Leitura e autoria: planejamento em
LINGUA PORTUGUESA e LITERATURA
Luciene Juliano Simoes
Joice Welter Ramos
Diana Marchi
Ana Mariza Filipouski176
Ensino Fundamental - Anos Finais - LINGUA PORTUGUESA & LITERATURA
E claro que preencher esta grade nao basta para que os autores
organize sua reescrita. Ai entra a qualidade da interacao: feita
avaliacdo, é preciso encontrar os pontos em que o texto precisa
ser aprimorado. Por isso, 8s vezes poderd ser mais produtivo o pro-
fessor simplesmente escrever um bom bilhete e lancar perguntas
que estimulem o autor a retomar este ou aquele trecho, a buscar
ais informagées, a reorganizar as informacées em termos de su
distribuigdo, e assim por diante.
Ateescrita também incide sobre questées linguisticas muitas vezes
ligadas a normas e convencées, pois estas tém relacdes com os sen-
10s pretendidos, e uma boa relacao entre formas e sentidos deve
‘ser sempre perseguida pelo autor de um texto. Note: um texto éum
universo complexo, que envolve muitas decisées. Entao, nao. bas-
ta dizer ao aluno que reescreva, pois isso exigiré que ele descubre
sempre sozinho em que pontos alterar 0 texto. Quanto a isso, entra
‘em questo a reflexao linguistica.
Areflexao linguistica
Vamos comecar pelo seguinte: por que chamamos esta secéo de
“reflexao linguistica’ e nao falamos simplesmente em aulas de gra-
miatica? A reflexdo linguistica, em nossa proposta, est a servico da
reescrita do texto pelos alunos, acima de tudo. Também esté a ser-
vigo, de modo mais amplo, a construcao por ele de competéncias
de escrita e de leitura. Além disso, esté a servico da construcao de
conhecimentos sobre a lingua portuguesa: conhecimentos siste-
miticos, sem duvida. Contudo, conhecimentos que nao se fecham
num modelo gramatical, alhelo e mal compreendido, que nao re-
‘torna aos modos como tais conhecimentos se articulam aos usos
da lingua. Esse termo, reflexdo linguistca, circula hé muito tempo
entre nés, no é mesmo?
Seu sentido esté ligado ao principio de que conhecimento sobre
lingua nao se define como conhecimento sobre a nomenclatura €2
estrutura de um modelo gramatical. Isso vern sendo enfatizado em
diversos textos académicos, na formacio de professores, nos docu-
mentos de diretrizes curriculares e até nos descritores que servem
de base aos exames externos de avaliacao da educagao no Brasil.
Acompanhamos, neste livro, essa viséo do ensino de portugués.
Com esses pressupostos colocados, perguntamo:Capitulo 4 - Ensino e avaliacao
‘Ao se deparar com a producao inicial dos alunos, é necessério ques-
tionar: que conhecimento linguistico especifico aprimoraria signi-
ficativamente boa parte dos textos da turma? A selegao de um, ou
alguns tépicos ~ se estes estiverem profundamente correlaciona-
dos -, € 0 primeiro passo, jé que nao seré nada produtiva a explo-
ago de uma série de conceitos sem o aprofundamento devido.
Entretanto, nessa perspectiva de nao se valer de varios conceitos 20
‘mesmo tempo, nao se esté propondo a segmentacio cristalizada
de capitulos das gramaticas de referéncia mais conhecidas, em que
dificilmente ha conversagao entre os estudos de morfologia com
9 estudos de fonologia, ou mesmo de morfologia e sintaxe, e me-
hos ainda a relagao desses estudos com o propésito do texto. £ por
e5e, entre outros motivos, que estamos nomeando essa pratica
Como reflexdo linguistica, e ndo como estudo de gramatica.
Cabe destacar que, quanto a selecdo de contetidos para essa re-
flexéo, a norma padrao é uma entre as variedades da lingua por-
tuguesa e que essa norma nao ¢ imutavel. Assim, tendo em vista
05 varios estudos da lingua vinculados & perspectiva textual - co-
es40 e coeréncia textuais, gramatica e interacao, estudos de va-
riagao linguistica ~ e até mesmo as publicacées recentes, de gra-
maticas de usos do portugués, de compilacdes voltadas ao uso
de variantes da lingua ~ outras vatiedades podem ser objeto de
estudo pelo professor, que saberé converter esses conhecimen-
tos em boas tarefas para a sala de aula e em material de referén-
ia acessivel para seus alunos. Para tanto, a selecdo de textos &
fundamental. Se dissermos que as diferentes formas de usar a
es ou estruturas gram
177
reer