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ANÁLISE DOS IMPACTOS DA IMPLANTAÇÃO DE ERP NO DESEMPENHO DE


EMPRESAS CATARINENSES DE CAPITAL ABERTO

Josiane Carla Jamoski


Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Ciências Contábeis da
Universidade Regional de Blumenau – FURB
Endereço: Rua Antônio da Veiga, 140, Victor Konder
CEP: 89012-900 – Blumenau - SC
E-mail: josianejamoski@hotmail.com
Telefone: (47) 3321-0565

Francisco Antonio Bezerra


Doutor em Controladoria e Contabilidade pela FEA/USP
Professor do Programa de Pós-Graduação em Ciências Contábeis da
Universidade Regional de Blumenau – FURB
Endereço: Rua Antônio da Veiga, 140, Victor Konder
CEP: 89012-900 - Blumenau - SC
E-mail: fbezerra@furb.br
Telefone: (47) 3321-0565

RESUMO
Turban, Mclean e Wetherbe (2004), afirmam que o sistema ERP proporciona soluções que
beneficiam e melhoram a eficiência, qualidade e produtividade da empresa, elevando o resultado
e também a satisfação dos clientes. Existem estudos internacionais que formam uma base teórica
importante, como o trabalho de Poston e Grabski (2001). Os resultados dessas pesquisas
encontram, em geral, pequenas melhoras no desempenho das companhias após a implantação dos
sistemas de ERP. Contudo, a mensuração dos benefícios alcançados com a implantação do ERP,
bem como se esses benefícios se refletem em melhora de desempenho econômico-financeiro das
organizações continua sendo um desafio. Este artigo tem como objetivo analisar os impactos da
implantação do sistema ERP no desempenho de empresas catarinenses de capital aberto. Quanto
ao objetivo, esta é uma pesquisa exploratória. Quanto aos procedimentos, trata-se de um
levantamento ou survey e quanto à abordagem do problema, pode ser classificada como
quantitativa. O instrumento de pesquisa utilizado foi o questionário. Utilizou-se da comparação
de médias, Teste t, para o tratamento estatístico dos dados. Percebeu-se que os ganhos com a
implantação de um sistema ERP não se refletiram uniformemente, e de forma significativa, nas
empresas pesquisadas, exceto pela redução do número de empregados e das despesas
administrativas que apresentaram melhora em todas as empresas que participaram da pesquisa.
Contudo, todas as empresas declararam que, após a implantação do ERP, a informação foi
considerada mais confiável e que sua disponibilização se tornou mais ágil, isso deixa claro que os
motivos que suportam a decisão de implantação de um sistema ERP não são totalmente refletidos
em indicadores financeiros.

Palavras-chave: Sistemas de Informação. Enterprise Resources Planning. Avaliação de


