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RESUMO
Turban, Mclean e Wetherbe (2004), afirmam que o sistema ERP proporciona soluções que
beneficiam e melhoram a eficiência, qualidade e produtividade da empresa, elevando o resultado
e também a satisfação dos clientes. Existem estudos internacionais que formam uma base teórica
importante, como o trabalho de Poston e Grabski (2001). Os resultados dessas pesquisas
encontram, em geral, pequenas melhoras no desempenho das companhias após a implantação dos
sistemas de ERP. Contudo, a mensuração dos benefícios alcançados com a implantação do ERP,
bem como se esses benefícios se refletem em melhora de desempenho econômico-financeiro das
organizações continua sendo um desafio. Este artigo tem como objetivo analisar os impactos da
implantação do sistema ERP no desempenho de empresas catarinenses de capital aberto. Quanto
ao objetivo, esta é uma pesquisa exploratória. Quanto aos procedimentos, trata-se de um
levantamento ou survey e quanto à abordagem do problema, pode ser classificada como
quantitativa. O instrumento de pesquisa utilizado foi o questionário. Utilizou-se da comparação
de médias, Teste t, para o tratamento estatístico dos dados. Percebeu-se que os ganhos com a
implantação de um sistema ERP não se refletiram uniformemente, e de forma significativa, nas
empresas pesquisadas, exceto pela redução do número de empregados e das despesas
administrativas que apresentaram melhora em todas as empresas que participaram da pesquisa.
Contudo, todas as empresas declararam que, após a implantação do ERP, a informação foi
considerada mais confiável e que sua disponibilização se tornou mais ágil, isso deixa claro que os
motivos que suportam a decisão de implantação de um sistema ERP não são totalmente refletidos
em indicadores financeiros.
1 INTRODUÇÃO
Manter a competitividade em tempos de globalização é meta de muitas empresas. Dentre
as estratégias adotadas para assegurar a competitividade, a implantação dos sistemas de
informações vem se destacando nas últimas décadas.
A qualidade dos sistemas de informação de uma empresa pode ser facilmente o fator
limitador para o crescimento em um mercado altamente competitivo.
Para aumentar a competitividade, a implantação de um sistema de ERP deve representar
um ganho para a empresa, tanto na melhoria da qualidade das atividades executadas quanto na
melhoria e agilidade da informação. Esses ganhos no desempenho devem ser passíveis de
mensuração. Assim, é recomendável que se estabeleça um conjunto de indicadores de
desempenhos que melhor represente o modelo de gestão empresarial (TONINI, 2006).
Dentre os sistemas de informação, o ERP busca a integração de todos os departamentos e
funções de uma companhia em um único sistema informatizado. O ERP de acordo com Riccio
(2001, p. 11) “é um sistema que sincroniza, integra e controla em tempo real os processos de uma
empresa pelo emprego de tecnologia de informação avançada. Foi concebido dentro do conceito
de Sistema de Informação único para toda empresa”. O compartilhamento dos dados faz com que
o acesso e gerenciamento da informação se tornem mais dinâmico e confiável, uma vez que o
dado é alimentado uma única vez, reduzindo a possibilidade de divergência nas informações para
atender as necessidades de usuários de todos departamentos.
Turban, Mclean e Wetherbe (2004), afirmam que o sistema ERP proporciona soluções
que beneficiam e melhoram a eficiência, qualidade e produtividade da empresa, elevando o
resultado e a satisfação dos clientes.
Na busca dos benefícios oferecidos por um sistema de ERP, as empresas ao decidirem por
sua adoção, esperam manter sua capacidade de sobrevivência no longo prazo. Contudo, precisam
obter uma rentabilidade adequada. Estas empresas esperam, assim, que a implantação do sistema
de ERP se traduza em um aumento do desempenho empresarial.
Laudon e Laudon (2004) citam que esses benefícios podem ser classificados em tangíveis
e não tangíveis, sendo que, quanto maior for o número dos benefícios intangíveis mais difícil é a
sua mensuração.
Hypolito e Pamplona (1999) afirmam que os benefícios tangíveis são aqueles que são
financeiramente mensurados, como exemplo, redução de estoques, redução de atividades que não
agregam valor, redução de horas extras e, até mesmo, a diminuição no número de funcionários.
Os benefícios intangíveis são aqueles que não podem ser relacionados, diretamente, a
uma redução nos custos ou a um ganho de capital. Como exemplos, citam-se a rapidez e
acuracidade na geração e disponibilização das informações, maior confiabilidade na tomada de
decisões por meio do conhecimento de informações validadas pelos seus gestores e oportunas,
reduzindo assim riscos em decisões gerenciais. (HYPOLITO; PAMPLONA, 1999).
