecidas hoje como as Comerciais mod. 1930, e estampam na lateral
esquerda  o  Mauser  Banner,  logotipo  adotado  logo  após  a  mudança  de  razão  social  da  empresa  em
1922. Na verdade a Modelo 1930 é a única variação da pistola Mauser que recebeu essa denominação
oficial da fábrica. Anotações encontradas na fábrica indicam que a numeração serial da 1930 iniciou‑
se por volta de 800.000.

A  1930  apresentava  a  oxidação  à  banho  quente,  de  cor  negra  brilhante,  ao  invés  da  oxidação  “à
boneca”.  Além  disso,  introduzia‑se  agora  uma  nova  trava  de  segurança,  que  recebeu  o  nome  de
“Universal  Safety”,  um  sistema  que  permitia  o  desarme  seguro  do  cão  sem  que  o  percussor  fosse
atingido. Na época esse sistema gerou controvérsias e a maioria dos possuidores da arma relutavam
em  arriscar  fazer  essa  operação.  O  que  é  interessante  lembrar  que  hoje,  esse  mesmo  método  é
bastante comum nas pistolas atuais que possuem cão externo, sistema que se denomina “decocker”.

Uma C96 Comercial 1930, com as talas de empunhadura em marfim – note o pequeno rebaixo no cano

A  Luftwaffe  adquiriu  7.800  pistolas  para  uso  de  seus  aviadores.  Porém,  definitivamente,  a  C96  não
fazia muito sucesso em seu país de origem, mas por outro lado fazia, e muito, sucesso na China. De
olho neste mercado, os espanhóis, na época notáveis criadores de réplicas e cópias de várias armas de
sucesso, como os revólveres Colt e Smith & Wesson, resolveram também copiar a C96, assunto que
trataremos em mais detalhe logo abaixo.

Pior  que  somente  copiar  é  criar  algo  novo  e  diferente,  em  cima  de  um  projeto  existente.  E  os
espanhóis  fizeram  da  C96  uma  pistola‑metralhadora,  capaz  de  efetuar  tiro  seletivo,  modos
automático  e  semi‑automático,  e  contando  ainda  com  carregadores  removíveis  de  10,  20  e  30
cartuchos,  detalhes  que  a  Mauser  ainda  não  oferecia.  Apesar  de  que  o  mecanismo  interno  dessas

cópias  não  era  exatamente  igual  às  Mausers,  tampouco  o  esmero  na  fabricação  e  qualidade  de
cópias  não  era  exatamente  igual  às  Mausers,  tampouco  o  esmero  na  fabricação  e  qualidade  de
materias, ainda assim eram armas que funcionavam bem, detalhe que foi extensamente provado na
Guerra Civil espanhola.

Como troco desta “ousadia”, a Mauser resolve também fabricar um modelo baseado na Modelo 1930,
mas com a opção de tiro seletivo e carregador e destacável para 20 ou 30 cartuchos. Foi a pistola que
passou a ser denominada M712. A M711, lançada pouco
antes,  seria  a  mesma  pistola,  mas  sem  a  opção  de  tiro
automático, mas mantendo o carregador destacável com
capacidade de 10 cartuchos.

Ao lado, a patente de Westinger para a M712

Em  novembro  de  1931  Josef  Nickl  patenteou  seu


mecanismo nos Estados Unidos e dois anos depois Karl
Westinger  fez  o  mesmo,  patenteando  outra  variação
sobre o mesmo tema.

A  diretoria  de  manufatura  da  Mauser  aceitou  as  duas  variantes  como  funcionais,  sendo  que  a
diferença  entre  os  dois  desenhos  era  muito  pequena,  basicamente  na  forma  como  operava  a  chave
lateral  de  mudança  do  tipo  de  disparo.  O  sistema  de  Westinger  acabou  sendo  o  mais  utilizado  na
totalidade das então chamadas “Schellfeuer” fabricadas. A palavra alemã “Schnellfeuer” significa, ao
pé da letra, Fogo‑Rápido.