Desempenho. Indicadores Financeiros.
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1 INTRODUÇÃO
Manter a competitividade em tempos de globalização é meta de muitas empresas. Dentre
as estratégias adotadas para assegurar a competitividade, a implantação dos sistemas de
informações vem se destacando nas últimas décadas.
A qualidade dos sistemas de informação de uma empresa pode ser facilmente o fator
limitador para o crescimento em um mercado altamente competitivo.
Para aumentar a competitividade, a implantação de um sistema de ERP deve representar
um ganho para a empresa, tanto na melhoria da qualidade das atividades executadas quanto na
melhoria e agilidade da informação. Esses ganhos no desempenho devem ser passíveis de
mensuração. Assim, é recomendável que se estabeleça um conjunto de indicadores de
desempenhos que melhor represente o modelo de gestão empresarial (TONINI, 2006).
Dentre os sistemas de informação, o ERP busca a integração de todos os departamentos e
funções de uma companhia em um único sistema informatizado. O ERP de acordo com Riccio
(2001, p. 11) “é um sistema que sincroniza, integra e controla em tempo real os processos de uma
empresa pelo emprego de tecnologia de informação avançada. Foi concebido dentro do conceito
de Sistema de Informação único para toda empresa”. O compartilhamento dos dados faz com que
o acesso e gerenciamento da informação se tornem mais dinâmico e confiável, uma vez que o
dado é alimentado uma única vez, reduzindo a possibilidade de divergência nas informações para
atender as necessidades de usuários de todos departamentos.
Turban, Mclean e Wetherbe (2004), afirmam que o sistema ERP proporciona soluções
que beneficiam e melhoram a eficiência, qualidade e produtividade da empresa, elevando o
resultado e a satisfação dos clientes.
Na busca dos benefícios oferecidos por um sistema de ERP, as empresas ao decidirem por
sua adoção, esperam manter sua capacidade de sobrevivência no longo prazo. Contudo, precisam
obter uma rentabilidade adequada. Estas empresas esperam, assim, que a implantação do sistema
de ERP se traduza em um aumento do desempenho empresarial.
Laudon e Laudon (2004) citam que esses benefícios podem ser classificados em tangíveis
e não tangíveis, sendo que, quanto maior for o número dos benefícios intangíveis mais difícil é a
sua mensuração.
Hypolito e Pamplona (1999) afirmam que os benefícios tangíveis são aqueles que são
financeiramente mensurados, como exemplo, redução de estoques, redução de atividades que não
agregam valor, redução de horas extras e, até mesmo, a diminuição no número de funcionários.
Os benefícios intangíveis são aqueles que não podem ser relacionados, diretamente, a
uma redução nos custos ou a um ganho de capital. Como exemplos, citam-se a rapidez e
acuracidade na geração e disponibilização das informações, maior confiabilidade na tomada de
decisões por meio do conhecimento de informações validadas pelos seus gestores e oportunas,
reduzindo assim riscos em decisões gerenciais. (HYPOLITO; PAMPLONA, 1999).
As vantagens dos sistemas ERP observadas em um conjunto de benefícios (tangíveis e
intangíveis) têm instigado diversos estudos. Porém, observa-se que não há, pelo menos ainda, um
consenso entre eles. Caldas e Wood Jr. (1999) afirmam que muito pouco se sabe sobre a
correlação entre a tecnologia da informação, competitividade e vantagem competitiva.
O sucesso mundial dos sistemas ERP, além de atrair investidores de TI, e o interesse das
empresas interessadas em ERP, estimulam também pesquisadores de todas as disciplinas,
incluindo a Contabilidade. Wieder et al. (2006) descrevem que devido ao sistema ERP impor sua
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lógica nas organizações, forçando os empregados a pensarem de forma integrada, torna-o objeto
de muitas pesquisas. Encontram-se diversos estudos acadêmicos realizado sobre ERP no Brasil.
Entre eles destacam-se: Souza e Zwicker (1999, 2000, 2001); Caldas e Wood Jr. (1999, 2003);
Hypolito e Pamplona (1999); Saccol et al. (2003). Grande parte dessas pesquisas são estudos de
casos que analisam a implantação de ERP e seus benefícios.
Entretanto, no Brasil, há poucas pesquisas relacionadas à disciplina de contabilidade e
indicadores financeiros versus a adoção de sistemas de ERP. Encontraram-se estudos
internacionais relacionando o desempenho financeiro e verificando os impactos econômicos de
ERP’s. Podemos citar alguns destes estudos: Poston e Grabski, (2001); Hunton, Lippincontt e
Reck (2003). Os resultados dessas pesquisas apontam para o mesmo caminho, mas também não
são conclusivas. Encontram, em geral, pequenos aumentos no desempenho das companhias após
a implantação dos sistemas ERP.
Um exemplo deste tipo de pesquisa é o trabalho de Poston e Grabski (2001) que
analisaram quatro indicadores financeiros antes e após a implantação do sistema de ERP. O
resultado encontrado pelos autores foi um aumento da eficiência traduzida principalmente na
redução do número de empregados. Os autores destacam as razões pelas quais as empresas
adotam o ERP, citando alguns autores como Rizzi e Zamboni (1999) e Latamore (2000) e suas
teorias, entre elas destacando-se a diminuição de erros de reentradas de dados, eliminação de
omissões de um processo de negociação para o outro, redução dos custos de trabalho, burocracia
e erros.
Assim, este trabalho busca avaliar o comportamento no desempenho de empresas
catarinenses de capital aberto com ações negociadas na Bolsa de Valores de São Paulo
(BOVESPA) após a implementação de sistemas ERP, para isso, o artigo conta com cinco seções,
além desta introdução tem-se: a segunda seção que faz uma contextualização do problema com a
apresentação de uma revisão bibliográfica sobre o tema, a terceira seção que descreve a
metodologia científica, a quarta que foi dedicada à análise dos dados e por fim descreve-se as
considerações finais sobre a pesquisa.

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1 ERP (Enterprise Resources Planning)


Kurihara e Breternitz (1999) descrevem que sistema ERP é uma tecnologia capaz de
integrar e organizar as informações de uma empresa, eliminando dados redundantes,
racionalizando processos e distribuindo a informação on line pelas várias áreas da mesma, de
forma estruturada. Com isso percebe-se que os processos de uma organização são colocados em
um único sistema, em uma única base de dados, integrando todos os dados que a empresa
manipula e mantém, interagindo com todas as aplicações no sistema. Sendo assim, evita as
redundâncias, repetições de tarefas como a entrada de dados em mais de uma aplicação,
assegurando-se a integridade das informações.
Para Côrrea, Gianesi e Caon (2001), os sistemas ERP têm a pretensão de suportar todas as
necessidades de informação para a tomada de decisão gerencial de uma organização. Turban,
Mclean e Wetherbe (2004, p. 225) afirmam que “o principal objetivo dos ERP é integrar todos os
departamentos e funções da empresa em um sistema unificado de informática, com capacidade
de atender a todas as necessidades da organização”. Laudon e Laudon (2000) afirmam que os
sistemas integrados modelam e automatizam diversos processos da organização, eliminando os
links complexos e dispendiosos, normalmente encontrados numa estrutura formada por diversos
sistemas que não se comunicam entre si.
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Os softwares de ERP disponíveis no mercado, na sua maioria, estão divididos em


módulos diferentes, como: contabilidade, fabricação, logística e recursos humanos; onde cada
módulo é um processo de negócio específico, contudo em todos eles enfatizam-se as principais
funções do ERP: a integração entre os módulos, processos de armazenamento e recuperação de
dados, gerenciamento e análise das funcionalidades e acesso da informação da empresa pelos
empregados em todos os locais da empresa de uma forma controlada.
Souza e Zwicker (2001) apresentam uma série de características que identificam os
sistemas ERP. Para o autor estes sistemas são pacotes comerciais que incluem modelos padrões
de processos, são integrados, têm grande abrangência funcional, utilizam-se de banco de dados
corporativo e requerem procedimentos de ajuste.
Enfim, o grande apelo associado ao sistema ERP é a integração de todo o trabalho
realizado por um grupo de funcionários em um banco de dados único, isto permitiria que esses
dados fossem disponibilizados para os demais departamentos da empresa evitando possíveis
retrabalhos ou duplicidade de tarefas, além disso, estima-se que a disponibilização da informação
seja feita de forma mais rápida e confiável e que isso contribua para o aumento da produtividade
da empresa.

