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O pensar contemporâneo sobre a educação tem assumido cada vez mais uma concepção
integral do ser humano, buscando superar teorias e posturas que privilegiam o racional,
ignorando outras dimensões, como, por exemplo, a religiosa, no desenvolvimento do
educando e na construção do conhecimento. Na perspectiva de uma educação integral,
que considera o ser humano na totalidade do seu ser, a religiosidade e suas diferentes
expressões se apresentam hoje como uma dimensão humana relevante, manifestando os
níveis mais criativos e profundos do ser humano.
A religião, como expressão da religiosidade humana, presente em todos os povos e
culturas, sempre ocupou um lugar de destaque na vida dos indivíduos e das sociedades
humanas. Portanto, uma educação que vise o desenvolvimento pleno do educando não
pode omitir a educação da religiosidade e o estudo do fenômeno religioso, objeto da
disciplina de Ensino Religioso.
A mentalidade pragmática e utilitarista, no Ocidente, baseada no positivismo científico,
tentou minar as bases das crenças e da religiosidade, criando um vazio de significado e
de sentido, mas o racionalismo cientificista, não conseguiu extirpar do coração humano
a sede de infinito e de transcendência. Diante de situações-limite, do inexplicável, como
o sofrimento e a morte, surgem perguntas existenciais para as quais a ciência não tem
respostas. Essa a razão pela qual assistimos hoje o retorno da sensibilidade ao sagrado, a
busca do misticismo de várias formas, a valorização do mistério, a busca de
espiritualidade. O fenômeno religioso se impõe como um aspecto indissociável da vida
humana, cujo estudo não pode ficar fora da escola.
Uma das funções da escola é fornecer instrumentos de leitura da realidade, capacitando
o educando para compreender melhor a si mesmo e ao mundo, e criar condições para a
convivência entre pessoas. A introdução do Ensino Religioso no currículo escolar, como
disciplina e área de conhecimento, aponta para a recuperação dessa dimensão espiritual
da existência, preenchendo o vazio deixado por uma educação com predominância
quase exclusiva no racional, no desenvolvimento científico e tecnológico do educando,
deixando de lado as razões e as finalidades últimas da existência.
Nessa perspectiva, o Ensino Religioso, a partir das experiências religiosas percebidas no
contexto do educando, procura despertar para a religiosidade através do conhecimento
dos elementos básicos que compõem o fenômeno religioso. Esse conhecimento,
enquanto sistematização da relação do ser humano com a realidade transcendental,
articulado com outros conhecimentos, explicam o significado da existência humana e
conduzem a uma convivência humana respeitosa e solidária.
O Ensino Religioso que vigorou no Brasil desde os seus primórdios era um ensino com
ênfase na doutrina da religião oficial do Império, a religião católica romana. Com a
proclamação da República (1889), se estabelece a separação entre Igreja e Estado, a
liberdade de culto e o reconhecimento da diversidade religiosa. Contudo, o Ensino
Religioso continuou sendo, na prática, o ensino da religião cristã. A legislação de 1997
trouxe mudanças significativas na concepção do Ensino Religioso.
O Ensino Religioso adquire então características diferentes dependendo das condições
legais, e, especialmente, da concepção que se tenha desse componente curricular e da
interpretação que se faz do artigo 33 da LDB. Tudo isso define o modelo de Ensino
Religioso adotado, e, conseqüentemente, a seleção e organização dos conteúdos, a
pedagogia utilizada e a formação dos professores que atuam nessa área. Eis alguns
modelos de ensino religioso vigentes no país:
Confessional , oferecido de acordo com a opção religiosa do aluno ou do seu
responsável e ministrado por professores preparados e credenciado pelas respectivas
entidades religiosas. O Estado do Rio de Janeiro aprovou o Ensino Religioso
confessional e pluralista que interpreta a expressão "assegurado o respeito à diversidade
cultural religiosa do Brasil" - contida na lei -, com a formalização de um ensino
diferenciado para cada confissão religiosa, mantendo o respeito pelas demais. Os
professores passam por concurso público e são credenciados pelas respectivas Igrejas ou
instituições religiosas.