Um modelo 712 “Schnellfeuer” com a opção derivada do projeto de Westinger, com sua coronha adaptável e
Um modelo 712 “Schnellfeuer” com a opção derivada do projeto de Westinger, com sua coronha adaptável e
carregador de 10 cartuchos, destacável.

Ao  contrário  do  que  ocorreu  nas  cópias  espanholas,  a  Mauser  não  fez  alterações  no  mecanismo
original da M1930. Os projetos desenvolvidos por Nickl e Westinger eram peças a serem adicionadas,
exigindo pouquíssima usinagem e alteração nas peças existentes. Isso facilitou enormemente o início
da  produção  das  M712  em  série.  Com  ela,  a  Mauser  conseguiu  ganhar  mais  alguns  mercados  ao
redor do mundo, sendo que o Brasil foi um de seus clientes, mediante uma encomenda de 500 peças
feita pela Polícia Militar do Distrito Federal (RJ) em 1930 e pela antiga Força Pública do Estado de São
Paulo.

A variante brasileira “PASAM”

Chamada  aqui  de  PASAM  (Pistola  Automática  Semi‑Automática  Militar),  tratava‑se  de  modificações
efetuadas  pelo  armeiro  basco  Jener  Damau  Arroyo,  inicialmente  sobre  101  pistolas  modelo  712  da
Polícia Militar do DF; na época a capital federal era o Rio de Janeiro. Segundo o historiador Ronaldo
Olive, autor de um muito completo artigo sobre essas armas, as modificações compunham‑se de uma
peça  de  metal  instalada  sob  o  cano,  com  um  punho  pistola,  bastante  similar  ao  utilizado  nas  sub‑
metralhadoras Thompson modelo 1921. Nessa modificação, a empunhadura original foi mantida, e a
tradicional coldre‑coronha de madeira continuou a ser utilizada.

Em  seguida,  numa  segunda  versão,  efetuada  sobre  outras  89  pistolas,  as  mudanças  incluíram  uma
coronha tubular de metal, que era fixada a uma empunhadura totalmente modificada em relação à
original  da  pistola.  Nas  duas  versões  o  cano  foi  deixado  livre,  condição  essencial  para  que  arma
continuasse funcionando, pois o cano necessitava recuar.

Devido à cadência de tiro muito alta, o carregador de 10 cartuchos utilizado nessa arma se esvaziava
em menos de um segundo, pois a 800 disparos por minuto temos cerca de 13 disparos por segundo.
Essas modificações foram feitas visando um controle da arma bem mais efetivo, mantendo‑a na linha
de  visada  com  maior  facilidade.  Se  na  ocasião  tivessem  projetado  e  produzido  um  carregador  com
capacidade de pelo menos 30 cartuchos, teríamos quase uma autêntica sub‑metralhadora nas mãos.

Acima, o “modelo 2” da PASAM, com a coronha rebatível de metal e o punho pistola dianteiro – Foto de
Ronaldo Olive

Segundo  Olive,  295  pistolas  Mauser  “Schnellfeuer”  foram  deixadas  em  suas  condições  originais  de
Segundo  Olive,  295  pistolas  Mauser  “Schnellfeuer”  foram  deixadas  em  suas  condições  originais  de
fábrica. Acredita‑se que elas foram usadas pela Polícia Militar do Rio de Janeiro até a década de 80,
como uma espécie de carabina no modo semi‑automático – o fogo automático era reservado somente
para ocasiões de emergência.

