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Luanda - António José Maria, o temido general José Maria (ou Zé Maria), patrão
dos Serviços de Inteligência e de Segurança Militar (SISM) por mais de três
décadas e uma das figuras protectoras e da entourage do ex-Presidente da
República José Eduardo dos Santos, está a ser ouvido desde sexta-feira última
pela Procuradoria Militar.
*Ramiro Aleixo
Fonte: Club-k.net
ACUSADO DE ROUBO DE DOCUMENTOS
O general Zé
Maria, que aquando da sua exoneração, após a tomada de posse do Presidente
João Lourenço, se recusou entregar as pastas ao seu sucessor, alegadamente
para não revelar segredos do antigo Presidente José Eduardo dos Santos, é
acusado de "roubo" de documentos considerados "sensíveis", bem como de
"arquivos relevantes".
Conhecido pela sua arrogância, o general Zé Maria pode ser ‘agraciado’ com
medidas coercivas já nesta segunda ou terça-feira, tendo em conta que o crime
de que é acusado, é punível com até 12 anos de prisão.
Zé Maria é tido como a figura que engendrou a prisão e julgamento (em 28.03.16)
dos jovens activistas acusados de tentativa de golpe de Estado (caso dos revús
ou 15+2), bem como, em outros casos que influenciaram, de forma negativa, o
desempenho das formações políticas da oposição, com particular realce para a
UNITA, e, concomitantemente, o exercício democrático.
No quadro de uma estratégia preparada pelo general José Maria, esse partido
chegou a ser acusado, após a assinatura dos acordos de paz (4 de Abril de 2002)
de estar a preparar um exército secreto, nos arredores de Luanda, que dispunha
inclusive, de tanques e carros de assalto.
Lisboa – O general António José Maria afastado esta semana do Serviço de Inteligência
e de Segurança Militar, recusou entregar as pastas ao seu novo sucessor na
cerimonia agendada para esta terça-feira (21). A justificação que o exonerado
general faz passar é de que não ira passar as pastas para não revelar segredos do
antigo Presidente José Eduardo dos Santos, de quem é seguidor.
Fonte: Club-k.net
O general Antônio José Maria foi, durante a vigência da era Eduardista, num dos
principais focos de divisões e tensões internas que proliferam no regime do MPLA.
Porem, o ex-Presidente JES perdoava-lhe, sistematicamente, aos erros em que
incorria devido a convincentes manifestações de lealdade de José Maria, com o qual
partilha alguma afinidade.
Desde que Angola iniciou o processo de transição, o general José Maria foi o único
membro do regime a se opor contra a saída de José Eduardo dos Santos do
poder. Chegou a convocar uma reunião com os seus subordinados para anunciar que
JES cometeu “um grave erro”, ao anunciar a sua retirada da vida política em 2018.
No seguimento da sua recusa em entregar as pastas, esta semana, alegou que João
Lourenço não conhece metade dos segredos de José Eduardo dos Santos. Por outro
lado o general não cita que segredos são estes que guarda e que lhe faziam ter o ex-
Presidente nas suas mãos.
Sobre o próprio general Zé Maria a muito que as suas praticas deixaram de ser segredo.
Durante a era Eduardista, notabilizou-se por instrumentalizar os órgãos de justiça
angolana com destaque aos tribunais. Junto com o PGR, general João Maria de Sousa
destacaram-se na fabricação de um falso golpe de Estado que visou prender e
humilhar os jovens do chamado chamado caso “15+2”, que eram críticos a liderança
de Dos Santos.
A maior demonstração de poder sobre os tribunais por parte do general José Maria,
foi quando recusou entregar o seu principal colaborador José Filomeno Peres acusado
de ter ordenado o assassinato do activista Isaías Cassule, em Maio de 2012. Quando
o Tribunal de Luanda escrevesse ao SISM requisitando a presença do seu subordinado,
o general Zé Maria protegia-o dizendo que encontrava-se na África do Sul a receber
tratamento. O julgamento decorreu e o tenente-general José Filomeno Peres, na
qualidade de mandante do crime, saiu impune.