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Concentração de rendimentos num contexto de

Desenvolvimento: Uma Investigação de Principais Ingresso


No Brasil usando os registros fiscais, 1933-2013

Dissertação de Mestrado

Escola de Economia de Paris

Marc Morgan Milá


Índice

1. Introdução ................................................. 9

2. Contexto fiscal: desenvolvimento e tributação no Brasil 20

2.1 A ascensão do Estado fiscal-social brasileiro ......................................... 20

2.2 A composição da receita fiscal ............................................. 25

2,3 O imposto de renda pessoal........................................................................... 28

3. Dados e metodologia ............................................... 33

3.1 Fontes de dados, cobertura de dados e conceitos de renda ............................... 33

3.2 A definição de rendimento utilizada ............................................................... 36

3,3 Método de estimação ............................................ -benzóico ... 39

3,4 Total de controlo da população ..................................................................... 40

3,5 Total de controle para renda ............................ ................................................ 42

4. Principais participações no Brasil, 1933-2013 ......................................... 43

4.1 Pré-visualização das magnitudes ................................................................ 43

4,2 Dinâmica de longo prazo das partes superiores do rendimento .........................47

4.3 A composição das principais receitas tributáveis ............................................ 56

4.3.1 Origem da receita ............................ -benzóico. 56

4.3.2 Gênero ................................................. -benzóico. 62

4.3.3 Geração ................................................. -benzóico. ........ 63

4.4 Comparações internacionais .......................................................................... 66

5. Discussão ................................................. .......................................... 72

5.1 Questões de medição ................................................ -benzóico. 72

5.2 Tributação dos rendimentos superiores .............................................. 78

5,3 Comparação de dados fiscais e inquéritos às famílias .......................... ............ 83

5.4 Distribuição e desenvolvimento: algumas implicações da concentração de renda no


Brasil ...............88

6. Observações finais ................................................ 93

Referências ................................................. 95

Apêndices ................................................. ............................................. 101


1. Introdução

A estratégia de pesquisa é de analisar a desigualdade de renda com base em partes


de renda superior derivadas de dados de imposto de renda tem recebido um ímpeto
crescente desde a publicação de numerosos estudos de país individuais no início de 2000
formou espontaneamente um projeto de pesquisa unificado e coordenado. O resultado
desta pesquisa pode ser Encontrado na série coletada por Atkinson & Piketty (2007,
2010), assim como no Web site em linha, a base de dados do mundo dos ganhos
superiores, onde existem séries de tempo para sobre Trinta países, em cinco continentes,
e abrangendo horizontes de longo prazo - muitas vezes cobrindo mais de 50 anos. Esta
pesquisa é inspirada diretamente do trabalho pioneiro de Simon Kuznets (1953, 1955),
que examinou principalmente a concentração de renda nos Estados Unidos.
Pesquisadores contemporâneos começaram a sair de Kuznets, Examinando os casos dos
países mais desenvolvidos da OCDE, nomeadamente a França, os EUA e a U.K., cujos
dados fiscais relevantes eram facilmente acessíveis. Mas como Kuznets (1955) antes
deles, esses pesquisadores foram obrigados a estudar as evoluções da Rendimentos nos
países subdesenvolvidos, sempre que a disponibilidade dos dados permitisse Como para
ser mais capaz de descobrir qualquer dinâmica comum ou distinta em jogo entre a
distribuição e o crescimento em países em diferentes fases do seu ciclo de
desenvolvimento. Atkinson & Piketty (2010) é um testemunho desse efeito, incluindo
vários Países em desenvolvimento, como Argentina, Índia, China, Indonésia e Cingapura.
Desde então, a experiência latino-americana foi complementada por estudos sobre
Colômbia (Londoño Vélez, 2012) e Uruguai (Burdín et al., 2014); A Ásia forneceu Por
obras na Coreia (Kim & Kim, 2014), Malásia (Atkinson, 2015) e Taiwan (Chu Et ai.
2015), enquanto a África do Sul (Alvaredo & Atkinson, 2010) e a Tanzânia (Atkinson,
2011) deram representação ao continente africano. O presente artigo segue essa linha de
pesquisa analisando o caso do Brasil, um notável ausente da lista acima dos últimos países
em desenvolvimento.