As vantagens dos sistemas ERP observadas em um conjunto de benefícios (tangíveis e
intangíveis) têm instigado diversos estudos. Porém, observa-se que não há, pelo menos ainda, um
consenso entre eles. Caldas e Wood Jr. (1999) afirmam que muito pouco se sabe sobre a
correlação entre a tecnologia da informação, competitividade e vantagem competitiva.
O sucesso mundial dos sistemas ERP, além de atrair investidores de TI, e o interesse das
empresas interessadas em ERP, estimulam também pesquisadores de todas as disciplinas,
incluindo a Contabilidade. Wieder et al. (2006) descrevem que devido ao sistema ERP impor sua
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lógica nas organizações, forçando os empregados a pensarem de forma integrada, torna-o objeto
de muitas pesquisas. Encontram-se diversos estudos acadêmicos realizado sobre ERP no Brasil.
Entre eles destacam-se: Souza e Zwicker (1999, 2000, 2001); Caldas e Wood Jr. (1999, 2003);
Hypolito e Pamplona (1999); Saccol et al. (2003). Grande parte dessas pesquisas são estudos de
casos que analisam a implantação de ERP e seus benefícios.
Entretanto, no Brasil, há poucas pesquisas relacionadas à disciplina de contabilidade e
indicadores financeiros versus a adoção de sistemas de ERP. Encontraram-se estudos
internacionais relacionando o desempenho financeiro e verificando os impactos econômicos de
ERP’s. Podemos citar alguns destes estudos: Poston e Grabski, (2001); Hunton, Lippincontt e
Reck (2003). Os resultados dessas pesquisas apontam para o mesmo caminho, mas também não
são conclusivas. Encontram, em geral, pequenos aumentos no desempenho das companhias após
a implantação dos sistemas ERP.
Um exemplo deste tipo de pesquisa é o trabalho de Poston e Grabski (2001) que
analisaram quatro indicadores financeiros antes e após a implantação do sistema de ERP. O
resultado encontrado pelos autores foi um aumento da eficiência traduzida principalmente na
redução do número de empregados. Os autores destacam as razões pelas quais as empresas
adotam o ERP, citando alguns autores como Rizzi e Zamboni (1999) e Latamore (2000) e suas
teorias, entre elas destacando-se a diminuição de erros de reentradas de dados, eliminação de
omissões de um processo de negociação para o outro, redução dos custos de trabalho, burocracia
e erros.
Assim, este trabalho busca avaliar o comportamento no desempenho de empresas
catarinenses de capital aberto com ações negociadas na Bolsa de Valores de São Paulo
(BOVESPA) após a implementação de sistemas ERP, para isso, o artigo conta com cinco seções,
além desta introdução tem-se: a segunda seção que faz uma contextualização do problema com a
apresentação de uma revisão bibliográfica sobre o tema, a terceira seção que descreve a
metodologia científica, a quarta que foi dedicada à análise dos dados e por fim descreve-se as
considerações finais sobre a pesquisa.
2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
Custo do Produto Vendido Medir se houve redução do custo de Quanto menor, melhor.
Sobre Vendas Líquidas produção sobre as vendas líquidas.
Estoque sobre Ativo Total Medir a participação do estoque sobre as Quanto menor, melhor.
vendas líquidas.
Desta forma, este estudo tem como objetivo geral analisar os impactos da implantação do
sistema ERP na variação do desempenho de empresas catarinenses de capital aberto. Motivado
pela seguinte questão de pesquisa: É possível perceber alguma variação no desempenho nas
empresas catarinenses de capital abertos nos anos que seguem a implantação de um sistema ERP?
Para atingir o objetivo proposto, bem como buscar uma resposta ao problema de pesquisa,
fez-se necessária à vinculação dos mesmos a hipóteses a serem testadas:
• DA (Pós)/RL < DA (Pré)/RL
• CPV (Pós)/RL < CPV (Pré)/RL
• E (Pós)/AT < E (Pré)/AT
• NE (Pós)/RL < NE (Pré)/RL
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O acesso às
As informações são O controle sobre os funcionários, bem
Empresa informações se dá de
mais confiáveis? como de suas atividades melhorou?
forma mais ágil?