2.2 Benefícios do ERP para as Organizações


A pesquisa realizada por Souza e Zwicker (1999) procurou avaliar as razões e os
resultados da implantação do ERP. São descritas neste trabalho as quatro principais respostas
obtidas como relevantes para a decisão da implantação: a) integração de processos e informação,
b) acompanhar tendências, c) pressão da matriz e/ou acionistas, d) não perder terreno para
concorrentes.
De acordo com Turban, Mclean e Wetherbe (2004), o sistema de ERP proporciona
soluções que beneficiam e melhoram a eficiência, a qualidade e a produtividade da empresa,
elevando o resultado e a satisfação dos clientes. A operacionalização de um único software em
tempo real permite, por exemplo, acesso imediato no controle de estoque, detalhes do produto,
histórico de crédito do cliente, informações de vendas por região, além de outras informações
essenciais do negócio.
Para Lozinski (1996), a redução de custos e do quadro funcional do setor de TI, a
disponibilidade da informação em tempo real, a redução de mão-de-obra devido à simplificação
dos processos administrativos e geração de relatórios gerenciais automatizados, a eliminação de
esforços duplicados e a disponibilização de indicadores que permitem avaliar o desempenho do
negócio são os benefícios que se pode esperar com a implementação de sistemas ERP.
Hypolito e Pamplona (1999, p. 6) citam que os benefícios obtidos pela empresa após a
implantação do sistema, podem ser divididos em tangíveis e intangíveis.
• Tangíveis: podem ser financeiramente mensurados como os ganhos de capital com a
redução de estoques, redução de atividades que não agregam valor, redução de horas
extras ou até mesmo de funcionários. A eliminação das atividades de conferência
constantes possibilitando a redução do quadro de funcionários.
• Intangíveis: benefícios de maior dificuldade de mensuração e se constituem na
maior satisfação dos clientes internos e externos, velocidade de funcionamento,
confiabilidade na tomada de decisões, redução de riscos em decisões gerenciais.
Na bibliografia analisada não há grandes divergências sobre a existência de benefícios que
podem ser atribuídos à implementação de sistemas ERP. A argumentação sustenta-se,
essencialmente, na lógica. Todavia, a percepção da melhora de performance é bem mais
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complicada de ser provada. Discute-se isso no próximo tópico.

2.3 Indicadores de Desempenho e o ERP


Graeml (2000) afirma que para a avaliação do impacto da implantação um sistema de
informação deve-se seguir uma metodologia distinta da metodologia normalmente utilizada para
justificar investimentos menos complexos, para os quais as metodologias financeiras tradicionais
são bem aceitáveis. A necessidade de considerar benefícios intangíveis ao avaliar os
investimentos em TI, sugere a criação de um conjunto de medidores e indicadores de
desempenho. Na medida em que os objetivos da TI se alinham com os objetivos da empresa,
torna-se mais razoável o emprego de indicadores de desempenho coorporativos já existentes ou,
pelo menos, que se desenvolva um grupo de indicadores que supram as deficiências dos
indicadores tradicionais.
Segundo Peter Weill (apud GRAEML, 2000), quando as empresas investem em
tecnologia da informação, elas fazem no intuito de melhorar seu desempenho em relação a um ou
mais dos aspectos citados a seguir:
• Obtenção de vantagens competitivas e aumento da participação no mercado;
• Obtenção de informações precisas e para facilitar a tomada de decisão;
• Redução dos custos de realização do negócio por meio de substituição do trabalho.
Na perspectiva da teoria econômica, Laudon e Laudon (2004) descrevem que a
tecnologia dos sistemas de informação pode ser vista como um fator de produção que pode
substituir o capital e o trabalho. Como conseqüência, deve resultar no declínio do número de
gerentes médios e trabalhadores burocráticos, já que se propõe substituir o trabalho realizado por
tecnologia.
As tecnologias da informação também reduzem os custos de transação, custos que são
incorridos quando a empresa compra no mercado o que ela não consegue produzir. Segundo a
teoria do custo de transação, as empresas procuram poupar tanto no custo de transação como no
de produção. Segundo Williamson e Coase (apud LAUDON; LAUDON, 2004), utilizar o
mercado custa caro, devido ao custo a ele relacionado como: comunicar-se com fornecedores
distantes, monitorar os contratos de compra, contratar seguros, obter informação sobre os
produtos e assim por diante.
Segundo a teoria da agência, Jensen e Meckling (apud LAUDON; LAUDON, 2004),
citam que a empresa é vista como uma “série de subcontratos” entre indivíduos com interesses
próprios e, não como entidade unificada, que se dedica à maximização dos lucros. O proprietário
emprega “agentes” (funcionários) para realizar o trabalho em seu nome. Os agentes por sua vez
precisam de supervisão, porque tendem a perseguir os próprios interesses e, não os dos
proprietários (LAUDON; LAUDON, 2004).
Os custos de agenciamento incluem custos com o controle dos principais (donos da
empresa) sobre os agentes (os tomadores de decisão), caso não haja este tipo de controle os
tomadores de decisão podem ir por caminhos interessantes para eles (podem maximizar lucros de
curto prazo, por exemplo), mas negativos para os donos (redução dos lucros de longo prazo). Os
sistemas de informação e os indicadores de desempenho são utilizados para manterem alinhadas
as expectativas dos agentes e dos principais.
A implantação dos sistemas ERP poderia reduzir os custos de monitoramento ao
automatizar os processos e ao permitir seguir o rastro eletrônico das responsabilidades dos
empregados (GURBAXANI; WHANG, 1991).
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O autor Malone (apud LAUDON; LAUDON, 2004) cita que pesquisadores