Investigar a concentração de renda no Brasil pode ser motivado por Frentes Em


primeiro lugar, o Brasil faz parte de uma região historicamente caracterizada por altos e
persistentes níveis de desigualdade de renda, pelo menos desde o final do século XIX
(Williamson, 2015). E é um país destacado da região - em qualquer relatório sobre a
distribuição de renda pela OCDE, as Nações Unidas ou o Banco Mundial, o Brasil
geralmente apresenta perto da cúpula do ranking de desigualdade, medido por dados de
inquéritos às famílias, ao lado Regionais como o Chile ou a Colômbia. Além disso, o
Brasil participa da característica regional que origina a alta desigualdade na concentração
desproporcional de renda entre os indivíduos no topo da distribuição - indivíduos pelo
menos entre os 10% mais altos dos beneficiários de renda - do que nas diferenças de renda
entre os segmentos inferiores de renda Distribuição (Székely & Hilgert, 1999, Palma,
2011). Dado que os estudos subjacentes a estas conclusões são sem exceção ao utilizar
dados de inquéritos aos agregados familiares, que são propensos a deturpar os
rendimentos dos muito ricos, é necessária uma análise complementar utilizando
estatísticas do imposto sobre o rendimento para avaliar a sabedoria convencional.

Esta necessidade é ainda mais premente quando um amplo consenso se desenvolveu,


anunciando o marcado declínio da desigualdade na América Latina desde o novo milênio.
O Brasil voltou a ser um exemplar estudo de caso nesse contexto (López-Calva & Lustig,
2010a). Durante a maior parte da primeira década do ano 2000, a renda familiar per capita
dos 10% mais baixos das famílias cresceu cerca de três vezes mais rápido do que a média
nacional (cerca de 2,5%), enquanto que a renda per capital Dos 10% mais ricos dos
agregados familiares registaram o crescimento mais lento (abaixo da média) em toda a
distribuição, conforme medido nos inquéritos às famílias. Esta diminuição aparente na
polarização da renda foi acompanhada por uma queda notável no coeficiente de Gini do
país de aproximadamente a média dos trinta anos anteriores de cerca de 0,59 em 2001
para um nível historicamente baixo de cerca de 0,55 em 2007 (Barros et al., 2010). Este
número continuou a cair ao longo dos seis anos seguintes, atingindo, até 2013, um nível
de cerca de 0,52. Trata-se de um decréscimo significativo em todos os padrões, o que
converteu o Brasil em referência mundial no debate sobre desigualdade (especialmente
na mídia ocidental), com seus principais programas de transferência condicionada de
renda (mais notavelmente o programa Bolsa Família) e fez Lula da Silva Um dos chefes
de Estado mais populares do mundo.

Esta "história de sucesso", evidenciada a partir de medidas baseadas em inquéritos,


foi considerada em grande parte devido ao declínio da desigualdade de renda do trabalho
e da desigualdade não-laboral, em vez de fatores demográficos ou perspectivas de
emprego dos pobres (Lopez-Calva et al. 2012). É uma narrativa que associa a mudança a
uma elevação do fundo da distribuição, em vez de qualquer diminuição significativa do
topo. Geralmente, o declínio da desigualdade na renda do trabalho é atribuído a um menor
prêmio de qualificação - devido a mudanças na composição da oferta e da demanda de
trabalho e ao aumento do salário mínimo elevando os ganhos dos trabalhadores não
qualificados -; Uma diminuição da desigualdade de educação e uma menor segmentação
dos mercados de trabalho entre trabalhadores rurais e urbanos e entre trabalhadores
primários e secundários / terciários. Este último fator poderia ser obtido no crescimento
mais rápido de alguns setores produtivos na agricultura brasileira, em oposição àquela em
áreas mais industriais (Barros et al., 2010). O declínio da desigualdade não-laboral tem
sido obtido na expansão da cobertura das transferências de renda do governo para os
pobres - como Benefício de Prestação Continuada (transferência para idosos e
deficientes) e Bolsa Família - e aumento da média Benefício da segurança social,
impulsionado em parte pelo aumento do salário mínimo, uma vez que algumas prestações
de segurança social, como as pensões não contributivas, são indexadas à mesma (ibid.).