A história brasileira indica o uso da M712, bem como de outros modelos da C96 até pelos cangaceiros
no  nordeste  brasileiro.  Sabe‑se  que  Lampião  utilizava  as  pistolas  Parabellum  (Lugers)  como  suas
armas  pessoais  de  defesa,  mas  as  Mausers  também  tinham  seu  quinhão  de  fama  por  lá.  Por  essa
razão,  muita  gente  no  Brasil  costuma  confundir  os  nomes  dessas  duas  armas  e  chamam  as  C96
equivocadamente de “Parabelo”.
Patente de Josef Nickl, de 1934, sobre o projeto de mecanismo de tiro seletivo da Mauser 712
Patente de Josef Nickl, de 1934, sobre o projeto de mecanismo de tiro seletivo da Mauser 712

Detalhe do seletor de tiro automático (R) e semi‑automático (N) da Mauser  modelo 712 “Schnellfeuer”

Um  dos  maiores  problemas  da  M712  era  sua  cadência  de  tiro  excessivamente  alta,  que  ocasionava
dois fatos desagradáveis: a rápida falta de munição e a tendência em subir demais a visada durante
as rajadas. Nessas versões que vieram para o Brasil haviam algumas marcas em portugues, como as
da chave de reversão do fogo seletivo, marcada com N (Normal) e R (Rápido ou Rajada). Hoje, esses
exemplares estão praticamente todos nas mãos de colecionadores e de museus da Polícia Militar.
Uma pistola M712 com carregador de 10 cartuchos; note o botão lateral para a retirada do carregador
 

Os dois lados da M712 “Schnellfeuer” com carregados de 20 cartuchos, coronha de madeira e bandoleira

Em 1936, mesmo depois de uma grande aquisição feita pela Wehrmacht das pistolas M712 e cerca de
8.000 armas para uso em algumas tropas de elite, como as SS e para a Luftwaffe, isso não evitou que
sua  produção  fosse  interrompida,  antes  mesmo  da  eclosão  da  II  Guerra  Mundial.  A  produção  total
das Schnellfeuer atingiu aproximadamente 100.000 armas.

CARACTERÍSTICAS GERAIS E MECÂNICAS

Uma das coisas mais fascinantes da pistola Mauser C96 é o seu intrincado mecanismo, digno da fama
da engenharia alemã no que tange à concepção, originalidade e engenhosidade. Por dentro de uma
aparente caixa oca de metal, esconde‑se um mecanismo que em muito se parece com as peças de um
quebra‑cabeça. Não há pinos usados como articulação, e em toda arma só existe um parafuso: o que
fixa as talas de madeira à empunhadura. Outra característica intrigante nessa arma é a sua tremenda
facilidade  de  se  adaptar  a  alterações  externas  de  grande  monta.  Diversas  combinações  de
comprimento de cano eram feitas sem problemas, bem como alterações em alças de mira, capacidade
de carregador, aparência da empunhadura, alterações no desenho do cão, etc. Nenhuma outra pistola
semi‑automática foi produzida até hoje que possua essa facilidade de mudanças.

Entretanto,  duas  principais  características  da  arma  podem  ter  sido  decisivas  para  que  a  C96  não
obtivesse  muito  mais  sucesso,  principalmente  na  adoção  militar  em  larga  escala.  Primeiramente,  o
problema do cano incorporado à extensão, não podendo ser simplesmente trocado, seja por rosca ou
por  encaixe,  de  forma  bem  conveniente.  Numa  época  em  que  essa  sarmas  utilizavam  projéteis

encamizados e espoleta altamente corrosiva, a corrosão interna das raias era frequente. Em segundo
encamizados e espoleta altamente corrosiva, a corrosão interna das raias era frequente. Em segundo
lugar, sua concepção de carregador não destacável, obrigando a sua alimentação através de clipes de
metal. Fora isso, existem as críticas, bastante comuns, quanto à sua aparência desajeitada e a falta de
uma empunhadura anatômica.

A Mauser C96 é uma pistola semi‑automática do sistema “locked‑breech”, acionada por curto recuo
do cano, ou seja, sua culatra permanece trancada na ocasião do disparo, sistema que possibilita o uso
de cartuchos mais potentes uma vez que o ferrolho só é liberado para abrir quando o projétil já saiu
do  cano  e,  consequentemente,  a  pressão  interna  dos  gases  caiu  a  um  nível  seguro.  Para  detalhes
desses sistemas, veja nosso artigo aqui, neste site.