Cremer S.A. Sim Sim sim
Metalúrgica Absolutamente mais
Sim Sim
Riosulense S.A. confiáveis
Empresa Nome do ERP adotado Data (Início Implantação) Data (Final Implantação)
Cremer S.A BPCS 1995 1996
Metalurgica
Consistem 1998 2001
Riosulense S.A
Dos softwares de ERP adotados, não se observa domínio por algum específico. Nota-se
na Tabela 3 que todas as implantações se iniciaram antes do ano 2000, uma justificativa para tal
fato, pode ser devido ao problema do bug do milênio.
Variável 1 DA_Pré
Variável 2 DA_Pós
Observações 5 Empresas
Desvio-padrão diferenças 0,0042512
Estatística t calculada +12,0662
Nível de significância 5%
Graus de liberdade 4
Valor t crítico 2,13185
Média_DA_Pré 0,102524
Média_DA_Pós 0,0795839
Dif. médias 0,0229401
Hipótese H0 Rejeitada
Fonte: dados da pesquisa.
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Observa-se que o H0 é rejeitada, ou seja, há indícios que µantes>µdepois causado por algum
fator não aleatório.
O valor da média total das 5 empresas pesquisadas para o indicador de despesas
administrativas sobre vendas líquidas antes da implantação do ERP é de 0,102524 e após
0,0795839.
Sendo o t calculado maior do que 2,13185 rejeitamos H0 (ou seja, a média DEPOIS da
implantação do ERP é, significativamente, diferente da média de despesas ANTES da
implantação do ERP) com 95% de confiança. Concluiu-se que após a implantação do ERP nas
empresas pesquisadas, houve uma redução no indicador das despesas administrativas sobre as
vendas líquidas, confirmando-se um melhor desempenho.
Tabela 2 - Teste de comparação de médias - Custo do Produto Vendido sobre vendas líquidas
Variável 1 CPV_Pré
Variável 2 CPV_Pós
Observações 5 Empresas
Desvio-padrão diferenças 0,25057
Estatística t calculada +1,11295
Nível de significância 5%
Graus de liberdade 4
Valor t crítico 2,13185
Média_CPV_Pré 0,670428
Média_CPV_Pós 0,545712
Dif. médias 0,1247
Hipótese H0 Aceita
Fonte: dados da pesquisa
se uma pequena redução na média geral. Entretanto, o valor do TESTE t calculado é menor do
que 2,13185, sendo assim aceitamos H0. Logo, com o nível de significância em 5%, não há
evidência estatística de que a média do indicador CPV sobre vendas líquidas APÓS a
implantação do ERP diminuiu significativamente em relação à média ANTES da implantação do
ERP.
Observa-se que o H0 é rejeitada, ou seja, há indícios que µantes>µdepois causado por algum
fator não aleatório. Observa-se neste indicador a mais expressiva melhora de desempenho, onde
em média, do número de funcionário após a implantação do ERP, diminuiu aproximadamente
50%. Assim, a melhora do desempenho no consumo deste recurso (número de empregados), é
confirmada estatisticamente. O mesmo resultado foi encontrado pelo estudo de Poston e Grabski
(2001).
5 CONCLUSÃO
O presente trabalho teve como objetivo analisar os impactos da implantação do sistema
ERP na variação do desempenho de empresas catarinenses de capital aberto.
A dificuldade de avaliar os resultados obtidos após a implantação de um sistema ERP
mostra-se como um grande desafio. Os resultados classificados como tangíveis que, de acordo
com Hypolito e Pamplona (1999), são aqueles que são financeiramente mensurados, por
exemplo: redução de estoques, redução de atividades que não agregam valor, redução de horas
extras e até mesmo a diminuição no número de funcionários, podem ser avaliados pela análise
quantitativa, utilizando-se de indicadores financeiros baseados em demonstrações contábeis, por
exemplo. Este trabalho teve como intenção a constatação de variação no desempenho das
empresas catarinenses de capital aberto, nos anos que se seguiram a implantação de um sistema
ERP.
Percebeu-se neste estudo que os ganhos com a implantação de ERP não se refletiram
diretamente em todos os indicadores financeiros utilizados neste trabalho. A redução das
despesas administrativas sobre vendas líquidas e a redução no número de empregados sobre
vendas líquidas ocorreram nas cinco empresas pesquisadas. Sendo que a redução no número de
empregados obteve maior variação. Já o indicador do custo do produto vendido sobre vendas
apresentou redução em apenas três empresas, porém a redução média total não foi
estatisticamente relevante. O indicador estoque sobre ativo total apresentou redução apenas em
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