Escusado será dizer que o papel do governo na narrativa acima é altamente


significativo, uma vez que grande parte das forças de equalização são relatados para vir
de governo patrocinado transferências de dinheiro ou legislação governamental, como o
salário mínimo, cujos efeitos parecem ser Capturados com precisão no Gini de pesquisa.
Pelo contrário, a contribuição das mudanças na distribuição de renda dos bens de capital
(rendas, juros e dividendos) é quase imperceptível nas estatísticas (ibid.). A implicação
disto é que esses fluxos de renda podem não ser adequadamente capturados no Gini - sua
pequena contribuição para a desigualdade global e até mesmo para a desigualdade de
renda não-trabalhista, presta peso à hipótese de que a medida de Gini não descreve com
precisão o que está acontecendo No topo da distribuição.

A ausência dos muito ricos no Brasil de inquéritos tem sido uma preocupação
crescente, dada a aleatoriedade na amostragem das pesquisas domiciliares e que os bens
de capital de que geralmente dependem não são bem medidos ou não são observados,
devido à relutância da Mais ricos para divulgar todos os seus ativos. Székely & Hilgert
(1999) descobriram que a principal pesquisa de domicílios do Brasil (PNAD) tinha uma
cobertura relativamente boa de altos rendimentos para meados da década de 1990, e ainda
a maior parte da renda dos 10% Trabalhadores independentes, semelhante à média latino-
americana. Mas, dado o que se sabe atualmente sobre países como a Colômbia, isso
parece ser um quadro altamente distorcido. De fato, os autores ressaltam que sua análise
não exclui a possibilidade de que a desigualdade latino-americana seja o resultado de
indivíduos no topo vivendo da renda do capital. Eles são cuidadosos ao afirmar que o que
ela revela é que "a desigualdade que podemos medir com as pesquisas domiciliares nos
países latino-americanos é informativa sobre um espectro da sociedade que não inclui as
famílias mais ricas". Da mesma forma, ao avaliar o declínio acreditado da desigualdade
latino-americana desde os anos 2000, López-Calva e Lustig (2010b) focalizam sua análise
nas mudanças na desigualdade da renda do trabalho e nas mudanças na dimensão e
distribuição das transferências governamentais, Subnotificadas nos inquéritos às famílias.
Os limites do uso de pesquisas domiciliares para avaliar a extensão da desigualdade de
renda são assim bem compreendidos, mas a crença na "história de sucesso" brasileira
permanece inquestionável. Este artigo busca colmatar essas desvantagens empíricas
usando uma nova fonte de dados para avaliar adequadamente as crenças convencionais
sobre a desigualdade no país.

O Brasil também é um estudo de caso interessante porque é um tanto uma combinação


única de desigualdade, tamanho e desenvolvimento. Ao contrário de outras Países
desiguais, como a Colômbia ou a África do Sul, o Brasil é uma grande economia segundo
padrões internacionais, com o sétimo maior PIB do mundo. Do ponto de vista econômico,
o Brasil tem experimentado transformações notáveis desde sua Terminou oficialmente
com a Constituição de 1891 proclamando-a uma República Federal, com um século XX
particularmente agitado. Não menos dramáticos foram seus Evoluções sociais.

Um rápido boom das commodities foi acompanhado pelos efeitos colaterais


econômicos das guerras mundiais e, mais tarde, por um programa de industrialização
ativo e fomentado pelo Estado que impulsionou a economia para uma das taxas de
crescimento mais rápidas observadas em qualquer lugar durante os primeiros três
trimestres do século, antes Estagnação de estrangulamentos estruturais e em uma crise da
dívida do mundo em desenvolvimento durante a década de 1980, acompanhada de
hiperinflação crescente. No meio, as mulheres foram concedidas o direito de votar no
início dos anos 1930,

