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General Zé Maria ouvido na Procuradoria Militar

fevereiro 18, 2019

Luanda - António José Maria, o temido general José Maria (ou Zé Maria), patrão
dos Serviços de Inteligência e de Segurança Militar (SISM) por mais de três
décadas e uma das figuras protectoras e da entourage do ex-Presidente da
República José Eduardo dos Santos, está a ser ouvido desde sexta-feira última
pela Procuradoria Militar.
*Ramiro Aleixo
Fonte: Club-k.net
ACUSADO DE ROUBO DE DOCUMENTOS

O general Zé
Maria, que aquando da sua exoneração, após a tomada de posse do Presidente
João Lourenço, se recusou entregar as pastas ao seu sucessor, alegadamente
para não revelar segredos do antigo Presidente José Eduardo dos Santos, é
acusado de "roubo" de documentos considerados "sensíveis", bem como de
"arquivos relevantes".

Conhecido pela sua arrogância, o general Zé Maria pode ser ‘agraciado’ com
medidas coercivas já nesta segunda ou terça-feira, tendo em conta que o crime
de que é acusado, é punível com até 12 anos de prisão.

Zé Maria é tido como a figura que engendrou a prisão e julgamento (em 28.03.16)
dos jovens activistas acusados de tentativa de golpe de Estado (caso dos revús
ou 15+2), bem como, em outros casos que influenciaram, de forma negativa, o
desempenho das formações políticas da oposição, com particular realce para a
UNITA, e, concomitantemente, o exercício democrático.

No quadro de uma estratégia preparada pelo general José Maria, esse partido
chegou a ser acusado, após a assinatura dos acordos de paz (4 de Abril de 2002)
de estar a preparar um exército secreto, nos arredores de Luanda, que dispunha
inclusive, de tanques e carros de assalto.

Essa operação serviu de argumento para 'justificar' a saída "misteriosa" e o


descaminho de cerca de cinco milhões de dólares do "saco azul" do Presidente,
alegadamente, utilizados para contrapor qualquer tentativa de ataque da UNITA
a Luanda e ao poder que não fazia sentido, já que essa formação estava ainda
profundamente debilitada.

Zé Maria é, igualmente, tido como a figura tenebrosa que, com o general


Kopelipa, estiveram por trás da prisão de Fernando Garcia Miala, director-geral
dos Serviços de Inteligência Externa (SIE), em 2006, a quem acusaram de
atentar contra a segurança de José Eduardo dos Santos.
A verdadeira razão, como referimos naquela altura, foi, quer um quer outro, não
terem acolhido de bom grado, uma proposta de Estatutos e do Organograma
apresentada por Miala para que, como director-geral dos Serviços de Inteligência
Externa, tivesse subordinação directa ao Chefe do Executivo.

General Zé Maria recusa entregar as pastas ao


seu sucessor
novembro 21, 2017

Lisboa – O general António José Maria afastado esta semana do Serviço de Inteligência
e de Segurança Militar, recusou entregar as pastas ao seu novo sucessor na
cerimonia agendada para esta terça-feira (21). A justificação que o exonerado
general faz passar é de que não ira passar as pastas para não revelar segredos do
antigo Presidente José Eduardo dos Santos, de quem é seguidor.

Fonte: Club-k.net

Diz que é para proteger os segredos do ex-Presidente

António José Maria foi compulsivamente mandado a


reforma por limite de idade, foi substituído no cargo pelo tenente-general Apolinário José
Pereira, que estava em comissão de serviço no ministério das relações exteriores como
cônsul geral de Angola na África do Sul.
De acordo com fontes do Club-K, a recusa do general Zé Maria em entregar as pastas
já era previsível, uma vez que ele não se sente conformado em ser substituído por
Apolinário José Pereira, um veterano da secreta militar que faz parte de um grupo que
ele maltratou no passado e afastou por se sentir ameaçado.

O general Antônio José Maria foi, durante a vigência da era Eduardista, num dos
principais focos de divisões e tensões internas que proliferam no regime do MPLA.
Porem, o ex-Presidente JES perdoava-lhe, sistematicamente, aos erros em que
incorria devido a convincentes manifestações de lealdade de José Maria, com o qual
partilha alguma afinidade.

Desde que Angola iniciou o processo de transição, o general José Maria foi o único
membro do regime a se opor contra a saída de José Eduardo dos Santos do
poder. Chegou a convocar uma reunião com os seus subordinados para anunciar que
JES cometeu “um grave erro”, ao anunciar a sua retirada da vida política em 2018.

No seguimento da sua recusa em entregar as pastas, esta semana, alegou que João
Lourenço não conhece metade dos segredos de José Eduardo dos Santos. Por outro
lado o general não cita que segredos são estes que guarda e que lhe faziam ter o ex-
Presidente nas suas mãos.

Legado de Zé Maria na era Eduardista

Sobre o próprio general Zé Maria a muito que as suas praticas deixaram de ser segredo.
Durante a era Eduardista, notabilizou-se por instrumentalizar os órgãos de justiça
angolana com destaque aos tribunais. Junto com o PGR, general João Maria de Sousa
destacaram-se na fabricação de um falso golpe de Estado que visou prender e
humilhar os jovens do chamado chamado caso “15+2”, que eram críticos a liderança
de Dos Santos.

A maior demonstração de poder sobre os tribunais por parte do general José Maria,
foi quando recusou entregar o seu principal colaborador José Filomeno Peres acusado
de ter ordenado o assassinato do activista Isaías Cassule, em Maio de 2012. Quando
o Tribunal de Luanda escrevesse ao SISM requisitando a presença do seu subordinado,
o general Zé Maria protegia-o dizendo que encontrava-se na África do Sul a receber
tratamento. O julgamento decorreu e o tenente-general José Filomeno Peres, na
qualidade de mandante do crime, saiu impune.

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