Inter-confessional , resultante de um acordo entre as diversas entidades religiosas, que
se responsabilizarão pela elaboração dos respectivos programas. Desenvolvido, em
geral, por grupos de confissões cristãs, considera o que é comum às diferentes Igrejas ou
confissões e respeita a especificidade de cada uma. O conteúdo básico é fundamentado
na Bíblia.
Supra-confessional , ministrado nas escolas públicas, não admite qualquer tipo de
proselitismo religioso, preconceito ou manifestação em desacordo com o direito
individual dos alunos e de suas famílias de professar um credo religioso ou mesmo o de
não professar nenhum, devendo assegurar o respeito a Deus, à diversidade cultural e
religiosa, e fundamenta-se em princípios de cidadania, ética, tolerância e em valores
universais presentes em todas as religiões (cf. São Paulo, Decreto Estadual no 46.802,
de 5 de junho de 2002, artigo 2).
Disciplina curricular . Nesse modelo o Ensino Religioso é pensado, como área de
conhecimento, a partir da escola e não das crenças ou religiões e tem como objeto de
estudo o fenômeno religioso. Independente do posicionamento ou opção religiosa, os
educandos são convidados a cultivar as disposições necessárias para a vivência coerente
de um projeto de vida profundamente humano e pautar-se pelos princípios do respeito
às liberdades individuais; tolerância para com os que manifestam crenças diferentes e
convivência pacífica entre as diversas manifestações religiosas que compõem a
pluralidade étnica e cultural da nação brasileira.
05. Qual a legislação que define o Ensino Religioso como área de conhecimento?
(Profª. Anísia de Figueiredo -MG)
06. Por que foi dado a esta disciplina o nome de Ensino Religioso?
(Profª. Anísia de Figueiredo - MG)
09. O ensino religioso é área de conhecimento? Por que? O que é uma área de
conhecimento?
(Prof. Sérgio Junqueira - Curitiba/ PR)
O Ensino Religioso é uma das dez áreas de conhecimento definidas pelas Diretrizes
Curriculares Nacionais aprovadas em 1998 pelo Conselho Nacional de Educação. A
Diretriz n. 04 afirma que:
"IV - Em todas as escolas deverá ser garantida a igualdade de acesso para alunos a
uma Base Nacional Comum, de maneira a legitimar a unidade e a qualidade da ação
pedagógica na diversidade nacional, a Base Nacional Comum e sua Parte
Diversificada deverão integrar-se em torno do paradigma curricular, que vise
estabelecer a relação entre a Educação Fundamental e: A) Vida Cidadã através da
articulação entre vários dos seus aspectos como : a Saúde, a Sexualidade, a Vida
Familiar e Social, o Meio Ambiente, o Trabalho, a Ciência e a Tecnologia, a Cultura as
Linguagens; B) as Áreas de Conhecimento : Língua Portuguesa, Língua Materna
(para populações indígenas e migrantes), Matemática, Ciências, Geografia, História,
Língua Estrangeira, Educação Artística, Educação Física e Educação Religiosa (na
forma do art. 33 da LDB) [Diretrizes Curriculares Nacionais do Ensino Fundamental/
CNE]".
As áreas do conhecimento são marcos estruturados de leitura e interpretação da
realidade, essenciais para garantir a possibilidade de participação do cidadão na
sociedade de forma autônoma. Cada uma das dez áreas contribuem para que os
estudantes compreendam a sociedade em que vivem e possam interferir no espaço e na
história que ocupam; pois uma das preocupações da Educação Básica é a formação do
cidadão e que os estudos que as crianças e adolescente realizam contribuam para os
estudos e o trabalho que exerceram posteriormente. Ou seja, é uma relação do presente,
uma re-leitura do passado e uma construção do futuro.
10. Que dificuldades estão presentes no imaginário coletivo brasileiro que impede a
compreensão deste ensino como área de conhecimento?
(Prof. Antonio Boeing - São Paulo/SP)
1- A Lei nº 9475 foi sancionada em 22 de julho de 1997, ou seja, seis meses após a
publicação da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, de nº 9394/96, que
incluiu o ensino religioso no art. 33, porém "sem ônus para os cofres públicos" e com
abertura para a sua operacionalização nas modalidades confessional e interconfessional.