Que ironicamente coincidiu com o regime autocrático de Getúlio Vargas (1930-


1945); Um período de turbulência política no início da década de 1960 foi seguido por
um golpe de Estado militar Em 1964, que assumiu as rédeas do país até 1985; Enquanto
em 1988 a O sufrágio foi finalmente alcançado quando a exigência de alfabetização para
votar foi abolida. O Brasil sucumbiu à onda de liberalização do mercado e de financiar /
envolver os países em desenvolvimento desde o início da década de 1990, particularmente
na América Latina. Isso culminou em 1994 com o Plano Real, um conjunto de medidas
macroeconômicas Medidas destinadas a estabilizar a economia de uma inflação
descontrolada, após Quatro tentativas de estabilização fracassadas (Baer, 2014, Cowell et
al., 1998, Engerman & Sokoloff, 2001, Palma, 2012). O desempenho do crescimento
deste período de Consenso de Washington foi pobre, segundo padrões históricos, com a
economia lentamente se contraindo, até a crise financeira asiática dos finais dos anos 1990
gerou um consenso renovado para os países em desenvolvimento, onde o papel do Estado
foi enfatizado no contexto de Os Objetivos de Desenvolvimento do Milénio, em especial
a redução da pobreza.

A partir de meados da década de 2000, a economia brasileira entrou em outra fase de


boom - principalmente liderada por commodities, mas também por finanças e crédito
doméstico, particularmente no setor imobiliário - que foi apenas ligeiramente
interrompido pela crise econômica global de 2008-2009 (Palma, 2012). A Figura 1
resume o desempenho econômico do Brasil. Embora o produto do recente crescimento
do Brasil tenha sido uma pálida comparação com sua "idade de ouro" Crescimento da
substituição de importações (1955-1980) - conseguiu reduzir a pobreza, Sobre a
repartição do rendimento do mercado continuam em causa, devido às deficiências Os
dados tradicionalmente utilizados. Dadas as fontes desse crescimento, é improvável que
Dos seus benefícios atingiu inicialmente os grupos médio e inferior da distribuição. De
fato, os achados iniciais de Medeiros et al. (2015) parecem confirmar que uma parcela
desproporcionada da renda chegou até a cúpula da distribuição (o 1% superior e mais
além) durante o período 2006-2012. Portanto, é interessante e necessário examinar a
concentração de renda no Brasil ao longo de sua tumultuada história recente e passada
para reavaliar a ligação entre distribuição de renda e desenvolvimento econômico.
Por fim, existem poucos estudos que acompanhem a evolução de longo prazo da
desigualdade no Brasil, em um período de tempo superior a vinte e cinco anos. Uma razão
para este período de tempo é que geralmente coincide com a disponibilidade de dados de
inquéritos às famílias (ver, por exemplo, Ferreira et al., 2007). Antes da década de 1980,
as aproximações da distribuição de renda baseavam-se em estimativas de um único ano,
coincidindo com a disponibilidade de dados decenais do Censo. Assim, os primeiros
estudos de qualquer rigor empírico para examinar a desigualdade no Brasil foram para os
anos 1960 e 1970 (ver, por exemplo, Langoni (1973) e Fishlow (1972), ambos relatando
um aumento na concentração do Percentis ao longo da década). Assim, o presente
trabalho é a primeira tentativa de apresentar uma história quantificada de longo prazo de
concentração de renda para o Brasil e uma das poucas para um país da América Latina.
Além disso, o presente estudo adota uma postura inovadora focando-se exclusivamente
na desigualdade de renda do mercado bruto. A maior parte da pesquisa existente sobre o
Brasil examina a desigualdade de renda disponível, ou seja, a desigualdade de renda
líquida de impostos diretos e transferências. Trata-se de uma saída significativa, em
primeiro lugar porque a distribuição antes do imposto de renda pode oferecer diferentes
conclusões à distribuição pós-tributos do rendimento e, segundo, porque esta é fortemente
dependente da primeira, na sua capacidade de redistribuição. E também, a trajetória de
desenvolvimento de um país pode ser tanto uma consequência como uma causa da
distribuição de renda pré-tributária existente. Uma exploração dos registros de imposto
de renda pode assim contribuir para fornecer uma imagem mais completa do estado
realmente existente da distribuição de renda no Brasil.