O peso médio da arma do modelo C96, porque ele depende das diversas variações, é de 1,130 Kg e o
comprimento é de 312mm com canos de 5,5″ e de 271mm com canos de 3,9″. Seu alcance efetivo gira
em torno de 150 a 200 metros, sendo que com a coronha instalada essa margem aumenta para tiros de
longa distância, cerca de 200 a  300 metros.

Os  calibres  são,  basicamente,  o  7,63mm  Mauser,  o  9mm  Export,  o  9mm  Parabellum  e  o  7,65mm
Parabellum. A  capacidade  das  C96  é  de  6,  10  ou  20  cartuchos,  mas  há  carregadores  maiores  para  o
modelo  M712,  de  30  cartuchos.  Os  países  que  a  utilizaram  foram,  resumidamente,  Áustria,
Alemanha,  Brasil,  Finlândia,  Itália,  Império  Otomano,  China,  União  Soviética,  França,  Espanha  e
Inglaterra.

DETALHES DO MECANISMO:

Nesta foto, mostra‑se uma C96 de 1912 totalmente desmontada. Esse nível de desmontagem não é recomendado 
para pessoas não muito familiarizadas com os mecanismos de armas de fogo –  (foto do autor)
Vista interna do lado esquerdo da C96, com o ferrolho aberto – nota‑se embaixo do ferrolho os dois encaixes onde
se engatam os dois dentes existentes na trava da culatra.

O QUE ACONTECE NA HORA DO DISPARO

Figura 1

Na  figura  1,  temos  a  pistola  em  posição  de  descanso,  descarregada.  O  elevador  dos  cartuchos  (21)
Na  figura  1,  temos  a  pistola  em  posição  de  descanso,  descarregada.  O  elevador  dos  cartuchos  (21)
dentro do carregador está na posição superior. O cão (10) está desarmado, bem como a sua mola de
pressão (16) está aliviada. O bloco de trancamento (2) está em sua posição normal, e vemos os seus
dois engates firmemente travados na base do ferrolho (8). Como o bloco (2) é solidário à armação (15),
o  ferrolho  está  firmemente  trancado  em  relação  ao  cano.  Se  segurarmos  a  arma  pelo  seu  cano  e
tentarmos introduzir uma vareta pela sua boca e pressionarmos contra a cabeça do ferrolho (7), não o
conseguiremos  mover  e  abrir  a  culatra.  É  a  mesma  força  que  o  cartucho  aplica  sobre  o  ferrolho  na
hora do disparo.

Figura 2

Na figura 2, supomos que a arma tenha sido disparada.   Devido à expansão dos gases na boca do
cano com à saída do projétil, todo o conjunto cano e ferrolho recuam alguns milímetros para trás. Isso
faz  com  que  o  bloco  de  trancamento  (2)  também  recue  junto,  porém,  esse  movimento  força‑o  para
baixo, fazendo com que o seu apêndice (a) penetre no alojamento da armação (9). O bloco (2) também
é comprimido pela mesma mola do cão (15). Com essa queda do bloco (2), os seus dentes se soltam
da  base  do  ferrolho  (8).  Os  gases  remanescentes  da  queima  do  propelente,  bem  como  a  própria
inércia do movimento inicial, permitem que o ferrolho seja arremessado para trás empurrando o cão
(10) para que se arme novamente. Neste mesmo movimento, o cartucho vazio, preso ao extrator na
cabeça  do  ferrolho  (7),  é  ejetado  para  fora.  Imediatamente,  cessa‑se  toda  a  pressão  na  arma  e  o
ferrolho, por ação de sua mola de retorno (6) volta a se fechar, levando um novo cartucho retirado do
levantador  (21)  e  introduzindo‑o  na  câmara  (1).  O  cão  permanece  armado,  pressionando  sua  mola,
aguardando  que  o  gatilho  (25)  seja  pressionado  novamente  para  que  o  mesmo  se  solte  e  percute  o
novo cartucho batendo no percussor (5). O ferrolho se fechando totalmente, permite que o bloco de
trancamento (2) volte a sua posição normal, e engatando seus dois dentes na base do ferrolho.
Na foto superior vemos o ferrolho aberto, o cano levemente recuado, a trava de culatra (vermelha) inclinada para
baixo a fim de liberar o ferrolho. Na foto de baixo, a arma em descanso, ferrolho fechado e trancado pela trava
(vermelha), que agora tem os seus dois ressaltos encaixados nos rebaixos do ferrolho.