comportamentais afirmam que a tecnologia da informação pode reduzir custos da aquisição da
informação por ampliar a distribuição da tomada de decisões nas empresas. O ERP, por trazer a
informação diretamente para as unidades operacionais (gerentes seniores), leva a eliminação de
gerentes médios e funcionários burocráticos de apoio.
Segundo Shore (apud LAUDON; LAUDON, 2004), a TI poderia também distribuir a
informação diretamente aos trabalhadores de níveis mais baixos, tomando suas próprias decisões
com base em seus conhecimento e informações, sem intervenção da gerência. Outras pesquisas
também sugerem que a informação disponibilizada aos gerentes médios, fortalece a tomada de
decisão, reduzindo a necessidade de grandes quantidades de trabalhadores de níveis mais baixos.
Podendo ser reduzido o número de trabalhadores na empresa.
Quanto aos custos em obter informação para a tomada de decisões, esses têm sua origem
tanto no processamento da informação como em sua comunicação e documentação. A todos eles
deveria ser somado o custo de oportunidade devido à escassez de informação ou a deficiências
dela (GURBAXANI; WHANG, 1991).
Poston e Grabski (2001, p. 275) sugerem que os sistemas de informação contribuam para
a economia nas empresas por:
• Aumentar a eficiência de escala das operações da empresa;
• Processar as transações de negócios eficazmente;
• Coletar e disseminar informações em tempo oportuno para tomada de decisões;
• Monitorar e registrar a performance do empregado eficazmente;
• Manter os registros das funções dos negócios dentro da organização ou manter os
canais de comunicação a baixo custo.
O Quadro 1 apresenta um resumo dos efeitos esperados no desempenho das empresas,
fruto da adoção de sistemas ERP, e os indicadores financeiros utilizados como proxy para medir
uma provável alteração neste desempenho:

Tipo de Custo Comportamento Esperado Indicador Escolhido


Custos de monitoramento Diminui os custos de monitoramento • Despesas Administrativas/Vendas
administrativos. Líquidas
Diminui os custos de falhas e erros no • CPV/Vendas Líquidas
produto e na informação.
Custos com obrigações (bonds) Diminui os custos de relatórios • Despesas administrativas/Vendas
administrativos. Líquidas
Custos de decisão de informação
Custos de processo de informação Melhora na tomada de decisão; • Despesas Administrativas /Vendas
Aumento das receitas e/ou diminuição Líquidas
dos custos. • CPV/Vendas Líquidas
• Estoque/Ativo total
Comunicação Melhora na tomada de decisão; • Despesas Administrativas/Vendas
Aumento das receitas e/ou diminuição Líquidas
dos custos. • CPV/Vendas Líquidas
• Estoque/Ativo total
Documentação Melhora na tomada de decisão; • Despesas Administrativas/Vendas
Aumento das receitas e/ou diminuição Líquidas
dos custos. • CPV/Vendas Líquidas
• Estoque/Ativo total
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Custos de coordenação externa/custos de transação de mercado


Operacional
Custos de pesquisa Diminui custos administrativos • Despesas Administrativas/Vendas
Custos de transporte líquidas
Custos com inventário
Custos de comunicação
Custos de coordenação internos Diminui custos de monitoramento dos • Diminuição no número de
Custos de agência. esforços de trabalho do empregado. empregados.
Diminuição do número de horas
trabalhadas.

Quadro 1 - Efeitos do ERP no desempenho da empresa.


Fonte: Adaptado de Poston e Grabski (2001, pg. 276).
De forma geral, os sistemas de ERP podem melhorar as atividades de monitoramento e
diminuir erros, assim como, espera-se haver uma redução nos custos gerais e administrativos na
administração da empresa. Na fábrica, o ERP deveria também diminuir os custos de
monitoramento da produção dos empregados, reduzindo a necessidade de supervisão,
conseqüentemente, espera-se uma redução no custo das mercadorias vendidas.
Com base no que foi discutido até aqui, e nos benefícios apontados pela teoria escolheu-se
4 indicadores para avaliar a variação no desempenho das empresas que optaram pela implantação
do ERP. Estes indicadores são apresentados no Quadro 2.

Indicadores Objetivo do Índice Avaliação do Índice


Despesas Administrativas Medir se houve redução das despesas Quanto menor, melhor.
sobre Vendas Líquidas administrativas.

Custo do Produto Vendido Medir se houve redução do custo de Quanto menor, melhor.
Sobre Vendas Líquidas produção sobre as vendas líquidas.

Estoque sobre Ativo Total Medir a participação do estoque sobre as Quanto menor, melhor.
vendas líquidas.