A primeira Lei citada teve por objetivo alterar tais dispositivos, uma vez que trouxe
implícitas dificuldades de natureza administrativa, política, econômica e pedagógica.
2- A nova redação do art. 33 da LDB, com a sanção da Lei 9475/97, delega maior
responsabilidade aos sistemas de ensino quanto à definição de conteúdos para o ensino
religioso, abrindo espaço para a sociedade, representada pelas denominações religiosas,
uma vez constituídas em entidade civil, ou seja, com personalidade jurídica. Convém
destacar que a constituição desta entidade civil "pelas denominações religiosas" não tem
o mesmo significado de uma entidade civil constituída "de denominações religiosas",
como passou a ser interpretado, em muitos casos, ao ser implantada a citada Lei.
3- Na íntegra, os dois parágrafos contidos no art. 1º da Lei 9475/97 que trazem a
definição das responsabilidades, em se tratando dos conteúdos do ensino religioso: § 1º
- Os sistemas de ensino regulamentarão os procedimentos para a definição dos
conteúdos do ensino religioso e estabelecerão as normas para a habilitação e admissão
dos professores. § 2º - Os sistemas de ensino ouvirão entidade civil, constituída pelas
diferentes denominações religiosas, para a definição dos conteúdos do ensino
religioso".
4- A referida Lei não esclarece o que se pode entender por "denominação religiosa".
Porém, não exclui nenhuma delas, sejam cultos, movimentos, grupos, filosofias de vida
e outras que integram a uma sociedade pluralista, com as mais diversificadas tradições e
manifestações culturais presentes no Brasil. Conseqüentemente, os órgãos legislativos
não emitiram nenhum Parecer sobre a matéria. Considera-se, pelo senso comum, a
atenção necessária às diversificadas tendências religiosas, filosóficas e culturais em um
país que se considera democrático, republicano, aberto a todos. A atual LDB, por sua
natureza, deixa para traz o princípio da soberania, para dar lugar ao da autonomia,
incluindo o incentivo a participação da sociedade, especialmente da comunidade
educativa, de forma mais abrangente, em todo e qualquer projeto político- pedagógico
que envolva a escola como lugar privilegiado de educação.
5- Todos os setores que integram à comunidade educativa, ou que se interessam pela
melhoria da qualidade da educação, especialmente a família, os professores e alunos e
outros componentes da instituição escolar, devem ter a oportunidade de participar do
processo de definição dos conteúdos do ensino religioso a ser ministrado na Escola.
O Ensino Religioso na sua articulação destaca alguns aspectos fundamentais para a sua
concretização, tais como: as contribuições das áreas afins, como a antropologia,
psicologia, pedagogia, sociologia, ciências da religião e teologias; a busca permanente
do sentido da vida; a superação da fragmentação das experiências e da realidade; o
pluralismo religioso; a compreensão do campo simbólico; e, a necessidade de evitar o
proselitismo. Tendo presente a riqueza e a complexidade do campo religioso, o Fórum
Nacional Permanente do Ensino Religioso, para a efetivação desta área do
conhecimento, definiu cinco eixos e os respectivos conteúdos:
- Culturas e Tradições Religiosas - desenvolve os temas decorrentes da relação entre
cultura e tradição religiosa, tais como: a idéia Transcendente na visão tradicional e
atual; a evolução da estrutura religiosa nas organizações humanas no decorrer dos
tempos; a função política das ideologias religiosas; e, as determinações da tradição
religiosa na construção mental do inconsciente pessoal e coletivo.
- Teologias - analisa as múltiplas concepções do Transcendente, dentre os conteúdos
destacam-se: a descrição das representações do Transcendente nas tradições religiosas;
o conjunto de muitas crenças e doutrinas que orientam a vida do fiel nas tradições
religiosas; e, as possíveis respostas norteadoras do sentido da vida: ressurreição,
reencarnação, ancestralidade, nada.
