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Krasner
Stephen Krasner (nascido em 1942) é um professor estadunidense de Relações
Internacionais pela Universidade de Stanford, além de ser ex-diretor de “Planejamento de
Políticas” no Departamento de Estado dos EUA. Ganhou o prêmio Dean’s Award em
1991, devido às suas contribuições acadêmicas como professor. Krasner escreveu
diversos livros e artigos, porém sua Magnum opus é “International Regimes”.
A problemática central abordada no texto de Krasner é a seguinte: qual é a relação entre
os regimes e os resultados e comportamentos análogos?
Krasner analisa três formas de responder a questão. A primeira vê os regimes
internacionais como algo inerente ao sistema internacional ( Hopkins, Puchala e Young).
A segunda, defende que os regimes internacionais são uma ilusão (Strange). Já a terceira
e mais prevalecente é que os regimes internacionais surgem quando a simples interação
entre as unidades não leva a um resultado ótimo (Stein, Keohane e Jervis).
Argumentos:
Definição de regime e mudança de regime
Regimes podem ser definidos como conjuntos de princípios implícitos ou
explícitos, normas, regras e procedimentos de tomada de decisão em torno dos quais as
expectativas dos atores convergem em uma determinada área das relações internacionais.
Princípios são crenças de fato, causalidade e retidão. Normas são padrões de
comportamento definidos em termos de direitos e obrigações. Regras são prescrições
específicas ou prescrições para ação. Os procedimentos de tomada de decisão são práticas
predominantes para a elaboração e implementação de escolhas coletivas.
Regimes devem ser entendidos como algo mais do que arranjos temporários que
mudam a cada mudança de poder ou interesses. Keohane observa que uma distinção
analítica básica deve ser feita entre regimes e acordos. Acordos são, geralmente "únicos".
O objetivo dos regimes é facilitar acordos. Da mesma forma, Jervis argumenta que o
conceito de regimes "implica não apenas normas e expectativas que facilitam a
cooperação, mas uma forma de cooperação que é mais do que o seguimento do interesse
próprio de curto prazo.
Uma distinção fundamental deve ser feita entre princípios e normas, por um lado,
e regras e procedimentos, por outro. Princípios e normas fornecem as características
básicas definidoras de um regime. Pode haver muitas regras e procedimentos de tomada
de decisão que sejam consistentes com os mesmos princípios e normas. Mudanças nas
regras e procedimentos de tomada de decisão são mudanças dentro dos regimes, desde
que os princípios e normas estejam inalterados.
Mudanças nos princípios e normas são mudanças do próprio regime. Quando as
normas e princípios são abandonados, há uma mudança para um novo regime ou um
desaparecimento de regimes de uma dada área-problema
Argumentos políticos fundamentais estão mais preocupados com normas e
princípios do que com regras e procedimentos.
Finalmente, é necessário distinguir o enfraquecimento de um regime das
mudanças dentro ou entre os regimes. Se os princípios, normas, regras e procedimentos
de tomada de decisão de um regime se tornam menos coerentes, ou se a prática atual é
cada vez mais inconsistente com princípios, normas, regras e procedimentos, então um
regime enfraqueceu.
Em suma, a mudança dentro de um regime envolve alterações de regras e
procedimentos de tomada de decisão, mas não de normas ou princípios; a mudança de um
regime envolve alteração de normas e princípios; e o enfraquecimento de um regime
envolve incoerência entre os componentes do regime ou inconsistência entre o regime e
o comportamento relacionado.
Regimes Importam?
Assumiu-se que os regimes poderiam ser concebidos como variáveis
intervenientes, situando-se entre variáveis causais básicas (mais proeminentemente,
poder e interesses) e resultados e comportamento. A primeira tentativa de analisar os
regimes assumiu, assim, o seguinte conjunto de relações causais (ver Figura 1).
Regimes não surgem espontaneamente. Eles não são considerados como fins em
si mesmos. Uma vez no local, eles afetam o comportamento e os resultados relacionados.
Eles não são meramente epifenômenos.
Susan Strange representa a primeira orientação. Ela tem graves reservas sobre o
valor da noção de regimes. Strange argumenta que o conceito é pernicioso porque ofusca
e obscurece os interesses e as relações de poder que são a causa imediata, não apenas a
última, do comportamento no sistema internacional. "Todos os arranjos internacionais
dignificados pelo regime de rótulo são facilmente perturbados quando o equilíbrio do
poder de barganha ou a percepção de interesse nacional (ou os dois juntos) mudam entre
os estados que os negociam." 9 Regimes, se podem ser ditos para existir, tem pouco ou
nenhum impacto. Eles são meramente epifenômenos. O esquema causal subjacente é
aquele que vê uma conexão direta entre mudanças nos fatores causais básicos
(econômicos ou políticos) e mudanças no comportamento e nos resultados. Os regimes
são completamente excluídos, ou seu impacto nos resultados e no comportamento
relacionado é considerado trivial.