Número de empregados Medir a redução do número de empregado. Quanto menor, melhor.


sobre Vendas Líquidas

Quadro 2 - Indicadores utilizados


Fonte: Elaborado pelo autor

Desta forma, este estudo tem como objetivo geral analisar os impactos da implantação do
sistema ERP na variação do desempenho de empresas catarinenses de capital aberto. Motivado
pela seguinte questão de pesquisa: É possível perceber alguma variação no desempenho nas
empresas catarinenses de capital abertos nos anos que seguem a implantação de um sistema ERP?
Para atingir o objetivo proposto, bem como buscar uma resposta ao problema de pesquisa,
fez-se necessária à vinculação dos mesmos a hipóteses a serem testadas:
• DA (Pós)/RL < DA (Pré)/RL
• CPV (Pós)/RL < CPV (Pré)/RL
• E (Pós)/AT < E (Pré)/AT
• NE (Pós)/RL < NE (Pré)/RL
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A primeira hipótese relaciona o total de despesas administrativas (DA) com as receitas


líquidas de vendas antes (Pré) e depois (Pós) da implementação de um sistema ERP. Este
indicador visa avaliar a variação no consumo de recursos (despesas) por uma unidade monetária
de venda antes e depois da implementação de um sistema ERP.
A segunda relaciona o custo do produto vendido (CPV) com as receitas líquidas de vendas
de vendas antes (Pré) e depois (Pós) da implementação de um sistema ERP. Este indicador visa
avaliar a variação no consumo de recursos (custo do produto vendido) por uma unidade
monetária de venda antes e depois da implementação de um sistema ERP.
A terceira busca relacionar o total do estoque (E) com o ativo total (AT) e tem como
objetivo analisar se houve melhora na gestão dos recursos em estoque em relação ao total do
ativo da empresa antes e depois da implementação de um sistema ERP.
A última hipótese relaciona o número de funcionários com as receitas líquidas de vendas
(RL) de vendas antes (Pré) e depois (Pós) da implementação de um sistema ERP. Visa avaliar a
variação no consumo de recursos (mão-de-obra) por uma unidade monetária de venda.

3 MÉTODO E PROCEDIMENTOS DA PESQUISA


Quanto aos objetivos, esta pesquisa se classifica como pesquisa exploratória. Gil (1999)
menciona que a pesquisa exploratória é desenvolvida no sentido de proporcionar uma visão geral
acertada de determinado fato. Raupp e Beuren (2006, p. 80) corroboram afirmando que a
“pesquisa exploratória consiste no aprofundamento de conceitos preliminares sobre determinado
tema não contemplado de modo satisfatório anteriormente”.
Quanto aos procedimentos, trata-se de um levantamento ou survey. Quanto à abordagem
do problema, esta pesquisa pode ser classificada em quantitativa. Raupp e Beuren (2006)
caracterizam a pesquisa quantitativa pelo emprego de instrumentos estatísticos no tratamento e
análise de dados.
A população desta pesquisa é constituída pelas empresas situadas no Estado de Santa
Catarina, de capital aberto, com ações negociadas na BOVESPA, que implantaram um Sistema
de ERP.
Após o processo de identificação das empresas que possuíam ERP implantado, foi
enviado (por e-mail) um questionário, endereçado para o setor de contabilidade ou controladoria,
com o objetivo de que o usuário final respondesse a pesquisa.
Identificou-se 12 (doze) empresas que haviam implantado ERP. Das 12 (doze) empresas 7
(sete) responderam a pesquisa enviada. Das 7 (sete) empresas, 2 foram excluídas do estudo pelo
fato das demonstrações financeiras do período de implantação do ERP não estarem mais
disponíveis no sítio da BOVESPA. Cabe a ressalva de que as demonstrações contábeis foram
solicitadas em contatos realizados com as empresas, porém, as mesmas não foram enviadas até o
final desta pesquisa. As 5 (cinco) empresas que responderam o questionário formam a amostra
desta pesquisa.
Na primeira etapa desta pesquisa foi realizada uma avaliação para conhecer e dimensionar
a população. O objetivo foi descobrir entre as empresas da BOVESPA situadas no Estado de
Santa Catarina, quais haviam implantado um Sistema de ERP.
Na segunda etapa foi enviado o questionário de pesquisa (por e-mail) para as empresas
que haviam implantado ERP. Os questionários foram destinados aos gerentes das áreas de
Controladoria e Contabilidade.
Na terceira etapa, após o recebimento do questionário, foram extraídas as demonstrações
contábeis do sítio da BOVESPA e, solicitado, por e-mail ou correio, as demonstrações contábeis
dos períodos que não estavam disponíveis no sitio da BOVESPA. De posse das informações foi
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realizado o cálculo dos indicadores financeiros.