- Textos Sagrados e Tradições Orais - aprofunda o significado da palavra sagrada no
tempo e no espaço, com destaque para: a autoridade do discurso religioso fundamentado
na experiência mística do emissor que a transmite como verdade do Transcendente para
o povo; o conhecimento dos acontecimentos religiosos que originaram os mitos e
segredos sagrados e a formação dos textos; a descrição do contexto sócio-político-
religioso determinante para a redação final dos textos sagrados; e, a análise e a
hermenêutica atualizadas dos textos sagrados.
- Ritos - busca o entendimento das práticas celebrativas, por isso contempla: a descrição
de práticas religiosas significantes, elaboradas pelos diferentes grupos religiosos; a
identificação dos símbolos mais importantes de cada tradição religiosa, comparando
seu(s) significado(s); e, o estudo dos métodos utilizados pelas diferentes tradições
religiosas no relacionamento com o Transcendente, consigo mesmo, com os outros e
com o mundo.
- Ethos - analisa a vivência crítica e utópica da ética humana a partir das tradições
religiosas, por isso considera: as orientações para o relacionamento com o outro,
permeado por valores; o conhecimento do conjunto de normas de cada tradição
religiosa, apresentado para os fiéis no contexto da respectiva cultura; e, a
fundamentação dos limites éticos propostos pelas várias tradições religiosas. (Cf.
FONAPER. Caderno Temático Ensino Religioso, nº. 1, p. 31-32).
Os eixos e conteúdos do Ensino Religioso foram elaborados a partir da concepção de
que a atuação do ser humano não se limita às relações com o meio ambiente e as
relações sociais, mas sim, está sempre em busca de algo que transcende estas realidades.
Os eixos e conteúdos do Ensino Religioso em muito podem contribuir para que o ser
humano inacabado, inquieto e aberto ao Transcendente, siga na busca e encontre o
sentido para a vida e seja feliz.
17. Como se efetiva o fazer pedagógico do Ensino Religioso? (Profa. Ms. Marilac
Loraine R. Oleniki - Curitiba/ PR)
Estamos vivendo num tempo que exige uma nova compreensão, nova leitura no fazer
Ensino Religioso (ER) enquanto disciplina escolar, da área do conhecimento e direito
do cidadão. Para chegar a este novo tempo do ER, houve uma longa caminhada na
história da Educação e do Ensino Religioso no Brasil, toda ela, carregada de tentativas e
novas experiências, porém, com rara exceção, conservando, mais ou menos, a mesma
modalidade na sua prática.
A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), desde sua criação em 1952,
destacou-se na preocupação com o ER. Ao organizar-se, em 1952, criou o "Dep
artamento de Educação e o "Secretariado Nacional de Ensino da Religião, isto,
referindo-se a catequese, como ensino da doutrina católica. A partir de 1974, promoveu
Encontros Nacionais de Coordenadores e Professores de Ensino Religioso (ENERs). De
1974 a 1998, realizou 12 ENERS, com os mais diversos temas. Destaca-se que a tônica
em todos os ENERs, foi a identidade do ER e a formação de professores para tal. Estes
Encontros Nacionais, favoreceram aos professores a conhecerem-se, fazer a partilha de
experiências, a aproximação e organização dos mesmos. Assim, a partir de 1985 criou-
se o Grupo de Reflexão sobre Ensino Religioso (GRERE), e, sem sombra de dúvida
alguma, foi a partir dos ENERS, que professores se organizaram e em 1995, com apoio
de entidades interessadas com o ER, instalaram o Fórum Nacional de Reflexão
Permanente sobre Ensino Religioso (FONAPER), que em setembro de 2005, estará
completando 10 anos de existência. Em 1995, a CNBB criou junto à sua sede em
Brasília, o Setor de Ensino Religioso. A partir de 2000, a CNBB, em parceria com a
AEC do Brasil, iniciou a realização de Encontros Nacionais para professores de ER das
escolas Católicas.
Outras denominações religiosas de matriz cristã, na sua organização, assumiram como
prioridade a educação, quer familiar, quer eclesial, quer escolar. E nesta organização, o
ER, como prioridade. Assim, registra-se a realização de Encontros Nacionais de
professores de ER, promovido pela CELADEC (1989), e pelo CONIC (1993). Em nível
regional e/ou estadual, foram realizados, inúmeros outros eventos em vista do ER.