Além de ser informativo sobre a distribuição skewness na sociedade, estudar a


evolução das ações de renda superior em geral é importante por outras razões. Conforme
destacado anteriormente, a trajetória de desenvolvimento de um país, bem como os meios
que o país oferece para ele, podem ser fortemente influenciados pela parcela da renda de
um país que está concentrada em poucas mãos (e vice-versa) Direitos de propriedade
sobre os recursos e, portanto, pode afetar a trajetória de crescimento do país. De uma
perspectiva de política, as partes de renda superior podem revelar algo mais do que apenas
o estado de desigualdade. Além disso, dado o valor da renda capturada em renda superior
Ações, estas podem afetar medidas mais amplas de desigualdade, como o coeficiente de
Gini, A nível nacional e global (Atkinson, 2007). A recente "história de sucesso" do Brasil
é marcada por uma queda sustentada no registro de Gini, mas descobrindo as maiores
ações de renda Pode ser suficiente para alterar a conclusão final. Finalmente, e do ponto
de vista ético, As crenças sociais sobre o que caracteriza uma distribuição justa da renda
Como a tributação redistributiva. E essas crenças podem Ser fortemente informados por
investigações públicas sobre a concentração de Sociedade em particular.

Pesquisas recentes sobre o tema descobriram que, para a maioria dos países
pesquisados, as maiores partes de renda seguiram um de dois padrões desde o início do
século XX (quando a maioria dos sistemas de imposto de renda foi fundada). Há um grupo
de países "em forma" (países anglo-saxões e países em desenvolvimento como a
Argentina, a Índia e a África do Sul), caracterizado por uma concentração de rendimentos
muito elevada no início do século, uma grande queda das ações durante os trinta anos O
século e um rápido aumento da desigualdade desde a década de 1980 atingindo os níveis
observados no início do século XX no novo século XXI. E há um grupo de países em
forma de "L" (Europa continental, Japão e países vizinhos de médio alcance asiático),
caracterizado por altos níveis de concentração no início do século, um declínio em
meados do século, seguido por um ligeiro aumento, Se não a evolução quase estável,
desde a década de 1980 até o presente (ver Atkinson et al., 2011). Para ver como o Brasil
se compara a essas evoluções é uma das principais questões.

No entanto, o uso de dados fiscais não é sem algumas deficiências próprias.


Primeiro, a população que paga impostos determina estritamente a parcela da distribuição
de renda (e, portanto, das ações de renda) que pode ser estudada. Em países em
desenvolvimento como o Brasil, estes podem representar um número relativamente
pequeno de pessoas, especialmente nos anos anteriores. De fato, o quadro que obtemos
para o Brasil é que, durante grande parte do século, apenas uma pequena minoria da
população total forneceu informações às autoridades fiscais, conforme a Seção 2
documentará. Este detalhe técnico significa que, em grande parte, as conclusões tiradas
dos dados são silenciosas sobre a distribuição de renda fora dos grupos superiores, ou
seja, dentro dos 90 por cento inferior da população. Conforme mencionado, as estimativas
também são silenciosas sobre o rendimento pós-imposto e transferência. Trata-se
principalmente da distribuição do rendimento tributável, em vez do rendimento nacional,
de modo que a definição fiscal do rendimento geralmente fica aquém da definição
idealmente aplicada, o que significa que as estimativas produzidas a partir dos dados estão
um pouco subestimadas. Além disso, os dados fiscais geralmente perdem a renda isenta
de impostos, e nunca podem capturar a evasão fiscal, por definição. Felizmente, os dados
fiscais brasileiros capturam os rendimentos isentos de impostos e os rendimentos não
tributáveis durante um certo número de anos, como será exposto a seguir. Em qualquer
caso, a descrição da distribuição subjacente dos rendimentos fornecida pelos dados fiscais
deve ser vista como parcial e, portanto, complementar a fontes alternativas igualmente
parciais, tais como inquéritos às famílias. No entanto, apesar das desvantagens acima
mencionadas dos dados fiscais, eles continuam sendo a fonte mais informativa para
estudar até que ponto a distribuição original de renda está concentrada e se essa
concentração se acentua ou enfraquece ao longo do tempo.