Após a análise dos resultados, para os indicadores cujo comportamento não seguiu o
comportamento esperado, levando em conta a teoria sobre o assunto, buscou-se encontrar uma
justificativa. Para isso, foram analisadas as demonstrações contábeis, notas explicativas e os
relatórios da administração, além de entrevistas com as empresas.
O instrumento de pesquisa utilizado, neste trabalho, para coleta de dados compreende um
questionário estruturado com perguntas abertas e fechadas.
Foram utilizados quatro anos para realização dos cálculos, um ano antes da implantação e
três anos após a implantação do ERP. Os três anos após a implantação foram somados para se
obtenção de uma média, a qual foi utilizada para fazer a comparação com o ano anterior à
implantação. Foram avaliados os quatros indicadores: despesas administrativas sobre vendas
líquidas, custo do produto vendido sobre vendas líquidas, número de empregados sobre vendas
líquidas e estoque sobre ativo total. O interesse é averiguar se à implantação de ERP contribuiu
para a melhora do desempenho das empresas nos indicadores pesquisados, ou seja, verificar se os
indicadores antes da implantação de ERP são maiores, significativamente, que a média dos
indicadores nas cinco empresas após a implantação de ERP.
Para realizar a comparação entre os indicadores anteriores e posteriores a implantação do
ERP, utilizou-se o teste t que, de acordo com Barbeta (1998, p. 204), “é apropriado para
comparar dois conjuntos de dados quantitativos, em termos de seus valores médios”. Com o teste
de diferenças entre médias populacionais, para dados pareados (mesma população: antes e
depois). Com nível de significância igual a 5%, com distribuição normal da população e
distribuição amostral: t de Student.
Para interpretação do teste devem ser considerados os seguintes fatos:
• Se o valor da estatística t calculada for menor que o Valor t crítico, a H0 é aceito.
Indica que, para o nível de significância escolhido, a diferença entre as médias não é
satisfatoriamente grande para rejeitar a hipótese nula.
• Se o valor da estatística t calculada for maior do que Valor t crítico, o Ho é rejeitada.
Indica que, para o nível de significância selecionado, existe diferença entre as
médias.
Para aplicar o teste t, considerou-se para todas as hipóteses testadas neste trabalho que:
• H0 = O indicador médio não se altera após a implantação do ERP. (µantes = µdepois).
• H1 = O indicador médio se altera após a implantação do ERP (µantes>µdepois).
A hipótese 1 pôde ser formulada pelo fato de que, em todos os casos, nos indicadores
utilizados nesta pesquisa, quanto menor o valor do indicador melhor para a empresa.
O software estatístico utilizado foi o SPSS 13.0.

3.1 Limitações da Pesquisa


Considera-se como uma das limitações desta pesquisa o tamanho da amostra que
compreende as empresas com ações negociadas na BOVESPA, no Estado de Santa Catarina e
que implantaram um sistema de ERP, isso, de certa forma, impede a extrapolação dos resultados
desta pesquisa para os diversos tipos de empresas que implantaram ou desejam implantar
sistemas ERP.
Os períodos (anos) que as empresas estavam em fase de implementação foram
desconsiderados nos cálculos. Assim, considerou-se que, de acordo com O´Leary (2000), os
efeitos sobre o desempenho e as variáveis econômico-financeiras não são imediatos.
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Outra limitação, deste trabalho, é não se poder distinguir a variação do desempenho da


empresa da variação que diz respeito ao ramo de negócio em que as mesmas se encontram. Os
fatores externos, possivelmente, podem interferir no desempenho das empresas, refletindo nos
indicadores financeiros.
Separar o efeito causado pela implantação do ERP, dos efeitos causados pelo processo de
reengenharia, tendo em vista que as implementações do sistema ERP muitas vezes estão
relacionadas com esse processo, também se apresenta como uma limitação deste trabalho, e esta
dificuldade também é apontada em outros estudos, como: Wortmann (1998), Davenport (2000) e
Grabski, Leech e Lu (2001).
Apesar das limitações desta pesquisa, os resultados fornecem algumas informações
importantes nos relacionamento entre ERP e o desempenho das empresas, que podem incentivar
o aprofundamento do conhecimento em estudos futuros.

4 ANÁLISE DOS DADOS


4.1 Dados sobre os Benefícios Intangíveis do Sistema ERP
No Quadro 3 são apresentados alguns benefícios encontrados nas empresas que vão ao
encontro dos benefícios citados no referencial teórico. Que trata da confiabilidade das
informações, acesso à informação e melhor controle sobre os funcionários e suas atividades.

O acesso às
As informações são O controle sobre os funcionários, bem
Empresa informações se dá de
mais confiáveis? como de suas atividades melhorou?
forma mais ágil?
Cremer S.A. Sim Sim sim
Metalúrgica Absolutamente mais
Sim Sim
Riosulense S.A. confiáveis

Sim, considerando que é um ERP e as


Tractebel S.A. Sim Sim atividades são efetuados em seqüência,
sem a duplicidade de entrada de dados.

Weg S.A. Sim Sim Sim


Wetzel S.A. Sim Sim Sim
Quadro 3 - Benefícios citados com uso do ERP
Fonte: dados da pesquisa.
Os benefícios relacionados no Quadro 3 são identificados por todas as empresas
pesquisadas. Assim, com base na teoria discutida em seção anterior pode-se esperar que uma
informação mais ágil se reflita em maior competitividade, melhora no tempo de resposta para a
tomada de decisão. O melhor controle dos funcionários diminui o custo de agenciamento,
contribuindo assim para a redução de número de empregados e despesas gerais.
No que se refere a informações mais confiáveis, a resposta sim foi encontrada em todas as
empresas, isso comprova o que referencial teórico pressupõe.
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4.2 Dados sobre a Implementação do Sistema ERP

Empresa Nome do ERP adotado Data (Início Implantação) Data (Final Implantação)
Cremer S.A BPCS 1995 1996
Metalurgica
Consistem 1998 2001
Riosulense S.A

Tractebel S.A. Oracle Applications 1999 1999

Weg S/A Baan 1998 1998


WETZEL S/A Datasul - SAP 1996 1998
Quadro 4 - ERP e ano de implantação
Fonte: Dados da pesquisa.