A AEC do Brasil, bem como AECs Regionais preocupadas com o ER nas escolas
católicas, , desenvolveram e continuam organizando Encontros, Seminários, Editoriais
visando a formação de professores de ER. Outras entidades religiosas e/ou
educacionais, vem desenvolvendo atividades em vista da formação de professores.
O ER está exigindo que sua leitura seja a partir do pedagógico, a partir da escola. Isto
exige investimento na formação de professores. As ações realizadas em prol desta
formação, até o presente, no seu tempo, tiveram sua validade. Hoje, porém, só terá
efeito, se for investido na organização de políticas públicas que garantam a efetiva e
contínua formação de professores, para uma educação que promova e colabore na
implantação da cultura da paz.
A Lei nº 9.475 de 22 de julho de 1997, deu nova redação ao artigo 33 de lei nº 9.394, de
20 de dezembro de 1996, que estabeleceu as diretrizes e bases da educação nacional, no
§ 2º, diz - " Os sistemas de ensino ouvirão entidade civil, constituída pelas diferentes
denominações religiosas, para a definição dos conteúdos do ensino religioso ."
A redação deste parágrafo ficou garantida, em vista de experiências já existentes, na
organização de denominações religiosas, em função do Ensino Religioso. Na década de
90, em 18 Estados da federação, havia a organização de denominações religiosas,
interessadas com a educação integral do educando, na qual, se dedicavam mais com o
Ensino Religioso. Entre outras cita-se: a ASSINTEC do Paraná, o CIER de Santa
Catarina, CIERES do Espírito Santo, CIERGO no Estado de Goiás e outros.
A Lei nº 9.475/97, garante o Ensino Religioso como "parte integrante da formação
básica do cidadão, constitui disciplina dos horários normais das escolas públicas de
ensino fundamental, assegurado o respeito à diversidade cultural religiosa do Brasil,
vedadas quaisquer forma de proselitismo." E no art. 1º, § 2º, fala da entidade civil
constituída pelas diferentes denominações religiosas, no entanto, não define quais e nem
qual a forma de organização. Cada Estado, busca organizar-se, conforme a sua
realidade. A partir desta nova lei, hoje em 17 Estados da federação existe o CONER
(Conselho do Ensino Religioso do Estado do ...). Cada CONER, leva o nome do seu
Estado e/ou, município. Exemplo CONER/RS, CONER/SC, CONER/SP, CONER/SE,
CONER/AM e outros.
O CONER, em cada Estado e/ou município, define quais suas funções, porém, em
linhas gerais , conforme sugestão de Estatuto , divulgado pelo FONAPER e CNBB, em
1997, tem por finalidade: I - congregar as denominações religiosas interessadas, com o
objetivo específico de constituírem-se em entidade civil, para fins previstos no § 2º, do
artigo 33, da Lei nº 9.394/96, com a nova redação que lhe dá a Lei nº 9.475/97; II -
articular a ação conjunta de todas as denominações associadas, com o objetivo de somar
forças na busca de meios e condições que assegurem a tutela do direito à liberdade de
consciência e confissão religiosa e do direito ao ensino religioso, como parte integrante
da formação básica do cidadão; III - colaborar com as competentes autoridades na
regulamentação dos processos para a definição da formação e execução dos conteúdos
básicos, urgindo o cumprimento dos mesmos; IV - apoiar a formação de professores
para o Ensino Religioso.
Convém lembrar que dentre a alguns princípios que regem a relação entre Estado e
denominações religiosas. Um, é de que o Estado não é religioso; porém, no seu papel de
instituição laica, assegura os bens do povo, incluindo o substrato religioso de que este
povo é portador. Em síntese: cabe a entidade civil , zelar junto ao Estado, para que a Lei
seja cumprida, tendo como prioridade, o estabelecimento de políticas públicas para a
formação de professores e que todo o educando, no seu direito de cidadão, tenha Ensino
Religioso que favoreça à sua personalização e a construção da cultura da solidariedade e
paz.