A segunda orientação, que Krasner chama de estrutural modificada, é explicitada
nos trabalhos de Keohane e Stein. Esses dois autores partem de uma perspectiva realista
estrutural convencional, um mundo de Estados soberanos buscando maximizar seus
interesses e poder. Keohane afirma que os regimes internacionais provém de acordos
voluntários entre atores judicialmente iguais. Já Stein afirma que "conceptualização de
regimes desenvolvido aqui está enraizada na caracterização clássica da política
internacional como relações entre entidades soberanas dedicadas a auto-preservação,
ultimamente capazes de depender somente de si próprias, e preparadas a ."
The third approach to regimes, most clearly elaborated in the essays of Raymond
Hopkins and Donald Puchala, and Oran Young, reflects a fundamentally different view
of international relations than the two structural arguments just described. These two
essays are strongly informed by the Grotian tradition, which sees regimes as a pervasive
phenomenon of all political systems. Hopkins and Puchala conclude that "regimes exist
in all areas of international relations, even those, such as major power rivalry, that are
traditionally looked upon as clear-cut examples of anarchy. Statesmen nearly always
perceive themselves as constrained by principles, norms, and rules that prescribe and
proscribe varieties of behavior."' 7 The concept of regime, they argue, moves beyond a
realist perspective, which is "too limited for explaining an increasingly complex,
interdependent, and dangerous world."''8 Hopkins and Puchala apply their argument not
only to an issue- area where one might expect communalities of interest (food) but also
to one generally thought of as being much more unambiguously conflictual (colonialism)
Tanto Krasner como Keohane reafirmam ideias parecidas: o sistema mesmo sendo
anárquico, é interferido por regimes internacionais. As ideias de ambos se completam. Krasner
afirma que o sistema internacional pode ser resumido em “princípios, normas, regras e
procedimentos entorno das quais as expectativas dos atores convergem em uma determinada área
de concentração”. Esta definição está em completa conformidade com a visão estrutural de
keohane pois dela tiramos que a abordagem estrutural modificada aceita as premissas que os
estados são os principais atores da política mundial; que o sistema internacional é descentralizado;
e que o comportamento de auto-ajuda permanece entre os atores políticos. Isso está em
conformidade com os pressupostos de Waltz, mas não explica como e o porquê os regimes
existem. Para Keohane o mundo deve ser entendido tanto pela a anarquia quanto pela
institucionalização das mesmas.
Krasner é mais um professor, ele nos apresenta suas ideias de forma complementar às
ideias de Keohane. Sua explicação acerca dos regimes é mais sucinta e aplicável do que a de
Keohane. Krasner mostra como as variáveis causais básicas interferem nos comportamentos e
resultados, mas ao mesmo tempo, em alguns casos, as tomadas de decisões individuais não
atingem seu potencial, o que nos leva a entender a adoção de regimes por atores, que assim levará
a um comportamento correspondente.
Eles deixam de pertencer a “mainstream” quando continuam acreditando que existe uma
correlação entre mudanças causais básicas e os comportamentos, mas negam a necessidade do
conceito de regime. Por isso eles são criticados por Susan Strange (1982). Entretanto, as restrições
para-métricas básicas dessas análises são idênticas àquelas utilizadas pelos argumentos
estruturalistas mais convencionais. Os pressupostos analíticos básicos são os mesmos. As
abordagens que tratam os regimes como variáveis intervenientes e consideram os interesses e
poder do Estado como variáveis causais básicas encaixam-se sem ambiguidades no paradigma
realista estrutural. Uma abordagem mais séria do raciocínio
estruturalista ocorre quando os regimes são vistos como variáveis autônomas que afetam
independentemente não apenas os comportamentos e resultados correlatos, como também as
variáveis causais básicas que conduziram inicialmente à sua criação. Essa linha de raciocínio é
examinada na conclusão deste volume.
REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS
MUNRO, André. Robert O. Keohane: American political scientist e educator.
Britannica, Londres. Disponível em: <https://www.britannica.com/biography/Robert-O-
Keohane>. Acesso em: 15 jun. 2018
STANFORD, University. Stephen D. Krasner: Senior Fellow. Hoover, Palo Alto.
Disponível em: <https://www.hoover.org/profiles/stephen-d-krasner>. Acesso em: 15
jun. 2018