MANUSEIO:

O manuseio básico da arma consiste no seguinte: abre‑se o ferrolho, puxando‑o com certa força para
trás,  de  um  golpe,  agarrando  em  suas  duas  protuberâncias  estriadas  na  parte  traseira.  Isso  fará  o
ferrolho  correr  para  trás,  engatilhar  o  cão  e  ficar  travado  na  posição  aberta,  pois  o  levantador  de
cartuchos dentro do carregador trava o ferrolho pela sua parte frontal.
 

Na foto da esquerda, a posição correta para se inserir os cartuchos na arma – à direita, todos os cartuchos
municiados e com o clipe ainda na posição, o que mantém o ferrolho aberto.

Insere‑se por cima, no rasgo existente na janela de ejeção, o clipe municiador com 10 cartuchos; com o
polegar  empurra‑se  os  cartuchos  para  dentro  do  carregador,  onde  ficarão  presos  pelos  lábios
superiores.  Ao  se  retirar  o  clipe  (lâmina)  de  seu  encaixe,  o  ferrolho  se  fecha  de  um  golpe,  levando
para dentro da câmara o primeiro cartucho.

Com o ferrolho fechado e o cão já armado, a arma está destravada e pronta para disparar, ao se puxar
do gatilho. No caso das C96, por serem elas pistolas semi‑automáticas, a cada disparo o gatilho deve
ser  pressionado  e  solto  logo  em  seguida,  para  se  poder  efetuar  o  disparo  seguinte.  Ao  terminar  o
último dos 10 cartuchos, o levantador de cartuchos do carregador prende a parte frontal do ferrolho,
mantendo‑o aberto. Para remuniciar, basta inserir novo clipe com 10 cartuchos e repetir‑se o processo
descrito acima.

DESMONTAGEM PARCIAL:

Não  se  necessita  de  nenhuma  ferramenta  especial  para  a  desmontagem  parcial  da  C96,  que  é  a
recomendada e suficiente para limpesa e lubrificação da arma.

Com  o  auxílio  de  um  punção  ou  até  mesmo  a  ponta  de  uma  caneta
esferográfica,  pressiona‑se  o  pino  retém  da  tampa  inferior  do
carregador e puxa‑se a mesma para a frente até soltá‑la de seu engate.

Isso liberará a tampa bem como a mola do carregador e o levantador
de cartuchos.

Segurando a arma pela empunhadura, engatilha‑se o martelo e apoia‑
se  a  extremidade  do  cano  sobre  uma  superfície  macia,  mas  firme,  para  não  machucá‑lo.  Com  o
polegar direito, levanta‑se a trava retém que está situada atrás da arma, bem abaixo do martelo.

Mantendo  essa  posição  do  retém,  empurra‑se  a  empunhadura  com  bastante  pressão  para  baixo,
fazendo  com  que  a  armação  deslize  nos  trilhos  da  extensão  do  cano,  saindo  desta  maneira,  e
totalmente, pela parte frontal.
De cima para baixo: 1) liberando o retém da armação e empurrando‑a para baixo;  2) retirando o bloco mestre,
soltando‑a da trava de culatra;  3) retirando a trava de culatra de sua articulação.

O bloco mestre fica preso ao ferrolho através da trava de culatra. Basta puxá‑lo para baixo e o bloco se
desprende da trava. Retira‑se a trava de culatra de seu encaixe. O bloco mestre pode, agora, ser limpo
e  lubrificado.  No  conjunto  cano,  extensão  e  ferrolho,  tira‑se  o  percussor  apertando‑o  por  trás,  para

dentro, com uma chave de fenda e girando‑o 90º para qualquer lado. O percussor sai para fora com
dentro, com uma chave de fenda e girando‑o 90º para qualquer lado. O percussor sai para fora com
sua mola.