Dos softwares de ERP adotados, não se observa domínio por algum específico. Nota-se
na Tabela 3 que todas as implantações se iniciaram antes do ano 2000, uma justificativa para tal
fato, pode ser devido ao problema do bug do milênio.

4.3 Análise das Variações no Desempenho da Empresas

4.3.1 Variação das Despesas Administrativas sobre Vendas Líquidas


Utilizou-se para o cálculo, desta variação, o valor das despesas administrativas dividido
pelo valor das vendas líquidas. Observou-se que as despesas administrativas em relação ao total
de vendas líquidas, após a implantação do ERP, apresentaram em geral melhora no desempenho.
Encontrou-se redução neste indicador para as 5 empresas pesquisadas.
A Tabela 1 apresenta o teste de comparação de médias referente às despesas
administrativas.
Tabela 1 - Teste de comparação de médias – Despesas administrativas sobre vendas líquidas

Variável 1 DA_Pré
Variável 2 DA_Pós
Observações 5 Empresas
Desvio-padrão diferenças 0,0042512
Estatística t calculada +12,0662
Nível de significância 5%
Graus de liberdade 4
Valor t crítico 2,13185
Média_DA_Pré 0,102524
Média_DA_Pós 0,0795839
Dif. médias 0,0229401
Hipótese H0 Rejeitada
Fonte: dados da pesquisa.
12

Observa-se que o H0 é rejeitada, ou seja, há indícios que µantes>µdepois causado por algum
fator não aleatório.
O valor da média total das 5 empresas pesquisadas para o indicador de despesas
administrativas sobre vendas líquidas antes da implantação do ERP é de 0,102524 e após
0,0795839.
Sendo o t calculado maior do que 2,13185 rejeitamos H0 (ou seja, a média DEPOIS da
implantação do ERP é, significativamente, diferente da média de despesas ANTES da
implantação do ERP) com 95% de confiança. Concluiu-se que após a implantação do ERP nas
empresas pesquisadas, houve uma redução no indicador das despesas administrativas sobre as
vendas líquidas, confirmando-se um melhor desempenho.

4.3.2 Variação do Custo do Produto Vendido sobre Vendas Líquidas


Para o cálculo desta variação fez-se uso do valor do custo do produto vendido dividido
pelo valor das vendas líquidas.
Percebe-se que a variação do índice custo do produto vendido sobre vendas líquidas
analisado, individualmente em cada empresa, apresentou diminuição em quatro das cinco
empresas pesquisadas.
Mesmo havendo redução nas quatro dentre as cinco empresas pesquisadas, a média da
empresa Metalúrgica Riosulense apresentou-se maior após a implantação do ERP. Isto
contribuiu, conforme a Tabela 2, que ocorresse a aceitação da hipótese nula, ou seja, a diferença
entre as médias não é suficientemente grande para rejeitar a hipótese de que as médias antes e
após a implementação sejam estatisticamente iguais.

Tabela 2 - Teste de comparação de médias - Custo do Produto Vendido sobre vendas líquidas
Variável 1 CPV_Pré
Variável 2 CPV_Pós
Observações 5 Empresas
Desvio-padrão diferenças 0,25057
Estatística t calculada +1,11295
Nível de significância 5%
Graus de liberdade 4
Valor t crítico 2,13185
Média_CPV_Pré 0,670428
Média_CPV_Pós 0,545712
Dif. médias 0,1247
Hipótese H0 Aceita
Fonte: dados da pesquisa

Observa-se na Tabela 2 que o H0 é aceito, ou seja, é provável que as diferenças entre as


médias são decorrentes de variações aleatórias. O valor da média total das 5 empresas
pesquisadas para o indicador “custo do produto vendido sobre vendas líquidas” antes da
implantação do ERP é de 0,670428 e após 0,545712, havendo uma diferença de 0,1247. Observa-
13

se uma pequena redução na média geral. Entretanto, o valor do TESTE t calculado é menor do
que 2,13185, sendo assim aceitamos H0. Logo, com o nível de significância em 5%, não há
evidência estatística de que a média do indicador CPV sobre vendas líquidas APÓS a
implantação do ERP diminuiu significativamente em relação à média ANTES da implantação do
ERP.

4.3.3 Variação do Estoque sobre Ativo Total


Para o indicador de estoque sobre ativo total, não é encontrado melhora, significativa nas
empresas pesquisadas. A empresa Cremer apresentou a maior redução neste indicador.
Na Tabela 3 descreve-se o teste t de comparação de média do indicador variação do
estoque sobre ativo total.

Tabela 3 - Teste de comparação de médias – Estoque sobre ativo imobilizado


Variável 1 E_Pré
Variável 2 E_Pós
Observações 5 Empresas
Desvio-padrão diferenças 0,033784
Estatística t calculada -1,31092
Nível de significância 5%
Graus de liberdade 4
Valor t crítico 2,13185
Média_E_Pré 0,0693166
Média_E_Pós 0,0891229
Dif. médias 0,0198064
Hipótese H0 Aceita
Fonte: dados da pesquisa.

Observa-se, na Tabela 3, que o H0, é aceito, ou seja, novamente é provável que as


diferenças encontradas entre as médias, antes e depois, são decorrentes de variações aleatórias. O
valor da média total das 5 empresas pesquisadas para o indicador de estoque antes da implantação
do ERP é de 0,0693166 e após 0,0891229.
Com o t calculado menor que o t crítico 2,13185, aceita-se o H0, fato que reprova, a
terceira hipótese do presente estudo tem como pressuposto que o indicador de estoque sobre o
ativo total antes da implantação maior que o estoque sobre ativo total depois da implantação.