Este estudo obteve cinco resultados principais. Em primeiro lugar, a renda no


Brasil é altamente concentrada, uma vez que o primeiro por cento da distribuição
representa cerca de 27 por cento do total da renda bruta das famílias em 2013. As maiores
participações no Brasil são as mais altas observadas em toda a amostra WTID nos últimos
anos, Assim como historicamente, desde que as partes superiores alcançaram uns picos
mais elevados durante os 1980's caótico. Com base nesses resultados, o Brasil é mais
desigual do que qualquer de seus países em desenvolvimento pares, e os Estados Unidos,
mesmo depois de considerar os ganhos de capital nestes últimos. Somente o 0,01%
superior nos EUA pode se comparar ao seu equivalente no Brasil nos últimos anos. Além
disso, essas altas proporções parecem ser uma característica persistente do
desenvolvimento do Brasil, uma vez que mudaram pouco desde a década de 1970,
atenuando o entusiasmo sobre a "história de sucesso" do Brasil.

Em segundo lugar, a distribuição quando medida a partir do rendimento tributável


apresenta uma imagem marcadamente diferente da distribuição quando medida a partir
do rendimento total. As ações de renda tributável são consistentemente muito mais baixas
do que as ações de renda total, para as quais temos menos dados. De acordo com o
rendimento bruto tributável, as partes de rendimento superior mantiveram uma tendência
constante desde o final dos anos 80, sendo a parte superior de 1% Na ordem dos 11-12
por cento, mais de metade do que as ações de acordo com a renda total Revelam nos
últimos anos. Historicamente, as ações tributáveis brutas têm flutuado consideravelmente
mais do que as ações de renda total, com uma evolução comparável à De renda total em
um país como a Argentina.

Terceiro, as composições de rendimentos tributáveis durante os anos 1970 e 1980


revelam que os principais grupos no Brasil obtiveram a maior parte de sua renda com
salários. À primeira vista, isso parece estar em desacordo com o padrão encontrado na
maioria dos países em desenvolvimento, onde se descobriu que os ricos são
principalmente proprietários de capital. No entanto, dada a diferença nos rendimentos
tributáveis e rendimentos totais no topo, é provável que as composições sejam altamente
distorcidas. Isso não é tanto o caso da composição das maiores rendas por gênero, onde é
mais provável que a maior representação das mulheres reflita mudanças sociais reais entre
o final dos anos 1970 e o final dos anos 90.

Em quarto lugar, a carga tributária relativa dos principais grupos de renda revela
as diferenças entre a distribuição de renda tributável e a distribuição de renda total. As
alíquotas efetivas atuais pagas pela parte superior da distribuição são extremamente
baixas (3-4 por cento), e podem ser explicadas pelas reduções fiscais associadas às fontes
mais importantes de renda de capital - lucros e dividendos.

Quinto, comparações preliminares com estimativas existentes de concentração de


renda com base em pesquisas domiciliares revelam uma subestimativa potencial da
desigualdade em nome de estimativas baseadas em pesquisas. Essas estimativas, embora
próximo ao nível das ações de rendas tributáveis a partir de dados fiscais, estão longe do
que as partes do total de rendimentos relatam.
De uma perspectiva puramente qualitativa, esses resultados não dizem nada novo
sobre a distribuição de renda e os sistemas tributários, numa região citada por causa da
alta desigualdade e da evasão fiscal. No entanto, eles fornecem uma lente adicional,
através da qual questões distributivas podem ser examinadas. E os resultados revelam até
que ponto as preocupações com a evasão fiscal podem ser exageradas, tendo em vista os
baixos incentivos para evadir sistemas fiscais já brandos. No entanto, como com qualquer
estudo usando dados fiscais, nossas estimativas devem ser tomadas com todas as
advertências metodológicas em mente.

O resto do artigo está estruturado da seguinte forma. A Seção 2 oferece alguns


antecedentes sobre o contexto fiscal no Brasil, particularmente do ponto de vista
tributário. A Seção 3 descreve os dados e os métodos usados para chegar aos resultados.
A seção 4 apresenta as descobertas que envolvem as ações de maior renda no longo prazo,
transmite algumas composições de renda e coloca os resultados gerais numa perspectiva
internacional. A seção 5 discute a mensuração, interpretação e implicações dos achados.
A Seção 6 conclui com algumas diretrizes para pesquisas futuras.

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