Para tirar o ferrolho, mantenha o orifício de saída do percussor bloqueado para evitar o salto da mola
recuperadora.  Do  lado  direito  do  ferrolho,  puxa‑se  para  trás  o  retém  que  segura  a  mola;  ele  se
desengata  facilmente  e  pode  ser  retirado  da  extensão  do  cano.  A  mola  recuperadora  surge  com
alguma pressão no orifício do percussor. Agora, o ferrolho pode ser retirado totalmente por trás.

Nesta altura, as peças que temos em mãos são as que se exibem na foto abaixo:

Aqui uma C96 após a desmontada, onde se vê de cima para baixo: ferrolho, percussor com mola e retém do
Aqui uma C96 após a desmontada, onde se vê de cima para baixo: ferrolho, percussor com mola e retém do
percussor; cano e extensão do cano, na verdade uma só peça; trava da culatra, bloco mestre onde se encontram o
martelo, sua mola, a trava de segurança e mecanismo disparador; mais em baixo,  a armação contendo tão
somente a tecla do gatilho e as talas de madeira; ao lado, o levantador de cartuchos, mola do carregador e sua
tampa inferior.

Vista explodida da C96 na versão “cone‑hammer”
Vista explodida da C96 na versão “cone‑hammer”

AS CÓPIAS ESPANHOLAS

Armas  On‑Line  possui  um  capítulo  destinado  à  essas  interessantes  réplicas,  ou  cópias  feitas  na
Espanha a partir do projeto das Mauser C96. Para conhecer melhor esses detalhes e saber mais sobre
essas curiosas armas, leia nosso artigo “Astra, Royal e Azul; rápidas espanholas.“

CONCLUSÃO

Não há dúvida nenhuma que, nos meios do colecionismo, a presença de uma pistola Mauser C96, em
qualquer  uma  de  suas  variações,  é  presença  obrigatória  em  qualquer  coleção  de  armas.  Foi,  sem
dúvida,  um  marco  histórico  e  importantíssimo  no  desenvolvimento  das  pistolas  semi‑automáticas,
onde  ela  foi  uma  das  pioneiras  e  a  única,  de  sua  época,  que  não  sucumbiu  à  grande  variedade  de
outros projetos e idéias, muitos deles até bem mais modernos e com soluções avançadas.

Combatentes das Waffen‑SS na II Guerra, um deles se defendendo com uma Mauser Schnellfeuer

Não foi oficialmente adotada em seu país de origem, o que pode ter sido uma das grandes frustrações
de  seus  fabricantes,  mas  fez  sucesso  em  diversos  países  longínquos,  como  a  China,  sucesso  que
acabou  por  ser  copiada    também  naquele  país.  Participou  de  vários  conflitos  armados  ao  redor  do
mundo  e  era  admirada  até  por  adversários  históricos  de  seu  país  de  origem,  como  a  Inglaterra,

tanto  que  foi  utilizada  por  um  até  então  desconhecido  oficial  do  Exército  Imperial  Britânico,  o
tanto  que  foi  utilizada  por  um  até  então  desconhecido  oficial  do  Exército  Imperial  Britânico,  o
Tenente Winston Leonard Spencer Churchill, na segunda guerra dos Boeres,  e que, em determinada
batalha que ele narra em suas memórias, teve sua vida salva por esta pistola.

Grande,  pesada,  desajeitada,  com  sua  empunhadura  em  formato  de  um  cabo  de  vassoura;  e  por  aí
vão  mais  alguns  de  seus  defeitos…  mas  nada  disso  tirou  o  brilho  dessa  arma  exuberantemente
desenhada,  mecânica  fascinante  e  dotada  de  um  calibre  de  alta  velocidade  e  precisão.  Enfim,  uma
pistola clássica como poucas, digna de sua posição honrosa de ter ajudado a construir a história das
armas portáteis.

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Wri剑�en by Carlos F P Neto

14/07/2011 às 11:27

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