4.3.4 Variação do Número de Empregados


Para o cálculo deste indicador, utilizou-se do número de empregados da empresa, dividido
pelo valor da receita líquida.
A redução no número de empregados, apontado como um dos benefícios da utilização do
ERP, apresentou variação significativa neste estudo. Percebe-se que todas as cinco empresas
catarinenses apresentaram redução significativa deste indicador.
Na Tabela 4, apresenta-se o cálculo de comparação entre as médias total das empresas
14

para o indicador de número de empregados.

Tabela 4 - Teste de comparação de médias – Número de empregados sobre vendas líquidas


Variável 1 NE_Pré
Variável 2 NE_Pós
Observações 5 Empresas
Desvio-padrão diferenças 0,0052345
Estatística t calculada +3,76717
Nível de significância 5%
Graus de liberdade 4
Valor t crítico 2,13185
Média_NE_Pré 0,0197329
Média_NE_Pós 0,0109141
Dif. médias 0,00881872
Hipótese H0 Rejeitada
Fonte: dados da pesquisa.

Observa-se que o H0 é rejeitada, ou seja, há indícios que µantes>µdepois causado por algum
fator não aleatório. Observa-se neste indicador a mais expressiva melhora de desempenho, onde
em média, do número de funcionário após a implantação do ERP, diminuiu aproximadamente
50%. Assim, a melhora do desempenho no consumo deste recurso (número de empregados), é
confirmada estatisticamente. O mesmo resultado foi encontrado pelo estudo de Poston e Grabski
(2001).

5 CONCLUSÃO
O presente trabalho teve como objetivo analisar os impactos da implantação do sistema
ERP na variação do desempenho de empresas catarinenses de capital aberto.
A dificuldade de avaliar os resultados obtidos após a implantação de um sistema ERP
mostra-se como um grande desafio. Os resultados classificados como tangíveis que, de acordo
com Hypolito e Pamplona (1999), são aqueles que são financeiramente mensurados, por
exemplo: redução de estoques, redução de atividades que não agregam valor, redução de horas
extras e até mesmo a diminuição no número de funcionários, podem ser avaliados pela análise
quantitativa, utilizando-se de indicadores financeiros baseados em demonstrações contábeis, por
exemplo. Este trabalho teve como intenção a constatação de variação no desempenho das
empresas catarinenses de capital aberto, nos anos que se seguiram a implantação de um sistema
ERP.
Percebeu-se neste estudo que os ganhos com a implantação de ERP não se refletiram
diretamente em todos os indicadores financeiros utilizados neste trabalho. A redução das
despesas administrativas sobre vendas líquidas e a redução no número de empregados sobre
vendas líquidas ocorreram nas cinco empresas pesquisadas. Sendo que a redução no número de
empregados obteve maior variação. Já o indicador do custo do produto vendido sobre vendas
apresentou redução em apenas três empresas, porém a redução média total não foi
estatisticamente relevante. O indicador estoque sobre ativo total apresentou redução apenas em
15

duas das empresas pesquisadas.


Para melhor entendimento do que poderia ter ocorrido, buscou-se obter mais informações
sobre os prováveis motivos da piora nos indicadores de custo dos produtos vendidos sobre vendas
líquidas e dos estoques sobre o ativo total.
A empresa Weg, em suas notas explicativas do ano de 1999, afirma que a economia
brasileira em 1999 foi impactada pela flexibilização cambial provocando acentuada
desvalorização do real no primeiro trimestre do exercício com reflexos em todas as atividades da
empresa. Esse pode ser um dos fatores que justifica o aumento do estoque sobre o ativo total,
visto que o cobre e aço são as principais matérias primas de seus produtos e foram impactados
pela variação cambial do período analisado, isso pode ter contribuído para elevação no valor dos
estoques.
A empresa Wetzel confirmou, em contato por meio eletrônico, que no período analisado
após a implantação do sistema ERP, ocorreu o aumento da produção, sem o acompanhamento,
pelo menos na mesma proporção, dos investimentos, gerando assim, aumento de estoques em
relação ao ativo total, por meio da melhor utilização de capacidade de produção que estava
ociosa.
A empresa Metalúrgica Riosulense cita em seu relatório de administração que a
desvalorização significativa do real perante o dólar e a ameaça do retorno da inflação foram os
principais fatores internos que comprometeram o resultado econômico do ano de 2002. Além
disso, a variação cambial, refletiu diretamente no aumento dos custos de produção e despesas
operacionais das empresas. Este cenário pode ter contribuído para o resultado encontrado no
presente estudo, onde os indicadores de estoque sobre ativo total e custo do produto vendido não
apresentaram melhora após a implantação do ERP.
Os resultados, encontrados no presente estudo, sugerem que, após a implantação de um
sistema de ERP, os indicadores que apresentam um maior grau de influência das decisões
internas (reengenharia de processos, reestruturação interna etc.) podem ser mais facilmente
relacionados com os benefícios trazidos pela implantação de um sistema ERP. Já os indicadores
que sofrem maior influência de fatores externos (variação cambial, aumento de competição,
utilização de capacidade instalada etc.) são os mais críticos de serem relacionados diretamente
com a implantação do ERP.

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